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Política, Cidadania e Dignidade

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April 3, 2011 21:00 , von Unbekannt - | No one following this article yet.

Interior de Minas apóia onda de protestos. Veja as programações para hoje

June 21, 2013 7:41, von Unbekannt - 0no comments yet



Cerca de 10 mil pessoas ocuparam ontem as ruas de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, para apoiar a onda de protesto no país. Com nariz de palhaço e faixas nas mãos, crian ças, jovens e idosos se uniram em um único grito: “Vem pra rua”. A manifestação começou às 18h na Praça Benedito Valadares e ganhou as ruas da cidade. Lojas chegaram a baixar as portas, temendo vandalismo, mas a passeata seguiu pacífica, com apoio da PM.

O movimento foi organizado por estudantes, que usaram as redes sociais para convocar a sociedade. Um dos organizadores, Leonardo Santos, se emocionou com a mobilização popular. “Foi muito além do esperado. É uma grande satisfação saber que na cidade a manifestação se tornou o assunto da população”, disse.

O pequeno Otávio, de 7 anos, conseguiu convencer a mãe, Elaine Oliveira, de 36, a levá-lo à passeata. Mesmo com medo, ela decidiu apoiar a iniciativa do filho. “Meu marido foi contra, minhas amigas também. Mas ele queria muito. Ele se interessa por esses assuntos”, conta. Com a cara pintada, o menino manda um recado: “Tem gente passando frio no chão do hospital e o governo coloca o dinheiro no bolso”.

Aos 72 anos, a professora Terezinha Castro decidiu participar do movimento. Com a bandeira do Brasil nas mãos, ela se emocionou com a iniciativa. “Acho maravilhoso tudo isso. O brasileiro está acordando e percebendo que o povo é quem faz o país”, ressalta. Uma das figuras mais conhecidas de Divinópolis, frei Leonardo Lucas foi de batina ao protesto. “Espero que este movimento continue cada vez mais e com força maior. Precisamos de um país democrático”, diz. A manifestação terminou por volta das 20h.

PATOS DE MINAS Mais de 2 mil pessoas saíram às ruas no fim da tarde em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, para pedir melhoria na educação e saúde e protestar contra corrupção no país. Iniciada às 17h, a passeada percorreu várias ruas e avenidas da cidade, sendo encerrada à noite nana Praça do Coreto.

OURO PRETO Pelo menos 5 mil estudantes ocuparam ontem as ruas de Ouro Preto, na Região Central de Minas, para protestar contra o alto preço das tarifas de ônibus. Eles saíram à tarde da frente da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) e marcharam até a Praça Tiradentes, onde ocorreu uma grande concentração à noite.

No trajeto até a principal praça da cidade, os manifestantes passaram em frente à casa que seria do diretor de uma empresa de transporte urbano do município. A Polícia Militar acompanhou a manifestação a distância, para garantir a segurança dos manifestantes e do patrimônio público.

HOJE

VARGINHA
A PM vai dar a segurança à manifestação hoje, a partir das 17h, em Varginha, no Sul de Minas, segundo ficou definido em reunião com os organizadores. No encontro, líderes do movimento se comprometeram a orientar os participantes a evitar violência e vandalismo.

MURIAÉ
Milhares de estudantes deverão participar hoje, a partir das 18h, na Praça João Pinheiro, em Muriaé, do 1º Manifesto Muriaé contra a Corrupção, movimento convocado pelas redes sociais.

UBERLÂNDIA
Faixas e cartazes em diferentes pontos de Uberlândia anunciam para hoje manifestação estudantil contra o alto preço da tarifa de ônibus e a corrupção na política. A concentração está marcada para as 17h, na Praça Clarimundo Carneiro, seguindo em passeata até a sede da prefeitura.



A nova guarda pretoriana de Dilma Rousseff

June 21, 2013 7:38, von Unbekannt - 0no comments yet

Alteração do decreto de criação da Força Nacional é inconstitucional e quebra pacto federativo, na medida em que confere ao Poder Executivo força policial própria
João Rafael Diniz * | http://reporterbrasil.org.br/2013/04/a-nova-guarda-pretoriana-de-dilma-rousseff/

Força Nacional em ação no Rio de Janeiro. Foto: Fabio Pozzebom/ABr
Força Nacional Foto: Fabio Pozzebom/ABrInstituída por César Augusto, primeiro dos grandes imperadores de Roma, a Guarda Pretoriana foi um corpo militar especial, destacado das legiões romanas ordinárias, que serviu aos interesses pessoais dos imperadores e à segurança de suas famílias. Era formada por homens experientes, recrutados entre os legionários do exército romano que demonstrassem maior habilidade e inteligência no campo de batalha. No seu longo período de existência (mais de três séculos) a Guarda notabilizou-se por garantir a estabilidade interna de diversos imperadores, reprimindo levantes populares e realizando incursões assassinas em nome da governabilidade do império.
Passou quase despercebido mas, há algumas semanas, a Presidência da República publicou no Diário Oficial o decreto n.º 7.957/2013, que, dentre outros, alterou odecreto de criação da Força Nacional de Segurança Pública. A partir daí, o Executivo passou a contar com sua própria força policial, a ser enviada e “aplicada” em qualquer região do país ao sabor de sua vontade.
O art. 4º do decreto original tinha a seguinte redação:
“Art. 4º  A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do Distrito Federal.
Após a alteração, passou a vigorar assim:
“Art. 4º  A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado, do Distrito Federal ou de Ministro de Estado.”
 
A partir de agora, qualquer ministro pode solicitar o emprego da Força Nacional para defender os interesses do governo federal, sem a necessidade de qualquer autorização judicial, nem mesmo aquiescência do governo do estado
  A recente alteração do art. 4º do decreto 5.289/2004, transformou a Força Nacional de Segurança Pública na nova Guarda Pretoriana da presidente Dilma Rousseff. Retirou das mãos dos estados a responsabilidade pela polícia ostensiva e preservação da ordem pública, nos locais em que os ministros entenderem ser mais conveniente a atuação de uma força controlada pelo Governo Federal.
- Sgt Wellington - Colaborador 
Numa primeira análise, chamou a atenção de alguns jornalistas e profissionais da causa ambiental a criação da “Companhia de Operações Ambientais da Força Nacional de Segurança Pública”. Essa nova divisão operacional dentro da Força Nacional terá por atribuições: apoiar ações de fiscalização ambiental, atuar na prevenção a crimes ambientais, executar tarefas de defesa civil, auxiliar na investigação de crimes ambientais, e, finalmente, “prestar auxílio à realização de levantamentos e laudos técnicos sobre impactos ambientais negativos”.
Não é preciso lembrar que uma das notícias mais importantes da semana passada foi o envio de tropas militares da Força Nacional de Segurança Pública para os municípios de Itaituba e Jacareacanga, no sudoeste paraense. O objetivo da incursão militar, solicitada pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, é exatamente “apoiar” (leia-se: garantir pela força) o trabalho de 80 técnicos contratados pela Eletronorte para os levantamentos de campo necessários à elaboração do Estudo de Impacto Ambiental dos projetos de barramento do rio Tapajós, para fins de aproveitamento hídrico (construção de hidrelétricas, pelo menos 7 delas).
Inconstitucionalidade
A criação dessa companhia especial, seguida da operação de guerra que invadiu terras, inclusive áreas de caça das aldeias indígenas do povo Munduruku, acabou por obscurecer outra pequena alteração efetuada pela Presidência no ato de criação da Força Nacional (decreto 5.289/2004), mais especificamente sobre a legitimidade para solicitar o auxílio dessa tropa.
O art. 4º do decreto original tinha a seguinte redação:
“Art. 4º  A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do Distrito Federal.
Após a alteração, passou a vigorar assim:
“Art. 4º  A Força Nacional de Segurança Pública poderá ser empregada em qualquer parte do território nacional, mediante solicitação expressa do respectivo Governador de Estado, do Distrito Federal ou de Ministro de Estado.”
 
A partir de agora, qualquer ministro pode solicitar oemprego da Força Nacional para defender os interesses do governo federal, sem a necessidade de qualquer autorização judicial, nem mesmo aquiescência do governo do estado
A inclusão dessas cinco palavras mágicas ao final do artigo 4º acabou por subverter por completo a razão de ser do decreto e, de quebra, burlou as determinações da Constituição Federal sobre a repartição de responsabilidades entre os entes da Federação (municípios, estados e União), o que pode ser considerado inclusive como quebra do pacto federativo. A partir de agora, qualquer ministro de Estado (todos eles subordinados à Presidência) pode solicitar ao Ministério da Justiça o emprego da Força Nacional de Segurança Pública em qualquer parte do país, para defender os interesses do governo federal, sem a necessidade de qualquer autorização judicial, nem mesmo aquiescência do governo do estado em questão.
Para entender melhor a gravidade da situação, é preciso ter em mente que a Força Nacional de Segurança Pública não é uma polícia, mas um “programa de cooperação federativa” (art. 1º do decreto), ao qual podem aderir livremente os governos estaduais, e cujo objetivo é a “preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” em situações excepcionais em que as polícias militares dos estados necessitem, e peçam, o apoio de tropas vindas de outros estados. Isso porque aConstituição Federal determina que a responsabilidade por “polícia ostensiva e a preservação da ordem pública” é das polícias militares dos estados, subordinadas aos respectivos governadores (art. 144, §§ 4º e 5º). À União restam duas possibilidades: intervenção federal no estado  (art. 34), ou decreto de estado de defesa (art.136), ambas situações excepcionalíssimas de garantia da segurança e integridade nacionais, em que serão acionadas as Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica).
A chave para compreender a mudança é que, até o mês passado, era preciso “solicitação expressa do respectivo Governador de Estado ou do Distrito Federal” para motivar o envio da Força Nacional de Segurança Pública a qualquer parte do país, por tratar-se essencialmente de um programa de cooperação federativa entre estados e União.
 
