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Paulo Santana

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Blog Paulo Santana

3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Site

30 de Setembro de 2019, 22:06, por Feed RSS do(a) Paulo Santana

Meu site pessoal é:

http://phls.com.br

 

 



Eventos de Software Livre em 2019

20 de Dezembro de 2018, 17:05, por Feed RSS do(a) Paulo Santana

Eventos de Software Livre em 2019

Obs: essa lista está em constante atualização.

Acesse também a agenda de eventos de Software Livre e Código Aberto no Brasil:

http://agenda.softwarelivre.org

 

JANEIRO

Campus Party Brasil 2019 - CPBR12
12 a 17 de fevereiro de 2019
São Paulo - SP
http://brasil.campus-party.org

 

FEVEREIRO

 

MARÇO

Open Data Day
02 de março de 2019
Várias cidades
http://opendataday.org

DFD 2019 - Document Freedom Day
27 de março de 2019
Várias cidades
http://documentfreedom.org

 

ABRIL

Python Sudestel 2019
27 e 28 de abril de 2019
Vitória - ES
https://2019.pythonsudeste.org

FLISOL 2019 - Festival Latino-americano de Instalação de Software Livre
27 de abril de 2019
Várias cidades
http://www.flisol.org.br

 

 

MAIO

 

 

JUNHO

 

JULHO

DebConf19 - Conferência Mundial de Desenvolvedores(as) do Projeto Debian
21 a 28 de julho de 2019
Curitiba - PR
https://debconf19.debconf.org

AGOSTO

PGConf.Brasil 2019
1 a 3 de agosto de 2019
São Paulo - SP
https://www.pgconf.com.br/2019

Debian Day ou Dia do Debian
16 (ou 18) de agosto de 2019
Várias cidades
https://wiki.debian.org/DebianDay/2019

 

SETEMBRO

SFD 2019 - Software Freedom Day
21 de setembro de 2019
Várias cidades
http://softwarefreedomday.org

 

OUTUBRO

 

NOVEMBRO

 

DEZEMBRO

 

 

Anos anteriores



Você pode ajudar um projeto de Software Livre fazendo traduções

4 de Janeiro de 2018, 18:19, por Feed RSS do(a) Paulo Santana

Bandeiras eua br

Projetos de Softwares Livre que pretendem receber contribuições de pessoas de qualquer lugar do mundo adotam o inglês como língua padrão, por isso é comum ver os sites, os manuais, as trocas de mensagens entre seus contribuidores e os softwares originais em si, utilizando a língua universal. Os desenvolvedores de softwares livres já estão acostumados com esse ambiente internacional mas quando pensamos nos usuários, o uso de um software livre em inglês pode dificultar bastante a sua adoção, especialmente aqui no Brasil.

Para facilitar a utilização de softwares livres internacionais por usuários que tem dificuldades para ler em inglês é extremamente importante o trabalho de tradução realizado pelas comunidades. A tradução, também chamada de localização, é feita por pessoas que dedicam parte do seu tempo para converter os textos do inglês (en) para a língua do seu país. Como não poderia ser diferente, no Brasil existem várias comunidades que fazem as traduções para o português brasileiro (pt-br).

Em 2017 palestrei em alguns eventos mostrando como qualquer pessoa pode contribuir para o Projeto Debian de várias outras formas que não envolvem conhecimento técnico como empacotamento. Tem um vídeo disponível dessa palestra na Campus Party Brasília 2017 e um arquivo dessa apresentação. Decidi escrever esse texto para encorajar aquelas pessoas que gostariam de contribuir para um projeto de Software Livre internacional mas que não envolva o desenvolvimento de código. Se você é uma dessas pessoas, você pode ajudar com as traduções, para isso basta ter um conhecimento mínimo em inglês, uma vontade de trabalhar coletivamente e um espírito de colaboração. Os projetos de Software Livre precisam basicamente traduzir/localizar os seguintes itens:

  • O software propriamente dito;
  • O site oficial;
  • Manuais/tutoriais oficiais.

Uma terminologia importante para as equipes de tradução é a seguinte (crédito do Adriano Rafael Gomes):

  • I18N (internationalization): internacionalização é a modificação de um programa para que ele possa lidar com os múltiplos idiomas e culturas do mundo todo.
  • L10N (localization): localização é a implementação de um idioma específico para um programa já internacionalizada. Leia mais aqui.

Em todos os projetos você pode assumir dois papeis:

  • Tradutor: aquele que vai iniciar uma tradução do zero;
  • Revisor: aquele que revisar a tradução realizada por um tradutor e eventualmente propor correções.

Se você é um iniciante, algumas pessoas recomendam começar fazendo apenas revisões porque é mais fácil. Nas equipes de tradução também existem papeis que ajudam na organização interna, então alguém mais experiente com todo o processo pode assumir o papel de Coordenador para gerenciar os trabalhos.

Espero que esse texto te incentive a começar a contribuir com pelo menos um dos projetos que irei listar a seguir.

Debian

Dos projetos que citados aqui, o Debian é o que eu tenho mais conhecimento porque contribuo com a tradução do site (menos que eu gostaria). O time de tradução do Debian para o Brasil é conhecido como: debian-l10n-portuguese.

Para ajudar o time de tradução o primeiro passo é se inscrever na lista de discussão debian-l10n-portuguese porque é lá que você poderá obter ajuda com os outros tradutores. O próximo passo é ler wiki do time para ter todas as informações necessárias para começar.

Dos itens que você pode traduzir do projeto Debian, dá para destacar as descrições de pacotes e as páginas web. Para traduzir as descrições dos pacotes é utilizada uma ferramenta web própria do Debian chamada DDTSS (Debian Distributed Translation Server Satellite). Já a tradução das páginas web envolve a troca de mensagens na lista de discussão que no início pode parecer um pouco complicada porque envolve pseudo-urls mas depois fica muito mais fácil de entender.

O Adriano Rafael Gomes fez uma palestra no FISL16 explicando o trabalho da equipe de tradução. Vídeo e slides.

Estatísticas:

Existem várias estatísticas que mostram o quanto ainda precisa ser traduzido ou revisado.

Página com status das traduções em andamento.

Contatos:

GNU

O site gnu.org é a principal porta de entrada para quem quer saber mais sobre Software Livre. Lá está todo a história do Projeto GNU, do Movimento Software Livre, das licenças, etc. Nesse site também é publicados os textos escritos pelo Richard Stallman onde ele dá a sua opinião sobre temas diversos.

Quando o Stallman esteve no Brasil em junho do ano passado conversamos sobre a onda de hackathons que estavam acontecendo pelo país, e ele ficou de escrever um texto explicando porque era importante que os trabalhos produzidos fossem liberados sobre uma licença livre. E em setembro o Stallman publicou o texto Why hackathons should insist on Free Software. Sugeri que a Adriana Costa fizesse a tradução desse texto como forma de contribuir para o projeto GNU e também para aprender a dinâmica da equipe de tradução do site. Em novembro a tradução foi publica em: Por que os hackathons devem insistir em Software Livre.

O time de tradução para o português do Brasil do site do projeto GNU, também chamado de www-pt-br utiliza a lista de discussão www-pt-br-general para trocar informações, então é imprescindível que você se inscreve nela. Você também deve criar um usuário na ferramenta savannah que é utilizado para gerenciar as traduções e revisões. O  savannah é um servidor de hospedagem disponível para projetos de software livre do GNU e não-GNU.

Para entender melhor a dinâmica do time e começar a contribuir, acesse a página do time e leia especialmente a parte de documentação.

Estatísticas:

No final do ano passado o Rafael Fontenelle (que assumiu a função de Coordenador da equipe brasileira de tradução em novembro) publicou uma mensagem informando que o foi alcançado 19% da tradução das páginas do projeto GNU web. Veja o quando ainda precisa ser traduzido e revisado no link: https://www.gnu.org/software/gnun/reports/report-pt-br.html

WordPress

Wordpress brasil

A comunidade WordPress realizada periodicamente um evento chamado WordPress Translation Day para que pessoas no mundo todo possam contribuir com tradução durante um dia. A última edição aconteceu em 30 de setembro de 2017 e como o pessoal de Curitiba fez um encontro para fazer as traduções, fui conhecer a dinâmica, mas infelizmente fiquei pouco tempo e não pude contribuir muito.

