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Política, Cidadania e Dignidade

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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Aposentadoria especial: STF aprova súmula que beneficia servidores públicos

11 de Abril de 2014, 12:44, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Jornal do Brasil
Luiz Orlando Carneiro

Os requisitos para a aposentadoria especial dos servidores públicos, em decorrência de atividades que são “exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física” – que pode ser concedida a quem tiver trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos de trabalho – passam a ser os mesmos já previstos para os empregados de empresas privadas na Lei 8.213/91. Ou seja, funcionários públicos devem ter os mesmos direitos dos celetistas, pelo menos até que o Congresso aprove lei complementar específica para os servidores públicos, prevista da Constituição, mas até hoje não aprovada.  
Para terminar com uma série de mandados de injunção com referência à mora do Legislativo, e evitar que milhares de servidores públicos dependam de ações individuais para obter tratamento idêntico aos celetistas, o plenário do Supremo Tribunal Federal aprovou nesta quarta-feira (9/4), por unanimidade, a Súmula Vinculante n 33 (PSV 45), nos seguintes termos: “Aplicam-se aos servidores públicos, no que couber, as regras do regime geral de previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º, inciso 3º da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica”.
A Constituição
A Constituição vigente, ao tratar do tema em seu art. 40, § 4º, expôs, conforme os ministros e a jurisprudência dominante no STF, a intenção de proporcionar ao servidorpúblico a aposentadoria especial nos em que houvesse exposição a agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, ao dispor: “Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas sua autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observado critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo”.
No parágrafo 4º, inciso III, a CF detalha: “É vedada a adoção de requisitos e critériosdiferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”.
A Lei
A lei de 1991 que trata da aposentadoria especial dos trabalhadores em geral prevê que “a aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta lei, ao segurado que tiver trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos, conforme a atividade profissional, sujeito a condições especiais que prejudiquem  a saúde ou a integridade física”. Ainda conforme a mesma lei, a aposentadoria especial “ consistirá numa renda mensal de 85% do salário-de-benefício, mais 1% deste, por grupo de 12 contribuições, não podendo ultrapassar 100% do salário-de-benefício”.



Ações contra a Fazenda Pública prescrevem em cinco anos

11 de Abril de 2014, 7:28, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

INDENIZAÇÕES CIVIS


O prazo prescricional a ser aplicado em ações contra a Fazenda Pública é de cinco anos, mesmo em se tratando de indenização de reparação civil. Foi o que definiu nesta quarta-feira (9/4) a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU) em julgamento sobre o dever da União de indenizar um servidor estadual do Rio de Janeiro que relatou ter recebido ordem de prisão por um juiz do Trabalho, em 2006.
Ex-superintendente de Finanças do estado, o autor recebeu ordem de um juiz para efetuar o pagamento a partes envolvidas em um litígio trabalhista. O juiz determinara que ele informasse imediatamente a data de depósito, sob pena de prisão. O superintendente alegou que não tinha competência legal para determinar a ordem de pagamento. Mesmo assim, foi conduzido a uma delegacia, onde ficou cerca de cinco horas, como explicou seu advogado, Eugenio Jaña, do escritório Jaña & Dias Sociedade de Advogados.
Diante da “terrível angústia” que afirmou ter sentido, “tendo prejudicada sua serenidade para o trabalho”, o servidor foi ao Juizado Especial em 2009 para cobrar indenização por danos morais e materiais. O pedido foi aceito em primeira instância, com valor fixado em R$ 10 mil. A sentença, inclusive, avaliou como abuso de autoridade a expedição de mandado de prisão por um juiz do Trabalho.
Após recurso da União, a Turma Recursal do Rio de Janeiro considerou prescrito o direito de ação. Para o colegiado, deveria ser aplicado o artigo 206, parágrafo 3º, inciso V, do Código Civil de 2002, que define o prazo de três anos para pretensões de reparação civil. 
Já a relatora no TNU, juíza federal Ana Beatriz Palumbo, apontou que o Decreto 20.910/1932 determina que todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, tem prescrição quinquenal a partir da data do fato originário. Com a decisão, o processo retorna à Turma Recursal do Rio para que se dê andamento ao julgamento do recurso da União, levando em conta, dessa vez, o prazo quinquenal. Com informações da Assessoria de Imprensa do Conselho da Justiça Federal.
Revista Consultor Jurídico



ONU: 50 mil pessoas foram assassinadas no Brasil em 2012. Isto equivale a 10% dos homicídios no mundo

11 de Abril de 2014, 7:25, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Manifestação dos movimentos sociais em frente ao Fórum Cível de Marabá, no Pará, contra os assassinatos. Foto: Mídia Ninja (CC BY-SA)
Manifestação dos movimentos sociais em frente ao Fórum Cível de Marabá, no Pará, contra os assassinatos. Foto: Mídia Ninja (CC BY-SA)

