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Política, Cidadania e Dignidade

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April 3, 2011 21:00 , by Unknown - | No one following this article yet.

A manifestação do cidadão é pacifica, mas a repressão será violenta

June 25, 2013 12:55, by Unknown - 0no comments yet

Por: José Luiz Barbosa

Nos últimos dias, após intensas manifestações do cidadãos pelas ruas da principais capitais brasileiras, temos visto uma infinita agenda de reivindicações, que vão desde a redução da tarifa do transporte público, até a tão sonhada reforma potica, mas empurrada com a barriga pelo Congresso Nacional, a pelo menos dez anos.

As manifestações surpreenderam políticos, autoridades e estudiosos, que até o momento estão ainda a analisar o fenônemo, enquanto os governantes agem ainda perdidos, pois não esperavam tamanha indignação que tomou conta dos brasileiros, e que a revolta popular ganharia dimensão nacional, e chegaria inclusive a municípios pequenos do interior do País.

Mas, apesar da festa da democracia, que está assustando os políticos e governantes, a reação dos órgãos de segurança pública, está sendo desprorcional e em muitos caso, com excesso de violência e agressividade, o que somente aumenta a tensão e acirra os ânimos já exaltados dos manifestantes, mesmo os que participam pacificamente.

A lógica do terror, do medo e do pânico, estão sendo as estratégias aplicadas para desestimular, e demover os cidadãos de manifestar e expressar sua opinião e descontentamento contra a corrupção generalizada que invadiu e se enraizou no poder público, e isto comprovadamente nas três esferas de poder, nos níveis municipal, estadual e federal.

Há um clima de confronto e violência sendo difundido e sutilmente potencializado para se coibir e esvaziar o legitimo direito a exigir respeito, ética, transparência, probidade, e honestidade no trato do interesse e das causas públicas.

Paradoxalmente, as manifestações estão ocorrendo exatamente no regime democrático  e no estado de direito, o que é forte indicativo de que as demandas dos cidadãos, não estão sendo atendidas e nem discutidas pelos governos e seus representantes, e se no período da ditadura havia o cerceamente e cassação de direitos, o que vemos hoje é na verdade a negação e violação destes mesmos direitos, proclamados na Constituição da República, que é descumprida e desrespeitada todos os dias.

Na manifestação de quarta-feira, durante o jogo do Brasil e Uruguai, mais uma vez vamos para às ruas, e como sabemos haverá a possibilidade concreta de ações policiais mais firmes e vigorosas, e se a manifestação do cidadão é pacíficia, a repressão poderá ser violenta, assim é importante que cada um seja um mensageiro da paz e das mudanças pelas quais estamos lutando.

Vamos às ruas sim, sem agressão, violência, ou confronto com os policiais militares, pois assim como os cidadãos, todos estão vibrando com os acontecimentos, e se sentem tão desrespeitados e indignados com os desmandos, abusos, corrupção e com todo descaso com os direitos, interesses, e problemas recorrentes da sociedade. 

Presidente da Associação Mineira de Defesa e Promoção da Cidadania e Dignidade, ativista de direitos e garantias fundamentais, especialista em segurança pública. 

 

 

 




 

  



 

 

    




ELOGIOS À AÇÃO DA PMMG

June 25, 2013 10:28, by Unknown - 0no comments yet


"Sou morador do Centro de BH e o que presenciei no sábado pela noite foi um bando de vândalos que estavam dispostos a saquear a cidade e destruir o patrimônio. Vi uma polícia altamente preparada que não usou de violência em nenhum momento. As ações eram pontuais e foram impecáveis. Fiquei surpreso!"
 
 
 
 
 
 



Entidades iniciam coleta de assinaturas por reforma política

June 25, 2013 10:12, by Unknown - 0no comments yet

Entidades que se mobilizaram para a aprovação da Lei da Ficha Limpa lançaram ontem, em Brasília, uma campanha por eleições limpas no País. A rede de aproximadamente 70 instituições iniciou a campanha "Reforma Política Já" e a coleta de 1,5 milhão de assinaturas para a apresentação de um projeto de lei de iniciativa popular.

No Rio, a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) criou um Comitê de Mobilização pela Reforma Política durante um ato público. O presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, disse que uma agenda institucional de mudanças deve ser o passo seguinte das mobilizações que se espalharam pelo País. "Há uma clara insatisfação nas ruas que, ou vai para o campo da fúria ou da esperança. Apostamos na esperança. O comitê terá uma agenda de mobilização, reunirá os pontos de consenso e apresentará uma proposta ao Congresso Nacional", afirmou.

A reportagem é de Mariângela Gallucci e Luciana Nunes Leal e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 25-06-2013.

Lançada na sede da OAB na capital federal, a iniciativa dos autores do Ficha Limpa propõe uma ampla reforma política que acabaria com o financiamento das campanhas por empresas.

O presidente nacional da Ordem, Marcus Vinicius Furtado, confia que todas as 1,5 milhão assinaturas serão alcançadas até o "começo do semestre legislativo". Para as novas regras entrarem em vigor em 2014, elas precisam ser aprovadas no Congresso até 5 de outubro.

"A relação incestuosa entre empresas e candidatos em campanhas eleitorais se repercute em contratos superfaturados, licitações dirigidas e na malversação dos recursos públicos", disse Furtado. "Nunca teremos educação e hospitais de qualidade no Brasil se não houver uma mudança profunda no sistema político eleitoral."

Conforme a proposta, o financiamento seria misto, integrado por dotações orçamentárias e doações de até R$ 700 por pessoas físicas. Com a modificação, as entidades acreditam que seria corrigida uma "distorção grave" da vida política, que é a possibilidade de empresas doarem dinheiro para campanhas e depois receberem em troca contratos públicos privilegiados. Pelo projeto, a divulgação das despesas da campanha deveria ocorrer em até 24 horas após o recebimento do produto ou do serviço.

Além das mudanças nas formas de financiamento e de prestações de contas das campanhas, a proposta estabelece um sistema de dois turnos para a eleição proporcional. No primeiro turno, os eleitores votariam em partidos. No segundo, em candidatos. Essa mudança obrigaria os partidos a apresentarem seus programas e bandeiras.



Voluntário em protesto, médico relata omissão por parte da PM

June 25, 2013 10:11, by Unknown - 0no comments yet

No sábado (22), manifestação em BH terminou em confronto e vandalismo.

Polícia nega que tenha havido negligência.
protestoO médico Giovano Iannotti, de 38 anos, participou da última grande manifestação em Belo Horizonte, no sábado (22), como voluntário e conta ter visto exageros por parte da Polícia Militar (PM) ao lidar com os integrantes do protesto, assim como a omissão de socorro a feridos. O ato, que reuniu cerca de 70 mil pessoas, foi marcado por confronto e vandalismo. Quarenta e oito pessoas, entre elas dez policiais, ficaram feridas neste sábado.

Iannotti se uniu aos protestos pela redução das tarifas do transporte público em Belo Horizonte na última segunda-feira (17) como um dos manifestantes, mas, desde então, passou a atender os vários feridos e a montar equipes para garantir o resgate a todos, mesmo com a violência ao redor. Neste sábado, por causa das dificuldades, os voluntários convocados por ele teriam sido até obrigados a abandonar feridos em tratamento. “Eles aguentaram enquanto puderam, imobilizando o paciente. Chegou um momento que a PM atirou tanto que eles tiveram que deixá-lo morrendo lá”, contou sobre a tentativa de salvar um jovem após ele ter caído de um viaduto.

Com cerca de 40 integrantes, entre profissionais e estudantes, a equipe de atendimento foi montada em função da experiência com o primeiro protesto, na segunda-feira (17). Na ocasião, Iannotti participou com o meio de transporte usado por ele para transitar na capital mineira: a bicicleta. Seguindo à frente dos manifestantes, explicou ele, teria presenciado ações questionáveis dos policiais. O número de feridos se tornou um incômodo, resultando na convocação.

Antes do protesto seguinte, na quinta-feira (20), os voluntários se prepararam para tratar os tipos de ferimentos mais comuns, levando com eles kits para primeiros-socorros. Na data, no entanto, ele disse ter ficado feliz por não ter surgido nenhum trabalho. Iannotti esperava a mesma tranquilidade no sábado, mas o clima da manifestação mudou completamente quando a linha de frente do grupo encontrou o bloqueio dos militares na Avenida Abraão Caram, próximo à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Quando bombas começaram a ser lançadas de ambos os lados e manifestantes provocavam a PM, afirmou Giovano, ele e os voluntários montaram um pequeno posto de atendimentos na Avenida Antônio Carlos, sendo preciso recuar às vezes por causa das bombas. Eles também vestiram jalecos para facilitar a identificação como médicos.

