[Por Reginaldo Moraes-NPC] Quando é escassa, a informação, em sentido amplo, dá autoridade a quem a tem. Concentrada pela escassez. Assim, em certas sociedades, domínio de certos códigos e interpretações dos fenômenos dava aos feiticeiros o governo das almas inocentes. Bem, há feiticeiros e almas inocentes em todas as sociedades. Só mudam de cara.
Quando os meios de difusão se multiplicam e “vulgarizam”, a autoridade da “fonte” diminui, dessacraliza-se. Primeiro, a fonte tradicional da informação é contestada. Depois, toda a informação, de toda e qualquer fonte, começa a ter o mesmo valor ou quase o mesmo valor – e quando é assim, toda verdade tende ao valor zero, isto é, tende a ser contestada e contestável.
Contudo, no limite, isso levaria à proliferação de guetos de verdades, articulados em torno das diversas fontes. Uma torre de babel.
A “explosão” da comunicação via tecnologias telemática é um fenômeno de poucas décadas. Ainda assim, a cada ano, ela duplica a informação disponível. Já havia e-mail e aplicações comerciais nos anos 1980. Os franceses tinham compra por Minitel. Mas os servidores de web surgiram em 1990. Os blogs são do final dessa década, quando também se generaliza a troca de música pelos MP3. Facebook é coisa de 2004. Mas isso mudou bastante a compreensão das coisas, o modo de falar e de produzir fatos.
Essa explosão e geração de múltiplas fontes e suas respectivas verdades contribui para diminuir a autoridade, mas também para aumentar a incerteza. | Continue lendo.