O Relatório Global sobre Homicídios 2013, lançado mundialmente nesta quinta-feira (10), pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), revela que, somente em 2012, foram registrados 50.108 homicídios no Brasil, número equivalente a pouco mais dos 10% dos assassinatos cometidos em todo o mundo, que foram 437 mil.  De acordo com o documento, o Brasil apresenta estabilidade no registro de homicídios dolosos, mas o país ainda integra o segundo grupo de países mais violentos do mundo. O cenário de estabilidade no plano nacional contrasta com as disparidades no nível subnacional.
As taxas de homicídio declinaram nos estados do Rio de Janeiro (29%) e São Paulo (11%), mas cresceram no norte e nordeste do País, com destaque para a Paraíba, que registra um aumento de 150%, e Bahia, que contabiliza um aumento de 75% no número de homicídios nos últimos dois anos.O Estado de Pernambuco é uma exceção no Nordeste, com queda de 38.1% na taxa global de homicídios.
No Brasil, apesar da grande maioria das vítimas de homicídios serem do sexo masculino (90%), destaca-se no relatório o número significativo de mulheres que são assassinadas pelos seus parceiros ou familiares. O relatório conclui que muito precisa ser feito para prover os Estados de capacidades para efetivamente prevenir, investigar, denunciar e punir a violência doméstica e todas as formas de violência contra a mulher. A China, Coreia do Norte e o Japão registram os maiores índice de morte de mulheres (cerca de 52% das vítimas).
O abuso de álcool e outras drogas, e a disponibilidade de armas de fogo, são apontadas no estudo como determinantes nos padrões e prevalência da violência letal. O relatório destaca que qualquer política pública na área de prevenção aos homicídios apenas irá funcionar se os governos conseguirem direcionar estas ações para as vítimas e agressores potenciais.
Os países com as maiores taxas de homicídio, com mais de 30 para cada 100 mil habitantes, são Colômbia, Venezuela, Guatemala e África do Sul. O Brasil (25 homicídios para cada 100 mil habitantes) integra o rol do segundo grupo de países mais violentos, juntamente com o México, a Nigéria e o Congo, que registram de 20 a 30 homicídios para cada 100 mil habitantes.
A América do Sul é a terceira sub-região no mundo com os maiores índices de homicídio (23 a cada 100 mil/habitantes). Em primeiro lugar, está o Sudeste da África (com mais de 30 a cada 100 mil/habitantes) e, em segundo lugar, a América Central (26 a cada 100 mil/habitantes).
Os índices de homicídio na Colômbia estão em declínio desde 1996, mas ainda registram um patamar elevado. A Venezuela é o único país da América do Sul que apresenta um aumento significativo nas taxas de homicídio desde 1995. Os registros de homicídios na Argentina, Chile e Uruguai estão estabilizados, mas com baixos índices, aproximando-se dos cenários verificados nos países europeus.
O relatório destaca as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPS) como uma iniciativa determinante para a redução dos índices de homicídio em quase 80% no Rio de Janeiro entre 2008 e 2012. Em novembro de 2013, o estudo contabilizou 34 unidades em operação em 226 comunidades, beneficiando mais de 1,5 milhão de pessoas.
A América é o continente com maior incidência do uso de armas de fogo no cometimento dos homicídios (66%), seguida da Ásia e África (28%), Europa (13%) e Oceania (10%).
O continente americano também apresenta uma notável disparidade entre o total de homicídios cometidos e a condenação dos seus responsáveis, o que coloca em xeque a eficácia do sistema de justiça criminal no País. Apenas 24% dos crimes são solucionados. O número do efetivo policial é analisado de forma diretamente proporcional ao nível de resolução das investigações dos crimes cometidos. Na América, as mortes em presídios também são frequentes. As chances de homicídio entre presos é três vezes maior do que entre a população em geral.
“O UNODC vem trabalhando com o objetivo de oferecer uma referência mundial para os estudos na área de homicídio, o compartilhamento de técnicas de análises com especialistas e acordos de cooperação com os estados para o controle da criminalidade”, afirma Rafael Franzini, representante do Escritório do UNODC no Brasil e Cone Sul.
O foco do levantamento é o homicídio doloso, com uma detalhada analise considerando as diversas faces dos homicídios – relacionados a atividades criminosas, interpessoais ou sociopolíticas – as armas mais utilizadas nos crimes; a eficácia do sistema criminal de justiça na resolução dos casos; e as questões conceituais relativas ao homicídio, violência e conflito.
Saiba mais sobre o relatório em http://bit.ly/Q9j5yZ

CONTINUE LENDO E SAIBA MAIS EM: http://www.onu.org.br/onu-50-mil-pessoas-foram-assinadas-no-brasil-em-2012-isto-equivale-a-10-dos-homicidios-no-mundo/



Suspensa decisão que admitiu regra de Juizados Especiais em crime de violência doméstica

11 de Abril de 2014, 6:59, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu pedido de liminar na Reclamação (RCL) 17460 para suspender a eficácia de decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que considerou aplicável a crime cometido com violência doméstica contra a mulher, nos termos da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), o benefício da suspensão condicional do processo, previsto na Lei 9.099/1995 (Lei dos Juizados Especiais).
A reclamação foi ajuizada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro contra acórdão do TJ-RJ que declarou nula sentença condenatória proferida no âmbito do Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de Casimiro de Abreu, por crime lesão corporal, previsto no artigo 129, parágrafo 9º, do Código Penal. Após recurso da defesa, por unanimidade, o TJ-RJ anulou a sentença sob o argumento de que, mesmo em caso de violência doméstica, o réu teria direito a receber proposta de suspensão condicional do processo (artigo 89 da Lei 9.099/1995).
O entendimento da corte estadual foi o de que o não oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo, mesmo nos casos de violência doméstica previstos na Lei Maria da Penha, acarretaria nulidade insanável da condenação. O TJ-RJ considerou que a vedação de aplicação dos benefícios desta lei aplica-se apenas aos dispositivos do procedimento sumaríssimo, próprio dos juizados especiais criminais, ao passo que a suspensão condicional do processo deveria incidir sobre todos os procedimentos.
No STF, o Ministério Público fluminense argumenta que a decisão do TJ-RJ teria se baseado em uma premissa equivocada: a de que o reconhecimento da constitucionalidade do artigo 41 da Lei Maria da Penha não impediria a aplicação do princípio previsto no artigo 89 da Lei dos Juizados Especiais.
Em análise preliminar do caso, o ministro observou que a decisão questionada está em desacordo o entendimento do STF que, ao julgar a Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 19, validou o artigo 41 da Lei Maria da Penha, que veda a aplicação da Lei 9.099/1995 nos casos de violência doméstica.
O ministro Barroso destacou que, conforme decidido pelo Supremo, a norma especial seria decorrente da incidência do princípio de proteção insuficiente dos direitos fundamentais, assegurando às mulheres agredidas o acesso efetivo à justiça. Citou, ainda, precedente da Corte (Habeas Corpus 110113) em que se indeferiu pedido para que fosse aplicado a crime de violência contra a mulher o benefício previsto na Lei dos Juizados Especiais.
“Uma das conclusões que se pode extrair da constitucionalidade da vedação da aplicação da Lei 9.099/1995 seria a não admissão do benefício da suspensão condicional do processo”, assentou o relator.



Para suprimir o debate sobre a desmilitarização, Polícia Militar adota discurso radical e insinua que críticos são comunistas

10 de Abril de 2014, 21:30, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Sociedade