Durante a confusão, ele diz que identificou aos policiais para atender os feridos, mas teria sido impedido e ameaçado. Quando um jovem caiu do viaduto sobre a Av. Antônio Carlos, Iannotti tentou socorrê-lo, improvisando uma maca, e, mais uma vez, como conta, teve a ajuda da PM negada. “Era preciso evacuar essa vítima o mais rápido possível porque a situação clínica dele não era boa”, disse.

O médico relata que, em determinado momento, um homem mascarado se apresentou como policial e ofereceu ajuda para levar o ferido até a área protegida pela PM. “Não sei se ele falou verdade ou se falou mentira, mas pouco tempo depois os tiros diminuíram”, pontua. A PM nega a presença de militares não identificados no local. Lá, Iannotti disse ter visto uma ambulância e ter se dirigido em direção ao carro para colocar um ferido, mas um oficial contou que o serviço era exclusivo a policiais. O mesmo foi dito quando o médico teria pedido equipamentos emprestados. “Como alguém impede de usar uma ambulância quando há gente morrendo?”, questionou o médico.



OAB anula duas questões de Direito Civil do X Exame

June 25, 2013 9:38, by Unknown - 0no comments yet

Prova da OAB


O Conselho Federal decidiu pela anulação de duas questões da prova de Direito Civil feita dia 16, como parte do X Exame de Ordem. Também foram feitas ponderações em relação à prova de Direito Tributário. Com informações da Assessoria de Imprensa da OAB RJ.

Leia abaixo a íntegra da nota.

A Fundação Getulio Vargas e a Coordenação Nacional do Exame de Ordem Unificado, no intuito de dissipar eventuais dúvidas e de preservar a segurança e lisura do X Exame de Ordem Unificado, comunicam aos examinandos que realizaram a prova prático-profissional no último dia 16 de junho:
— a anulação das questões nº 3 e 4 do caderno de provas de Direito Civil, sendo a pontuação correspondente atribuída integralmente a todos os examinandos que realizaram a prova nessa área, conforme disposto no item 5.8 do edital de abertura;

— a aceitação de mais de um tipo de peça processual como resposta ao problema proposto na prova prática de Direito Tributário, cujos fundamentos serão divulgados por ocasião da publicação do padrão de respostas;

— que o conflito existente entre a cobrança de entendimentos jurisprudenciais e a possibilidade de consulta à jurisprudência na 2ª fase será revisto no edital do próximo Exame de Ordem.

Brasília, 20 de junho de 2013.

Revista Consultor Jurídico



MP tem prerrogativa para fazer investigação, diz STJ

June 25, 2013 9:21, by Unknown - 0no comments yet

Previsão constitucional



O Ministério Público, por expressa previsão constitucional, possui a prerrogativa de instaurar procedimento administrativo e conduzir diligências investigatórias, podendo requisitar documentos e informações que entender necessários ao exercício de suas atribuições. A conclusão é da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça que confirmou a decisão monocrática do ministro Marco Aurélio Belizze. O acórdão transitou em julgado no último dia 11 de março.

“A atuação do Ministério Público, no contexto da investigação penal, longe de comprometer ou de reduzir as atribuições de índole funcional das autoridades policiais — a quem sempre caberá a presidência do inquérito policial —, representa, na realidade, o exercício concreto de uma atividade típica de cooperação, que, em última análise, mediante a requisição de elementos informativos e acompanhamento de diligências investigatórias, além de outras medidas de colaboração, promove a convergência de dois importantes órgãos estatais incumbidos, ambos, da persecução penal e da concernente apuração da verdade real”, diz a decisão.

A decisão foi proferida em Recurso Especial interposto pelo procurador de Justiça José Alberto Sartório de Souza, coordenador da Procuradoria de Justiça de Recursos Especiais e Extraordinários Criminais, contra acórdão da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Em Habeas Corpus, o TJ-MG determinou o trancamento de ação penal, em que os elementos motivadores do oferecimento da denúncia foram provenientes de procedimento investigatório criminal promovido pelo Ministério Público de Minas Gerais.

Na decisão monocrática, o ministro Marco Aurélio Belizze afirmou que uma análise sistemática do artigo 129 da Constituição Federal, incisos VI, VII, VIII e IX, é possível concluir que o Ministério Público possui a prerrogativa de instaurar processo administrativo de investigação e de conduzir diligências investigatórias. O ministro explica que o poder de investigar, em sede penal, também compõe o complexo de funções institucionais do Ministério Público, “pois esse poder se acha instrumentalmente vocacionado a tornar efetivo o exercício, por essa Instituição, das competências que lhe foram outorgadas pelo próprio texto constitucional, é o que decorre da chamada teoria dos poderes implícitos”.

“É por isso que, a meu ver, reveste-se de integral legitimidade a instauração, pelo próprio Ministério Público, de investigação penal, atribuição que lhe permite adotar as medidas necessárias ao fiel cumprimento de suas funções institucionais, bem assim ao pleno exercício das competências que lhe foram expressamente outorgadas pela Constituição Federal”, complementa Belizze antes de citar jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e do STJ no mesmo sentido.

Clique aqui para ler o voto de Marco Aurélio Belizze
Tadeu Rover é repórter da revista Consultor Jurídico.
Revista Consultor Jurídico



Constituinte exclusiva é desnecessária e perigosa

June 25, 2013 9:20, by Unknown - 0no comments yet

Ponderações jurídicas



A ideia lançada nesta segunda-feira (24/6) pela presidente da República Dilma Rousseff de convocar um plebiscito que decidirá sobre a instalação de uma Assembleia Constituinte para tratar exclusivamente de reforma política é desnecessária, juridicamente duvidosa — e perigosa. Essa é a opinião da maioria dos advogados e ministros, aposentados e em atividade, do Supremo Tribunal Federal ouvidos pela revista Consultor Jurídico.

Desnecessária porque é perfeitamente possível fazer a tão esperada reforma política dentro dos marcos legítimos fixados pela Constituição Federal de 1988. Ou seja, por meio de projetos de lei e propostas de emenda à Constituição.

Juridicamente duvidosa porque não é possível se convocar uma Assembleia Constituinte para tratar de um assunto específico. O poder constituinte originário é ilimitado. Logo, poderia avançar para muito além da reforma política. E perigosa porque constituinte não têm compromissos com a ordem jurídica vigente. Logo, é possível romper com a ordem vigente hoje no país e que garantiu, até hoje, 25 anos de estabilidade institucional.

“Sob a roupagem da reforma política, pode-se reestruturar o país. Pode-se diminuir o tempo de mandato do presidente da República, por exemplo. Alterar a forma de escolha dos ministros do Supremo ou fixar mandatos. Na prática, é a criação de um quarto poder que poderá mais do que os outros três poderes”, afirmou à ConJur um ministro do Supremo Tribunal Federal que criticou a ideia. Para ele, reforma política se faz por meio de leis e emendas à Constituição.

O ministro aposentado do Supremo Ayres Britto afirmou que enxerga bons propósitos na ideia da presidente da República. “Vê-se que ela está bem intencionada, que quer acertar”, disse. De acordo com o ministro, contudo, a Constituição Federal não dá ao Congresso o poder de convocar um plebiscito para tratar da matéria específica. “O Congresso Nacional pode, por motivos de conveniência e oportunidade, repassar para o povo, convocado plebiscitariamente, seu poder normativo. Ou seja, só pode convocar o povo a decidir sobre os temas que ele próprio, Congresso, tem legitimidade para decidir. Não é o caso de convocação de plebiscito para decidir a instalação de uma Assembleia Constituinte”, disse.

Ayres Britto deu exemplos práticos. O Congresso convocou um referendo para decidir sobre o desarmamento no Brasil. Momentaneamente, portanto, deixou de lado a democracia representativa, por meio da qual deputados e senadores fixam os marcos normativos do país, e convocou a população a se manifestar por meio da democracia direta. Mas o Congresso passou ao povo o poder de deliberar em seu lugar, sobre uma decisão que ele mesmo poderia tomar.

