Orion Teixeira
Novidades que vêm de dois processos de investigação envolvendo o PSDB mineiro serão agitadas por duas delações premiadas que prometem abalar as hostes tucanas. A primeira delas, e a mais bombástica, está sendo negociada pelo ex-presidente estadual do PSDB e ex-secretário Narcio Rodrigues, preso há 15 dias acusado de desvio de R$ 14 milhões na construção de centro de pesquisas de recursos hídricos (Fundação Hidroex), em Frutal, no Pontal do Triângulo. A fundação era vinculada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, de 2012 a 2014, período no qual ele foi secretário (governo tucano Antonio Anastasia).
Insatisfeito com a falta de apoio das principais lideranças do partido, entre elas os ex-governadores Aécio Neves e Anastasia (ambos do PSDB), e após prorrogação de sua prisão, Narcio teria resolvido falar e apresentar provas até de depósitos no exterior e de outras obras irregulares ligadas à pasta.
A outra bomba está relacionada ao mensalão do PSDB mineiro, esquema de desvios de recursos ocorrido na frustrada campanha de reeleição do então governador Eduardo Azeredo, em 1998. Duas pessoas (não políticos), que são réus no processo, decidiram colaborar com a Justiça em troca de penas menores. Azeredo já foi condenado a mais de 20 anos de prisão em primeira instância pelo esquema. Ele nega o envolvimento.
STJ decide hoje futuro de Pimentel
Entraram na pauta da sessão do Órgão Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) desta quarta-feira (15) os recursos do governador Fernando Pimentel (PT) contra denúncia feita pela Procuradoria Geral da República. Pimentel contesta as provas apresentadas contra si e requer ainda, caso não seja atendido no pedido anterior, que a Assembleia Legislativa seja consultada, autorizando ou não processo contra ele. O órgão, ou Corte Especial, reúne-se uma vez por mês e pode decidir ainda hoje. Se aceitar o primeiro recurso, arquiva o caso; do contrário, aceita a denúncia, abre o processo e o afasta do cargo, ou o remete ao aval do Legislativo mineiro. Se não o fizer, o governador voltará ao STF para que os deputados mineiros se manifestem.
Je suis Tia Eron
“Chamaram Tia Eron para resolver o problema que os homens desse conselho não conseguiram resolver. Tia Eron vai resolver!”, disse, nessa terça-feira histórica (14), a deputada Tia Eron (PRB), para confirmar que não estava abduzida e que está sintonizada com a vontade nacional e com o fazimento de justiça. Bastou ela dizer sim para que o Conselho de Ética encerrasse uma gestação (nas palavras dela) de oito meses para chegar ao veredicto de cassação do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB).
Ao final, o feitiço voltou-se contra o feiticeiro. De tanto manobrar, Cunha foi vítima de um artifício semelhante. Ao adiar por duas ou três vezes a votação que favoreceria Cunha, o Conselho expôs publicamente Tia Eron e outros que pretendiam absolvê-lo e o resultado foi outro. Por 11 votos a 9, após muito bate-boca, a ética venceu no conselho aprovando o relatório que sustentou, com provas, os malfeitos do presidente afastado, entre eles, aqui o principal, esconder contas secretas no exterior. Agora, vai ao plenário, mas aí é outra história.