A ferramenta usada para tradução é GlotPress que fica acessível no sistema oficial de tradução do WordPress. Lá você deverá criar o seu usuário e após fazer o login escolher qual time (locale) você irá ajudar, no nosso caso Português do Brasil. Depois é só escolher o que você quer traduzir: WordPress, Themes, Plugins, Meta ou Apps.

A Sheila Gomes publicou um tutorial bastante detalhado ensinando a fazer a tradução. Ela também tem os slides de apresentações realizadas sobre esse tema.

Diferente de outros projetos de Software Livre que utilizam lista de discussão, a comunidade WordPress usa um grupo do Slack para comunicação.

Gnome

Gnome brasil

Ano passado gravamos um episódio do podcast Papo Livre com o Georges Stavracas (a.k.a feaneron) - colaborador do projeto GNOME, que comentou um pouco sobre o trabalho do time de tradução.

A equipe utiliza a ferramenta Mentiras Cabeludas (Damned Lies) para gerenciar as traduções do GNOME.

Na página do time brasileiro é possível encontrar todas as informações necessárias para contribuir e também é importante se inscrever na lista de discussão gnome-pt_br-list para entrar em contato com os tradutores.

KDE

Texto retirado do site da comunidade KDE Brasil:

O KDE usa uma ferramenta personalizada chamada Lokalize para fazer a tradução dos seus arquivos GUI e DOC. Para entender um pouco melhor sobre como funciona esse processo de tradução você pode visitar a página The Translation HowTo.

Se você deseja se tornar um membro do time de tradução do KDE Brasil, basta entrar em contato com a nossa equipe através da lista de discussão kde-i18n-pt_br

Na página principal do nosso projeto de tradução, você também poderá encontrar tutoriais e um FAQ com dicas sobre como configurar um ambiente de tradução no seu computador e começar a colaborar com o KDE.

LibreOffice

Não achei muitas informações sobre como contribuir com a tradução do LibreOffice. Na página da comunidade LibreOffice Brasil tem uma relação de listas de discussão, e entre elas está a lista de documentação (produção e tradução). No site diz:

Pelo que descobri, a ferramenta usada para a tradução se chama Pootle.

Existem muitos outros projetos de Software Livre que também precisam de ajuda. Agora é só escolher um projeto e coloca a mão na massa!



Eventos de Software Livre em 2018

30 de Novembro de 2017, 14:14, por Feed RSS do(a) Paulo Santana

Eventos de Software Livre em 2018

 Obs: essa lista está em constante atualização.

Acesse também a agenda de eventos de Software Livre e Código Aberto no Brasil:

http://agenda.softwarelivre.org

 

JANEIRO

Campus Party Brasil 2018 - CPBR11
30 de janeiro a 04 de fevereiro de 2018
São Paulo - SP
http://brasil.campus-party.org

 

FEVEREIRO

 

MARÇO

Open Data Day
03 de março de 2018
Várias cidades
http://opendataday.org

ABRIL

 

MiniDebConf Curitiba 2018
11 a 14 de abril de 2018
Curitiba - PR
http://minidebconf.curitiba.br

FLISOL 2018 - Festival Latino-americano de Instalação de Software Livre
28 de abril de 2018
Várias cidades
http://www.flisol.org.br

3ª Conferência das Comunidades Python do Sudeste
abril de 2018
a definir
http://pythonsudeste.org

 

MAIO

CryptoRave
04 a 05 de maio de 2018
São Paulo - SP
https://cryptorave.org

 

JUNHO

 

JULHO

FISL18 - Fórum Internacional Software Livre
11 a 14 de julho de 2018
Porto Alegre - RS
http://www.fisl.org.br

AGOSTO

Debian Day ou Dia do Debian
16 (ou 18) de agosto de 2018
Várias cidades
https://wiki.debian.org/DebianDay/2018

 

SETEMBRO

SFD 2018 - Software Freedom Day
15 de setembro de 2018
Várias cidades
http://softwarefreedomday.org

 

OUTUBRO

PythonBrasil[14] - 14ª Conferência Brasileira da Comunidade Python
17 a 22 de outubro de 2018
Natal - RN
http://2018.pythonbrasil.org.br

XV Latinoware - Conferência Latino-americana de Software Livre
17 a 19 de outubro de 2018
Foz do Iguaçu - PR
http://www.latinoware.org


 

NOVEMBRO

 

 

DEZEMBRO

 


 

Anos anteriores



Hello world

10 de Novembro de 2017, 19:40, por Feed RSS do(a) Paulo Santana

I'm Debian Maintainer since january 2017.



Outreachy com inscrições abertas até 23/10/2017

22 de Setembro de 2017, 17:00, por Feed RSS do(a) Paulo Santana

O Outreachy é um projeto internacional que apoia a diversidade por meio de bolsas para que as pessoas possam contribuir para projetos de Software Livre e Código Aberto.

O público alvo são mulheres (cis & trans), homens trans, ou pessoas genderqueer (incluindo genderfluid ou genderfree). Não é obrigatório ser estudante.

A bolsa é de US$ 5.500,00.

  • Período de candidatura: 07/09/2017 a 23/10/2017
  • Período do estágio:       05/12/2017 a 05/03/2018

Mais informações:

https://www.outreachy.org

Aqui tem um cartaz pdf que pode ser usado para divulgação:

https://github.com/sarahsharp/outreachy/blob/master/creative-works/poster-applicants-A4-Brasil.pdf

A Karen Sandler - co-organizadora do Outreachy fez uma palestra em agosto durante a DebConf17 onde ela explica detlahes do projeto. Você pode assistir no link abaixo:

https://saimei.ftp.acc.umu.se/pub/debian-meetings/2017/debconf17/debian-outreachy.vp9.webm

Cartaz outreachy



Como foi a vinda do Richard Stallman para Curitiba em 2017 - parte 2

14 de Setembro de 2017, 18:33, por Feed RSS do(a) Paulo Santana

Richard Stallman (RMS), fundador do movimento Software Livre, do Projeto GNU, e da Free Software Foundation (FSF), e um dos autores da Licença Pública Geral GNU (GNU GPL) esteve no Brasil durante alguns dias de maio e junho de 2017 palestrando em algumas cidades.

Esse texto é um relato da passagem do Stallman em duas cidades que eu ajudei a organizar as palestras:

Dividi o texto em duas publicações para a leitura não ficar muito cansativa:

  1. O planejamento para a vinda do Stallman publicado em setembro.
  2. O Stallman em Curitiba (este texto).

Relembre porque eu escrevi esse texto.

Stallman em Curitiba

O Stallman chegou em Curitiba no dia 1 de junho vindo de Campinas, pouco antes das 17h e eu fui sozinho buscá-lo no aeroporto. Como não tenho carro, achei melhor alugar um para que facilitasse os deslocamentos durante os dias em que eles estaria aqui em Curitiba. Quando nos encontramos, ele estava puxando uma mala gigante e com duas bolsas penduradas no pescoço, aí institivamente perguntei se ele precisava de ajuda, e ele disse que não, que se precisasse ele pediria. No primeiro momento, eu poderia ter achado essa resposta bastante grosseira, mas tava lá nas recomendações não oferecer ajuda porque caso ele precisasse de algo, ele mesmo pediria. Como moro do lado do aeroporto, perguntei se ele queria ir para casa, e ele me disse que gostaria de comprar "castanhas do Brasil" (em português)  e uma outra coisa que não entendi o que era, e pedi para repetir. Depois de umas três tentativas eu entendi que ele queria "chocolates da Garoto".

Ao sair do aeroporto, estava fazendo um vento frio no estacionamento, eu de casaco e o Stallman de camiseta. Ele sorriu e disse que agora sim estava se sentindo bem com aquele clima. Eu comentei que estava frio e ele disse que que não, que estava ótimo daquele jeito.