O Congresso não poderia, por exemplo, convocar um plebiscito para decidir sobre a fixação da pena de morte no Brasil. Isso porque ele próprio não tem o poder de legislar em relação ao tema. Logo, se não cabe ao Congresso decidir sobre a instalação de uma Assembleia Constituinte, não tem o poder de convocar um plebiscito para decidir sobre a matéria.

“Nenhuma Constituição tem vocação para o suicídio. Por isso, não prevê a possibilidade de se convocar uma Assembleia Constituinte. Toda Constituinte é a sentença de morte da Constituição anterior e, neste caso, o Congresso Nacional não pode convocar o povo para agir como o coveiro da Constituição de 1988, que agora é que começa a dar seus belos frutos”, afirmou Ayres Britto.

Ideia inusitada

O ministro aposentado do Supremo Carlos Velloso afirmou desconhecer a figura da “Constituinte exclusiva”. Para ele, uma mudança neste grau pode e deveria ser feita mediante emenda constitucional. “Isso é um despropósito. Uma medida para enganar a população que está nas ruas pedindo reforma”, disse o ministro, que presidiu o STF entre 1999 e 2001.


“Essa medida de plebiscito, que eu considero um absurdo, é algo inusitado que esconde qualquer coisa porque não tem apoio na ordem jurídica. Sem dúvida, não tem fundamento jurídico”, criticou.

Já o ministro Marco Aurélio não entrou no mérito de ser ou não juridicamente possível um plebiscito para convocar uma Assembleia Constituinte, atribuindo à declaração da presidente um efeito de “força de expressão”. Para o ministro, como o momento exige uma tomada séria de providências, a presidente “usou algo para realmente impactar”. Marco Aurélio afirmou que a realização de um plebiscito é desnecessária, dada a insatisfação da sociedade ser evidente, e que a reforma política pode ocorrer por meio de emendas constitucionais.

“O que a presidente quis dizer foi ressaltar a necessidade de uma mudança de rota. E, portanto, de providências dos poderes constituídos, principalmente do Congresso. Será que é necessário o plebiscito? É só perceber anseios da sociedade, que quer mudanças no campo ético, no arcabouço normativo e atenção maior para os serviços públicos”, disse. O ministro afirmou que não imagina uma convocação extraordinária para a reforma política, “quando podemos consertar sem lançar mão de uma nova Constituinte”.

Proposta legítima

Para o ministro aposentado do STF Francisco Rezek, ex-juiz da Corte Internacional de Justiça de Haia, a nomenclatura “Constituinte” é menos importante diante do atual quadro do país. Ele considera que a presidente Dilma Rousseff parte da premissa correta de que os atuais membros do Congresso Nacional não são os melhores quadros para empreender uma reforma política.


O que importa, para o ministro, é que há uma reação diante da onda de manifestações nas ruas e da perda de representatividade dos membros do Congresso Nacional, que demonstram a necessidade de se fazer com urgência a reforma no sistema político do país. Ou seja, enxergam na ação da presidente uma boa intenção, que pode ser levada a cabo de outra forma.

“Um colegiado que fosse eleito só para tratar da reforma política, que não fosse constituído pelos membros regulares do Congresso, teria mais qualidade”, afirmou Rezek. O ministro afirmou que a discussão não é nova. Nos anos 1980, lembrou, se discutiu a possibilidade da eleição de uma Assembleia Constituinte separada do Congresso, que se dissolvesse após a elaboração da Constituição. Ao fim, se decidiu transformar o Congresso em Assembleia Nacional Constituinte.

“A ideia é correta. Não seria propriamente uma Assembleia Constituinte. Nós teríamos aí um colegiado para a reforma política na Constituição, para modificar na Constituição apenas o necessário para que o produto dessa mudança signifique a autêntica reforma política que todos esperam alcançar. É uma questão de adaptar a nomenclatura, mas a ideia é a melhor possível”, defendeu o ministro aposentado.

Processo de reforma

O advogado constitucionalista Gustavo Binenbojm questionou a necessidade política da convocação de uma Assembleia Constituinte diante da história recente do país. De acordo com ele, o fato de a Constituição de 1988, em seus 25 anos, ter sido alvo de 73 emendas mostra que o processo de reforma da Constituição do Brasil é um processo facilmente acessível pelo trabalho do constituinte derivado.


“O processo é factível, é alcançável. Por que, se é possível alcançar o resultado desejável no âmbito do Congresso e dentro dos marcos constitucionais em vigor, se instalar uma Assembleia Constituinte?”, questionou Binenbojm. “Não creio que haja a necessidade. Parte da reforma pode ser feita por emendas à Constituição e parte por meio de leis ordinárias”, completou.

O advogado lembrou uma frase do ministro Ayres Britto: “O poder constituinte originário é o poder que tudo pode, só não pode o não poder”. De acordo com o advogado, o poder de uma Assembleia Constituinte é juridicamente ilimitado, insuscetível de qualquer controle. “Há um risco inerente a qualquer processo constituinte originário, que é o risco para as instituições democráticas”, afirmou.

Gustavo Binenbojm lembrou que a instalação da Constituinte que deu à luz a Constituição de 1988 se deu a partir de um processo de ruptura com a ordem jurídica anterior, que havia esgotado seu lastro de legitimidade. “Não é o caso do Brasil de hoje, em que vivemos em um regime democrático, dentro de um Estado de Democrático de Direito. Se o poder de uma Assembleia Constituinte é juridicamente ilimitado, o próprio Supremo Tribunal Federal não terá liberdade para controlar. Há uma preocupação política com os rumos de uma convocação dessa natureza”, opinou o advogado.

“Sopesando bem os prós e contras, acho que essa energia popular presente nas manifestações nas ruas poderia ser canalizada para um processo de reforma construído dentro dos marcos da Constituição Federal de 1988, com a salvaguarda de que os direitos das minorias e os direitos e garantias fundamentais serão preservados”, concluiu.

O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, também afirmou que do ponto de vista técnico, a proposta da presidente Dilma Rousseff se torna inviável. “Não apenas pelos riscos inerentes dessa iniciativa, como também em face do poder ilimitado que lhe permite reformar ou fazer o que bem entender. Em resumo, não é possível convocar uma Constituinte para discutir matéria ‘a’ ou ‘b’, pois é ela própria quem define”, afirmou.

Segundo Furtado Coêlho, nada impede que a iniciativa alcance matérias relativas à liberdade de imprensa, garantias individuais e tantas outras sobre as quais a sociedade precisa constantemente se manter vigilante para que não pereçam. “A atual Constituição, às vésperas de celebrar 25 anos, ainda é fator de mobilização social, como vemos agora, para assegurar a efetivação de direitos. Acaba sendo, portanto, uma carta em branco”, disse o presidente nacional da OAB.
Rafael Baliardo é repórter da revista Consultor Jurídico em Brasília.
Rodrigo Haidar é editor da revista Consultor Jurídico em Brasília.
Revista Consultor Jurídico



Audiência pública: Dados revelam distorções criadas pelo regime de financiamento privado de campanhas