Esse contingente
militar de repressão
poderá ser usado
contra populações afetadas
pelas diversas obras de interesse do Governo
Agora não mais. A recente alteração do art. 4º do decreto 5.289/2004, transformou a Força Nacional de Segurança Pública na nova Guarda Pretoriana da presidente Dilma Rousseff. Retirou das mãos dos estados a responsabilidade pela polícia ostensiva e preservação da ordem pública, nos locais em que os ministros entenderem ser mais conveniente a atuação de uma força controlada pelo Governo Federal. Esse contingente militar de repressão poderá ser usado contra populações afetadas pelas diversas obras de interesse do Governo, que lutam pelo direito a serem ouvidas sobre os impactos desses projetos nas suas próprias vidas e no direito à existência digna, tal como já está ocorrendo com os ribeirinhos e indígenas do rio Tapajós.
Não por acaso, essa profunda alteração no caráter da Força Nacional foi levada a cabo sem maiores alardes, no corpo de um decreto que tratava de outros assuntos. A inconstitucionalidade do ato é evidente, viola uma série de regras e princípios constitucionais além de atentar contra o próprio pacto federativo, um dos poucos alicerces da jovem república brasileira.
* João Rafael Diniz é advogado e membro do grupo Tortura Nunca Mais – SP



Governo paga diárias de ministros, oficiais e servidores para assistirem aos jogos

June 21, 2013 7:36, von Unbekannt - 0no comments yet

Sob o som do apito inicial da festa no Sábado, o Palácio do Planalto lançou discretamente um Bolsa-Copa para ministros da Esplanada, oficiais militares e servidores, tudo por conta do dinheiro público.
Na sexta-feira, dia 14, véspera da abertura da Copa das Confederações em Brasília, o governo publicou em edição extra no Diário Oficial da União o Decreto 8.028/13 , autorizando pagamento de diárias para quem quiser assistir aos jogos das Confederações nas seis capitais-sedes. Há tabelas dos valores das diárias, por categorias. (Veja abaixo).

O governo vai pagar diárias de hotel de até R$ 581 para ministros do primeiro escalão que quiserem assistir nos estádios. Para os comandantes das três Forças Armadas, o teto da diária é de R$ 406,70. As comitivas ainda poderão viajar nos jatos da FAB, por prerrogativa dos cargos. Mas pelo artigo primeiro do decreto, o governo pode cubrir o dobro destes valores, alcançando então diárias de até R$ 1.162. Confira aqui  - o texto do decreto, e nos links dos Anexos, as tabelas para cada cargo.
Apesar de bases militares com alojamentos do Exército e Aeronáutica em todas as seis capitais-sedes –  Fortaleza, Recife, Salvador, Brasília, Rio e BH -, os benefícios se estendem aos comandantes, oficiais e servidores militares que forem escalados para se deslocar. O governo ainda incluiu Manaus no roteiro.
O decreto prevê que os custos serão cobertos pelos Orçamentos de cada pasta. A farra das viagens com a verba pública será autorizada por cada ministro, que escolherá os servidores de qualquer categoria para a ‘missão’.



Parabéns pela marca de acessos, e pela informação de qualidade e o trabalho incansável em defesa da classe

June 21, 2013 7:33, von Unbekannt - 0no comments yet




um milhãoMeu muito obrigado à todos ao atingirmos esta marca de um milhão de acessos, nesta tarde de quinta feira. Conseguimos esta vitória graças a vocês, que nos prestigiam e nos apoiam. E este ano, vamos crescer ainda mais, com o apoio de vocês. Muito obrigado!!!
Reinaldo – Administrador 



Anistiado político tem assegurados os benefícios indiretos da carreira militar

June 21, 2013 7:14, von Unbekannt - 0no comments yet


A 2.ª Turma Suplementar do TRF/1.ª Região determinou o cumprimento integral por parte da União Federal da Portaria 2.118/2004, que reconheceu ao autor a condição de anistiado político. A decisão foi tomada após análise de recurso apresentado pelo requerente contra sentença que julgou improcedente seu pedido de reconhecimento da condição de anistiado político militar, com o consequente recebimento dos benefícios previstos na Lei 10.559/2002.
O autor entrou com ação na Justiça Federal, requerendo sua reintegração ao quadro do Comando da Aeronáutica; o reconhecimento de sua condição de anistiado político; o pagamento de prestação mensal permanente e continuada e o usufruto dos benefícios indiretos mantidos pela corporação, no que diz respeito à assistência médica, odontológica e hospitalar, de acordo com o que estabelece a lei de anistia e o pagamento de indenização no valor de R$ 220.309,58.
Na sentença, o Juízo da 22.ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal entendeu que a Portaria 1.104/GM3-64 somente é considerada ato de exceção relativamente aos militares incorporados àquela Força em data anterior à sua edição, não abrangendo os cabos admitidos na Aeronáutica após sua publicação. Disse que, além de não haver nos autos nada que indique a participação do autor em atividade política ou tida como “subversiva”, que respalde a pretensão, seu certificado de reservista não contém a data de seu ingresso nas Forças Armadas, apenas aponta que obteve a anistia em 29/07/2004.
Contra a sentença, o autor recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1.ª Região sustentando que a sentença é ilegal, pois a portaria que lhe concedeu a anistia não foi anulada, apenas não está recebendo suas prestações de modo atualizado. Alega que serviu entre 01/07/1963 e 30/04/1971, em período anterior, portanto, à edição da Portaria 1.104/GM3-64.
Aduz, ainda, que o processo de anistia não está sofrendo reanálise e que somente o Ministro da Justiça, por meio da Comissão de Justiça, poderia reaver sua anistia, e não o Poder Judiciário, como fez por meio da sentença.
O relator, juiz federal Osmane Antônio dos Santos, aceitou parcialmente os argumentos apresentados pelo recorrente. No caso, esclareceu o magistrado, o recorrente foi incorporado à Força Aérea Brasileira como Cabo em 01/07/1963 e licenciado em 30/04/71, antes, portanto, da edição da Portaria 1.104/GM3-64, sendo declarado anistiado em 29/07/2004.
“O ato que lhe concedeu a condição de anistiado político continua em vigor, pois não há nada em sentido contrário nos autos. Não havendo notícia de que o referido ato tenha sido cancelado, compete à União o pagamento das reparações econômicas nela reconhecidas, na forma e nas condições estabelecidas na Lei 10.559/2002”, afirmou o relator em seu voto.
Com relação ao pleito de pagamento de prestação mensal, permanente e continuada e o usufruto dos benefícios indiretos mantidos pelo Comando da Aeronáutica, “no que diz respeito à assistência médica, odontológica e hospitalar, de acordo com o que estabelece a lei de anistia, ele procede”, disse o juiz Osmane dos Santos.
Do mesmo modo, salientou o juiz, deve ser paga a indenização, com juros e correção monetária, no valor de R$ 220.309,58, conforme consta da própria Portaria n.º 2.192, de 29/07/2004, que concedeu ao autor a anistia política em sede administrativa.
Por outro lado, no que tange aos pedidos de homologação da condição de anistiado político e de reintegração ao Quadro da Corporação, “eles não têm razão de ser, porquanto a Portaria já reconheceu a condição de anistiado do requerente e não se encontra em processo de revisão”, explicou o magistrado em seu voto.
Com tais fundamentos, a Turma, de forma unânime, deu parcial provimento à apelação para determinar à União o cumprimento integral da Portaria 2.118/2004, que reconheceu ao autor a condição de anistiado político.


Fonte: TRF 1ª Região



Planalto prepara agenda para reagir a protestos

June 21, 2013 7:13, von Unbekannt - 0no comments yet


Para tentar diminuir o desgaste e controlar a situação, o governo Dilma Rousseff prepara uma agenda de respostas imediatas às mobilizações pelo país, voltada principalmente para a juventude, e deve ajustar sua comunicação institucional, até agora voltada mais para a redução da pobreza. Já a tarefa do PT é mais ampla: entender o que afastou a sigla dos jovens.
No caso do governo federal, o ponto de partida foi a abertura de um canal de negociação com prefeituras e governos estaduais para a redução ou cancelamento de reajustes de tarifas do transporte público. Segundo palacianos, Dilma apoiou a redução das tarifas, principalmente no Rio e em São Paulo.
Um dia antes de voltar atrás e reduzir o preço das passagens, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), se reuniu com Dilma e o ex-presidente Lula. O presidente do PT, Rui Falcão, foi à reunião, além do marqueteiro João Santana e do ministro Aloizio Mercadante (Educação).
Em nota, Falcão pregou a redução das tarifas nos governos petistas e repetiu o discurso de Dilma que de que as transformações promovidas pelos governos do PT já não são mais suficientes e que é preciso inovar: "As transformações promovidas no Brasil nos últimos 10 anos (...) colocam na ordem do dia uma nova agenda". O partido, assim como o governo, está no divã.
- Nós do PT temos que fazer uma leitura profunda. Erramos ao achar que avanços materiais dariam conta da interlocução com a juventude. Estamos presenciando que não dá conta - disse o presidente do PT em São Paulo, Edinho Silva.
Outra análise feita por petistas é que a sigla precisa retomar sua mobilização nas redes sociais. Afirmam que a cúpula do PT e o marqueteiro João Santana relegaram a segundo plano essa mobilização e escantearam Marcelo Branco, que fazia esse trabalho.
Responsável pelo diálogo com movimentos sociais e a juventude, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) analisou:
- O país contempla um pouco atônito toda essa emergência de um amplo processo de massas. Temos que ter a generosidade de saber ouvir o que as maiorias começam a apontar em termos de descontentamento. Temos que entender isso, se não seremos atropelados pela história.
Em entrevista à rede de TV americana CNN, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse ontem que a melhoria das condições de vida da população deu margem a novas expectativas, e que essa é a mensagem das manifestações:
- O Brasil tem uma situação de quase pleno emprego, bem diferente de muitas economias do mundo desenvolvido. Essa elevação do padrão de vida deu lugar a novas expectativas.