Fomos para o Mercado Municipal que fica quase no centro de Curitiba porque lá vende castanhas a granel. Assim que entrou no carro, o Stallman abriu o notebook e começou a digitar. Eu realmente não me importei com isso porque eu não esperava ficar conversando bastante e fazendo várias perguntas, minha intenção era deixá-lo a vontade. Ah, e estava lá no texto das recomendações para não estranhar ou se sentir ofendido se em algum momento ele abrisse o notebook porque ele tinha que responder vários e-mails durante o dia. Quando ouço alguém dizendo que o Stallman é o seu exemplo de vida, fico imaginando como seria se essa pessoa ficasse sozinha com ele, será que essa pessoa ficaria enlouquecida tietando, como aqueles(as) adolecentes que encontram o seu ídolo? Com certeza isso já deve ter acontecido.

Compramos as castanhas (de caju e do Pará), uma caixa de bombons e duas barras de chocolate da Garoto. Quando estávamos indo buscar a Adriana, já tinha passado das 18h e o Stallman me perguntou se ali era o centro comercial de Curitiba, e respondi que sim. Ele explicou que fazia muito tempo que queria comprar um despertador novo mas que não achava em lugar nenhum. Então se eu soubesse de algum lugar por ali que vendesse despertadores, ele gostaria de ir. Mas não era um despertador qualquer, ele tinha que ter as seguintes característcas:

  • Ser pequeno para ser fácil de carregar na bolsa poque ele não usa relógio de pulso e muito menos celular.
  • Analógico.
  • Usar pilha AA para garantir que o som do alarme seria alto para fazê-lo acordar.
  • Ter luz no mostrador para poder consultar a hora de madrugada no escuro.
  • Os botões de regulagem da hora e do despertador deveriam ser embutidos para não desregular no atrito dentro da bolsa.

Combinei com a Adriana de nos encontrarmos numa dessas lojas que vendem de tudo, a maioria dos produtos importados e de qualidade duvidosa. Foi o primeiro encontro da Adriana com o Stallman, talvez no futuro ela conte com foi esse momento e a sua versão de como foi recebê-lo em casa :-) Nenhum dos despertadores tinha as característcas que ele queria, então lembrei de uma relojoaria ali perto onde já levei meu relógio para trocar pilha/pulseira e que eu lembrava que tinha despertadores para vender. Assim que entramos, o Stallman já viu um analógico do tamanho que ele queria, e pediu para ver. Os dois botões eram embutidos, tinha luz, e usava pilha AA. Sim, tinhamos achado exatamente como ele queria, o modelo é esse.

O dono da relojoaria ficou curioso ao nos ver falando em inglês e comecei a explicar que o Stallman era americano e estava na cidade para palestrar. O dono da loja disse que os pais eram da Ucrânia e então começamos a conversar os três. O Stallman me pediu para explicar para o dono o que era Software Livre, então falei que "software livre é gratuito..." nesse momento o Stallman me interrompeu bruscamente e disse que isso estava errado. Então expliquei que eu ia completar dizendo que "sofware livre era gratuito em sua maioria como no caso da distribuição GNU/Linux que ele poderia baixar e instalar no computedor que tava ali perto". O Stallman então falou que o mais importante era a liberdade, e que aquele computador com software privativo poderia ser vigiado, e se tivesse software livre isso não aconteceria. Que ter software privativo seria o mesmo que o governo colocasse uma câmera na loja pra ficar vendo o que o dono fazia. Continuei explicando outras coisas até que finalizamos a compra e fomos embora.

Antes de ir, o Stallman perguntou pro dono se ele não teria aquele mesmo despertador mas com apenas um botão para regular a hora e o ponteiro do despertador. O dono da loja falou que não tinha naquele momento, mas que ia chegar na semana que vem. Eu nunca vi um despertador com apenas um botão e achei que o dono tava mentindo. Mas o Stallman me fez prometer que iria voltar na loja na semana seguinte para comprar mais dois despertadores e levá-los dali a 15 dias para Brasília quando nos encontraríamos na Campus Party.

Assim que saímos, o Stallman nos parou na rua e me deu uma bronca, explicando que eu nunca devo falar em preço, mas que devo falar sempre em liberdade. Tentei explicar que eu havia falado da gratuidade porque provavelmente aquele lojista não teria pago pelo windows que tava no computador, e que se ele achasse que teria que pagar para ter GNU/Linux instalado, ele não iria se interessar. O Stallman continuou repetindo que isso não era importante, e que o correto é mostrar para as pessoas leigas que a liberdade sem vigilância é o principal motivo para usar Software Livre, e que não era uma questão de preço. Ou seja, que o ponto da vigilância iria despertar nas pessoas o interesse pelo Software Livre.

O Oliva havia me dito que em Campinas o Stallman falou da vontade de tomar sopas, mas que não tinham tomado lá porque não era fácil de achar, ao contrário de Curitiba no inverno. Então perguntei pro Stallman se queria jantar num buffet de sopas e ele gostou da ideia. Fomos em um restaurante pelo centro mesmo que serve pizzas e sopas. Eu e Adriana já tinhamos comido pizza algumas vezes lá, mas nunca tomamos as sopas. Quando estacionei o carro, ele continou usando o notebook, então perguntei se ele queria que a gente esperasse um pouco até ele terminar. Então ele perguntou porque eu estava perguntando aquilo, já que se ele precisasse de mais tempo no carro, ele iria falar, e portanto eu não deveria supor que ele precisava de mais tempo. Jantamos sopas e no final ele disse que não gostou muito porque esperava que elas tivessem mais sabor, mas que a nossa tentativa foi válida.

Em casa

Chegamos em casa já perto da meia-noite e assim que entramos mostrei o quarto para o Stallman. Ele aprovou o colchão, deixou a mala no canto e foi para a mesa da sala, sentou e ligou o notebook. Fiz as coisas de praxe como mostrar a tomada e passar a senha do wi-fi, e vi que ali ele já estava acomodado.

Depois de alguns minutos comentei que havia lido que ele gostava de chá, e perguntei se ele queria algo. Ele pediu para mostrar como ele poderia colocar a água para esquentar, então mostrei a chaleira, como usar o fogão e dei uma caneca. Dali em diante por várias vezes ele mesmo colocou a água para esquentar durante os dias, e tinha os seus próprios sachês de chá preto.

A Adriana perguntou para o Stallman se ele já tinha tomado chá de alecrim porque temos um pé e ela estava tomando diaramente porque tinha lido que faz bem para evitar enxaquecas. Ele disse que nunca tinha tomado mas que gostaria de experimentar, que tem uma amiga que sofre de enxaquecas e que se o resultado for bom, a Adriana poderia falar pra ele depois. Então a Adriana deu um galho para o Stallman fazer o chá e ele disse que gostou do sabor.

Nos três dias em que ficou hospedado em nossa casa, a rotina do Stallman foi basicamente essa: ficar na mesa usando o notebook e fazer chá para tomar enquanto comia as castanhas e os chocolates. Não fez calor mas também não estava muito frio para a época do inverno, na primeira noite deve ter chegado a uns 12 graus, acho que ele até chegou a usar o cobertor que havíamos deixado no quarto para dormir :-)

Conversa tensa sobre a Campus Party em Brasília

Fiquei na dúvida se deveria relatar o que vem a seguir. Decidi escrever não com o objetivo de prejudicar a imagem do Stallman, mas apenas para servir de alerta sobre o que pode acontecer.

Bem antes do Stallman vir para o Brasil, durante a troca de e-mails para acertar os detalhes para ele palestrar na Campus Party em Brasília, uma pessoa da organização avisou ao Stallman (me copiando) que o hotel já estava reservado. O Stallman então perguntou se ela poderia achar alguém em Brasília que pudesse hospedá-lo em casa ao invés dele ir para o hotel. Ela achou esse pedido bastante "estranho" e me perguntou o que estava acontecendo, qual era o motivo do Stallman não querer ficar confortável em um hotel. Então expliquei que isso era normal porque ele prefere ficar hospedado na casa de alguém, mesmo que ele não conheça, do que ficar em hotel. A organização não conseguiu achar ninguém e informou ao Stallman, que respondeu que tentaria achar por conta própria. Alguns dias depois o Alexandre Oliva enviou um e-mail para uma lista de discussão perguntando se alguém estaria disposto a hospedar o Stallman em Brasília, e foi atendido pelo Prof. Pedro Rezende.