Opinião

A PM-SP revela sua ideologia em nota oficial


por José Antonio Lima                                                                                                                                        Marcelo Camargo/ABr
Polícia Militar
Polícia Militar realiza abordagens em bairros na zona norte de São Paulo durante a Operação Saturação, realizada em outubro de 2012
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Em nota oficial enviada ao portal UOL e publicada nesta terça-feira 9, a Polícia Militar de São Paulo deixou claro que seu comando está alinhado ideologicamente com um dos discursos mais extremistas da política brasileira. É uma revelação espantosa, pelo conteúdo, que resvala com o autoritarismo, e pela forma como foi feita.
A nota oficial da PM-SP é uma resposta ao coronel reformado Adilson Paes de Souza, que em entrevista ao portal disse acreditar que a PM-SP trata parte da população brasileira como um potencial inimigo, assim como ocorria na ditadura. O comentário de Souza é uma referência aos altos índices de violência da Polícia Militar, em especial nas regiões periféricas das cidades brasileiras.
A PM-SP rebateu a afirmação de Souza com números de sua atuação (prisões, apreensões, atendimentos sociais e resgates) e afirmou ter uma organização de “polícia comunitária”. Disse possuir programas elogiados de tiro defensivo e combate às drogas e questionou a autoridade de Souza para debater o assunto. Para a PM-SP, o coronel reformado e outros especialistas que criticam a estrutura militar da corporação são comunistas. O termo não está presente no texto, mas fica claro nas entrelinhas. “Muito provavelmente a resposta esteja em outro século e em outro continente, nascida da cabeça de alguém que pregou a difusão de um modelo hegemônico, que se deve construir espalhando intelectuais em partidos, universidades, meios de comunicação. Em seguida, minando estruturas básicas e sólidas de formação moral, como família, escola e religião. Por fim, ruindo estruturas estatais, as instituições democráticas”, diz a PM-SP.
O raciocínio contido neste parágrafo é o mesmo presente nas declarações extremistas ouvidas durante as Marchas da Família do último mês de março, que defenderam um novo golpe militar no Brasil com base em um suposto “perigo comunista”. A mesma tese é defendida pelos parlamentares da família Bolsonaro, conhecidos radicais, e por seu ideólogo, Olavo de Carvalho, o messias da ideia de que o “marxismo cultural” constitui uma força hegemônica na sociedade e política brasileiras. A referência crítica, na nota da PM-SP, ao trabalho do pensador italiano Antonio Gramsci é a conexão óbvia com Carvalho.
Ao ironizar a condição de especialista de Souza e atribuir a ele e outros analistas a pecha de comunistas, o comando da PM-SP tem dois objetivos: deslegitimar seus críticos e suprimir o debate a respeito da desmilitarização da instituição, que entrou na pauta após a dura repressão ocorrida nas manifestações de junho.
O comando da Polícia Militar de São Paulo afirma que age contra policiais bandidos e tem exonerado centenas deles (349 em 2013). Está um tanto claro, entretanto, que este trabalho não é suficiente. Segundo o Núcleo de Estudos da Violência da USP, entre 1993 e 2011 ao menos 22,5 mil pessoas foram mortas em confronto com as polícias de São Paulo e Rio de Janeiro, uma média de três pessoas por dia. A população percebe essa situação. Em 2011, uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que, em nenhum região do País, mais de 6% da população diz "confiar muito" no trabalho das polícias. Na região Sudeste, o índice fica em 3%.
Há um consenso entre os especialistas, estes que a PM ironiza, de que as causas desses números são a estrutura militar da corporação, a tradição de policiamento agressivo existente no Brasil e a política de tratar problemas sociais, como a questão das drogas, como problema de polícia. Neste contexto, os policiais também são vítimas. Muitas vezes despreparados, como ficou claro nas manifestações de junho, eles vão às ruas para lidar com “inimigos”, exatamente como afirma o coronel Souza na entrevista que gerou indignação do comando da PM-SP.
Quem defende a desmilitarização da polícia, ou ao menos uma profunda reforma na instituição, não deseja acabar com a instituição, demitir todos os policiais e deixar a população desprotegida. Ao contrário, a intenção é justamente tornar mais efetivo e menos letal o policiamento na sociedade brasileira, especialmente quando este divide cidadãos em classes diferentes, com tratamento diversos. Se o comando da PM conseguisse ouvir e dialogar com seus críticos, e não trata-los como inimigos comunistas (o que apenas reforça o argumento do coronel Souza), todos teriam a ganhar.