June 25, 2013 7:45, by Unknown - 0no comments yet

A existência do financiamento de campanhas eleitorais por doações de empresas favorece determinados setores da economia, em que estão grandes doadores – bancos, construtoras e mineradoras –, e traz efeitos indiretos negativos para o país, como a menor presença de mulheres na política. Essas distorções ocorrem em um contexto em que a maioria dos parlamentares está insatisfeita com o sistema atual de financiamento, tendendo a apoiar um sistema baseado no financiamento público.
Esses foram alguns pontos destacados por estudiosos do sistema eleitoral brasileiro presentes na audiência pública sobre o financiamento de campanhas, convocado como fase preparatória para o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4650, de relatoria do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal.
Presença das mulheres na política
A professora da Universidade de São Paulo (USP) Teresa Sacchet relata que o Brasil é o penúltimo colocado na América Latina em representação das mulheres na Câmara dos Deputados, com 8,6% de presença feminina, ficando atrás apenas no Panamá. Argentina e Costa Rica chegam a 38% de participação das mulheres.
As cotas para presença feminina no Brasil nunca foram devidamente cumpridas, diz a professora, apontando que mesmo a presença crescente de candidatas não foi acompanhada na mesma proporção pelo número de representantes eleitas. Um dos motivos seria exatamente o financiamento da campanha: as mulheres arrecadam em média 47% do que os candidatos homens. Os motivos seriam a menor proporção de recursos de financiamento privado destinado às mulheres, combinado ao menor volume de recursos próprios disponíveis, uma vez que as mulheres possuem renda menor do que a dos homens.
Representação do setor privado
Em nome do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral apresentou-se o juiz Márlon Jacinto Reis, destacando os efeitos negativos do financiamento privado. Segundo Reis, nas eleições de 2010 um total de 98% das doações foram provenientes de pessoas jurídicas, mas de setores restritos da economia.
“Não é razoável imaginar que as empresas brasileiras estão doando. Apenas as empresas que integram um muito restrito círculo das construtoras, dos bancos e das mineradoras. Todas as demais centenas de esferas de atividade empresarial não participam do financiamento de campanha”, afirmou. Esses setores que concentram as doações, ressalta, são exatamente aqueles que precisam manter estreitas relações com o poder público.
Opinião do Congresso Nacional
Os cientistas políticos da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Barreto e Max Stabile apresentaram dados de pesquisas feitas com 120 deputados federais, em 2009, revelando opiniões sobre pontos da legislação política do país. Quanto ao financiamento de campanha, apenas 14% eram favoráveis ao sistema atual. Um sistema misto, com financiamento apenas de pessoas físicas, com limite de contribuição, recebeu apoio de 17% dos parlamentares. Já o financiamento público recebeu apoio de 68% dos congressistas ouvidos.
Para Leonardo Barreto, um posicionamento do STF no julgamento da ADI 4650 pode ser uma forma de se superar o impasse no Congresso quanto à reforma política. “A mudança no sistema eleitoral também ocasiona uma mudança devencedores e perdedores de uma eleição, e por isso há tanta dificuldade entre os partidos em se chegar a um consenso. Me parece que o diagnóstico de deixar essas lutas políticas de lado e buscar aquilo que a sociedade pretende como sendo melhor, pela ação de um árbitro externo, talvez seja uma maneira de levar a um consenso”, afirma o cientista político.
Apuração e punição
Representante da comissão temática de direito eleitoral da seccional do Mato Grosso da Ordem dos Advogados do Brasil, Sílvio Queiroz Teles destacou em sua apresentação na audiência pública os efeitos negativos que o financiamento privado por grandes empresas têm sobre o sistema político, e a insuficiência dos instrumentos de controle para coibir os abusos. “As ferramentas de apuração e punição  do desvirtuamento da regra permissiva têm resultado em rara eficiência, há muito insuficiente”, afirmou.
FT/EH
 



Tarso Genro defende Constituinte com candidaturas sem partidos

June 25, 2013 7:42, by Unknown - 0no comments yet

Em vídeo postado no canal do Palácio Piratini no YouTube ontem, o governador Tarso Genro defendeu a realização de uma Constituinte para tratar da reforma política no país, proposta que se arrasta há mais de 15 anos no Congresso. Tarso acredita que, para a formação da Constituinte, candidatos sem vinculação partidária funcionariam como canal para participação dos manifestantes que estão nas ruas.
A informação é publicada pelo jornal Zero Hora, 24-06-2013.
Na concepção do petista, os concorrentes avulsos precisariam apresentar um determinado número de apoiadores na hora do registro da candidatura. Tarso apoia a eleição da Assembleia Constituinte na campanha do ano que vem, em paralelo ao pleito normal para o Congresso.
No vídeo de dois minutos, o governador afirmou ainda que faltam canais para a participação construída por meio da internet. Tarso pretende apresentar suas ideias hoje à presidente Dilma.
A Constituinte exclusiva também vem sendo defendida por outros políticos como resposta às manifestações, entre eles o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) e os senadores Cristovam Buarque (PDT-DF), Pedro Taques (PDT-MT) ePedro Simon (PMDB-RS). Para o constitucionalista Eduardo Carrion, não há razões para a convocação de uma Constituinte. Ele afirma que mudanças podem ser feitas por meio de proposta de emenda à Constituição: "Os políticos, perplexos com o movimento atual, inventam factoides".
Na semana passada, Henrique Fontana (PT-RS), relator do projeto sobre o tema que tramita na Câmara, apelou aos líderes partidários para que votem o assunto urgentemente. O texto de Fontana busca dificultar as coalizões de conveniência, extinguir as siglas de aluguel, combater o caixa 2 e a influência de grandes corporações.
OAB e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizam hoje um ato em defesa da reforma política. Um projeto de lei de iniciativa popular será apresentado.
ENTENDA A REFORMA
FINANCIAMENTO PÚBLICO
Veja alguns pontos do projeto que tramita na Câmara dos Deputados e que enfrenta resistências
- O financiamento privado, com doações para partidos ou candidatos, é extinto. As campanhas serão custeadas com verba pública. Pessoas ou empresas só poderão doar para o fundo, que terá a divisão definida conforme o cargo em disputa e a esfera da eleição. Para os partidos, parte da verba será distribuída de forma igualitária, porém, a maior fatia acompanhará o desempenho da sigla na última eleição para vereador e deputado.
VOTO EM LISTA FLEXÍVEL
- O eleitor segue com a opção do voto nominal (no candidato). Muda a regra do voto em legenda, que passa a seguir uma ordem estabelecida pelo partido. A sigla apresenta uma lista de candidatos, que serão beneficiados pelo voto em legenda conforme a ordem da relação.



Dilma antecipa medidas para tentar conter protestos nas ruas

June 25, 2013 7:41, by Unknown - 0no comments yet

Em uma sequência de reuniões no fim de semana, o Palácio do Planalto preparou um conjunto de medidas para dar resposta às manifestações de protesto por melhores serviços públicos - sobretudo nas áreas de mobilidade urbana e saúde. O governo deverá abrir licitação até o fim do ano para a contratação temporária de milhares de médicos portugueses e espanhóis - países que estão com elevada taxa de desemprego de mão de obra qualificada.
A reportagem é de Claudia Safatle e publicada pelo jornal Valor, 24-06-2013.
A importação de médicos para os hospitais públicos - a despeito das resistências das corporações - será a forma de fazer a transição até que o país forme mais doutores. Para isso, serão abertas novas faculdades e oferecidas maisvagas para os estudantes que quiserem seguir a carreira. Atualmente a média do vestibular para medicina é de 40 alunos por vaga. Serão abertas mais vagas, também, para residências em hospitais públicos, com um investimento para esse caso, de cerca de R$ 100 milhões.
Como a licitação será para contrato temporário, se o médico quiser prorrogar por igual período terá que fazer um exame específico.
Essas medidas não são novas. Elas já estavam em debate há mais de um ano no governo, mas devem ser colocadas em prática agora. Outras vão ser discutidas entre a presidente Dilma Rousseff, os 27 governadores e os 27 prefeitos das capitais, em encontro marcado para hoje as 16 horas. Ela pretende dividir os custos políticos da crise aberta nas ruas e das providências necessárias para enfrentá-la.
Dilma deverá ouvir os prefeitos e governadores sobre as manifestações de milhares de pessoas nas duas últimas em todos os Estados do país e vai pedir o apoio deles para que seja aprovada a destinação integral dos royalties do petróleo para educação.
Frente Nacional de Prefeitos (FNP) convocou, ontem, uma reunião prévia em Brasília, entre os prefeitos das capitais e de cidades médias. O encontro deve ocorrer pela manhã. O presidente da Frente, José Fortunati, prefeito de Porto Alegre, adiantou em nota oficial que a FNP vai liderar algumas propostas como a atração de médicos estrangeiros, a aprovação do Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Urbano e Metropolitano de Passageiros e a cobrança da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre a gasolina e o álcool para a constituição de um fundo destinado a financiar o transporte público coletivo, reduzindo mais as tarifas.
Em pronunciamento à nação na sexta feira - o primeiro desde o início das manifestações de rua, no dia 6 de junho - a presidente da República anunciou a intenção do governo de criar um programa de mobilidade urbana. Tal programa já existe, no âmbito do PAC, com previsão de R$ 60 bilhões em investimentos ao longo de toda a sua execução. São 167 empreendimentos e destes, 63 são para as cidades médias, com previsão de R$ 8 bilhões. Desses, duas obras já foram concluídas: o trecho relativo ao trem de subúrbio de Salvador e a linha oeste do trem metropolitano de Fortaleza.
Dilma disse, também, que pretende contribuir para a construção de "uma ampla e profunda reforma política", com ampliação da participação popular. "Precisamos oxigenar o nosso velho sistema político. Encontrar mecanismos que tornem nossas instituições mais transparentes, mais resistentes aos malfeitos e, acima de tudo, mais permeáveis à influência da sociedade. É a cidadania, e não o poder econômico, quem deve ser ouvida em primeiro lugar", falou.
Em resposta aos protestos, que pedem o fim da corrupção, a presidente admitiu que o país precisa "muito, mas muito mesmo" de formas mais eficazes de combate à corrupção.
Nos 10 minutos em que falou em cadeia de rádio e TV, a presidente assegurou que vai ouvir as ruas e foi firme quando disse que não vai transigir com a violência. Sobre mudanças na sua administração, nada disse. Mas há, tanto no governo quanto no PT, a demanda para que ela faça modificações mais amplas do que pretendia fazer em abril de 2014, quando vários ministros se desincompatilizarão para concorrer às eleições.