O problema é que em 2012 houve uma queixa do Stallman sobre ficar em uma casa sem ar-condicionado em Brasília por causa do calor, e se isso se repetisse, poderia trazer problemas para a Campus Party. A pessoa da organização me explicou que se o Stallman não ficasse no hotel no primeiro dia, não seria possível depois colocá-lo lá caso dele resolvesse ficar na casa de alguém e tivesse que sair. O Prof. Pedro Rezende que ficou de hospedá-lo,  estava organizando outra palestra do Stlalman na UNB foi muito solícito e se comprometeu a fazer todo o translado com o Stallman entre aeroporto, casa, Campus Party, etc, e assim a organização da Campus Party não teria que se preocupar com nada. Diante de tudo isso, fiquei então de conversar pessoalmente com o Stallman sobre isso e saber se ele realmente não preferia ficar no hotel.

Então na primeira noite que o Stallman estava em casa, resolvi puxar esse assunto. Já era mais de 1h da manhã, ele estava no notebook e perguntei se poderiamos conversar sobre a Campus Party porque existia a preocupação com a hospedagem dele em Brasília. Ele me interrompeu bruscamente e disse que eu não deveria me preocupar com isso porque já estava tudo certo. Então insisti que a organização da Campus já havia reservado um hotel caso ele preferisse, e então a coisa ficou tensa. O Stallman começou a falar alto que a organização não deveria ter reservado o hotel porque ele não tinha pedido, e que se ele fosse sentir calor isso não era problema nosso. Como vi que esse assunto já estava encerrado para ele, aproveitei e tentei alertar sobre como eram os palcos na Campus Party, que não eram auditórios fechados como em outros eventos e que poderia existir barulho em volta enquanto ele estivesse palestrando. Novamente, falando bastante alto, ele repetiu que eu não deveria me preocupar com isso, que se houvesse qualquer problema de barulho ele iria resolver lá e que eu o estava incomodando com essa conversa porque ele queria trabalhar e eu o estava atrapalhando. Após tentar explicar as minhas preocupações e ser interrompido pelo Stallman, fiquei muito frustrado com a reação que ele teve e resolvi encerrar a conversa por ali. Então pro sofá continuar fazendo minha coisas.

Antes de encerramos esse assusnto, ele explicou que não gosta de ficar em hoteis porque os empregados agem como robôs e são pagos para servir os clientes de forma muito submissa. E quando ele fica na casa de alguém, ele pode conhecer novas pessoas e conversar, já no hotel ele só tem como alternativa assistir TV.

Após uns 30 minutos de silêncio, o Stallman se levantou e veio falar comigo em um tom totalmente diferente, mais calmo, perguntou se eu tinha algumas músicas para copiar num pendrive pra ele. No outro dia a Adriana me perguntou o que tinha acontecido porque acordou com o Stallman falando alto e nervoso, então contei a minha tentativa frustrada de conversa sobre Brasília.

Eu havia planejado de no dia seguinte perguntar ao Stallman se gostaria de conhecer o Departamento de Informática da UFPR que foi onde eu estudei e que tem nos laboratórios os computadores rodando apenas GNU/Linux, mas essa conversa me deixou tão chateado/frustrado que eu desisti de perguntar e resolvi deixá-lo quieto trabalhando antes de irmos para a palestra.

O dia da palestra

Pela manhã (dia 2 de junho) o Daniel Lenharo, que fez parte da organização da palestra, veio para minha casa para a gente organizar os últimos detalhes e levar o Stallman para almoçar. O Alexandre Oliva havia me dado algumas dicas sobre o Stallman, entre elas: sempre combinar com antecedência o que você pretende fazer para dar tempo dele se preparar; e chegar com uma boa antecedência ao local da palestra para ele separar os materiais da FSF que ele traz para vender ou distribuir ao público.

Não comentei sobre isso na primeira parte: quando você acerta os detalhes para receber o Stallman para palestrar, a FSF envia pelo correio uma caixa com materias que o Stallman irá vender ou distribuir ao público. São adesivos, chaveiros, botons, etc.

Combinei com o Stallman de sairmos às 12h30 para almoçar em um restaurante perto da minha casa. Minha ideia era sair para almoçar e de lá já ir para o local da palestra na UFPR que estava marcada para começar às 18h. Assim teríamos bastante tempo de preparar o local para gravar a palestra. No horário marcado nos preparamos para sair e quando vi que ele não tinha pego os materiais, falei para ele pegar tudo porque do restaurante já iríamos para a UFPR. Ele então ficou nervoso pela segunda vez: começou a esbravejar que eu não tinha falado antes que já íamos para a UFPR e que ele não tinha se preparado para ir, porque ele achou que iríamos voltar pra casa ainda. Aí me caiu a ficha que eu realmente não havia combinado com ele de ir para a UFPR, então falei que tudo bem, que voltaríamos para casa e que a culpa foi minha por não ter falado antes.

Após o almoço voltamos para casa e pedi que ele se aprontasse assim que possível para a gente ir. Ele ficou trabalhando no notebook e só saímos às 15h, o que me deixou bastante preocupado porque seria bem corrido para organizar tudo. Quando chegamos no local, o Stallman lembrou que havia deixado o carregador do notebook e os materiais da FSF em casa, então tive que voltar, o que me deixou ainda mais preocupado e meu nível de streess foi aumentando porque a possibilidade de dar alguma m... estava piorando. Mas as outras pessoas da organização começaram a preparar o auditório, e a empresa contratada começou a montagem da cabine de tradução simultânea. Lembrando que a contratação da tradução simultânea só foi possível graças ao financimento coletivo que várias pessoas ajudaram.

Cheguei de volta na UFPR já próximo de 16h30 e já havia bastante gente na entrada do auditório porque havíamos divulgado que as portas seriam abertas às 17h. No hall o pessoal da organização já havia montado as duas mesas que o Stallman havia orientado: uma mesa para vender os materiais e outra mesa (a uma certa distância) para distribuir os adesivos gratuitamente. Só deu tempo de finalizar a montagem dos equipamentos para a gravação e estávamos prontos para começar.

Antes da palestra, colocamos um vídeo para exibir que era uma coletânea de outros vídeos falando o que é software livre, etc. Quando o Stallman começou a ouvir uma animação em espanhol, ele começou a fazer cara feia, balançar a cabeça negativamente e colocar a mão no rosto. Eu subi no palco e perguntei qual era o problema, e ele reclamou que o vídeo citava "software proprietário" como um antagonista ao software livre e que isso estava errado. O correto era citar "software privativo", e que o vídeo iria confundir as pessoas. Ainda bem que o vídeo era pequeno e acabou logo, porque ele estava ficando nervoso com aquilo.

E então começou a palestra. O auditório estava lotado, e algumas pessoas ainda tiveram que sentar no chão. Foram quase 2h30 entre a fala do Stallman, o leilão do GNU de pelúcia (Curitiba foi a cidade brasileira que teve o maior lance: R$ 475,00) e as perguntas do público. Você pode assistir o vídeo no link a seguir, inclusive com o áudio da tradução simultânea: http://stallman-brasil.softwarelivre.org/2017/curitiba-ufpr

Auditório lotado

Depois da palestra ainda houve um tempo para o pessoal tirar fotos com o Stallman e para as entrevistas que estavam combinadas. Aproveitamos esse tempo para desmontar os equipamentos, e quando tudo foi finalizado, ficou apenas um pequeno grupo da organização. Perguntamos ao Stallman se ele gostaria de jantar em uma churrascaria e ele respondeu que como estava indo para a Argentina, lá ele comeria bastante carne e que por isso ele preferia comer peixe. Achar lugar que sirva peixe em Curitiba não é uma tarefa fácil, principalmente porque esses restaurante são muito caros. Até que achamos o Peixinho que tem rodízio de peixe e... pizza, e com um preço razoável. O problema é que existem dois restaurantes chamados Peixinho, e fomos no que não tinha rodízio e era mais caro. Descobrimos que telefonamos para um (o do rodízio) para pegar as informações, e fomos para o outro (à la carte), isso deve ter sido o cansaço já batendo em todos nós. Mas não ficamos no à la carte e fomos para o Peixinho correto, o do rodízio :-)

O rodízio de peixes até era bom, mas era só de um tipo de peixe: tilápia. Então tinha tilápia frita, tilápia assada, tilápia no molho, tilápia com pimenta, tilápia empanada, e por aí vaí. Depois de tanta tilápia, o Stallman acabou comendo umas fatias de pizza também, alias, todos nós comemos. Quando acabou de comer e conversar um pouco, o Stallman abriu o notebook na mesa e começou a trabalhar. Como todos já sabiam que isso poderia acontecer, ninguém estranhou, e continuamos conversando sem incomodá-lo.