Fonte: O Globo



Protesto é resposta à tecnocracia, diz Nobre

June 21, 2013 7:11, von Unbekannt - 0no comments yet

Entusiasmado com os protestos que eclodiram nas últimas semanas e tiveram seu auge ontem, o filósofo da Unicamp e do Cebrap Marcos Nobre afirma que as manifestações populares são a prova que esperava desde 2009 para sustentar seu argumento de que alguma resposta haveria de ter à geleia geral do sistema político que ele denomina de pemedebismo.
Para Nobre, os protestos representam uma recusa de a sociedade aceitar a blindagem do sistema político que represa o avanço de forças de transformação cuja origem vem desde meados da década de 1980, com a Constituinte. Em sua opinião, o PT, que era o depositário da energia dessas transformações, passou por um processo de tecnocratização, afastando-se e frustrando as expectativas de movimentos históricos.
O marco teria ocorrido em 2009 quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa do então presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no escândalo dos atos secretos, afirmando não se tratar de um cidadão comum. Lula teria convencido parte da sociedade de que um pacto com o atraso era necessário e que este era o ritmo máximo de diminuição da desigualdade e de aprofundamento da democracia que se poderia atingir.
A entrevista é de Cristian Klein e publicada pelo jornal Valor, 19-06-2013.
Eis a entrevista.
Qual é o significado destas manifestações?
Esse movimento é justamente um movimento antipemedebista, contra esse fechamento em si mesmo do sistema, essa blindagem contra as energias vitais, democráticas da sociedade. E é um sinal de que a democracia brasileira está viva, está atuante. E que esse pretenso consenso de como se deve caminhar, sobre o ritmo e a velocidade da diminuição da desigualdade e do aprofundamento da democracia, não é um consenso. Toda a abertura inicial do governo Lula à participação, à deliberação, pouco a pouco foi se fechando numa nova maneira tecnocrática de gestão. Isso tem muito a ver com a ida do [marqueteiro] João Santana, que deu uma organização publicitária ao governo, e a própria escolha da Dilma como candidata.
Quais são as consequências?
Das duas uma: ou o sistema político se abre e se reforma radicalmente ou vamos ter cada vez mais a oposição de um sistema político que roda em falso, fechado nele mesmo, e uma sociedade que vai protestar contra essa democracia de baixo teor democrático.
Mas o sistema brasileiro, com modelo de votação proporcional e nominal, não é plural, fragmentado e bem menos fechado que outros que tem lógica bipartidária e sistema de lista fechada?
O brasileiro é tão fechado quanto. Tem outro modo de operar. Temos o presidencialismo de coalizão - que é outra expressão que acho lamentável, porque o que acontece no Brasil é um condomínio pemedebista, muito diferente de uma coalizão de partidos. Essa cultura política do pemedebismo é muito mais impenetrável ainda que a de sistemas como Espanha ou França. Esse sistema é impermeável porque ele é dotado de uma cultura política, de um modo de funcionamento feito para excluir, para travar mudanças profundas. Ele é construído dessa maneira. Por isso, essas forças de contestação são forçadas a se voltar contra o próprio sistema político. Não tem alternativa dentro do sistema tal como ele funciona hoje. Pensando em um partido determinado, por onde esse protesto poderia entrar?
O PSOL surgiu como opção à esquerda do PT. Mas para conquistar a primeira prefeitura de capital (Macapá) teve apoio da direita. No Brasil, ocorreria o oposto do previsto pelo cientista político Giovanni Sartori, em vez da contaminação dos partidos grandes pela ideologia dos pequenos, estes é que imitam o pragmatismo dos grandes?
O caso de Macapá é exatamente o exemplo que eu ia dar. Acontece que Sartori está escrevendo no pós-Maio de 1968. Isso faz uma diferença bárbara. Porque Maio de 68 resultou numa mudança radical de cultura política nas democracias avançadas. O Estado de bem-estar social, na formulação que estava na época, transformava as pessoas em clientes, em objetos de política pública. E o trade-off era mais ou menos o seguinte: a sua pensão e os seus remédios estão ali direitinho, você vai receber em dia, ao mesmo tempo você é tornado um cidadão passivo. Então, todos os movimentos estavam querendo dizer: eu não sou um cliente, eu sou cidadão. E um cidadão participa da democracia na rua. Sem isso, não teríamos essa visão de democracia que temos hoje, que não se restringe ao regime político. Democracia não é regime político. É uma forma de vida, é cultura política, não é um regime político. Sartori escreve quando já existe essa mudança, os movimentos sociais já estão todos ali. É diferente da nossa situação. Experimentamos blindagem neoliberal, que veio até a crise de 2008, que é a blindagem que os movimentos da Europa querem romper. O neoliberalismo no Brasil tem elemento diferente, que é o pemedebismo.
O que marca o pemedebismo?
Não tem um sistema organizado em oposição e situação. É um sistema em que todo mundo está dentro do governo. E que oposição e situação se organizam dentro do próprio governo. Ninguém está fora dele. A oposição formal, ou virtual, a única coisa que faz é esperar a economia dar errado para ver se o poder cai no colo dela. E não aposta justamente nisso em que apostam os movimentos. O [governador de São Paulo Geraldo] Alckmin está tão atônito quanto o [prefeito Fernando] Haddad. Porque para eles a economia determina tudo. Acontece que a economia não determina tudo. Em Maio 1968, se estava no auge, no pico de distribuição de renda, pró-salários. Estamos num momento em que a economia não está resplandecendo, mas o desemprego está baixo, a renda continua aumentando um pouco, e é quando explodem as coisas.
Não é um protesto sobre os 20 centavos?
Também. Mas eles recorreram à Constituição para fundamentar a reivindicação do Movimento Passe Livre. Basta uma pessoa andar em qualquer transporte público, em qualquer cidade brasileira, para ficar horrorizado. O protesto é sobre isso. Mas não é por acaso que ele canalizou todas as forças de insatisfação.
E por que a área de transporte levou a essa mobilização?
A insatisfação pode começar num bandejão de uma universidade e virar Maio de 1968. O estopim é imprevisível. É a vitalidade da democracia. Representa o susto da ordem.
Em que medida os protestos refletem a contradição de camadas da população que ganharam poder de consumo mas que continuam a receber serviços públicos de baixa qualidade?
É um fator, desde que não seja o fator. Porque de novo aí as pessoas vão tentar explicar tudo pela economia. Diminuir a desigualdade é avançar a democracia, só que você não pode fazer uma troca de menos desigualdade, mas eu aceito ficar com o mesmo grau de liberdade. As duas coisas têm que vir juntas.
A causa não seria a perda do controle das ruas pelo PT?
Primeiro, sou contra essa ideia de cooptação simplesmente. Houve um convencimento durante o governo Lula da parte organizada da sociedade - sindicatos, ONGs, associações de lutas por direitos. Nenhum partido controla um movimento social autêntico. Outra metáfora que eu detesto é a da fadiga de material. Estamos falando de política e não de construção civil. Não tem nada a ver com o governo estar há muito tempo no poder. Trata-se da maneira pela qual se mantém no poder. É o processo de tecnocratização.
É um movimento de classe média?
Não. Esse é outro dos muitos mitos que envolvem os protestos. É um mito que eles pertencem à classe média alta, às redes sociais ou que expressariam um fenômeno natural de inconformismo da juventude.
Que relação há entre os protestos no Brasil e no exterior?
Vamos distinguir o que é Primavera Árabe do que é Turquia e Brasil. Não se pode confundir protestos em geral numa democracia e protestos em ditaduras.