MPL divulga carta a Dilma e critica política de transporte

June 25, 2013 7:40, by Unknown - 0no comments yet




O Movimento Passe Livre, responsável pela convocação dos atos contra o aumento da tarifa dos transportes, divulgou nesta segunda (24) uma carta aberta à presidente Dilma. Os ativistas criticam o tratamento dispensado pelo governo federal aos movimentos sociais, citam a 'máfia dos transportes' e cobram a desmilitarização da polícia. Eles foram convidados para uma reunião nesta segunda (24) com Dilma. Leia a íntegra do documento

Da Redação

"À Presidenta Dilma Rousseff,

Ficamos surpresos com o convite para esta reunião. Imaginamos que também esteja surpresa com o que vem acontecendo no país nas últimas semanas. Esse gesto de diálogo que parte do governo federal destoa do tratamento aos movimentos sociais que tem marcado a política desta gestão. Parece que as revoltas que se espalham pelas cidades do Brasil desde o dia seis de junho tem quebrado velhas catracas e aberto novos caminhos.

O Movimento Passe Livre, desde o começo, foi parte desse processo. Somos um movimento social autônomo, horizontal e apartidário, que jamais pretendeu representar o conjunto de manifestantes que tomou as ruas do país. Nossa palavra é mais uma dentre aquelas gritadas nas ruas, erguidas em cartazes, pixadas nos muros. Em São Paulo, convocamos as manifestações com uma reivindicação clara e concreta: revogar o aumento. Se antes isso parecia impossível, provamos que não era e avançamos na luta por aquela que é e sempre foi a nossa bandeira, um transporte verdadeiramente público. É nesse sentido que viemos até Brasília.

O transporte só pode ser público de verdade se for acessível a todas e todos, ou seja, entendido como um direito universal. A injustiça da tarifa fica mais evidente a cada aumento, a cada vez que mais gente deixa de terdinheiro para pagar a passagem. Questionar os aumentos é questionar a própria lógica da política tarifária, que submete o transporte ao lucro dos empresários, e não às necessidades da população. Pagar pela circulação na cidade significa tratar a mobilidade não como direito, mas como mercadoria. Isso coloca todos os outros direitos em xeque: ir até a escola, até o hospital, até o parque passa a ter um preço que nem todos podem pagar. O transporte fica limitado ao ir e vir do trabalho, fechando as portas da cidade para seus moradores. É para abri-las que defendemos a tarifa zero.

Nesse sentido gostaríamos de conhecer o posicionamento da presidenta sobre a tarifa zero no transporte público e sobre a PEC 90/11, que inclui o transporte no rol dos direitos sociais do artigo 6o da Constituição Federal. É por entender que o transporte deveria ser tratado como um direito social, amplo e irrestrito, que acreditamos ser necessário ir além de qualquer política limitada a um determinado segmento da sociedade, como os estudantes, no caso do passe livre estudantil. Defendemos o passe livre para todas e todos!

Embora priorizar o transporte coletivo esteja no discurso de todos os governos, na prática o Brasil investe onze vezes mais no transporte individual, por meio de obras viárias e políticas de crédito para o consumo de carros (IPEA, 2011). O dinheiro público deve ser investido em transporte público! Gostaríamos de saber por que a presidenta vetou o inciso V do 16º artigo da Política Nacional de Mobilidade Urbana (lei nº 12.587/12) que responsabilizava a União por dar apoio financeiro aos municípios que adotassem políticas de priorização do transporte público. Como deixa claro seu artigo 9º, esta lei prioriza um modelo de gestão privada baseado na tarifa, adotando o ponto de vista das empresas e não o dos usuários. O governo federal precisa tomar a frente no processo de construção de um transporte público de verdade. A municipalização da CIDE, e sua destinação integral e exclusiva ao transporte público, representaria um passo nesse caminho em direção à tarifa zero.

A desoneração de impostos, medida historicamente defendida pelas empresas de transporte, vai no sentido oposto. Abrir mão de tributos significa perder o poder sobre o dinheiro público, liberando verbas às cegas para as máfias dos transportes, sem qualquer transparência e controle. Para atender as demandas populares pelo transporte, é necessário construir instrumentos que coloquem no centro da decisão quem realmente deve ter suas necessidades atendidas: os usuários e trabalhadores do sistema.

Essa reunião com a presidenta foi arrancada pela força das ruas, que avançou sobre bombas, balas e prisões. Os movimentos sociais no Brasil sempre sofreram com a repressão e a criminalização. Até agora, 2013 não foi diferente: no Mato Grosso do Sul, vem ocorrendo um massacre de indígenas e a Força Nacional assassinou, no mês passado, uma liderança Terena durante uma reintegração de posse; no Distrito Federal, cinco militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foram presos há poucas semanas em meio às mobilizações contra os impactos da Copa do Mundo da FIFA. A resposta da polícia aos protestos iniciados em junho não destoa do conjunto: bombas de gás foram jogadas dentro de hospitais e faculdades; manifestantes foram perseguidos e espancados pela Polícia Militar; outros foram baleados; centenas de pessoas foram presas arbitrariamente; algumas estão sendo acusadas de formação de quadrilha e incitação ao crime; um homem perdeu a visão; uma garota foi violentada sexualmente por policiais; uma mulher morreu asfixiada pelo gás lacrimogêneo. A verdadeira violência que assistimos neste junho veio do Estado – em todas as suas esferas.

A desmilitarização da polícia, defendida até pela ONU, e uma política nacional de regulamentação do armamento menos letal, proibido em diversos países e condenado por organismos internacionais, são urgentes. Ao oferecer a Força Nacional de Segurança para conter as manifestações, o Ministro da Justiça mostrou que o governo federal insiste em tratar os movimentos sociais como assunto de polícia. As notícias sobre o monitoramento de militantes feito pela Polícia Federal e pela ABIN vão na mesma direção: criminalização da luta popular.

Esperamos que essa reunião marque uma mudança de postura do governo federal que se estenda às outras lutas sociais: aos povos indígenas, que, a exemplo dos Kaiowá-Guarani e dos Munduruku, tem sofrido diversos ataques por parte de latifundiários e do poder público; às comunidades atingidas por remoções; aos sem-teto; aos sem-terra e às mães que tiveram os filhos assassinados pela polícia nas periferias. Que a mesma postura se estenda também a todas as cidades que lutam contra o aumento de tarifas e por outro modelo de transporte: São José dos Campos, Florianópolis, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Goiânia, entre muitas outras.

Mais do que sentar à mesa e conversar, o que importa é atender às demandas claras que já estão colocadas pelos movimentos sociais de todo o país. Contra todos os aumentos do transporte público, contra a tarifa, continuaremos nas ruas! Tarifa zero já!


Toda força aos que lutam por uma vida sem catracas!


Movimento Passe Livre São Paulo

24 de junho de 2013"




Dilma recebe movimentos e governadores. Uma virada no governo?

June 25, 2013 7:39, by Unknown - 0no comments yet




A presidenta Dilma parece ter saído de um período de governo pretensamente “técnico”, exaltado pela mídia como um salto adiante em relação ao seu antecessor. Os encontros de Dilma com os líderes do Movimento Passe Livre (MPL) e os 27 governadores de Estado, nesta segunda (24), podem significar várias viradas tanto no comportamento do governo, quanto na atuação dos movimentos que sacodem o país. Por Gilberto Maringoni

Gilberto Maringoni
A presidenta Dilma Roussef recebe hoje à tarde os líderes do Movimento Passe Livre (MPL) e os 27 governadores de estado. Na pauta, um esforço nacional pela melhoria dos serviços públicos.

Os encontros podem significar várias viradas tanto no comportamento do governo, quanto na atuação dos movimentos que sacudiram o país nas últimas duas semanas. Podem também representar a superação de uma fase do chamado lulismo. Sublinho o verbo “poder”.

