A situação política no país segue complexa e complicada. Complexa vocês poderiam me dizer que sempre foi. E complicada depende sempre do ponto de vista. Ao mesmo tempo penso que hoje está mais difícil para os setores progressista e para aqueles que se colocam ao lado da classe trabalhadora.
Parei um tempinho para ler o documento publicado hoje pelo PT "Em defesa do PT, da Verdade e da Democracia" (veja aqui). O documento é assinado por Rui Falcão e foi escrito pela executiva nacional do partido. Está dividido em uma apresentação, uma segunda parte chamada “O financiamento eleitoral”, outra “O combate a corrupção”, “As Operações da Lava Jato e da Petrobras” e as “Ações do MP e da PF” e por fim uma parte denominada “Mídia golpista”.
O material no seu conjunto é muito bem elaborado e com informações e dados, muitos dados e tabelas, que com é mesmo o objetivo declarado do documento serve e muito para municiar os militantes e simpatizante do partido nessa luta inglória que parece ter se tornado defender o PT. Boas armas, um difícil combate.
Uma grande questão teórica que poderia passar desapercebido está logo no início do documento, antecedido de uma verdade que a direita não quer acreditar, porque quer voltar ao governo e fazer disso um longo pesadelo, e setores à esquerda não querem acreditar porque perderiam seu Norte ao não saberem mesmo em que direção apontar suas armas. Mas a verdade dita é que o "O PT nasceu para mudar o Brasil. E mudou."
Aparte que poderia passar desapercebida, mas que não deixarei é "Promoveu o desenvolvimento em benefício de todos." E muitos podem dizer, mas não é isso mesmo? Não é para isso que o PT foi fundado?
Vejamos o que diz o seu manifesto de fundação
“Por isso, o PT pretende chegar ao governo e à direção do Estado para realizar uma política democrática, do ponto de vista dos trabalhadores, tanto no plano econômico quanto no plano social. ”
Aqui há uma diferente muito grande. Fala-se em nome dos trabalhadores, de seus interesses. E não como o documento atual que fala em um desenvolvimento em nome de todos. Mas, caros amigos, a sociedade é dividida em classes, e mesmo as classes são divididas em frações de classes.
O PT nasceu como um partido para fazer a política em prol dos interesses dos trabalhadores e como sabemos que a luta de classes não é uma luta de ganha –ganha, como quer alguma propaganda. Para os trabalhadores efetivamente, e duradouramente, ganharem é preciso fazer perder, ao menos um pouco, nem digo tudo, os capitalistas, ou ao menos algumas de suas frações e grupos.
Por isso essa simples palavra no parágrafo inicial é fundamental para entendermos os limites que hoje, mais do que ontem e há dez anos atrás, impedem o PT de ser um instrumento que consiga derrotar essa direita golpista que levantou e permanece firme e conquistando apoios e marcando pontos de vitórias concretas com medidas legais e extralegais no senado e na câmara para não dizer diretamente no próprio governo.
Penso que seja fundamental a qualquer esquerda debate esse simples tema.
Para não ficar apenas nas críticas que dizer que é necessário um levante de todos os democratas, progressistas para enfrentar a criminalização da política e mesmo do PT que se desenvolve há muitos anos. Acerta o documento ao dizer que "O ponto central dessa campanha é a tentativa de criminalizar o partido"
A Ação Penal 470, além de criminalizar o partido criminalizou a própria política. Uma referência muito boa, de agradável leitura e ótimo conteúdo é o o livro de Paulo Moreira Leite “A outra história do Mensalão”.
E também preciso dize que é fundamental que o documento ressalta uma importante lição. As contribuições eleitorais de empresas foram aprovadas no governo de FHC nas Leis dos Partidos em 1995 e na Lei Eleitoral em 1997. No mesmo período em que FHC ganhou sua reeleição sob muita suspeita de corrupção.
Preocupa-me a defesa que o documento do PT faz a ingerência do STF nos assuntos políticos, ao julgar correto que o STF tenha considerado inconstitucional o financiamento de campanha por empresas ao julgar a ADIN da OAB. Será preciso voltar ao tema do financiamento eleitoral. Mas é preciso dizer que assim como PSTU, PSOL e outros partidos e grupos de esquerda o PT defender o financiamento público e exclusivo.
Eu não defendo. Defendo que cada partido conquiste seu financiamento em suas bases eleitorais e que os impostos sejam usados para os serviços públicos. Não acho justo dinheiro de imposto seja dado aos partidos burgueses.
0no comments yet
Bitte geben Sie die beiden untenstehenden Wörter ein