Chegamos em casa já bem tarde e cansados. Eu estava extramente aliviado porque tinha dado tudo certo na palestra. O auditório estava cheio, as pessoas aparentemente sairam satisfeitas, a gravação e a tradução simultânea funcionaram, e o Stallman não teve nenhum aborrecimento. Meu maior medo era que acontecesse algo parecido como em Goiânia em 2012 e que todo o nosso trabalho fosse por água abaixo, e que ao invés das pessoas ficarem felizes, elas saissem com uma má impressão do Stallman e acabassem o ridicularizando. Mas todo o nosso trabalho, das pessoas envolvidas na organização, foi recompensado com um evento perfeito. Perguntei para o Stallman se ele havia gostado da palestra, ele fez uma cara de quem não entendeu muito bem a pergunta e disse que aquilo fazia parte do trabalho dele e que portanto havia sido normal.

A partida

O vôo do Stallman de Curitiba para Foz do Iguaçu estava marcado para às 11h30 (dia 3 de junho), então pela manhã não tinha muito o que fazer. A Adriana se despediu dele logo cedo porque ela tinha que ir para a aula de inglês. Ela agradeceu por ele ter vindo e disse que a palestra iria encorajar as pessoas a conhecer mais sobre software livre. O Stallman respondeu que ele não é um rockstar para ter seguidores, mas o que ele espera é que as pessoas acessem o site do Projeto GNU e que contribuam de verdade para o Software Livre.

Combinamos o horário de saída e fomos para o aeroporto. Uma das dicas do Alexandre Oliva foi que o Stallman gosta muito de coxinhas, então talvez em algum momento ele pediria para comer algumas. No aeroporto após o check-in, o Stallman me perguntou onde poderia comprar algumas coxinhas para levar, e fomos a uma lanchonete. Nos despedimos e ele foi embarcar. Dali a 2 semanas nos encontraríamos novamente na Campus Party em Brasília.

Campus Party Brasília

A palestra do Stallman na Campus Party em Brasília foi marcada para o dia 17 de junho às 13h, último dia do evento, e no palco principal porque ele era um dos palestrantes magistrais (keynote). A chegada do Stallman em Brasília no dia anterior vindo de Foz do Iguaçu (porque ele cruzou a fronteira entre Argentina e Brasil por terra), e a hospedagem na casa do Prof. Pedro Rezende tinha acontecido sem nenhum problema. O Prof. Pedro Rezende levou o Stallman para o local da Campus Party e para evitar que ele fizesse o procedimento normal de check-in no evento que incluia ter que cadastrar a digital, a organização permitiu que ele entrasse por uma entrada secundária.

Almoçamos no restaurante da Campus Party e fomos para o palco para o Stallman se preparar para a palestra. Ele passou as instruções de quais materiais da FSF deveriam ser vendidos e quais deveriam ser distribuidos gratuitamente e onde as coisas deveriam ficar nas mesas, e foi para o palco.  A palestra ocorreu também sem nenhum problema. Foi a mesma palestra que ele fez em Curitiba só que um pouco mais curta, com 2h de duração. Tinha muita gente assistindo em volta do palco como dá para ver nas fotos.

A Campus Party costuma transmitir ao vivo as palestras no seu canal no YouTube e deixar lá para quem quiser assistir depois. Mas como o Stallman pede que a palestra dele não seja colocada no Youtube por questões de privacidade, orientei o pessoal da organização para não transmtir, o que gerou um pouco de surpresa principalmente no pessoal da área de comunicação que não está acostumado a receber esse pedido. De qualquer forma, a palestra foi gravada e está e está disponível nesse link: http://stallman-brasil.softwarelivre.org/2017/brasilia-campus-party. Pena que a pessoa que fez a tradução simultânea não permiriu que gravássemos o áudio para disponibilizar depois, porque para isso teríamos que pagar um valor a mais, mesmo eu explicando que seria muito útil para a comunidade e que daríamos os créditos a ele. Mas não houve jeito, só pagando mesmo.

Como a palestra do Stallman era de um magistral, não estavam acontecendo palestras nos outros palcos. Mas o tempo previsto é de mais ou menos 1h30, por isso já no finalzinho da palestra começaram as movimentações nos outros palcos e o Stallman achou estranho o barulho que o pessoal estava fazendo, principalmente os "gritos". Ele parou a palestra e começou a falar para o pessoal não fazer barulho porque ele ainda não havia acabado. Eu tive que subir ao palco e falar para ele não se importar com isso porque eram atividades de outros palcos que iriam começar e que ele poderia continuar falando que a plateia estava ouvindo normalmente. Ele ainda parou mais uma duas vezes, e eu fui ficando apreensivo que ele realmente se aborrecesse com aquilo, mas aí deu tempo de encerrar a palestra antes das outras iniciarem.

Várias pessoas tiraram fotos com o Stallman, e o pessoal da comunidade local de Software Livre de Brasília e que organiza o FLISOL na cidade pediu que ele fosse até a bancada onde eles estavam para tirar uma foto com o grupo. Mas quando o Stallman viu o banner do FLISOL atrás, ele pediu para tirar o banner porque ele não gostaria de ser visto como um apoiador do FLISOL. O pessoal perguntou porque e ele explicou que a maoria das cidades instalam softwares não livres no FLISOL e ele era contra isso. Ele explicou para todos a importãncia de instalar apenas softwares livres no FLISOL.

Antes de ir embora, entreguei os dois despertadores para o Stallman que eu havia ficado de levar. Ele havia me enviado um e-mail enquanto estava na Argentina me lembrando de passar na loja para ver se tinha chegado o despertador com apenas um botão. E como não tinha, comprei o modelo igual ao que ele havia comprado. Ainda dei a ele uma caixinha de acrílico para ele guardar o despertador dentro da mala (o que ele achou bastante útil) e duas barras de chocolates Garoto que ele tanto gosta.

O Stallman pediu para ir embora logo porque estava muito calor, e dava para ver que ele estava cansado. Nos despedimos com ele dizendo: Happy hacking!

Mais uma vez deu tudo certo, e a organização da Campus Party ficou bastante satisfeita com a participação do Stallman. Agradeço a coordenação da Campus Party por disponibilizar o palco principal para o criador do movimento Software Livre, e agradeço especialmente a duas pessoas que eu admiro muito: Ana Carolina Rodrigues que na época era a Gerente de Conteúdos da Campus Party e que topou a ideia de levar o Stallman, e a Juliana Tedoro que foi a pessoa da organização que cuidou de toda a parte operacional para viabilizar a ida dele.