Confira a íntegra da nota da PM, divulgada pelo UOL:
A PM e o Zepelim?
Mais uma vez, somos questionados por um órgão de imprensa sobre o nosso modelo de polícia, o militar. O ponto de início da matéria a ser construída obedece a alguns entendimentos já pacíficos por parte da reportagem e subsidiados pela opinião de "especialistas". Vejamos:
A Polícia Militar trata parte da população brasileira como potencial inimigo;
O sistema de segurança pública é o mesmo da ditadura, guiado pela Lei de Segurança Nacional;
A ditadura ainda está na cabeça dos governantes e principalmente das polícias;
A PM que está aí atira para matar. Ela está servindo a outros interesses.
Como diria o colunista Reinaldo Azevedo, este é mesmo "o ano de satanização dos militares".
É triste ver como a desinformação parece habitar algumas mentes neste nosso Brasil de tantos Brasis. Pior: é mais triste ver como alguns sentimentos se tentam materializar, migrando da quimera à teoria; daí à crença; por fim, daí à "verdade".
Ninguém deveria se ocupar do julgamento do pretérito, especialmente com os olhos do presente, mas não é o que ocorre neste país... Conseguimos anistiar pessoas, mas não conseguimos libertar o passado, que parece um espírito confuso, agarrando-se a um corpo jacente.
Falar em inimigos, em Lei de Segurança Nacional, que a PM atira para matar, se não fosse terrível, seria cômico, porque denota, sim, a construção de um pensamento que se pretende coletivo, a partir de pessoas que se sentem intelectuais.
Seria mais simples pensar o mundo a partir de fatos, mas alguns propagadores de opinião preferem as ideologias, o partidarismo e, até, o oportunismo.
Na maioria das vezes, as polícias militares se desviam do posicionamento político (na essência da palavra); nossos contumazes detratores, não. E essa desigualdade se reflete no açoite cotidiano à categoria que se imbui de receber sobre si todos os pecados do mundo.
Talvez seja oportuno então alertarmos a sociedade quanto ao Brasil que alguns sonham construir, numa versão romântica, e bastante suspeita.
Antes disso, porém, talvez devêssemos informar que, desde 1997, a Polícia Militar de São Paulo se estrutura a partir de conceitos de polícia comunitária.
Pode-se mencionar também que o Método Giraldi de Tiro Defensivo para a Preservação da Vida, criado por um oficial da PM paulista e nela desenvolvido, é recomendado pela Cruz Vermelha Internacional como efetivamente aplicável ao treinamento das polícias.
Nosso Programa Estadual de Resistência às Drogas (Proerd), em vinte anos de atividade, já formou mais de sete milhões de crianças, ensinando-lhes caminhos seguros para fugir ao contato com esse mal que assombra nossa sociedade. Isso significa dizer que já educamos um número de jovens que representa 16% dos 43 milhões de paulistas, segundo estimativa do IBGE para o ano de 2013.
E não seria demais também lembrar que, no ano passado, atendemos 2.450.098 ocorrências, prendemos 183.952 pessoas, apreendemos mais de 80 toneladas de drogas, 13.828 armas de fogo em poder de criminosos, prestamos 2.506.664 atendimentos sociais e resgatamos 619.231 pessoas.
Seria tudo isso fruto de nossa vocação para enxergar a população como inimiga? Seria a ditadura que ainda está em nossa cabeça? A influência da Lei de Segurança Nacional? Ou ainda nossa compulsão de atirar para matar?!
Em que mundo esses "especialistas" fundamentam suas teorias?
Muito provavelmente a resposta esteja em outro século e em outro continente, nascida da cabeça de alguém que pregou a difusão de um modelo hegemônico, que se deve construir espalhando intelectuais em partidos, universidades, meios de comunicação. Em seguida, minando estruturas básicas e sólidas de formação moral, como família, escola e religião. Por fim, ruindo estruturas estatais, as instituições democráticas. Assim é o discurso desses chamados "intelectuais orgânicos", como costumam se denominar, em consonância com as ideias revolucionárias do italiano Antonio Gramsci, que ecoaram pelo mundo a partir da década de 1930.
Tão assombrosa quanto esse discurso anacrônico, ou mais, é a teorização formulada por quem, em vez de servir a uma instituição, prefere servir-se dela, desqualificando-a, conspurcando-a. Nesse caso, o problema talvez não esteja na ideologia, mas na conveniência da oportunidade de mercado.
No presente momento em que diversos grupos supostamente democráticos fazem coro para desmilitarizar a nossa polícia, vemos pessoas que aqui passaram a maior parte de sua vida se colocando como arautos das mudanças que urgem. Esse tipo de voz ecoa muito mais pelo inusitado do que pela qualidade de seus argumentos pseudocientíficos. É a chamada crítica à moda Brás Cubas. Saca-se alguém de um determinado meio e essa pessoa recebe chancela de legitimidade por falar de algo que, em tese, conhece por vivência.
É inadmissível que um profissional, que deveria ter compromisso com a verdade, pois assim assumiu em juramento, falar em premiações, medalhas a policiais que matam, como se isso fosse uma prática corrente, cultural. Somos a instituição que mais depura seu público interno, sujeita a regulamentos, códigos rígidos de conduta e com uma corregedoria implacável contra agressores de policiais e contra policiais bandidos. Exoneramos centenas. Só em 2013, foram 349. Como dizer que toleramos o erro? Onde está a responsabilidade no que é dito.
Enfim, parece ser oportuno criticar um modelo de polícia que suporta o tempo e as circunstâncias adversas. Temos história, uma cultura, valores morais, coisa rara nos dias de hoje.
Critica-se, mas, no momento da agrura, sabemos qual é a última instância salvadora, quem pode nos socorrer: "o policial ditador, que nos vê como inimigos, que age conforme a L.S.N., que atira para matar...". É como soava no refrão de Chico Buarque: "... Ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir...". Vem o sufoco, a salvação; passa o sufoco, torna-se ao linchamento. Será que a sociedade prescinde um dia de nós? Uma manhã? Uma hora?
Ainda somos uma democracia, é bom que nos lembremos sempre disso. Se um dia tivermos de mudar nosso modelo, que seja pelo desejo do povo, não de "especialistas".
Centro de Comunicação Social da Polícia Militar de São Paulo



A SEGURANÇA PÚBLICA NUNCA FOI PRIORIDADE DO GOVERNO

10 de Abril de 2014, 7:07, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

"SER POLICIAL, É SOBRE TUDO UMA RAZÃO DE SER"


PORQUE NADA EXPLICA O SENTIMENTO DE DEVER, EM QUE SE SACRIFICA A PRÓPRIA VIDA NA DEFESA E PROTEÇÃO DOS CIDADÃOS.


LUTAR POR DIREITOS, MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO, E RESPEITO A CIDADANIA E DIGNIDADE DOS POLICIAIS E BOMBEIROS MILITARES E POR UMA SEGURANÇA PÚBLICA CIDADÃ, MAIS DO QUE UM DEVER É UM COMPROMISSO.


JOSÉ LUIZ BARBOSA, SGT PM -RR

2º Vice Presidente do PPL/MG.



Policiais federais afirmam que polícia de fronteira está sucateada

9 de Abril de 2014, 23:54, por Desconhecido - 0sem comentários ainda





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Assista reportagem da TV Câmara sobre o tráfico na fronteira.

Policiais federais defenderam nesta terça-feira (08) em audiência pública a reestruturação da carreira da instituição para proteção das fronteiras secas, aeroportuárias e marítimas do País.
Na Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia, o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, Flávio Werneck, afirmou que a situação é de crise.
Segundo ele, são apenas 150 policiais para o controle de 9 mil quilômetros de fronteira marítima, e 1.500 servidores para 15 mil quilômetros de fronteira terrestre.
Werneck propôs, como solução para resolver os problemas, no curto prazo, a reestruturação da carreira, com a divisão da polícia federal, para que policiais federais e servidores administrativos possam cuidar especificamente da polícia de fronteira.
No longo prazo, o presidente do sindicato quer uma revisão da legislação do País. Na opinião de Werneck, as leis são antigas e criadas em períodos autoritários, como o Código de Processo Penal (Decreto-Lei 3.689/41), estabelecido em pleno regime de exceção do Estado Novo.
Combate às drogas
Werneck citou ainda o exemplo do aeroporto de Brasília, que possui uma body cam (câmera com tecnologia para detectar drogas engolidas), doada pelo governo norte-americano ao governo brasileiro há dois anos, e que se encontra lacrada e encaixotada pela falta de treinamento para utilização do equipamento.
Para o dirigente, a droga entra no Brasil pela absoluta falta de controle nas fronteiras: “Não há efetivo, não há treinamento, não há equipamentos, há um processo de sucateamento da polícia de fronteira; e nem o Ministério da Justiça, nem a Diretoria-geral querem debater esse tema”.
Para a presidente do Sindicato Nacional dos Servidores da Polícia Federal, Leilane Ribeiro de Oliveira, a instituição não tem atuado nem na prevenção, nem no combate do tráfico. Segundo ela, em um ano, foram apreendidos apenas 368 kg de cocaína no Acre. “Nosso posto de fronteira em Assis Brasil (AC) funciona de oito da manhã às oito da noite. Depois desse horário, a fronteira fica aberta para cargas, pessoas e veículos sem nenhum tipo de fiscalização”, observou a servidora.
Servidores administrativos
Leilane Oliveira destacou a importância dos servidores administrativos para a instituição. “Há necessidade de modernizar a carreira administrativa da Polícia Federal em virtude de os servidores administrativos terem funções específicas, como acesso a banco de dados sigilosos”, defendeu a presidente.

