O Banco Itaú vem atuando, desde 2013, como verdadeiro idealizador e gestor de um projeto que redesenha o centro de São Paulo, não apenas como seu financiador, mas definindo novos usos − e usuários − para o espaço público.
A rigor, a privatização − ou a desestatização − significa a venda de um bem público ao setor privado. Essa definição em sentido estrito não se aplica, evidentemente, ao caso apurado e apresentado pelo AG nessa reportagem.
O Vale do Anhangabaú, assim como os largos do Paissandú e São Francisco, não foram vendidos ao banco Itaú pelo município.
O processo de “venda” aqui apresentado é muito mais sutil, homeopático e entranhado do que uma transação de compra e venda.
Nas palavras do economista, sociólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Vainer, publicadas no ensaio “Pátria, empresa e mercadoria”, trata-se de uma redefinição dos conceitos de poder público e de cidade “numa operação que tem como um dos esteios a transformação da cidade em sujeito/ator econômico (…) cuja natureza mercantil e empresarial instaura o poder de uma nova lógica, com a qual se pretende legitimar a apropriação direta dos instrumentos de poder público por grupos empresariais privados”.
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