Agradecimentos

Nunca é demais agradecer a todas as pessoas ajudaram de alguma forma para a realização da palestra do Stallman em Curitiba:

  • Adriana Cássia da Costa
  • Alexandre Oliva
  • Claudia Costa
  • Cleber Ianes
  • Daniel Lenharo de Souza
  • Daniel Weingaertner
  • Edemir Reginaldo Maciel
  • Eduardo Todt
  • Gabriela Bianchini Palumbo
  • Helen Mendes
  • Ianka Antunes
  • Leonardo Rodrigues
  • Marcos Sunye
  • Matheus Horstmann
  • Paulo Henrique de Lima Santana
  • Samira Chami Neves

Links para vídeos, fotos e notícias

Palestra do Stallman em Curitiba

Palestra do Stallman na Campus Party Brasília

Criador do Movimento Software Livre, Richard Stallman faz palestra para auditório lotado na UFPR

www.ufpr.br/portalufpr/blog/noticias/criador-do-movimento-software-livre-richard-stallman-faz-palestra-para-auditorio-lotado-na-ufpr

Quem controla o seu computador? Confira palestra do criador do sistema GNU em Curitiba

http://jornalcomunicacaoufpr.com.br/quem-controla-o-seu-computador-confira-palestra-do-criador-do-sistema-gnu-em-curitiba

Todos os olhos em você

http://www.gazetadopovo.com.br/economia/nova-economia/todos-os-olhos-em-voce-a0cxax3k55o1oc9iqzuur74t4

 



Como foi a vinda do Richard Stallman para Curitiba em 2017 - parte 1

4 de Setembro de 2017, 1:38, por Feed RSS do(a) Paulo Santana

Richard Stallman (RMS), fundador do movimento Software Livre, do Projeto GNU, e da Free Software Foundation (FSF), e um dos autores da Licença Pública Geral GNU (GNU GPL) esteve no Brasil durante alguns dias de maio e junho de 2017 palestrando em algumas cidades.

Esse texto é um relato da passagem do Stallman em duas cidades que eu ajudei a organizar as palestras:

Vou dividir o texto em duas publicações para não ficar muito cansativo:

  1. O planejamento para a vinda do Stallman.
  2. O Stallman em Curitiba.

 

Por que escrevi esse texto?

Existe um texto que circula na internet há muitos anos relatando a vinda do Stallman para palestrar em Curitiba em 2000. O texto é de uma pessoa da empresa Conectiva responsável por trazê-lo e apresenta uma visão extremamente negativa sobre o Stallman. Ele relata como foi hospedar o Stallman na sua casa, com detalhes que alguns (como eu) acharam bastante antiéticos por expor a intimidade do convidado. Eu só posso acreditar que autor do texto ficou tão traumatizado com a presença do Stallman em sua casa que decidiu escrever um texto o ridicularizando e isso soou muito engraçado para alguns, e nem um pouco para outros (como eu). Além do texto em si, na mesma postagem existem muitos comentários depreciativos com relação ao Stallman.

Nos dias que o Stallman esteve em Curitiba (1 a 3 de junho de 2017), ele ficou hospedado em minha casa. Não espere encontrar aqui relatos do tipo "se o Stallman toma banho ou não". Esse é um dos tipos de fofoca que o relato de 2000 citado anteriormente ajudou a criar.

Espero que esse texto ajude a tirar dúvidas de outras pessoas interessadas em promover uma palestra do Stallman na sua cidade. Existem muitos detalhes que precisam ser observados, especialmente sobre como lidar com o Stallman, o que eu confesso que não é uma tarefa muito fácil. Mas é plenamente viável se você tiver paciência, jogo de cintura, e principalmente se você não tratá-lo como um ídolo endeusado que precisa ser paparicado o tempo todo.

Eu acredito que o Stallman tem uma importância histórica muito grande por ter criado o movimento Software Livre. Sou um admirador pela sua coragem e perseverança em continuar defendendo aquilo que ele acredita e viajando o mundo todo para falar sobre isso. Não sou daquelas pessoas que tem um Stallman como um "modelo de vida a ser seguido". Nunca fui de ter ídolos como cantores(as), artistas, etc, e acredito que como todo ser humano, o Stallman tem qualidades e defeitos (alguns dos quais eu vi pessoalmente). Existem muitas histórias (ou estórias) sobre o Stallman principalmente sobre ele ser uma pessoa grosseira, mas minha vontade era justamente saber o que daquilo era verdade e o que era mentira (ou exagero). No final eu pensei: mesmo se ele realmente for uma pessoa muito difícil de lidar, quantas pessoas poderão dizer que tiveram a oportunidade de conviver três dias com o cara que criou a porra toda??? :-)

 

A vinda para o Brasil

A vinda do Stallman para o Brasil este ano foi promovida pelo Prof. Loïc Cerf do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A palestra do Stallman em Belo Horizonte (a primeira no Brasil) fez parte das atividades para comemorar os 90 anos da instituição. Então as passagens internacionais para ele vir dos Estados Unidos e voltar, foram custeadas por esse evento.

Quando o Stallman vem ao Brasil trazido por algum evento, ele procura ficar mais alguns dias para que outras pessoas o levem para outras cidades, seja para palestrar em um evento (como foi na Campus Party Brasília) ou apenas para uma palestra solo (como foi em Curitiba e Campinas). Para quem quer promover uma palestra do Stallman, o custo das passagens nacionais dentro do Brasil fica muito menor do que se tivesse que trazê-lo dos Estados Unidos com passagens internacionais.

Para conseguir atender a todos, o Stallman precisa montar uma agenda para saber quando ele vai chegar na cidade, palestrar e ir embora para outra cidade. Também é preciso combinar quais passagens serão necessárias custear. Por exemplo, para trazê-lo, nós compramos 2 passagens: de Campinas (onde ele havia palestrado antes) para Curitiba, e de Curitiba para Foz do Iguaçu (ele ia cruzar a fronteira com a Argentina por terra para ir palestrar em algumas cidades por lá). Já o pessoal da Campus Party precisou comprar duas passagens: de Buenos Aires para Puerto Iguazú (Argentina), para ele cruzar a fronteira por terra, e de Foz do Iguaçu para Brasília. Então a logística de passagens pode ser simples como foi para ele vir para Curitiba, ou pode ser complexa como foi para ele ir para a Brasília.

 

Primeiro contato e palestra em 2012

Essa foi a segunda vez que eu ajudei a organizei uma palestra do Stallman em Curitiba. Em dezembro 2012 uma instituição o trouxe para uma reunião em Curitiba, e entraram em contato comigo para aproveitar a presença dele e promover uma palestra. O contato comigo foi feito no dia 10 e como a palestra deveria ser no dia 13, foi preciso correr contra o tempo para reservar o auditório e divulgar. Por ter estudado na UFPR e organizado alguns eventos por lá, foi mais fácil resolver a logística do auditório por e-mails e telefone. Dessa vez eu só tive contato com o Stallman durante a palestra, não o encontrei nos outros dias porque eu havia operado o tornozelo e estava usando muletas para me locomover como pode ser visto nessa foto. No dia da palestra só foi possível eu ir para o local porque meu pai estava de babá comigo e me levou. O auditório estava lotado, mesmo não havendo tradução simultânea. O Stallman fala bastante devagar durante a palestra, então quem tem um mínimo de noção em inglês consegue entender a grande maioria das coisas que ele diz.

Tudo ocorreu bem, ou quase tudo: havíamos comprado algumas garrafas de água da marca Crystal que predomina no mercado. Quando o Stallman pegou uma delas, viu que era fabricado pela da Coca-Cola e se recusou a tomar explicando que ele faz parte de uma campanha que boicota os produtos dessa marca. Pedi pro meu pai correr nas lanchonetes da Universidade para comprar outra marca e foi bastante difícil de achar, mas ainda bem que ele conseguiu e o problema foi resolvido. Os detalhes da palestra podem ser vistos nessa notícia, nas fotos, e no vídeo  que eu gravei e está disponível no site da FSF.