O presidente da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia, deputado Domingos Neto (Pros-CE), afirmou que a comissão continuará atenta às necessidades dos servidores. Para o parlamentar, o governo federal precisa assumir suas responsabilidades para enfrentar o problema da segurança pública e combater o tráfico de drogas no País.

Reportagem – Luiz Gustavo Xavier

Edição – Regina Céli Assumpção



A reprodução das notícias é autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara Notícias'



STF aprova nova Súmula Vinculante

9 de Abril de 2014, 23:13, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



- Nelson Jr./SCO/STF





O Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade, a Súmula Vinculante 33, estabelecendo que, até a edição de lei complementar regulamentando a norma constitucional sobre a aposentadoria especial do servidor público, deverão ser seguidas as mesmas normas vigentes para os trabalhadores sujeitos ao Regime Geral de Previdência Social.

O verbete de súmula terá a seguinte redação: “Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do Regime Geral de Previdência Social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, parágrafo 4º, inciso III, da Constituição Federal, até edição de lei complementar específica”.


 Fonte: STF



Lula não precisa ser candidato

9 de Abril de 2014, 23:07, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



A Folha reteve por 24 horas o dado capaz de relativizar esmagadoramente a queda de seis pontos nas intenções de votos na presidenta Dilma.

por: Saul Leblon 
Arquivo


Por que o Datafolha não inclui em suas enquetes algumas  perguntas destinadas a decifrar o modelo de desenvolvimento intrínseco à aspiração mudancista majoritária na sociedade brasileira, segundo o próprio Instituo?

Por que o Datafolha não pergunta claramente a esse clamor se ele  inclui em seu escopo de mudanças um retorno às prioridades e políticas vigentes  quando o país era governado pelo PSDB, com a agenda que o dispositivo midiático tenta restaurar com o lubrificante do alarmismo noticioso?

Não se trata de introduzir proselitismo nos questionários de sondagem. É mais transparente  do que parece. E de pertinência jornalística tão óbvia que até espanta que ainda não tenha sido feito.

Por exemplo, por que o Datafolha não promove uma simulação que incluiria Fernando Henrique Cardoso e Lula  como candidatos teóricos e assim avalia as preferências entre os modelos e ênfases de desenvolvimento que eles historicamente encarnam?

Por que  o Datafolha não pergunta claramente ao leitor se prefere a Petrobras  --e o pré-sal, que é disso que se trata, sejamos honestos--  em mãos brasileiras ou fatiada e privatizada?

Por que o Datafolha não investiga quais políticas e decisões estão associadas à preferência pelo petista que há 12 anos está sob  bombardeio ininterrupto da mídia e, ainda assim, conserva 52% das intenções de voto num país seviciado pelo monopólio midiático?

Por que o jornal que é dono da pesquisa  –em mais de um sentido--  não explicita em suas análises  as relações (ostensivas) entre a resistência heroica do recall desfrutado por Lula; o desejo majoritário de mudança na sociedade  e o vexaminoso arrastar dos pés-de-chumbo do conservadorismo, Aécio e Campos?

Por que a Folha reteve por 24 horas o dado capaz de relativizar esmagadoramente o impacto da queda de seis pontos que teria marcado as intenções de votos na presidenta Dilma –mas que ainda assim vence com folga (38%)  seus dois principais oponentes juntos (26% de Aécio e Campos)?

O dado em questão não é singelo.

Só divulgado nesta noite de domingo –sem espaço na manchete e sequer registro na primeira página do diário dos Frias!-- ele tem caibre para dissolver em partículas quânticas tudo  o que foi dito no final de semana sobre a  derrocada do governo  na eleição para 2014.

 Qual seja, a  opinião de Lula -- colheu o Datafolha--  é uma referência positiva de impacto avassalador sobre as urnas de outubro: seu  peso ordena e  hierarquiza  a definição de voto de nada menos que 60% do eleitorado brasileiro.

Seis em cada dez eleitores tem em Lula uma baliza do que farão na cabine eleitoral.

Segundo o Datafolha,  37% deles votariam com certeza em um candidato indicado pelo petista; e 23% talvez referendassem essa mesma  indicação.

Note-se que os estragos que isso deixa pelo caminho não são triviais e de registro adiável.

Se divulgados junto com a pesquisa das intenções de voto, esmagariam, repita-se, o esforço do tipo ‘vamos lá, pessoal’, que os comodoros do conservadorismo tentaram injetar na esquadra de velas esfarrapadas de Campos e Neves.

Vejamos: ao contrário do que acontece com o cabo eleitoral de Dilma,   41% dos eleitores rejeitariam esfericamente um nome apoiado por Marina Silva –Eduardo Campos encontra-se nessa alça de mira contagiosa, ou não?

Já a rejeição a um candidato apoiado por FC é de magníficos  57%.

Colosso. Sim, quase 2/3 do eleitorado, proporção só três pontos inferior à influência exercida por Lula, foge como o diabo da cruz da benção dada pelo ex-presidente tucano a um candidato; apenas 23% cogitariam sufragar um nome apoiado por ele.

Esse, o empolgante futuro reservado ao presidenciável Aécio Neves, ou será que a partir de agora ele imitará seus antecessores de dificuldades e esconderá o personagem que o imaginário brasileiro identifica ao saldo deixado pelo PSDB na economia e na política do país?

O fato é que a  virada anti-petista, ou anti-governista, ou ainda anti-dilmista  que o dispositivo midiático tenta vender –e o fez com notável sofreguidão  neste final de semana, guarda constrangedoramente pouca aderência com a realidade.

Exceto se tomarmos por realidade as redações da emissão conservadora, a zona sul do Rio ou o perímetro compreendido entre os bairros de Higienópolis, Morumbi e Vila Olímpia, em São Paulo,  a disputa é uma pouco mais difícil.

Não significa edulcorar os desafios e gargalos reais enfrentados pelo país.

Mas na esmagadora superfície habitada por 60% da população brasileira o jogo pesado da eleição de 2014 envolve outras referências que não apenas a crispação do noticiário anti-petista em torno desses problemas.

Por certo envolve entender quem é quem e o que propõe cada projeto em disputa na dura transição de ciclo econômico em curso  – e nessa luta ideológica pela conquista  e o esclarecimento de corações e mentes, o governo Dilma e o PT estão em débito com a sociedade.

Sobretudo, o que os dados mais recentes indicam é que a verdadeira disputa de projetos precisa de mais luz e mais desassombro por parte dos alvos midiáticos.