Protestos despertaram Brasil para realidade, diz Alain Touraine

June 21, 2013 7:10, von Unbekannt - 0no comments yet

Os atuais protestos em várias cidades brasileiras resultam do fato de que os brasileiros "caíram na realidade", na avaliação do sociólogo francês Alain Touraine, especialista em América Latina e autor de inúmeros livros sobre movimentos sociais.
A reportagem é de Daniela Fernandes e publicada pela BBC Brasil, 19-06-2016.
“A situação (econômica e social) no Brasil vinha sendo descrita de maneira exageradamente cor-de-rosa", disse o sociólogo em entrevista à BBC Brasil. Para ele, os protestos aproximaram a imagem que se tinha do Brasil da realidade do país.
"Construiu-se uma imagem do Brasil em que tudo vai bem e que o país se dirige rapidamente em direção ao crescimento e ao bem-estar", disse ele. "Fico feliz ao ver que o que acontece atualmente no Brasil corresponde melhor à realidade do país do que as imagens que vinham sendo transmitidas", afirmou.
"É ridículo ter a imagem de que há sucesso em todas as áreas, sobretudo em um país como o Brasil, onde as instituições são fracas e a corrupção é profunda", disse Touraine, que foi professor do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele disse que em uma comparação com o México, por exemplo, apesar de este país ter vários indicadores econômicos e sociais mais positivos, é o Brasil que possui a imagem de país "onde tudo vai bem".
O sociólogo definiu os movimentos de protestos no Brasil como a "quebra da esperança", um sentimento de "decepção, que cria uma situação favorável ao descontentamento". "Quando há crescimento econômico e ele diminui, como é o caso do Brasil, isso representa exatamente o bom momento para protestar", disse ele.
"O balanço da situação brasileira é bom. Mas o país sofre desigualdades e benefícios do desenvolvimento são muito mal distribuídos", afirmou. "O Brasil ainda está muito longe de ter um nível de distribuição de renda aceitável".
Nível baixo de vida
De acordo com Touraine, os protestos no Brasil demonstram "um sentimento real, justificado, de que o nível de vida é muito baixo".
E também, acrescentou, "o sentimento de que se constituiu, estranhamente, no topo do poder, um mundo deriquezas." "A pobreza, que permanece imensa, é sacrificada em benefício do espetáculo", disse ele, se referindo aos gastos "gigantescos" com as obras da Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, que geraram protestos "no país do futebol".
Mas Touraine ressaltou que os protestos no Brasil não assumiram, "pelo menos até o momento", uma forma política, com o objetivo de derrubar o governo, como ocorreu nas revoluções nos países árabes. "O caso brasileiro é um pouco atípico. As reivindicações econômicas e sociais são, pelo menos aparentemente, mais importantes do que os protestos ou ataques puramente políticos", afirmou.
"Não há um furor pela democracia no Brasil como ocorreu, por exemplo, na praça Tiananmen, em Pequim. Em vários países os protestos se concentraram contra um ditador", disse Touraine à BBC Brasil. "No caso do Brasil, não acredito que os protestos representem uma ameaça política contra o governo atual. Mas é possível que a situação evolua. Hoje, não posso dizer que o movimento seja voltado contra Dilma Rousseff".



Pedido de Marilena Chaui serve para todos os prefeitos de capitais

June 21, 2013 7:09, von Unbekannt - 0no comments yet

Marilena Chaui pede que Haddad quebre cartel de empresários de ônibus

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, 19-06-2013, professora da USP diz que revogação do aumento da tarifa de ônibus não resolve problema a longo prazo. Filósofa afirma que Haddad errou em demora para dialogar.
A filósofa e professora aposentada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Marilena Chaui, avalia que a eventual revogação do aumento da tarifa de ônibus, embora importante, não resolverá o problema do transporte público de São Paulo. “Enquanto o prefeito não quebrar o oligopólio dos empresários de ônibus, vamos andar sempre mal das pernas, não vai funcionar, mesmo que no curto prazo ele atenda às exigências do movimento e revogue o aumento da tarifa. No longo prazo o problema não estará resolvido”, disse à Rádio Brasil Atual.
Ela lembrou de quando era secretária municipal de Cultura, na gestão da prefeita Luíza Erundina (1989-93), quando foi elaborado o Projeto de Lei da Tarifa Zero, que pretendia custear o transporte público através de uma reforma tributária muncipal. “Erundina enfrentou a máfia dos ônibus, e uma reação em cadeia provocada pelos grandes empresários da construção civil e dos lojistas. Movimentos contrários dos chamados bairros nobres, como Cidade Jardim, Higienópolis, Moema, pipocaram. Foi uma coisa medonha no nível da sociedade civil, e os empresários de ônibus se mancomunaram com a Cãmara Municipal para impedir a aprovação do projeto.”
Ontem o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, admitiu que os empresários são um grupo difícil de enfrentar. “São um setor atrasado, tanto que foram contra a criação do Bilhete Único. É um setor cartelizado. Hoje é muito difícil retirar um operador do sistema”, avalia.
Chaui afirmou que as manifestações pela revogação do aumento das passagens são legítimas e têm de estar na pauta dos movimentos sociais. “As manifestações não poderiam ser mais justas, significa que a luta pela dignidade do cidadão na luta pela educação, pela saúde, pelo trabalho, na moradia, tem de incluir aquilo que é condição de mobilidade, que é o transporte.”
A professora, que é uma das conselheiras que esteve presente na reunião de ontem (18) do Conselho das Cidades, afirmou que a convocação do Movimento Passe Livre como participantes da reunião pelo prefeito foi democrática, mas ressalta que o prefeito Fernando Haddad (PT) demorou a agir.
“As reações do governador Geraldo Alckmin e do prefeito foram diferentes, embora as duas demoradas. Alckminreagiu com a polícia e com prisão. E Haddad foi pego de surpresa, demorou na resposta. Mas a atitude do prefeito foi de grandeza política porque ele chamou os movimentos, todas as lideranças, o conselho, o secretariado, para um debate transparente.”
A filósofa ressalta, porém, que o momento atual de mobilização e protestos é importante para a democracia, mas não configura um momento histórico. “Não é momento histórico, é um instante politicamente importantíssimo, no qual a sociedade vem às ruas e manifesta sua vontade e sua opinião. Mas a ação política é efêmera, não tem força organizativa do ponto de vista social e política, não tem uma força de permanência, caráter dos movimentos sociais organizados, de presença organizada em todos os setores da vida



Protestos vieram para ficar até 2014

June 21, 2013 7:08, von Unbekannt - 0no comments yet

Apesar de governo e oposição tentarem jogar um sobre o outro a responsabilidade, tanto o PT como o PSDB, passando por siglas do peso do PMDB, estão perplexos e até agora não têm um diagnóstico sobre os motivos que levaram tanta gente às ruas.
Entre os partidos há apenas duas certezas: o movimento veio para ficar e há um fato novo na política brasileira que terá repercussão sobre a sucessão presidencial de 2014.
O comentário é de Raymundo Costa e publicado pelo jornal Valor, 20-06-2013.
Fato novo é algo sempre muito respeitado e temido pela classe política, dona de um invejável instinto de sobrevivência. Ignorá-lo pode significar ser varrido do mapa, sem ao menos ter tempo para entender o que está acontecendo.
É inevitável a associação com Fernando Collor, o primeiro presidente eleito diretamente depois do regime militar, defenestrado do cargo, por um impeachment em 1992. Com os protestos contra seu governo ganhando corpo, Collorpediu para a população sair às ruas, num certo domingo, vestida de verde e amarelo. Uma multidão tomou as ruas. Mas vestia preto. O Maio de 68, na França, começou por causa de um problema de alojamentos. Mudou o mundo.
Há um certo consenso, também, de que nenhum político deve se aproveitar da ocasião. Mas como o escorpião, a classe não nega sua natureza, como se vê na troca de acusações mútuas, especialmente, entre o PSDB e o PT.
Outro consenso diz que as manifestações ainda serão maiores nos próximos dias, e que elas vieram para ficar. Hoje são difusas, mas, certamente, no futuro próximo, haverá uma convocação para um "Padrão Fifa" na educação, na saúde pública e nos transportes. Basta para isso que alguém aperte uma tecla e faça um convite, pelas redes sociais, como fazem as torcidas de clubes de futebol para marcar brigas de rua.
Ninguém duvida que o desgaste maior será para a presidente da República, um símbolo em cujo colo são jogadas, inevitavelmente, as responsabilidades pelas mazelas no país. Já aconteceu antes com outros presidentes. É certo, no entanto, que Dilma Rousseff, no governo e com os instrumentos de que dispõe tem condições de reverter o atual quadro de dificuldades, no qual foi apanhada, talvez não por acaso, quando sofre perda significativa de popularidade.
Nos maiores partidos ninguém vê, também, quem entre os atuais candidatos pode se beneficiar do "fato novo". O mais próximo do que se passa na rua, que se diz apartidária e escorraçou das manifestações até siglas radicais como o PSTU, é a ex-senadora Marina Silva e sua Rede Sustentabilidade, que se pretende diferente da política tradicional.
Mas para isso Marina tem de caminhar no fio da navalha, como todos os outros candidatos, de Dilma Rousseff aAécio Neves, passando pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que é a novidade da atual sucessão, mas não necessariamente o desaguadouro das insatisfações difusas.
A política não tradicional, diga-se, mostrou sua face no governo Collor e deu no que deu.
Há um fato novo na política brasileira e esse fato ainda precisa ser compreendido pela classe política do país. Se puderem, os partidos esperam que as manifestações se diluam na poeira das ruas. Mas é difícil cooptar um movimento que não tem rosto e pode ser acionado a partir de uma postagem em rede social.
A internet, definitivamente, entrou na agenda dos políticos brasileiros como algo mais que um meio para enviar propaganda política. O risco é que eles tentem domá-la por meio de um projeto de lei eleitoral cujo texto já está sendo debatido na Câmara, com regras para as próximas eleições.