A vinda do Stallman em 2012 para o Brasil e Argentina foi bastante controversa. Em Goiânia aconteceu um desentendimento entre ele e a organização do Fórum Goiano de Software Livre (FGSL) por causa da mudança do idioma durante a palestra. Pelo que entendi, eles haviam combinado que a palestra seria em inglês, mas o Stallman resolveu falar em espanhol e o pessoal foi saindo do auditório. Então no meio da palestra a organização pediu para ele trocar para o inglês, o que o deixou muito furioso, a ponto dele bater várias vezes o microfone na mesa e dizer que não continuaria a palestra porque se as pessoas não tinham entendido nada do que ele disse até ali em espanhol, e por isso teria que recomeçar tudo de novo em inglês. Após alguns minutos, ele se acalmou e retomou a palestra em inglês. Existe um vídeo por aí mostrando o quanto a situação foi complicada, especialmente porque o pessoal na plateia começou a rir achando que ele estava brincando quando na verdade ele estava muito nervoso. Infelizmente as pessoas lembram desse episódio até hoje e não sei porque cargas d'água acham que isso aconteceu em Curitiba. Em Brasília ele ficou hospedado na casa de uma pessoa que não tinha ar-condicionado no quarto, e como era dezembro e estava muito quente foi preciso achar de última hora outra casa para ele ficar. Na Argentina o Stallman teve os equipamentos e todo o dinheiro roubados.

 

Outras conversas

No início de 2015 surgiu a possibilidade do Stallman vir ao Brasil participar de um evento em João Pessoa, então fui incluído na conversa para organizar a logística para ele ir também para o FISL16 em Porto Alegre (eu estava trabalhando na organização da programação do evento) e para a Campus Party Recife (eu era curador de Software Livre). O pessoal da organização da Campus Party ficou bastante animado em ter o Stallman palestrando no palco principal e claro, eu também. Após várias trocas de e-mails com o Stallman, ele acabou desistindo de vir por causa de outros compromissos.

Nessa época o Stallman recebeu uma mensagem de divulgação do FISL e no texto de um dos palestrantes estava escrito "biblioteca open source de vídeo". Ele questionou porque o FISL estava usando a palavra "open source" ao invés de "software livre". Passamos alguns meses trocando e-mails sobre isso e o que eu tentei explicar é que para algumas pessoas da comunidade, usar "open source / código aberto" era a mesma coisa que usar "software livre". Então ele ressaltou a importância de usar sempre o termo software livre.

No final de 2015 entrei em contato com o Stallman para saber se ele poderia vir para o FISL17  (eu estava novamente trabalhando na organização) e ele respondeu que sim. Mas em abril de 2016 tivemos que desistir do convite por causa da falta de recursos para trazê-lo. Quem acompanhou o FISL17 sabe que o evento quase foi cancelado por falta de dinheiro, e para economizar, não foi possível custear a vinda de palestrantes internacionais como nos outros anos.

Depois disso conversamos outras vezes para saber se ele poderia vir para algumas das edições da Campus Party em 2016 em Recife, em Brasília (para o lançamento) e em Belo Horizonte, e para a Campus Party Brasil em São Paulo em 2017, mas ele já tinha outros compromissos e não foi possível. Nesse último convite para a Campus Party Brasil ele me avisou que deveria vir ao Brasil entre maio e junho de 2017.

Em todas essas trocas de e-mails eu procurava sempre copiar o Alexandre Oliva, diretor da FSF Latin America e contato primário do Stallman aqui no Brasil, para que ele pudesse acompanhar as conversas e ficar a par de tudo, e ajudar quando eu precisasse de um socorro. Na palestra em 2012 o Oliva também estava acompanhando as conversas.

 

Planejamento

No final de fevereiro de 2017 o Oliva entrou em contato comigo para avisar que estava confirmada a vinda do Stallman para o Brasil para palestrar em Belo Horizonte no final de maio. Ele perguntou se eu tinha interesse em levar o Stallman para palestrar em Curitiba no começo de junho depois dele palestrar em Campinas. O Oliva me avisou também que depois de Curitiba o Stallman seguiria para Argentina para palestrar em algumas cidades por lá e depois retornaria ao Brasil para ir embora para os EUA. Respondi que sim, que queríamos trazer o Stallman para palestra em Curitiba, e que como na metade de junho teríamos a Campus Party de Brasília, podíamos propor ao Stallman ir palestrar lá também quando ele retornasse da Argentina.

Alguns dias depois o Stallman respondeu pra mim e para o Oliva avisando que tinha interesse em ir para a Campus Party de Brasília e para começarmos a acertar a logística das viagens. A organização da Campus Party ficou feliz em finalmente ter o Stallman em uma das suas edições como um dos palestrantes principais, depois de várias tentativas.

Começamos a acertar os detalhes da vinda para Curitiba e coloquei o Stallman em contato com a organização da Campus Party para eles acertarem os detalhes de passagens e hospedagem para Brasília. Como comentei antes, a vinda para Curitiba foi simples porque eram duas passagens diretas: Campinas - Curitiba e Curitiba -> Foz do Iguaçu, e os horários dos voos ficou ficaram bons para ele. A ida para Brasília foi um pouco mais complicada porque ele queria três passagens: Buenos Aires -> Puerto Iguazú, Foz do Iguaçu -> Campinas (ele queria dormir uma noite lá), e Campinas -> Brasília. Mas os horários dos voos de Foz para Campinas não se encaixavam no que ele gostaria de fazer. Após vários e-mails trocados entre o Stallman e o pessoal da Campus para tentar achar os voos, tive que explicar que estava difícil conseguir o que ele queria porque o aeroporto de Foz é pequeno e tem poucas opções de voos. Então ele desistiu de ir dormir em Campinas e concordou em pegar um voo pra Brasília.

Nossa ideia inicial era usar o Teatro da Reitoria da UFPR que tem capacidade para 700 pessoas, mas ele já tinha uma reserva para outra atividade no dia 2 de junho. Então passamos para segunda opção em termo de capacidade: o auditório do Setor de Ciências Sociais Aplicadas da UFPR onde cabem 350 pessoas, é o que tem a melhor infraestrutura e o mais confortável da Universidade. Entrei em contato com o Matheus Horstmann, estudante de Ciência da Computação e então diretor do Centro Acadêmico do curso (chamado CEI - Centro de Estudos de Informática) para ajudar na organização porque ele já tinha organizado uma caravana de estudantes para o FISL em 2016 e é interessado em Software Livre. O Matheus curtiu muito a ideia e então por meio do CEI, pedimos ajuda aos professores Eduardo Todt e Daniel Weingaertner do Departamento de Informática da UFPR e do Centro de Computação Científica e Software Livre (C3SL),  para custear as passagens e a hospedagem do Stallman, e reservar o auditório junto ao Setor de Ciências Sociais Aplicadas.

Como as passagens do Stallman não eram de ida e volta para a mesma cidade, o C3SL só teve como comprar uma passagem, a de Campinas para Curitiba. Com a hospedagem no hotel estava tudo certo. O complicador foi que o Setor de Ciências Sociais Aplicadas nos pediu para pagar R$ 500,00 para o uso do auditório, mesmo a gente explicando que não se tratava de um evento com fins lucrativos, e que não estávamos cobrando inscrição. A direção do Setor foi irredutível e aí o professor Marcos Sunye, diretor do Setor de Ciências Exatas, nos salvou fazendo uma transferência de recursos entre os dois setores.

Sobraram então três custos: passagem de Curitiba para Foz do Iguaçu, alimentação e outras eventuais despesas. Com o lucro que obtemos com a venda dos nossos produtos da comunidade, seria possível cobrir estes custos. Tivemos então a ideia de contratar uma empresa para fazer a tradução simultânea da palestra, o que permitiria a participação de mais pessoas. Após alguns orçamentos, concluímos que seria necessário R$ 3.000,00 para contratar os equipamentos e o tradutor. Perguntei ao Stallman se ele concordava em a gente cobrar uma taxa de inscrição para pagar a tradução e ele disse que não concordava, porque ele preferia que a palestra fosse gratuita para permitir que qualquer pessoa pudesse assistir, e sugeriu a gente chamar alguém para ficar ao lado dele traduzindo as falas. Outras pessoas da comunidade também sugeriram essa solução, mas eu já tinha assistido palestras nesse formato e é bastante complicado porque atrapalha o andamento da palestra. Nossa intenção era fazer algo profissional e confortável para os participantes, mesmo que tivesse um custo mais elevado. Então tivemos a ideia de fazer um financiamento coletivo, e isso o Stallman concordou.