Os institutos de pesquisas, a exemplo do Datafolha,  em grande medida avaliam o alcance do seu eco quase solitário.

Bombardeia-se a Petrobras para em seguida mensurar o estrago que os obuses causaram na resistência adversária. Idem, com o tomate,  a standard & Poor’s, etc., etc., etc.

Ao largo das manchete do Brasil aos cacos, porém,  seis em cada dez brasileiros aguardam o que tem a dizer aqueles que se tornaram uma referencia confiável pelo que fizeram para a construção da democracia social nos últimos anos.

É aí que Lula entra. E o PT deve cuidar para que entre não apenas rememorando o passado, do qual já é uma síntese histórica.

Mas que coloque essa credibilidade a serviço de uma indispensável repactuação política do futuro, contra o roteiro conservador do caos que lubrifica a rendição ao mercadismo.

Dizer que Dilma perdeu seis pontos e retardar a divulgação do que fariam  60% dos eleitores diante de um apelo de Lula, é uma evidência do temor que essa agenda e esse cabo eleitoral causam no palanque de patas moles que a mídia, sofregamente, carrega nas costas.   




Memória curta da oposição disfarça falta de propostas para o Brasil

9 de Abril de 2014, 23:04, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Daniel Quoist


Mémória da oposição disfarça falta de propostas

No espaço de uma semana, a tropa de choque da oposição tucanodemista começou a perder de vez as estribeiras pois só vê o que se deseja verA oposição ao governo no Senado encontra-se tão desorientada que nem mesmo se dá o luxo de transparecer um mínimo de razoabilidade, uma breve porção de serenidade. E à primeira vista parece que foi atingida em cheio por meteorito daqueles tão onipresentes no cinema-catástrofe: uma vez colidindo, nada sobrevive.

No espaço de uma semana, mesmo tempo que o Criador precisou para criar o mundo, segundo o milenar relato bíblico, a tropa de choque da oposição tucanodemista começou a perder de vez as estribeiras tanto do bom senso quanto da urbanidade, características que devem sempre caracterizar o debate político na mais alta Casa da República, o Senado Federal.
O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) no recinto conhecido como 'Túnel do tempo' do Senado voltou aos costumeiros ataques diários ao governo. Segundo o paranaense "ao ampliar o escopo das investigações da CPI da Petrobras, o governo quer inviabilizar a investigação da Petrobras" e abre a temporada de tiros tucanos na estratégia dotada pelo governo. "Não tem como imiscuir trem em petróleo, são coisas de natureza absolutamente diferentes e não condizem com uma CPI, o que o governo quer é diversionismo."
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) que finalmente encontrou alguém à altura no plenário do Senado para lhe contrapor acusações ao PT, quase sempre genéricas e recheadas de lugares-comuns...



Então está tudo bem no país do 'estupra mas não mata'?

9 de Abril de 2014, 22:59, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Antonio Lassance


Está tudo bem no país do 'estupra, mas não mata'?

O IPEA errou, mas quem comemora o erro está redondamente enganado. Se está tudo bem, por que será que o número de estupros no país está crescendo?

O IPEA errou. Errou, assumiu o erro e pediu desculpas, esclarecendo:

“Vimos a público pedir desculpas e corrigir dois erros nos resultados de nossa pesquisa‘Tolerância social à violência contra as mulheres’, divulgada em 27/03/2014. O erro relevante foi causado pela troca dos gráficos relativos aos percentuais das respostas às frases ‘Mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar’ e ‘Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas’”.

Resumindo, os dados de uma pergunta eram, na verdade, referentes a uma outra questão.

O Instituto comete erros. Não é o único. O IBGE, o Banco Central, o INEP e todos os outros órgãos responsáveis por divulgar dados, todos, sem exceção, vez por outra são obrigados a publicar erratas em suas publicações, retificando ou o número em si, ou títulos de tabelas, ou outros tipos de informação.

Embora o erro faça parte do trabalho de qualquer pesquisador, e rotinas de validação existam para diminuir sua ocorrência, o fato é que a cobrança da sociedade sobre um erro é bem vinda e deve ser enfrentada com humildade.

Para começar,  é preciso reconhecer que o erro do IPEA foi maior por conta da repercussão nacional e até internacional que o dado incorreto alcançou.

Isso caiu como uma bomba sobre a cabeça dos jovens pesquisadores responsáveis pelo estudo, que são pessoas sérias. Sempre mereceram e vão continuar merecendo o respeito pelo trabalho que realizam há muitos anos na instituição.

O erro do IPEA está corrigido. Mas e o erro de quem, desavisadamente, acha que, desfeita a troca dos números, agora está tudo bem? Não, senhoras e senhores, não está tudo bem.

Se está tudo bem, por que será que o número de estupros no país está crescendo e já superou o de assassinatos, conforme informação do mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública?

Está tudo bem, então, no país do “estupra, mas não mata”? Será? Mesmo com mais de 50 mil mulheres estupradas em 2012, número mais de 18% superior ao de número 2011, agora podemos ficar tranquilos?

Detalhe: o número absurdo de estupros não considera os casos em que as vítimas deixam de relatar o ocorrido - por vergonha, por medo da reação da família, por receio de que alguém ache que elas não souberam “se comportar”.

O dado de estupros em 2013 vem aí. Quem fará a piada? Quem vai curtir com isso?

Desde que a Lei Maria da Penha entrou em vigor, em 2006, o número de agressões contra mulheres, relatadas ao serviço “Ligue 180”, cresceu 600%.

A cada hora, duas mulheres, vítimas de abuso, dão entrada em unidades do Sistema Único de Saúde. Alguém ainda acha pouco?

Está tudo bem no país que concorda que, “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”? Há quem diga: "Ora, bolas! Isso é só um dito popular, como outro qualquer". Sim, um dito popular como “serviço de branco”. Só um dito popular?

Está tudo bem no país que acha que a mulher que é agredida e continua com o parceiro é porque gosta de apanhar?

O IPEA errou, mas quem comemora o erro está redondamente enganado.


(*) Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do IPEA.



Agenda nacional: Governo e oposição fazem guerra de CPIs no Congresso.

9 de Abril de 2014, 22:57, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


A Câmara faz esforço concentrado para tentar desafogar sua pauta, congestionada há mais de seis meses. Governo e oposição travam guerra de CPIs.

Antonio Lassance


Arquivo
As principais  batalhas políticas da semana serão travadas no Congresso.
 
A Câmara faz esforço concentrado para tentar desafogar sua pauta, congestionada há mais de seis meses. 