Organização de protestos pode indicar novidade política no Brasil

June 21, 2013 7:07, von Unbekannt - 0no comments yet

As dimensões dos grandes protestos que vêm tomando diversas cidades brasileiras nos últimos dias pegaram de surpresa não apenas políticos e autoridades, mas também analistas, que ainda buscam entender o impacto e as consequências que as mobilizações podem ter na vida política e social do Brasil.
A reportagem é de Caio Quero e publicada pela BBC Brasil, 19-06-2013.
Mesmo assim, especialistas de áreas distintas ouvidos pela BBC Brasil concordam que o modo como as manifestações foram organizadas pode indicar uma nova forma de se fazer política no país. Os analistas, no entanto, discordam quanto às consequências e o futuro do movimento.
"Pesquisadores, jornalistas e políticos, todo mundo foi pego de surpresa. Ninguém esperava que (os protestos) assumissem as proporções que assumiram na segunda-feira", diz Francisco Carlos Teixeira da Silva, professor de História Moderna e Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para Teixeira da Silva, o motivo para essa surpresa deve-se, em parte, ao fato de o Brasil não estar vivendo em condições econômicas e políticas parecidas com outros lugares onde emergiram grandes protestos recentemente, como os países atingidos pela crise na Europa ou pelos movimentos da Primavera Árabe.
"Não é nenhuma situação de depressão econômica, desemprego e cortes de benefícios sociais, nem é uma ditadura (como em alguns países árabes). A meu ver, (o movimento) não tem nada a ver com inflação, não tem nada a ver comPIB pequeno ou coisas desse tipo. É uma revolta política, claramente política", diz.
Na avaliação do historiador, os cartazes com dizeres contra os partidos políticos levados por manifestantes em diversas cidades do país evidenciam o que ele classifica como "uma rejeição à elite política e aos gestores públicos brasileiros", causada por fatores que vão desde as más condições do transporte público ao modo como grandes eventos estão sendo organizados no país, passando por escândalos políticos como o mensalão.
Novidade
Para Teixeira da Silva, algumas novidades apresentadas pelo movimento de protestos, como a espontaneidade, a ausência de lideranças claras e o fato de ele estar sendo organizado na forma de rede, torna difícil fazer avaliações sobre o impacto e o futuro das mobilizações.
"Como o movimento é muito espontâneo, deriva de redes, não tem lideranças específicas, nós não podemos fazer nesse momento nenhuma avaliação. Está tudo em movimento", diz o analista, para quem a reivindicação de diminuição de tarifas dos ônibus em diversas cidades, encabeçada pelo Movimento Passe Livre, foi apenas o estopim para as manifestações.
"O passe livre foi o estopim. A violência da polícia foi o elemento que criou as condições para a adesão de grande maioria de pessoas. (Mas) algumas coisas estão claras: se a polícia voltar às ruas com violência, a situação corre o risco de se tornar descontrolada".
Democracia
André Martins, professor do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFRJ, concorda que a mobilização pela diminuição nos preços das tarifas dos ônibus serviu como um estopim para que os manifestantes expressassem um descrédito mais amplo contra as instituições políticas.
Para ele, as manifestações, que encontram grande parte de seu poder de mobilização nas redes sociais, acabaram se consolidando como um movimento "antipartido político" o que pode indicar uma nova forma de se fazer política. "Eles estão fazendo política, estão fazendo uma política mais honrosa do que a dos partidos. É uma nova forma de fazer política nas ruas, da própria multidão", diz.
Martins avalia que, embora o grupo que está na rua não conte com as características de organização e mobilização vistas na maioria dos movimentos sociais e partidos, as manifestações não devem enfrentar dificuldade para mobilizar adeptos.
"As redes sociais já têm uma forma própria de mobilização que me parece que já está consolidada. É uma mobilização por causas, não por ideologias pré-definidas", diz o filósofo, para quem as redes sociais estão exercendo um papel ainda mais amplo. "As redes sociais estão fazendo o papel da verdadeira democracia, porque a verdadeira democracia é participativa e não representativa", diz.
Mobilização
Acompanhando pessoalmente as manifestações em São Paulo desde o início, o cientista político Pedro Fassoni Arruda, professor do Departamento de Política da PUC-SP, afirma que a "horizontalidade" da organização doMovimento Passe Livre representa uma novidade em grupos do tipo no Brasil, mas diz que a entrada de outros atores nas manifestações e a proliferação de reivindicações pode criar distensões e fragmentações.
"A cada protesto, uma quantidade maior de pessoas adere. Agora, existe sempre o risco de perder o foco da reivindicação. O Movimento Passe Livre tem como principal bandeira de luta a revogação do aumento das tarifas e também, no longo prazo, a tarifa zero. Mas a gente também vê outras pessoas pegando carona nos protestos", diz.
Arruda – que compara os atuais protestos aos que pediam o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, na década de 1990 – afirma ter visto manifestantes defendendo as mais diversas pautas durante a mobilização da última segunda-feira em São Paulo, incluindo a redução da maioridade penal, tese que costuma ser rejeitada por grupos de esquerda.
O cientista político avalia que há o risco de que tal proliferação de pautas possa acabar por comprometer o impacto político do movimento pelo passe livre. Para ele, o futuro do movimento de protesto vai depender de como ficará a correlação entre as diversas forças de reivindicação presentes nas próximas manifestações.
"(A pluralidade de pautas) pode ser um ponto fraco, justamente porque o movimento acaba perdendo a direção, o foco. Muitas pessoas que, por exemplo, participaram pela primeira vez do protesto sequer conhecem quais são as propostas do Movimento Passe Livre".
Arruda também avalia que as posições antipartidárias de algumas pessoas que participam de manifestações pode acabar por criar divisões e rivalidades dentro do movimento.
"O Movimento Passe Livre se reivindica um movimento apartidário, mas não antipartidário. Mesmo assim, havia muitas pessoas antipartidárias (nas manifestações). Por exemplo, foi noticiado que algumas pessoas tentaram arrancar à força bandeiras (de partidos). Isso acaba contribuindo para dividir, para fragmentar, para criar distensões e rivalidades entre esses movimentos", diz.



Repressão policial às manifestações preocupa deputados

June 21, 2013 6:58, von Unbekannt - 0no comments yet

Comissão de Direitos Humanos aprova pedidos de providências para apurar denúncias de violência da PM.




Os requerimentos foram apresentados em audiência pública na última quarta (19) - Foto:Willian Dias
Os requerimentos foram apresentados em audiência pública na última quarta (19)
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou, na manhã desta quinta-feira (20/6/13), requerimentos de providências para denúncias de violência policial contra os manifestantes que têm tomado as ruas de Belo Horizonte nos últimos dias. Os requerimentos foram apresentados em audiência pública sobre o assunto realizada na última quarta (19), na qual vários manifestantes relataram conflitos ocorridos principalmente no protesto de segunda-feira (17).
Os requerimentos incluem pedidos para a BHTrans e a Secretaria de Estado de Defesa Social no sentido de que sejam encaminhadas à Ouvidoria e à Corregedoria da Polícia Militar cópias de vídeos e fotos das câmeras espalhadas pelas ruas que porventura tenham captados os atos de repressão à manifestação. Também será enviado ofício à presidente da República e ao Ministério da Justiça para que seja revista a decisão que determinou o envio da Força Nacional de Segurança Pública para Belo Horizonte.
A comissão deve, ainda, visitar o estudante Gustavo Magalhães Justino, que está internado em decorrência de queda do viaduto José de Alencar durante o protesto de segunda-feira (17). Os parlamentares também enviarão à Polícia Civil solicitação para que outro estudante, o vice-presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Gladson Reis, seja incluído no programa de proteção a testemunhas. O pedido se deve à alegação de Reis de que ele tem sido ameaçado por participar das manifestações.
Outros requerimentos se referem ao envio de ofícios pedindo providências sobre a repressão policial a órgãos como Polícia Militar e Ministério Público.
Manifestações pacíficas - Os parlamentares defenderam as manifestações pacíficas e a apuração do uso excessivo de força pelos policiais. “A democracia nunca pode ser vista como silêncio, o conflito faz parte do processo”, disse o deputado Durval Ângelo (PT). Ele ainda salientou que é importante que as polícias Civil e Militar identifiquem quem são as pessoas que se infiltram no movimento com a intenção de depredar o patrimônio público e agredir outros participantes. “Das 12 pessoas presas em Belo Horizonte, oito já tinham passagem pela polícia por crimes como roubo e tráfico. Fica, assim, evidente que eles não estavam ali para manifestar. Esses sim precisam ser presos”, disse.
A atitude dos manifestantes que ajudaram a identificar pessoas infiltradas no movimento com o objetivo de cometer crimes foi elogiada pelo deputado Duarte Bechir (PSD). “Ontem, muitos dos jovens que participavam do protesto não só identificaram como entregaram para a polícia essas pessoas. Foi muito bonito. Sem dúvida, assistimos com bons olhos todas essas manifestações”, disse.
O deputado Rogério Correia (PT) destacou que nesta quarta (19), o Supremo Tribunal Federal derrubou a liminar do Tribunal de Justiça que proibia protestos no Estado durante a Copa das Confederações. “As manifestações pacíficas são legítimas e não podem ser proibidas”, afirmou. Ele disse, ainda, que representará a ALMG na comissão intersetorial para tratar do assunto. Participarão também do grupo integrantes de movimentos sociais, representes da Câmara Municipal de Belo Horizonte, do Ministério Público, da Polícia Civil e da Polícia Militar.
Lei Orgânica da Polícia Civil também recebe atenção de deputados
O documento entregue nesta quarta (20) por policiais civis, em greve há cerca de 15 dias, ao Governo do Estado foi citado pelo deputado Durval Ângelo, que participou das negociações. Segundo o parlamentar, foi uma grande vitória que as várias categorias da Polícia Civil – escrivães, delegados, peritos etc – entrassem em acordo para entregar um documento único. “Cada um abriu mão de uma coisa e atingimos um consenso. O governo já tinha sinalizado que, caso isso acontecesse, as sugestões das categorias seriam acolhidas”, afirmou.
A Polícia Civil está em greve para protestar contra a proposta de nova Lei Orgânica, de iniciativa do governador, que tramita na Assembleia de Minas. O documento propõe mudanças como paridade entre policiais aposentados e da ativa e definição das especificidades de cada função.
Após a reunião, o documento foi entregue ao presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PSDB). O parlamentar recebeu no Salão Nobre representantes de todas as categorias da Polícia Civil. Também participaram do encontro os deputados Gustavo Corrêa (DEM), relator do projeto da nova Lei Orgânica da Polícia Civil (PLC 23/12), Duarte Bechir, Rogério Correia e Durval Ângelo.