A presidenta parece ter saído de um período de governo pretensamente “técnico”, exaltado pela mídia como um salto adiante em relação ao seu antecessor. Durante dois anos e meio, Dilma governou principalmente a partir de planilhas e modelagens de metas e desempenhos. Dirigir um país seria algo como gerenciar um empreendimento que já está com suas engrenagens e rumos azeitados, bastando apertar um parafuso aqui e outro ali.

Contato com o povo e o mundo político foi feito, no mais das vezes, através de intermediários e de pesquisas quantitativas e qualitativas. Algo próprio de quem não tem muita familiaridade com a política estrito senso.

Algo bem diverso da atuação do ex-presidente Lula em seu segundo mandato (2007-11). O então mandatário – depois da crise do mensalão – usou e abusou de visitas a todo o país e deixou de conceder entrevistas exclusivas a órgãos de imprensa que o atacavam impiedosamente. Passou a dar coletivas a toro e a direito, em quase todas as manifestações públicas e a falar mais. Desceu dos palanques para apertar mãos e cumprimentar os que acorriam a inaugurações e atividades oficiais.

Dilma faz um governo de gabinete. Justamente o que está sendo criticado nas manifestações.

Pode ser que a presidenta tenha descoberto que nada substitui a política na atividade administrativa.

Rumos do governo
A segunda possível – atenção, a palavra é “possível” – alteração nos rumos do governo é mais profunda.

Até aqui o lulismo realizou poucas mudanças que universalizassem direitos das camadas populares. Não produziu algo com a grandeza e abrangência de uma Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como Getulio Vargas, em 1943.

Mas realizou um programa social focado de grande êxito, o bolsa família, aproveitou-se de um ciclo internacional favorável para aumentar níveis de emprego e renda e expandiu o crédito ao consumidor. O resultado foi o acesso dos pobres ao consumo, razoáveis índices de crescimento econômico e a ilusão de que se poderia realizar mudanças sem rupturas.

O que são mudanças sem rupturas? Não se trata de fazer revolução, mas de mudar a repartição das receitas tributárias do Estado, taxando-se os mais ricos e destinando o excedente para a disseminação de direitos e serviços públicos universais.

É o que estará em pauta hoje: a melhoria dos serviços públicos. Algo que a marquetagem da campanha de Fernando Haddad, em São Paulo, anunciou mas não cumpriu: “Com Lula, a vida melhorou da porta para dentro de sua casa; da porta para fora tudo continua ruim”. O alvo eram os governos de Gilberto Kassab (PSD) e Geraldo Alckmin (PSDB).

Dentro e fora
Os serviços “da porta para fora” não melhoram por duas razões: foram privatizados em boa parte – ou seja, são regidos não pelo interesse universal, mas pelo lucro – e carecem de investimento. Transportes, energia e comunicações foram passados a particulares na bacia das almas pelos governos tucanos (1995-2003). O PT envereda de forma envergonhada pelo mesmo caminho.

Educação pública de primeiro e segundo grau sofre com baixos salários de professores e técnicos e falta de investimento (a educação superior conheceu nos últimos dez anos notável expansão, mas ainda insuficiente diante das arapucas do ensino privado). O SUS conhece um sucateamento paulatino e o avanço da medicina privada. E o sistema de ônibus nas cidades representa uma caixa preta a ser aberta.

Se o anunciado for apenas subsídios e desonerações para melhorar a qualidade e não mexer no lucro do empresariado dessas áreas, teremos uma bela foto da presidenta com os mandatários dos estados ao final da reunião e resultados de durabilidade incerta.

Se a ação do Estado realmente mudar, intervindo, planejando, estipulando objetivos e cassando concessões que não atendam a patamares mínimos de preços e qualidade, aí a virada será mais profunda.

Movimentos no palácio
Do lado dos movimentos, Dilma também pode ensejar um giro em sua gestão. Até agora a presidenta teve no terceiro andar do palácio do Planalto a companhia de gente como empresários de comunicação, maganos do agronegócio, financistas e chefes de Estado estrangeiros. Pouca atenção deu a representantes de movimentos sociais, como sindicalistas, indígenas, mulheres, comunidade GLTB, trabalhadores sem terra e outros. O resultado é uma antipatia desses setores com aquela que o marqueteiro João Santana já classificou como a “rainha” do Brasil.

O encontro com os rapazes e moças do MPL pode dar sequência a conversas com outros movimentos. Mas não bastará fazer, como Lula, que colocou o boné do MST na cabeça, mas não acelerou a reforma agrária.

As mobilizações de rua foram feitas a partir de um modelo horizontal, sem lideranças, e têm muito de espontaneísmo. É algo interessante na deflagração da coisa, mas dificulta entendimentos e aprofundamentos de pautas. O pessoal do MPL que estará no gabinete presidencial leva na bagagem uma espetacular vitória sobre prefeitos e governadores, inédita na historia recente: a redução das tarifas.

Os protestos devem continuar em todo o país, até porque são incontroláveis. A direita está nas ruas – e na mídia – tentando disputar suas bandeiras. A agenda presidencial é parte desse jogo de grande envergadura.

A tarde de segunda promete. A conferir.




Fotos: EBC 



PSPC não demonstra força de representação em nenhum episódio da segurança pública

June 25, 2013 7:34, by Unknown - 0no comments yet

Partido da Segurança Pública nega vínculo com convocação de greve geral na internet

Cerca de 500 mil pessoas já confirmaram presença no evento concocado pelo Facebook
O PSPC (Partido da Segurança Pública e Cidadania) negou nesta sexta-feira (21) que tenha qualquer ligação com a greve geral que está sendo convocada para o próximo dia 1° de julho em todo o País.

A ligação da sigla com o ato se deu porque no perfil do criador do evento no Facebook, o músico Felipe Chamone, o PSPC aparecia como uma de suas preferências.
O vice-presidente da executiva nacional da legenda, Geraldo do Espírito Santo Neto, disse que Chamone não tem autorização para falar em nome do PSPC:
— Ele é simpático ao partido, mas não fala em nome do partido, não é dirigente partidário, e está proibido de falar em nosso nome. Não o reconhecemos como sendo dirigente ou falando em nome do partido
Depois da onda de protestos que tomou as ruas de diversas cidades do País nos últimos dias, Chamone tenta convocar, pela internet, uma greve geral para o dia 1º de julho.

A convocação está sendo divulgada pelo Facebook e, na última sexta-feira (21), tinha cerca de 500 mil pessoas confirmadas.
“Vamos mostrar ao governo que quem faz um país é o povo, e não os políticos”, diz o texto que combina o evento.
O PSPC ainda está em fase de criação. Seus apoiadores estão desde 2008 coletando as assinaturas necessárias para obter a homologação junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Neto não soube contabilizar quantos apoios já o partido obteve até agora para sua criação. O PSPC já tem, no entanto, diretório e comissão executiva provisória 16 Estados.
Apesar de fazer questão de se desvincular do chamamento para a greve geral, o dirigente disse que o PSPC é “a favor de todos os movimentos populares, desde que seja pacífico, ordeiro, com as pessoas realmente lutando por seus direitos negados pela administração pública”.



Tratamentos recuperam apenas 30% dos dependentes de crack

June 25, 2013 7:25, by Unknown - 0no comments yet

Caps, comunidades terapêuticas e consultórios de rua são principais recursos para ajudar os usuários a vencerem vício.