Além das Medidas Provisórias e dos projetos com urgência constitucional, há mais de 100 projetos indicados pelos líderes como prioritários. Poucos contam com acordo capaz de viabilizar as votações.

Governo e oposição travam batalha em torno das propostas de CPI.

Na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, três discussões importantes: a tentativa de se votar uma nova proposta para a regulamentação da criação de municípios, a proibição de doações de empresas a campanhas eleitorais e a ideia de plebiscito sobre a alteração da maioridade penal.

Em todo o Brasil, a CUT e outras centrais realizam ato unificado sob o lema “Trabalhadores unidos por mais direitos e qualidade de vida”.

O STF tem ainda pendente a votação dos processos que se referem às perdas tidas pelos correntistas em suas contas de caderneta de poupança devido a planos econômicos governamentais.

Nos estados, os governos recompõem seu secretariado, seja porque muitos secretários se desincompatibilizaram para concorrer às eleições, seja por conta de rearranjos eleitorais entre partidos aliados.

Segunda-feira, 7 de abril

Dilma Rousseff viaja, mais uma vez, para Minas Gerais, cumprindo agenda oficial.

Terça-feira, 8 de abril

A Câmara dos Deputados inicia sua semana de esforço concentrado para a votação de uma série de matérias para desafogar a pauta, congestionada há mais de seis meses. Mais de 100 assuntos diferentes foram listados pelos líderes, mas a lista de consensos é bem menor. Na Câmara, trancam a pauta três medidas provisórias e um projeto de lei com urgência constitucional. Na pauta, a proposta que enquadra a corrupção na lista de crimes hediondos (PL 5900/13); o fim do auto de resistência (PL 4471/12); quatro propostas da CPMI da Violência contra a Mulher (PLs 6293/13, 6294/13, 6295/13 e 6296/13); e a regulamentação dos direitos dos empregados domésticos (PLP 302/13).

A Comissão/Constituição e Justiça (CCJ) do Senado se reúne para para decidir a respeito da CPI da Petrobras. Na sala 3 do Senado Federal, Ala Senador Alexandre Costa, 14h30.

Quarta-feira, 9 de abril

Ato unificado da CUT e outras centrais sindicais sob o lema “Trabalhadores unidos por mais direitos e qualidade de vida”, em vários estados.

Prazo definido pelo governo para apresentar uma solução ao problema do déficit do setor elétrico durante o período de estiagem, quando o preço da energia elevou-se além do previsto pelo uso continuado das termelétricas e pelo aumento extraordinário do consumo.

A CCJ do Senado deve decidir sobre nova proposta sobre a criação de municípios.
 
Os parlamentares correm contra o tempo para aprovar novo projeto até antes do dia 15 de abril, quando o Congresso tem que analisar o veto da presidenta feita a uma proposta anterior sobre o assunto. No mesmo dia, a Comissão vota substitutivo a projeto que proíbe doações de empresas a campanhas eleitorais.
 
Outro ponto polêmico em análise é a proposta de plebiscito sobre a alteração da maioridade penal. No Senado, sala 3 da Ala Senador Alexandre Costa, a partir das 9h.

O ministro da Educação, José Henrique Paim Fernandes, debate, no Senado, as diretrizes e prioridades da Educação. Fala também sobre a situação dos estudantes da Universidade Gama Filho e do Centro Universitário da Cidade. Na sala 15 da Ala Senador Alexandre Costa, às 10h.

A CPI da Espionagem, do Senado, apresenta seu relatório final da Comissão Parlamentar de Investigação da Espionagem. Local: sala 2 da Ala Senador Nilo Coelho.


O Senado analisa, em Comissões, a proposta que muda os critérios de indexação dos contratos de refinanciamento da dívida entre a União, estados e municípios. Estados e Municípios se mobilizam pela aprovação, que reduziria seus encargos com o pagamento da dívida. Local: sala 3 da Ala Alexandre Costa, Senado, Federal, 14h30min.




Créditos da foto: Arquivo



Os corpos das mulheres pertencem ao Estado?

9 de Abril de 2014, 22:56, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Em Torres/RS, policiais armados retiraram uma mulher em trabalho de parto de sua casa. O caso diz muito sobre a obstetrícia brasileira.

Mariana de Carvalho Oliveira e Michelle de Sá e Silva


Thamy Cabral e Thamara Lage
No país em que a obstetrícia é campeã mundial em proporção de cirurgias cesarianas, já se sabe que as mulheres que optam pelo parto natural têm que desafiar inúmeros protocolos e arraigadas práticas médicas, além de preconceitos e muita falta de informação. Mesmo quando conseguem um parto vaginal são, não raro, submetidas a um rol de violências obstétricas, sem contar as intervenções desnecessárias que seu filho sofre logo após o nascimento. A mulher não é enxergada como a protagonista do momento – muito pelo contrário, parece mero repositório.
 
Em 01 de abril de 2014, este cenário dantesco conseguiu ficar pior. Ocorreu em Torres, Rio Grande do Sul, um caso que será lembrado não apenas pela violência e pela violação de direitos nele envolvidas, mas principalmente pelo respaldo a ele dado pelas instituições do Estado. Naquela noite, uma mulher em pleno trabalho de parto foi retirada de seu domicílio e levada por dez policiais armados a um hospital, onde foi obrigada, mediante mandado judicial, a se submeter a uma cesárea indesejada e possivelmente desnecessária. Adelir Carmem Lemos de Goes, mulher empoderada que se informou e buscou superar as violências obstétricas já sofridas em partos anteriores, teve mais uma vez usurpado o direito de decidir como seu corpo daria à luz sua filha. 
 
O caso diz muito sobre a obstetrícia brasileira. E diz ainda mais sobre como o Estado e a sociedade brasileira continuam a perceber e a tratar as mulheres deste país. É curioso – e chocante – que em tão poucas horas membros de importantes segmentos e instituições – o corpo médico, o Ministério Público, a magistratura e as forças de segurança - tenham se mobilizado para tal.
 
A polêmica gerada tem um grande potencial para se perder em meio a uma guerra de argumentos médicos, que, de um lado e de outro, podem corroborar ou contrariar a afirmação de que haveria risco para mãe e filha. O fato é que, justamente porque parte do poder médico advém das informações que eles controlam e dos julgamentos que eles nos apresentam (muitas vezes sem qualquer justificativa para determinada tomada de decisão), nunca se saberá, ao certo, se o bebê estava realmente pélvico e se, mesmo que estivesse, isso oferecia um risco significativo. Por isso, este artigo lembrará apenas que, pelo menos em Brasília, não têm sido incomuns os partos naturais pélvicos, assim como os partos naturais posteriores a uma ou a duas cesáreas. Alguns deles, inclusive, realizados em domicílio, a fim de se fugir não apenas das violências hospitalares contra as mulheres, mas também das intervenções desnecessárias nos bebês.
 