Meus 20 centavos sobre as manifestações

June 21, 2013 6:57, von Unbekannt - 0no comments yet


Sobre a casa invadida, o fim da anestesia e nosso Batman

É bastante provável que, ao fim das manifestações, nada de perceptível mude. Teremos uns centavos de redução de passagens aqui e ali, algumas resoluções e CPIs acolá, mas a estrutura, a raiz do problema não será resolvida.
Até porque as causas do movimento ampliado, que vai além dos 20 centavos e do passe livre, são abertas. Não há uma carta de reinvindicações na mesa que possa ser negociada. Não há um interlocutor.
E isso é ótimo.
Isso é ótimo por alguns efeitos que os protestos deixarão nos governantes. O principal deles é o que podemos chamar de síndrome da casa invadida.
Imagine que você volta para casa um dia e descobre tudo revirado, roubado, quebrado. Suas fotos pessoais expostas, gavetas abertas, itens subtraídos. Nos dias, meses e anos seguintes, não adiantará a quantidade de trancas, chaves e segredos, não importará a porta blindada. Você sempre vai dormir sobressaltado. Sono leve. Um olho aberto, ouvidos atentos a qualquer ruído.
No fundo, você saberá que pode acontecer novamente. Sem aviso.
Em menos de uma semana surgiu do nada, sem uma liderança, sem aviso ou previsão um movimento que levou centenas de milhares às ruas. Motivados inicialmente por meros 20 centavos. A casa foi invadida. Na cabeça de políticos e governantes, daqui pra frente, qualquer projeto, qualquer reajuste, qualquer decisão pode dar início a protestos similares.
Pela primeira vez eles se sentirão vigiados, observados por olhos brilhantes de rostos invisíveis na escuridão. Criamos nosso Batman coletivo, cuja mera lembrança de seus ataques repentinos e de sua asa de morcego fazem os bandidos pensarem duas vezes.
Um segundo ponto é tornar pública e generalizada a discussão política. Por alguns dias, jovens e adultos estão debatendo serviços públicos, PEC 37, o papel e a postura dos políticos. Acabou o efeito da anestesia. De súbito descobrimos que as coisas não vão tão bem assim. O complexo de vira-lata às avessas que vivemos nos últimos anos foi superado. Passamos novamente a perceber que temos mazelas, e muitas. Acabou a ilusão de que tudo vai bem, de que somos todos ricos, lindos e famosos. E isso durante uma competição esportiva. Durante uma quase Copa.
Na noite de 18 de junho, William Bonner comunicou no Jornal Nacional que abandonou o plano de apresentar o noticiário da frente dos estádios – procedimento normal do JN na cobertura de grandes eventos esportivos – para voltar ao estúdio, por conta do peso dos protestos na pauta. Em outras palavras: a cobertura dos protestos se tornou prioritária à da Copa das Confederações. Isso é ou não é uma incrível vitória de nosso povo sempre controlado à base de pão e circo?
Como mencionei na autocrítica como publicitário, Manuel Castells já avisava que chegaríamos a esse ponto. O nobre Carlos Nepomuceno lembrou outro texto que ajuda a entender esse momento, o livro “Quem está no comando?”, de Ori Brafman e Rod Beckstrom. Há uma explicação para tudo isso.
Apesar de toda a anarquia, há uma lógica por trás do que estamos vivendo. E isso é ótimo, também.
Poderemos estudar e entender melhor do que se passa. E continuaremos à frente, pois não temos a arrogância e as amarras (rabo preso seria um termo vulgar, embora apropriado) da classe política, tão ensimesmada, autocentrada e autossuficiente demais para tentar ouvir e entender a sociedade.
A casa ainda não caiu, mas agora a gente tem a chave.



Qual é o novo Brasil que queremos?

June 21, 2013 6:52, von Unbekannt - 0no comments yet


Nas duas últimas semanas milhares de brasileiros foram às ruas de todo o país exigir não só a revogação do aumento do transporte público, mas deixar claro para o governo que temos uma voz e ela precisa ser ouvida. Há um novo Brasil surgindo, um Brasil dos seus cidadãos e nós queremos entender um pouco melhor que Brasil é esse. Será que vocês poderiam reservar cinco minutos para responder à nossa pesquisa? 


A sua opinião será mantida em sigilo e vai ajudar a garantir que essa nova iniciativa reflita as opiniões de toda a comunidade da Avaaz.

Muito obrigado,

Pedro, Diego, Carol, Nadia, Luis, Alice, Ian e toda a equipe da Avaaz

P.S. Quer começar sua própria petição sobre algum assunto que for importante para você? Comece aqui: http://avaaz.org/po/petition/start_a_petition/

Apoie a comunidade da Avaaz!



Está tudo tão estranho, e não é à toa.

June 21, 2013 6:31, von Unbekannt - 0no comments yet

Um relato do quebra-cabeças que fui montando nos últimos dias. Aviso que o post é longo, mas prometo fazer valer cada palavra.

[*nota da autora, adicionada após muitos comentários e compartilhamentos desviando um pouco o sentido do texto: este é um texto de esquerda]
Começo explicando que não ia postar este texto na internet. Com medo. Pode parecer bobagem, mas um pressentimento me dizia que o papel impresso seria melhor. O papel impresso garantiria maiores chances de as pessoas lerem tudo, menores chances e copiarem trechos isolados destruindo todo o raciocínio necessário.
Enquanto forma de comunicação, o texto exige uma linearidade que é difícil. Difícil transformar os fatos, as coisas que vi e vivi nos últimos dias em texto. Estou falando aqui das ruas de São Paulo e da diferença entre o que vejo acontecer e o que está sendo propagandeado nos meios de comunicação e até mesmo em alguns blogs.
Talvez essa dimensão da coisa me seja possível porque conheço realmente muita gente, de vários círculos; talvez porque sempre tenha sido ligada à militância política, desde adolescente; talvez porque tenha tido a oportunidade de ir às ruas; talvez porque pude estar conectada na maior parte do tempo. Não sei. Mas gostaria de compartilhar com vocês.
E gostaria que, ao fim, me dissessem se estou louca. Eu espero verdadeiramente que sim, pois a minha impressão é a de que tudo é muito mais grave do que está parecendo.
Tentei escrever este texto mais ou menos em ordem cronológica. Se não foi uma boa estratégia, por favor me avisem e eu busco uma maneira melhor de contar. Peço paciência. O texto é longo.

1. Contexto é bom e mantém a pauta no lugar

Hoje é dia 18 de junho de 2013. Há uma semana, no dia 10, cerca de 5 mil pessoas foram violentamente reprimidas pela Policia Militar paulista na Avenida Paulista, símbolo da cidade de São Paulo. Com a transmissão dos horrores provocados pela PM pela internet, muitas pessoas se mobilizaram para participar do ato seguinte, que seria realizado no dia 13. A pauta era a revogação no aumento das tarifas de ônibus, que já são caras e já excluem diversos cidadãos de seu direito de ir e vir, frequentando a própria cidade onde moram.
No dia 13, então, aconteceu a primeira coisa estranha, que acendeu uma luzinha amarela (quase vermelha de tão laranja) na minha cabeça: os editoriais da folha e do estadão aprovavam o que a PM tinha feito no dia 10 de junho e, mais do que isso, incentivavam ações violentas da pm“em nome do trânsito” [aliás, alguém me faz um documentário sensacional com esse título, faz favor? ]. Guardem essa informação.
Logo após esses editoriais, no fim do dia, a PM reprimiu cerca de 20milpessoas. Acompanhei tudo de casa, em outra cidade. Na primeira hora de concentração para a manifestação foram presas 70 pessoas, por sua intenção de participar do protesto. Essa intenção era identificada pela PM com o agora famoso “porte de vinagre” (já que vinagre atenua efeitos do gás lacrimogêneo). Muitas pessoas saíram feridas nesse dia e, com os horrores novamente transmitidos - mas dessa vez também pelos grandes meios de comunicação, inclusive esses dos editoriais da manhã, que tiveram suas equipes de reportagem gravemente feridas -, muita gente se mobilizou para o próximo ato.

2. Desonestidade pouca é bobagem

No próprio dia 13, à noite, aconteceu a segunda “coisa estranha”. Logo no final da pancadaria na região da Paulista, sabíamos que o próximo ato seria na segunda-feira, dia 17 de junho. Me incluíram num evento no Facebook, com exatamente o mesmo nome dos eventos do MPL, as mesmas imagens, bandeiras, etc. Só que marcado para sexta-feira, o dia seguinte. Eu dei “ok”, entrei no evento, e comecei a reparar em posts muito, mas muito esquisitos. Bandeiras que não eram as do MPL (que conheço desde adolescente), discursos muito voltados à direita, entre outros. O que estava ali não era o projeto de cidade e de país que eu defendo, ou que o MPL defende.
Dei uma olhada melhor: eram três pessoas que haviam criado o evento. Fucei o pouco que fica público no perfil de cada um. Não encontrei nenhuma postagem sobre nenhuma causa política. Apenas postagens sobre outros assuntos. Lá no fim de um dos perfis, porém, encontrei uma postagem com um grupo de pessoas em alguma das tais marchas contra a corrupção. Alguma coisa com a palavra “Juventude”, não me lembro bem. Ficou claro que não tinha nada a ver com o MPL e, pior que isso, estavam tentando se passar pelo MPL.
Alguém me deu um toque e observei que a descrição dizia o trajeto da manifestação (coisa que o MPL nunca fez, até hoje, sabiamente). Além disso, na descrição havia propostas como “ir ao prédio da rede globo” e “cantar o hino nacional”, “todos vestidos de branco”. O alerta vermelho novamente acendeu na minha cabeça. Hino nacional é coisa de integralista, de fascista. Vestir branco é coisa de movimentos em geral muito ou totalmente despolitizados. Basta um mínimo de perspectiva histórica pra sacar. Pois bem.
Ajudei a alertar sobre a desonestidade de quem quer que estivesse organizando aquilo e meu alerta chegou a uma das pessoas que, parece, estavam envolvidas nessa organização (ou conhecia quem estava). O discurso dela, que conhece alguém que eu conheço, era totalmente despolitizado. Ela falava em “paz”, “corrupção” e outras palavras de ordem vazias que não representam reivindicação concreta alguma, e muito menos um projeto de qualquer tipo para a sociedade, a cidade de São Paulo, etc. Mais um pouco de perspectiva histórica e a gente entende no que é que palavras de ordem e reivindicações vazias aleatórias acabam. Depois de fazer essa breve mobilização na internet com várias outras pessoas, acabaram mudando o nome e a foto do evento, no próprio dia 13 de noitão. No dia seguinte transferiram o evento para a segunda-feira, “para unir as forças”, diziam.