Decidimos não usar uma plataforma de crowdfunding como o Catarse porque eles descontam uma taxa alta, o resgate do dinheiro demora um pouco e não é Software Livre :-) Usamos nossas contas bancárias pessoais e nossas contas no PayPal e no PagSeguro para receber, o que deu um certo trabalho porque a conferência precisava ser feita com bastante cuidado. Como não foi um volume grande de doações, foi viável fazer assim. Quando conversei com o Stallman pessoalmente sobre a nossa campanha, ele nos elogiou por não ter usado uma dessas plataformas prontas e disse que a FSF usa uma ferramenta própria.

O financiamento coletivo foi um sucesso porque as pessoas se sentiram motivas a contribuir, mesmo aquelas que moravam em outras cidades. As doações ficaram um pouco abaixo da meta estabelecida, mas adicionamos o saldo que havia sobrado do patrocínio da APUFPR para o FLISOL 2017 em Curitiba, o patrocínio da empresa Ambiente Livre para a palestra, e usamos um pouco do lucro das vendas dos produtos. Com esse montante, foi possível contratar a tradução e pagar todas as despesas. Os detalhes do financiamento coletivo e a prestação de contas estão no site da palestra.

Pouco antes de vir para Curitiba, o Stallman me perguntou se não teria uma casa para ele ficar ao invés do hotel. Acredito que a imensa maioria das pessoas acha estranho um convidado preferir ficar hospedado na casa de uma pessoa que ele não conhece do que ficar no conforto de um hotel. Já tínhamos ouvido muitas histórias sobre o quanto poderia ser complicado hospedar o Stallman em casa, como os casos que eu citei no início desse texto quando em 2000 ele veio pra Curitiba, e em 2012 ele foi para Brasília. Como seriam apenas duas noites, eu e Adriana aceitamos hospedar o Stallman em nossa casa, e se desse algum problema, poderíamos levá-lo para o hotel. Mandei para o Stallman fotos do quarto e avisei que não tínhamos ar-condicionado, mas ele disse que não teria problema porque ele sabia que era inverno e que não passaria calor, bastava o quarto ter uma janela e ser ventilado.

 

Recomendações

Logo no início da troca de e-mails com o Stallman, quando ficou certo que iríamos trazê-lo para Curitiba, ele me enviou um arquivo txt com todas as recomendações sobre como organizar tudo. Em 2012 eu já tinha recebido esse arquivo, mas naquela ocasião só precisei me preocupar com os itens relacionados a palestra. Agora nós tivemos que ver tudo, incluindo alimentação, hospedagem, passagens, etc.

O conteúdo inteiro desse aquivo no Writer deu 24 páginas, e não vou publicá-lo aqui porque não tenho certeza se ele é público. O Stallman provavelmente continua editando e inserindo novas coisas, então em algum momento o texto ficaria defasado. Mas vou colocar os tópicos desse arquivo, para assim você possa ter uma ideia do que é necessário para levar o Stallman para palestrar na sua cidade.

  1. Speeches
  2. Abstract
  3. Brief bio
  4. Introducing the speech
  5. Photo
  6. Asking for the text
  7. Breaks
  8. Size of talk
  9. Participation in a larger event
  10. Erecting a larger event
  11. Multiple events
  12. Not exclusive
  13. Venues and planning
  14. Facilities
  15. Languages
  16. Registration
  17. No Signing In
  18. Restricting admission
  19. Sponsors
  20. Web Announcements
  21. Directing publicity
  22. Avoiding errors in publicity
  23. Other Terminology Issues
  24. Invite Attendees to Bring Cash
  25. Selling Free Software, Free Society
  26. At the speech
  27. Changes of plans
  28. Scheduling other meetings
  29. Interviews
  30. Recorded interviews for broadcast
  31. Interviews not for broadcast
  32. Recording my speech
  33. Recording formats
  34. Putting my speech on the net
  35. Streaming the speech
  36. Remote speeches by video connection
  37. Warning about giveways
  38. Flights
  39. Additional surprise expenses
  40. Bus and train tickets
  41. Other expenses
  42. Accommodations
  43. Temperature
  44. Pets
  45. Hospitality
  46. Email
  47. Paying me a reimbursement or a fee
  48. Dinners
  49. Food
  50. Wine
  51. Restaurants
  52. Sightseeing
  53. Presents
  54. More arrangements

Pode parecer um exagero tantas recomendações, e algumas partes parecem muito excêntricas, mas depois você percebe que é muito útil saber todos esses detalhes como por exemplo como ele gosta de ser tratado, o que ele não come, o que ele precisa durante a palestra, qual a temperatura ideal do quarto para conseguir dormir (se for um lugar quente precisa ter um ar-condicionado), etc.

Algumas partes são muito curiosas, como a que ele diz que gosta muito de papagaio mas que (em letras maiúsculas) você não deve comprar um apenas para agradá-lo. No primeiro dia perguntei se ele citava isso no texto porque alguém tinha comprado um papagaio, e ele disse que sim, duas vezes... O Stallman disse que todas as recomendações que estão no texto foram baseadas em situações reais que aconteceram com ele.

Outra coisa que vem escrito é que você não precisa tratá-lo como uma pessoa que precisa de ajuda o tempo todo, ou seja, quando ele precisar de algo, ele vai te pedir. Imagino que deve ser muito chato quando as pessoas ficam o tempo todo te perguntando se você precisa de algo, e você tendo que responder que não.

Também é muito importante não planejar nada sem antes falar com ele para saber se ele pode ou não ir. Se você quer levar o Stallman para um passeio, conhecer algum ponto turístico, dar uma entrevista, ele pede que você sempre pergunte antes porque ele não está indo para a sua cidade a passeio e tem muito trabalho para fazer.

E uma recomendação muito importante do Stallman é não achar que você sabe o que é melhor para ele. Se ele decidir algo, não questione se realmente ele quer aquilo.

Antes do Stallman vir perguntei se poderia agendar um encontro com algumas pessoas da comunidade de Curitiba no primeiro dia a noite. Nossa ideia era promover uma conversa com umas 10 pessoas para que todos tivessem a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente com mais tranquilidade, mas ele disse que preferia não ir porque ele tinha muita coisa para fazer a noite e por isso era melhor deixar para jantarmos todos juntos depois da palestra.

Alguns meios de comunicação entraram em contato pedindo para entrevistar o Stallman, entre eles a Gazeta do Povo, principal jornal do Paraná. Então perguntei para o Stallman se eu poderia agendar as entrevistas para o dia da palestra após o almoço, porque a palestra estava programada para acontecer das 18:00h até às 20:30. Ele respondeu que não, porque era melhor o pessoal assistir a palestra e depois tirar as dúvidas na entrevista. Mas eu insisti se não ficaria muito tarde para ele dar a entrevista após às 20:30 e sem jantar, então ele respondeu que eu não devia supor o que era melhor ou não para ele, porque se ele tava dizendo que a entrevista podia ser depois, é porque ele sabe disso. Ah, e ele lembrou que não estava vindo para Curitiba a passeio, e por isso precisava ficar o maior tempo possível trabalhando.

 

Esse relato continuará em breve, em outra publicação que estou escrevendo sobre como foi receber o Stallman em Curitiba. Não perca :-)



Bem-vindo Debian 9 Stretch

17 de Junho de 2017, 18:27, por Feed RSS do(a) Paulo Santana



2º epsódio do podcast Papo Livre

6 de Junho de 2017, 11:27, por Feed RSS do(a) Paulo Santana

Gnu meditando

Hoje (06/06/2017) saiu um novo epsódio do podcast Papo Livre, do qual faço parte :-)

Neste segundo episódio, Antonio Terceiro, Paulo Santana e Thiago Mendonça discutem os diversos meios de comunicação em comunidades de software livre. A discussão começa pelos meios mais "antigos", como IRC e listas de discussão e chega aos mais "modernos", passando pelo meio livre e meio proprietário Telegram, e chega à mais nova promessa nessa área, Matrix (e o seu cliente mais famoso/viável, Riot).

Você pode ouvir o epsódio #1 - meios de comunicação aqui:

https://papolivre.org/1