Na Associação Comunitária Social e Beneficente Ebenézer (Acosbe), uma comunidade terapêutica, o tratamento dos dependentes químicos varia entre sete e dez meses
Na Associação Comunitária Social e Beneficente Ebenézer (Acosbe), uma comunidade terapêutica, o tratamento dos dependentes químicos varia entre sete e dez meses - Foto: Raíla Melo
“A euforia, a alegria, o sentimento é o melhor do mundo, não dá para explicar”, conta Samuel Altiers Assis dos Santos sobre a sensação de fumar crack. O sorriso que a lembrança traz, entretanto, se desfaz em seguida. “Mas não dura mais do que 20 segundos”, conta, desviando o olhar. Aos 29 anos, ele já está em sua 10º internação em comunidades terapêuticas. Cada vez que saía de mais alguns meses de tratamento, acabava em alguma “cracolândia” de novo.
As ações de combate ao uso de drogas, o tratamento dos dependentes químicos e a aplicação da justiça terapêutica são temas do Ciclo de Debates Um Novo Olhar sobre a Dependência Química, que acontece nesta segunda-feira (24/6/13), às 18 horas, e terça (25), a partir das 9 horas, no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A Assembleia de Minas também inicia, nesta segunda (24), uma série de matérias sobre o tema e promove, no dia 10 de agosto deste ano, a 2ª Marcha contra o Crack e Outras Drogas.
Recaídas como a de Samuel são comuns entre os dependentes de crack
Recaídas como a de Samuel são comuns entre os dependentes de crack - Foto: Raíla Melo
Depois da primeira internação, em Divinópolis (Região Central do Estado), Samuel conseguiu um emprego e tudo ia bem até o dia do pagamento. “Peguei o salário e fiquei 17 dias sem voltar para casa. Sem banho, sem comida, sem sono, pior do que bicho”, conta. Agora em tratamento na Associação Comunitária Social e Beneficente Ebenézer (Acosbe), na Capital, ele tem um novo plano. “Quando eu sair daqui, minha mãe vai administrar todo o dinheiro que eu ganhar. Preciso de ajuda”.
Recaídas como a de Samuel são comuns entre os dependentes de crack. A maioria dos 27 alunos da Acosbe são reincidentes, e o índice de recuperação no Brasil não passa de 30% - seja nas comunidades terapêuticas ou nos Centro de Atenção Pisicosocial (Caps), os dois principais equipamentos de saúde para tratamento de dependentes hoje no País.
Apesar dos resultados semelhantes, a abordagem das instituições é diferente. Enquanto no Caps o tratamento dura cerca de quatro anos, em comunidades terapêuticas, como a Acosbe, varia entre sete e dez meses. O primeiro é governamental, o segundo é oferecido pela iniciativa privada e pelo terceiro setor, e muitas comunidades são comandadas por siglas religiosas.
ALMG em busca de soluções
 
 
 
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Comissão permanente de combate ao crack é criada
relatório final da Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack da ALMG, que realizou várias audiências públicas em 2012 e foi transformada em comissão permanente em 2013, é claro ao enfatizar que as duas ferramentas – Caps e comunidades terapêuticas – são essenciais e deveriam ser complementares, e não antagônicas como são encaradas hoje.
“Todos os participantes das reuniões foram unânimes em afirmar que é necessário haver diferentes formas de tratamento disponíveis para o usuário de drogas, pois cada caso é singular e requer abordagem individualizada. Outro ponto consensual é que cada uma das instituições que compõe a rede, governamental ou não, tem seu lugar de importância”, diz a conclusão do documento, elaborado pelo relator, deputado Célio Moreira (PSDB).
Também é consenso que são necessários mais equipamentos de saúde. Em toda Belo Horizonte existem apenas três Caps. O programa do Governo do Estado que visa repassar dinheiro para algumas comunidades terapêuticas via prefeituras, chamado de Aliança pela Vida, foi adotado em menos de 200 dos 853 municípios. E esse não é o único problema do programa. “Ele é um avanço, mas o valor repassado para as comunidades terapêuticas é pouco”, diz o deputado Vanderlei Miranda (PMDB), presidente da Comissão de Prevenção e Combate ao uso de Crack e Outras Drogas da ALMG.
Glaicy Freitas (à dir.) sugere que os profissionais das comunidades terapêuticas recebam diretamente do Aliança pela Vida
Glaicy Freitas (à dir.) sugere que os profissionais das comunidades terapêuticas recebam diretamente do Aliança pela Vida -Foto: Raíla Melo
Propostas do Parlamento mineiro - A Comissão Especial conseguiu avanços importantes, como a inclusão de várias metas de combate ao crack no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) para o exercício de 2013. Um exemplo é a emenda apresentada para aumentar o aporte financeiro do Aliança pela Vida.
Outros aperfeiçoamentos também podem ser necessários. Glaicy Freitas, da Acosbe, explica que hoje o dinheiro do Aliança pela Vida é pago por diafrequentado na comunidade, mas isso dificulta a manutenção do trabalho, já que as contas são todas pagas mensalmente. “Preciso contar com uma verba para pagar psicólogos no fim do mês, por exemplo. Não posso correr o risco de não ter dinheiro porque um dos alunos desistiu no meio do tratamento, foi embora e eu não recebi o valor de parte dos dias”, reclama. A sugestão dela é que a verba seja destinada ao pagamento direto dos profissionais.
Alguns projetos de lei também foram apresentados pela Comissão de Prevenção e Combate ao uso de Crack e Outras Drogas. Um exemplo é o projeto que pretende aumentar as alíquotas do ICMS sobre bebidas alcoólicas, tabaco e armas, para destinar a verba ao Fundo Estadual de Prevenção, Fiscalização e Repressão de Entorpecentes (Funpren). “Não podemos nos iludir, precisamos de dinheiro para combater o problema. O Governo Federal diz ter separado R$ 5 bilhões para esse fim em 2013, Minas Gerais pleiteou R$ 480 milhões com projetos, mas ainda não vimos a cor do dinheiro”, conta o deputado Vanderlei Miranda.
Para o parlamentar, porém, a medida que poderia ter o maior impacto é resumida no tópico da conclusão do relatório que diz que é importante “sugerir ao Tribunal de Justiça (TJMG) a criação de programa de Justiça Terapêutica direcionada aos usuários de drogas e dependentes químicos que cometeram algum crime”. O modelo que a comissão tomou como base foi o da Corte de Drogas de Miami, visitada pelos parlamentares. “Os condenados podem escolher entre a prisão e o programa de tratamento, que pode ser clínica, grupo de apoio e uma série de outras opções. O índice de recuperação deles é de 70%, mais que o dobro do nosso”, diz Vanderlei Miranda.
Dois tratamentos, o mesmo resultado
Nos Centros de Atenção Pisicosocial (Caps), a maior parte dos pacientes são atendidos de segunda a sextas-feira durante o dia, e o tratamento é por tempo indeterminado. A crítica mais comum ao trabalho é que o usuário de drogas continua frequentando os mesmos lugares e convivendo com os amigos também dependentes do crack, por isso não conseguiria evitar o consumo.
“Excluir o usuário não é tratá-lo”, afirma Raquel Pinheiro, diretora do Centro Mineiro de Toxicomania
“Excluir o usuário não é tratá-lo”, afirma Raquel Pinheiro, diretora do Centro Mineiro de Toxicomania - Foto: Alair Vieira
“É preciso ajudá-lo a desenvolver a resistência à tentação, que sempre vai existir. É um tratamento mais difícil e demorado, mas é mais efetivo”, defende Raquel Martins Pinheiro, diretora do Centro Mineiro de Toxicomania (CMT-Fhemig), o primeiro Caps de Belo Horizonte. “Excluir o usuário não é tratá-lo”, completa.
O argumento de Pinheiro já carrega em si uma crítica ao tratamento oferecido nas comunidades terapêuticas, onde o dependente é segregado durante meses, fica com pouco contato com a família e os amigos enquanto recebe acompanhamento psicológico e, muitas vezes, frequenta cursos profissionalizantes. “Depois desse tempo, ele volta a morar no mesmo bairro, conviver com as mesmas pessoas e não terá aprendido a dizer não às ofertas de drogas”, argumenta a diretora do CMT.
Glaicy Jaqueline de Freitas, presidente da Acosbe, porém, defende que muitas vezes não tirá-lo por um tempo do meio em que vive significa decretar a morte do usuário. “Eles chegam aqui quando já estão no fundo do poço. É tratamento ou morte”, afirma.
A família no tratamento - Depois de dias sozinho na rua, dilacerado pelas dores causadas pela pancreatite aguda e a cirrose – doenças adquiridas depois de 13 anos de abuso de drogas – Samuel Altiers implorou por socorro da família, que já havia desistido de ajudá-lo. No hospital, recebeu o ultimato: ou se tratava ou morreria. Na melhor das hipóteses, sobreviveria, mas ficaria paraplégico. Agora, ele garante que será a última internação. “Vou retomar a minha vida”, diz. Para isso, precisa reconquistar os dois filhos, uma menina de 9 anos e um menino de 5, e conseguir um novo emprego.
O distanciamento da família é recorrente nos relatos dos usuários. Depois de algum tempo convivendo com roubos e agressões em casa, idas e vindas de tratamentos que quase sempre não geram resultados duradouros, pais, maridos e esposas acabam optando por cortar os vínculos – atitude muitas vezes essencial para a própria segurança dos familiares. Quando o usuário resolve parar, porém, especialistas dizem que o envolvimento dos parentes é importante para uma recuperação efetiva.
“Muitas vezes o aluno sai de nove meses de internação decidido a nunca mais voltar ao vício. Quando chega em casa, é recebido com um churrasco regado a cerveja e cigarro. É a família empurrando o ex-dependente para o vício de novo”, conta Glaicy Freitas, que afirma que o crack está associado ao uso de outras substâncias psicoativas, principalmente o álcool. “É a mesma coisa do cigarro. Muita gente diz que só tem vontade de fumar quando está bebendo – com o crack também é assim”, explica.
Van da saúde
Frederico Elpídio e Bárbara Coelho Ferreira integram equipes de consultórios de rua da Capital
Frederico Elpídio e Bárbara Coelho Ferreira integram equipes de consultórios de rua da Capital - Foto: Lia Priscila
“Às vezes, eles só precisam de água”, conta Frederico Elpídio, redutor de danos, membro de uma das equipes de consultórios de rua de Belo Horizonte. Preservativos também estão sempre entre os materiais mais distribuídos entre a população de rua atendida. A van que serve como consultório leva um grupo formado por assistentes sociais, educadores, psicólogos e enfermeiros para locais onde há concentração de pessoas em situação de uso de drogas. Além de suprimentos, são oferecidos atendimentos médicos básicos e oficinas para incentivar outros hobbies, dissociados do uso de drogas.
“Atendemos, por exemplo, um músico que estava afastado de tudo por causa do crack. Aos poucos, ele está agora retomando seu grupo de samba e sua vida”, conta a psicóloga Bárbara Coelho Ferreira, integrante de outra equipe que atua na Capital mineira. Há ainda um trabalho de fortalecimento ou retomada dos laços familiares dos moradores de rua.
Os consultórios são parte da política antidrogas de redução de riscos, adotada desde 2003 pelo Governo Federal. A abordagem é uma forma de oferecer atendimento de saúde mesmo aos usuários que não querem ou ainda não conseguiram parar o consumo de crack. A política é cumprida especialmente pelos consultórios de rua, equipamentos de saúde que surgiram pela primeira vez na Bahia, em 1995.
Em Belo Horizonte, o serviço está disponível há quase três anos e hoje são cinco equipes volantes que prestam serviços na Capital. Em 2012, 11.700 pessoas foram atendidas por elas, sendo que 640 foram acompanhados por um período mais longo – desses, 404 foram encaminhados para tratamentos mais amplos, em locais como o Caps, para que o usuário tentasse largar o vício. “Os consultórios de rua são uma ponte entre os usuários e os outros equipamentos de saúde”, explica a psicóloga Bárbara Ferreira.
A próxima matéria da série sobre o enfrentamento ao crack será publicada na quinta (27).