3. E o juiz apita! Começa a partida!

Seguiu-se um final de semana extremamente violento em diversos lugares do país. Era o início da Copa das Confederações e muitos manifestantes foram protestar pelo direito de protestarem. O que houve em sp mostrou que esse direito estava ameaçado. Além disso, com a tal “lei da copa”, uma legislação provisória que vale durante os eventos da FIFA, em algumas áreas publicas se tornam proibidas quaisquer tipos de manifestações políticas. Quer dizer, mais uma ameaça a esse direito tão fundamental numa [suposta] democracia.
No final de semana as manifestações não foram tão grandes, mas significativas em ao menos três cidades: Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro. No DF e no RJ as polícias militares seguiram a receita paulista e foram extremamente violentas. A polícia mineira, porém, parecia um exemplo de atuação cidadã, que repassamos, compartilhamos e apoiamos em redes sociais do lado de cá do sudeste.
Não me lembro bem, mas acho que foi no intervalo entre uma coisa e outra que percebi a terceira “coisa estranha”. Um pouco depois do massacre na região da Paulista, e um pouco antes do final de semana de horrores, mais um sinal: ficamos sabendo que uma conhecida distante, depois do dia 13, pegou um ônibus para ir ao Rio de Janeiro. Essa pessoa contou que a PM paulista parou o ônibus na estrada, antes de sair do Estado de São Paulo. Mandaram os passageiros descerem e policiais entraram no veículo. Quando os passageiros subiram novamente, todas as coisas, bolsas, malas e mochilas estavam reviradas. A policial perguntou a essa pessoa se ela tinha participado de algum dos protestos. Pediu pra ver o celular e checou se havia vídeos, fotografias, etc.
Não à toa e no mesmo “clima”, conto pra vocês a quarta “coisa estranha”: descobrimos que, após o ato em BH, um rapaz identificado como uma das lideranças políticas de lá foi preso, em sua casa. Parece que a nossa polícia exemplar não era tão exemplar assim, mas agora ninguém compartilhava mais. Coisas semelhantes aconteceram em Brasília, antes mesmo das manifestações começarem.

4. Sequestraram a pauta?

Então veio a segunda-feira. Dia 17 de junho de 2013. Ontem. Havia muita gente se prontificando a participar dos protestos, guias de segurança compartilhados nas redes, gente montando pontos de apoio, etc. Uma verdadeira mobilização para que muita gente se mobilizasse. Estávamos otimistas.
Curiosamente, os mesmos meios de comunicação conservadores que incentivaram as ações violentas da PM na quinta-feira anterior (13) de manhã, em seus editoriais, agora diziam que de fato as pessoas deveriam ir às ruas. Só que com outras bandeiras. Isso não seria um problema, se as pessoas não tivessem, de fato, ido à rua com as bandeiras pautadas por esses grupos políticos (representados por esses meios de comunicação). O clima, na segunda-feira, era outro. Era como se a manifestação não fosse política e como se não estivesse acontecendo no mesmo planeta em que eu vivo. Meu otimismo começou a decair.
A pauta foi sequestrada por pessoas que estavam, havia alguns dias, condenando os manifestantes por terem parado o trânsito, e que são parte dos grupos sociais que sempre criminalizaram os movimentos sociais no Brasil (representados por um pedaço da classe política, estatisticamente o mais corrupto - não, não está nem perto de ser o PT -, e pelos meios de comunicações que se beneficiam de uma política de concessões da época da ditadura). De repente se falava em impeachment da presidenta. As pessoas usavam a bandeira nacional e se pintavam de verde e amarelo como ordenado por grandes figurões da mídia de massas, colunistas de opinião extremamente populares e conservadores.
As reações de militantes variavam. Houve quem achasse lindo, afinal de contas, era o povo nas ruas. Houve quem desconfiasse. Houve quem se revoltasse. Houve quem, entre todos os sentimentos possíveis, ficasse absolutamente confuso. Qualquer levante popular em que a pauta não eh muito definida cria uma situação de instabilidade política que pode virar qualquer coisa. Vimos isso no início do Estado Novo e no golpe de 1964, ambos extremamente fascistas. Não quer dizer que desta vez seria igual, mas a história me dizia pra ficar atenta.

5. Não, sequestraram o ato!

A passeata do dia 17, segunda-feira, estava marcada para sair do Largo da Batata, que fica numa das pontas da avenida Faria Lima. Não se sabia, não havia decisão ainda, do que se faria depois. Aos que não entendem, a falta de um trajeto pré-definido se justifica muito bem por duas percepções: (i) a de que é fácil armar emboscadas para repressão quando divulga-se o trajeto; e, (ii) mais importante do que isso, a percepção de que são as pessoas se manifestando, na rua, que devem definir na hora o que fazer. [e aqui, se vocês forem espertos, verão exatamente onde está a minha contradição - que não nego, também me confunde]
A passeata parecia uma comemoração de final de copa do mundo. Irônico, não? Começamos a teorizar (sem muita teoria) que talvez essa fosse a única referência de manifestações públicas que as pessoas tivessem, em massa:o futebol. Os gritos eram do futebol, as palavras de ordem eram do futebol. Muitas camisetas também eram do futebol.Havia inclusive uns imbecis soltando rojões, o que não é muito esperto pois pode gerar muito pânico considerando que havia poucos dias muita gente ali tinha sido bombardeada com gás lacrimogêneo. Havia pessoas brincando com fogo. [guardem essa informação do fogo também]
Agora uma pausa: vocês se lembram do fato estranho número dois? O evento falso no facebook? Bom, o trajeto desse evento falso incluía a Berrini, a ponte Estaiada e o palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado. Reparem só.
Quando a passeata chegou ao cruzamento da Faria Lima com a Juscelino, fomos praticamente empurrados para o lado direito. Nessa hora achamos aquilo muito esquisito. Em nossas cabeças, só fazia sentido ir à Paulista, onde havíamos sido proibidos de entrar havia alguns dias. Era uma questão de honra, de simbologia, de tudo. Resolvemos parar para descobrir se havia gente indo para o lado oposto e subindo a Brigadeiro até a Paulista. Umas amigas disseram que estavam na boca do túnel. Avisei pra não irem pelo túnel que era roubada. Elas disseram então que estavam seguindo a passeata pela ponte, atravessando a Marginal Pinheiros.
Demoramos um tanto pra descobrirmos, já prontos pra ir para casa broxados, que havia gente subindo para o outro lado. Gente indo à esquerda. Era lá que preferíamos estar. Encontramos um outro grupo de pessoas conhecidas e amigas e seguimos juntos. As palavras de ordem não mudaram. Eram as mesmas em todos os lugares. As pessoas reproduziam qualquer frase de efeito tosca de manira acrítica, sem pensar no que estavam dizendo. Efeito “multidão”, deve ser.
As frases me incomodaram muito. Nem uma só palavra sobre o governador que ordenara à PM descer bala, cassetete e gás na galera havia poucos dias. Que promove o genocídio da juventude negra nessa cidade todos os dias, há 20 anos. Nem mesmo uma. Os culpados de todos os problemas do mundo, para os verde-amarelos-bandeira-hino eram o prefeito e a presidenta. Ou essas pessoas são ignorantes, ou são extremamente desonestas.
Nem chegamos à Paulista, incomodados com aquilo. Fomos para casa nos sentindo muito esquisitos. Aí então conseguimos entender que aquelas pessoas do evento falso no facebook tinham conseguido de alguma maneira manobrar uma parte muito grande de pessoas que queria ir se manifestar em outro lugar. A falta de informação foi o que deu poder para esse grupo naquele momento específico. Mas quem era esse grupo? Não sei exatamente. Mas fiquei incomodada.