MCCE começa campanha por reforma política já

June 25, 2013 7:23, by Unknown - 0no comments yet

Idealizadores da Lei da Ficha Limpa coletam, a partir de hoje, assinaturas para apresentar projeto de lei de iniciativa popular ao Congresso. Proposta altera eleição de deputados e vereadores e proíbe doações de empresas


Paula Cinquetti/Ag. Senado
Para autores da proposta, mobilização popular favorece aprovação da reforma política
“Depois de combater as consequências da corrupção (os corruptos), chegou a hora de atacar as causas da corrupção: o atual sistema eleitoral e seu financiamento.” Assim os idealizadores da Lei da Ficha Limpa conclamam os eleitores a participarem, a partir de hoje (24), de uma nova campanha para a apresentação de um projeto de lei de iniciativa popular. A bola da vez é um tema que encontra eco nas manifestações que sacudiram o país nas últimas semanas: a reforma política.
No momento em que manifestantes tomam as ruas com forte rejeição a políticos e partidos, o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) volta a campo com a campanha “Eleições Limpas”. O objetivo é reunir 1,5 milhão de assinaturas para apresentar ao Congresso uma proposta (veja a íntegra) que, segundo seus defensores, pretende reduzir os custos das eleições, fortalecer a representatividade das legendas e diminuir o número de candidatos para cargos no Legislativo, o que permitiria ao eleitor saber o que eles pensam e conhecer melhor suas diferenças.
Entre as principais mudanças previstas no anteprojeto, estão a proibição de doações por empresas a candidatos ou partidos políticos, a instituição de dois turnos para a eleição de deputados e vereadores, a definição do prazo de 60 dias como limite para a troca de candidaturas e a perda automática do mandato do político que trocar de legenda. O texto também prevê maior liberdade de expressão para eleitores e candidatos ao longo da campanha, permitindo, na prática, que o debate eleitoral comece antes.
Pela proposição, a empresa que doar para qualquer campanha será responsabilizada, condenada a pagar multa e proibida de firmar contrato com o poder público por cinco anos. O financiamento eleitoral por grandes empresas que têm negócios na administração pública é apontado como um dos principais fatores de desequilíbrio econômico nas eleições e porta de entrada para a corrupção.
Contra o relógio
Composto por mais de 50 entidades da sociedade civil, o MCCE corre contra o relógio.Trabalha para apresentar a proposta ao Congresso até o começo de agosto. Vencida essas etapa, começará aí uma nova batalha: fazer os parlamentares aprovarem as mudanças para que a nova lei seja sancionada até o dia 4 de outubro, um ano antes do primeiro turno das eleições de 2014. Caso isso aconteça, as novas regras já valerão para o próximo processo eleitoral.
“Nosso sistema eleitoral é tão ruim que não podemos nos dar ao luxo de ter mais uma eleição nos moldes atuais. Será uma tragédia para a democracia elegermos mais um Congresso sob essas regras”, afirma o juiz eleitoral Márlon Reis, fundador e um dos diretores do MCCE e idealizador da Ficha Limpa. O juiz eleitoral também participou da campanha que resultou, em 1999, na primeira lei de iniciativa popular do país, a Lei 9.840/99, que criminalizou a compra de votos.
De acordo com a Constituição, a sociedade pode apresentar um projeto de lei à Câmara desde que a proposta seja assinada por um número mínimo de cidadãos (o equivalente a 1% do eleitorado nacional) distribuídos por pelo menos cinco estados brasileiros. Hoje, na prática, é necessário reunir mais de 1,4 milhão de assinaturas. Nas últimas eleições, o país tinha 140 milhões de eleitores.
Na internet e nas ruas
A campanha pretende reunir parte desse apoio na internet, por meio da página Eleições Limpas (clique aqui para apoiar a proposta). “Vamos pleitear a validação dessas assinaturas virtuais, acrescentando o título de eleitor, porque é possível auditá-las”, afirma Márlon. Outra parte das assinaturas deve ser buscada nas ruas, a exemplo do que ocorreu com a Ficha Limpa e a Compra de Votos.
Os coordenadores do MCCE pretendem aproveitar o momento de mobilização popular e a sintonia com os apelos das ruas por mudanças na política brasileira para levar adiante uma proposta sempre classificada como prioritária pelos parlamentares, mas nunca tirada da gaveta. Entra legislatura, sai legislatura, várias propostas de reforma política naufragaram no Congresso. O principal diagnóstico é que os parlamentares não aceitam mudar as regras do jogo pelas quais se elegem.
“Mudar o Brasil”
Márlon acredita que desta vez, sob forte pressão popular, é possível corrigir o rumo da história. “Nossa mensagem é dirigida a todos os brasileiros: de todos, queremos que só dediquem alguns segundos para verem o que está escrito no nosso site e compartilhar. Isso vai ajudar a mudar o Brasil”, diz o diretor do MCCE.
Juiz eleitoral no Maranhão, ele avalia que essas mudanças são fundamentais para restabelecer o diálogo e a representatividade entre a sociedade, os partidos e os políticos, uma ruptura evidenciada, mais do que nunca, nos protestos país afora. O magistrado lembra que, diferentemente de outras manifestações – quando estavam à frente das mobilizações –, desta vez os partidos foram impedidos de participar. “As pessoas querem é mais democracia. Querem ser mais representadas. Esse projeto dialoga com esse momento do país. Houve uma coincidência. Ele não foi feito para esse momento. Está sendo feito desde fevereiro por um grupo da OAB e outras entidades do movimento. É mais que uma coincidência, é uma sinergia”, defende. A proposta vai ser apresentada oficialmente nesta segunda-feira na sede do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil em Brasília.



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