6. O centro em chamas.

Quem diria que essa sensação bizarra e sem nome da segunda-feira faria todo sentido no dia seguinte? Fez. Infelizmente fez. O dia seguinte, “hoje”, dia 18 de junho de 2013, seria decisivo. Veríamos se as pessoas se desmobilizariam, se a pauta da revogação do aumento se fortaleceria. Essa era minha esperança que, infelizmente, não se confirmou. A partir daqui são todos fatos recentes, enquanto escrevo e vou tentar explica-los em ordem cronológica. Aviso que foram fazendo sentido aos poucos, conforme falávamos com pessoas, ouvíamos relatos, descobríamos novas informações. Essa é minha tentativa de relatar o que eu vi, vivi, experienciei.
No fim da tarde, pegamos o metrô Faria Lima lotadíssimo um pouco depois do horário marcado para a manifestação. Perguntei na internet, em redes sociais, se o ato ainda estava na concentração ou se estava andando, e para onde. Minha intenção era saber em qual estação descer. Me disseram, tomando a televisão como referencia (que é a referencia possível, já que não havia um único comunicado oficial do MPL em lugar algum) que o ato estava na prefeitura. Guardem essa informação.
Fomos então até o metrô República. Helicópteros diversos sobrevoavam a praça e reparei na quinta “coisa estranha”: quase não havia polícia. Acho que vimos uns três ou quatro controlando curiosamente aENTRADA do metrô e não a saída… Quer dizer, quem entrasse no metro tinha mais chance de ser abordado do que quem estava saindoao contrário do dia 13.
A manifestação estava passando ali e fomos seguindo, até que percebemos que a prefeitura era outro lado. Para onde estavam indo essas pessoas? Não sabíamos, mas pelos gritos, pelo clima de torcida de futebol, sabíamos que não queríamos estar ali, endossando algo em que não acreditávamos nem um pouco e que já estávamos julgando sermeio perigoso. Quando passamos em frente à câmara de vereadores, a manifestação começou a vaiar e xingar em massa. Oras, não foram eles também que encheram aquela câmara com vereadores? O discurso de ser “apolítico” ou “contra” a classe política serve a um único interesse, a história e a sociologia nos mostram: o dos grupos conservadores para continuarem tocando a estrutura social injusta como ela é, sem grandes mudanças. Pois era esse o discurso repetido ali.
Resolvemos então descer pela rua Jandaia e tentar voltar à Sé, poisdisseram nas redes sociais que o ato real, do MPL, estava no Parque Dom Pedro. Como aquilo fazia mais sentido do que um monte de pessoas bem esquisitas, com cartazes bem bizarros, subindo para a Paulista, lá fomos nós.
Outro fato estranho, número seis: no meio da Rua Jandaia, num local bem visível para qualquer passante nos viadutos do centro, um colchão em chamas. A manifestação sequer tinha passado ali. Uma rua deserta e um colchão em chamas. Para quê? Que tipo de sinal era aquele? Quem estava mandando e quem estava recebendo? Guardamos as mascaras de proteção com medo de sermos culpados por algo que não sabíamos sequer de onde tinha vindo e passamos rápido pela rua.
Cruzamos com a mesma passeata, mais para cima, que vinha lá da região que fica mais abaixo da Sé, mas não sabíamos ainda de onde. Atrás da catedral, esperamos amigos. Uma amiga disse que o marido estava chateado porque não conseguiu pegar trem na Vila Olímpia. Achamos normal, às vezes a CPTM trava mesmo, daí essa porcaria de transporte e os protestos, etc. pois bem. Guardem a informação.
Uma amiga ligou dizendo que estava perto do teatro municipal e do Vale do Anhangabaú, que estava “pegando fogo”. Imbecil que me sinto agora, na hora achei que ela estava falando que estava cheio de gente, bacana, legal. [que tonta!] Perguntei se era o ato do MPL, se tinha as faixas do MPL. Ela disse que sim mas não confiei muito.Resolvemos ir ver.
[A partir daqui todos os fatos são “estranhos”. Bem estranhos.]
O clima no centro era muito tenso quando chegamos lá. Em nenhum dos outros lugares estava tão tenso. Tudo muito esquisito sem sabermos bem o quê. Os moradores de rua não estavam como quem está em suas casas. Os moradores de rua estavam atentos, em cantos, em grupos. Poucos dormiam. Parecia noite de operação especial da PM (quem frequenta de verdade a cidade de São Paulo, e não apenas o próprio bairro, sabe bem o que é isso entre os moradores de rua).
Só que era ainda mais estranho: não havia polícia. Não havia polícia no centro de São Paulo à noite. No meio de toda essa onda. Não havia polícia alguma. Nadinha de nada, em lugar nenhum.
Na Sé, descobrimos mais ou menos o caminho e fomos mais ou menos andando perto de outras pessoas. Um grupo de franciscanos estava andando perto de nós, também. Vimos uma fumaça preta. Fogo. MUITO fogo. Muito alto. O centro em chamas.
Tentamos chegar mais perto e ver. Havia pessoas trepadas em construções com latas de spray enquanto outros bradavam em volta daquela coisa queimando que não conseguíamos identificar. Outro colchão? Os mesmos que deixaram o colchão queimando na Jandaia? Mas quem eram eles?
De repente algumas pessoas gritaram e nós,mais outros e os franciscanos, corremos achando que talvez o choque estaria avançando. Afinal de contas, era óbvio que a polícia iria descer o cacete em quem tinha levantado aquele fogaréu (aliás, será q ela só tinha visto agora, que estava daquele tamanho todo?). Só que não.
Na corrida descobrimos que era a equipe da TV Record. Estavam fugindo do local - a multidão indo pra cima deles - depois de terem o carro da reportagem queimado. Não, não era um colchão. Era o carro de reportagem de uma rede de televisão. O olhar no rosto da repórter me comoveu. Ela, como nós, não conseguia encontrar muito sentido em tudo que estava acontecendo. Ao lado de onde conversávamos, uns quatro policiais militares. Parados. Assistindo o fogo, a equipe sendo perseguida… Resolvemos dar no pé que bobos nós não somos. Tinha algo muito, mas muito errado (e estranho) ali.
Voltamos andando bem rápido para a Sé, onde os moradores de rua continuavam alertas, e os franciscanos tentavam recolher pertences caídos pelo chão na fuga e se organizarem novamente para dar continuidade a sua missão. Nós não fomos tão bravos e decidimos voltar para nossas casas.

7. Prelúdio de um… golpe?

No metrô um aviso: as estações de trem estavam fechadas. É, pois é, aquela coisa que havíamos falado antes e tal. Mal havíamos chegado em casa, porém, uma conhecida posta no facebook que um amigo não conseguiu chegar em lugar nenhum porque algumas pessoas invadiram os trilhos da CPTM e várias estações ficaram paradas, fechadas. Não era caos “normal” da CPTM, nem problemas “técnicos” como a moça anunciava. Era de propósito. Seriam os mesmos do colchão, do carro da Record?
Lemos, em seguida, em redes sociais, que havia pessoas saqueando lojas e destruindo bancos no centro. Sabíamos que eram o mesmos. Recebi um relato de que uma ocupação de sem-teto foi alvo de tentativa (?) de incêndio. Naquele momento sabíamos que, quem quer que estivesse por trás do “caos” no centro, da depredação de ônibus na frente do Palácio dos Bandeirantes no dia anterior, de tentativas de criar caos na prefeitura, etc. não era o MPL. Também sabíamos que não era nenhum grupo de esquerda: gente de esquerda não quer exterminar sem-teto. Esse plano é de outro grupo político, esse que manteve a PM funcionando nos últimos 20 anos com a mesma estrutura da época da ditadura militar.
Algum tempo depois, mais uma notícia: em Belo Horizonte, onde já se fala de chamar a Força Nacional e onde os protestos foram violentíssimos na segunda-feira, havia ocorrido a mesma coisa.Depredação total do centro da cidade, sem nenhum policial por perto. Nenhunzinho. Muito estranho.
Nessa hora eu já estava convencida de que estamos diante de uma tentativa muito séria de golpe, instauração de estado de exceção, ou algod do tipo. Muito séria. Muito, muito, muito séria. Postei algumas coisas no facebook, vi que havia pessoas compartilhando da minha sensação. Sobretudo quem havia ido às ruas no dia de hoje.
Um pouquinho depois, outra notícia: a nova embaixadora dos EUA no Brasil é a mesma embaixadora que estava trabalhando no Paraguai quando deram um golpe de estado em Fernando Lugo.
Me perguntaram e eu não sei responder qual golpe, nem por que. Mas se o debate pela desmilitarização da polícia e pelo fim da PM parece que finalmente havia irrompido pelos portões da USP, esse seria um ótimo motivo. Nem sempre um golpe é um golpe de Estado. Em 1989 vivemos um golpe midiático de opinião pública, por exemplo. Pode ser que estejamos diante de outro. Essa é a impressão que, ligando esses pontos, eu tenho.
Já vieram me falar que supor golpe “desmobiliza” as pessoas, que ficam em casa com medo. De forma alguma. Um “golpe” não são exércitos adentrando a cidade. Não necessariamente. Um “golpe” pode estar baseado na ideia errônea de que devemos apoiar todo e qualquer tipo de indignação, apenas porque “o povo na rua é tão bonito!”.
Curiosamente, quando falei sobre a manifestação do dia 13 com meus alunos, no dia 14, vários deles me perguntaram se havia chances de golpes militares, tomadas de poder, novas ditaduras. A minha resposta foi apenas uma, que ainda sustento sobre este possível golpe de opinião pública/mídia: em toda e qualquer tentativa de golpe, o que faz com que ela seja ou não bem-sucedida é a resposta popular ao ataque. Em 1964, a resposta popular foi o apoio e passamos a viver numa ditadura. Nos anos 2000, a reposta do povo venezuelano à tentativa de golpe em Chávez foi a de rechaço, e a democracia foi restabelecida.
O ponto é que depende de nós. Depende de estarmos nas ruas apoiando as bandeiras certas (e há pessoas se mobilizando para divulgar em tempo real, de maneira eficaz, onde está o ato contra o aumento da passagem, porque já não podemos dizer que é apenas “um” movimento, como fez Haddad em sua entrevista coletiva). Depende de nos recusarmos a comprar toda e qualquer informação. Depende de levantarmos e irmos ver com nossos próprios olhos o que está acontecendo.
Se essa sequencia de fatos faz sentido pra você, por favor leia e repasse o papel. Faça uma cópia. Guarde. Compartilhe. Só peço o cuidado de compartilharem sempre integralmente. Qualquer pessoa mal-intencionada pode usar coisas que eu disse para outros fins. Não quero isso.
Quero apenas que vocês sigam minha linha de raciocínio e me digam: estamos mesmo diante da possibilidade iminente de um golpe?
Estou louca?
Espero sinceramente que sim. Mas acho que não.