Para além do que diz ou não a evidência científica, o caso choca ainda mais pela postura inabalável e resoluta dos representantes do Estado em tomar o corpo daquela mulher e forçá-la a uma cirurgia à qual ela se recusava. Choca o fato de decisão tão importante ter sido tomada em caráter liminar (apesar de terminativa) sem conceder a Adelir o exercício do contraditório e o direito de apelar a instâncias superiores da justiça. Choca o fato de uma juíza conceder liminar em caso tão grave sem questionar a posição médica, não solicitar outras opiniões e exames (que podem ser realizados rapidamente) e – mais importante- sem ouvir Adelir.
 
O dano causado é agora irreparável, uma vez que a cesárea já foi feita. Mais uma mãe que sofre por não poder conduzir o seu parto; mais uma criança que sofre por não poder nascer após um trabalho de parto que a prepare para o mundo. Foram violados direitos fundamentais, direitos reprodutivos. Foram violados princípios da bioética, que traduzem as ideias de priorização do paciente e respeito às suas opiniões. Foi violado o corpo de uma mulher.
 
Se ainda agora as opiniões médicas sobre o caso não são unânimes ou conclusivas, como pode ter se tornado a “justiça” tão rapidamente convicta de que a mulher deveria ser submetida à cesariana? E, ainda mais, por que o Estado seria detentor de melhor juízo e do direito de decidir por ela? A visão hospitalocêntrica da saúde e a percepção de que o discurso da autoridade médica é inquestionável e é o “melhor para o paciente” permeiam o imaginário do sistema de saúde brasileiro, colocando o parto como “doença” ou como “conveniência” e retirando-o totalmente do seu lugar natural que é o seio familiar e, mais precisamente, das mãos da mulher.
 
Adicionalmente, o caso coloca em evidência a percepção de que a sociedade brasileira e as instituições que a organizam ainda funcionam sobre uma estrutura profundamente patriarcal e machista, cuja lógica é de que o corpo feminino não passa de mero veículo para os herdeiros que receberão a tarefa de manter este mesmo estado de coisas. Como pode a mulher não ter direito ao seu próprio corpo e a decidir sobre as intervenções e procedimentos realizados sobre ele? Como se pode falar em dignidade humana – princípio maior da nossa Constituição Federal - quando se retira de seu domicílio, com a presença de dez policiais armados, uma mulher em pleno trabalho de parto? A sua integridade física e psíquica foi violentada; a sua autonomia sexual e reprodutiva sofreu coerção do Estado – em profunda violação à Carta Magna e a tratados internacionais. Reforça-se a ideia de que o corpo feminino é de domínio público e que a mulher não possui capacidade para decidir sobre ele.
 
Piores ainda são os prognósticos que este caso traz para o futuro. Ele gera um precedente bastante poderoso, e perigoso, para a legião de médicos que adorariam fazer apenas cesáreas, rápidas e caras, anulando o crescente movimento de mulheres que querem recuperar o direito sobre seus corpos e seus partos. Se médicos, promotores, juízes e policiais se unirem para tornar prática corrente o conjunto de violências observadas neste caso, o Brasil reforçará a sua permanência no clube internacional de violadores do direito da mulher – num percurso oposto aos países que atualmente enxergam o parto como momento único da mulher e da família, retirando-o cada vez mais do espaço hospitalar com políticas públicas de incentivo a casas de parto e a partos domiciliares. Porque cesárea forçada, mediante mandado judicial, não é uma prima muito distante de casamento arranjado, mutilação genital, e outros horrores que se veem pelo mundo.

__________________
 
Mariana Siqueira de Carvalho Oliveira é Mestre em Direito, Estado e Constituição pela Universidade de Brasília, especialista em Direito e Saúde pela Universidade de São Paulo, integrante do grupo O Renascimento do Parto, gestora governamental no Ministério da Justiça e mãe de três filhos (duas cesáreas prévias e um parto normal humanizado). 
 
 
Michelle Morais de Sá e Silva é PhD em Educação Comparada Internacional pela Columbia University (Nova Iorque), mestre em Estudos sobre o Desenvolvimento pelo Institute of Social Studies (Haia, Holanda) e graduada em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília. É gestora governamental e mãe de dois filhos (dois partos normais, tendo o segundo sido domiciliar).


Créditos da foto: Thamy Cabral e Thamara Lage



Relatório da Comissão da Verdade pode favorecer revisão da lei da anistia

9 de Abril de 2014, 22:54, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

O informe final da Comissão da Verdade, que será apresentado em dezembro, deve recomendar a judicialização dos desaparecimentos e das torturas.

@DarioPignotti
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A mentira fundacional. No dia 31 de março, Dilma Rousseff pronunciou um discurso em memória de “todos os que morreram e desapareceram” após o golpe de Estado, o qual, lembrou, está completando 50 anos. Na noite do mesmo dia, Almino Afonso, ex-ministro do Trabalho do governo constitucional de João Goulart, disse em uma entrevista televisiva que “apesar das opiniões majoritárias a realidade é que a derrubada do presidente João Goulart ocorreu em 2 de abril de 1964 e não no dia 31 de março, como dizem os militares, nem no dia 1º de abril”. Há historiadores para os quais o movimento golpista que destituiu Jango ocorreu dia 31 de março, enquanto outros sustentam que foi no dia 1º de abril, coincidindo com o Dia da Mentira.

O fato de que até hoje o início da ditadura se preste a controvérsias deste tipo é uma anomalia brasileira, inimaginável em outros países que foram vítimas de ditaduras, como Argentina ou Chile, onde até o cidadão menos informado sabe que os golpes ocorreram em 24 de março de 1976 e em 11 de setembro de 1973, respectivamente.


O caso brasileiro é único. Consistiu em extirpar a existência da ditadura do imaginário coletivo por meio de vários dispositivos com o objetivo de garantir a impunidade mediante uma lei de autoanistia promulgada em 1979 e ratificada em 2010 pelo Supremo Tribunal Federal, que a caracterizou como uma medida de "reconciliação nacional". Ou em esconder, nos grandes meios de comunicação dominantes, informações sobre as violações de direitos humanos.

As investigações não são usuais e geralmente são publicadas somente em aniversários, como aconteceu nesta semana. O pressuposto é de que entre 1964 e 1985 o país foi governado por uma "Ditabranda", em que não eram poucos os generais de convicções republicanas, segundo editorial publicado anos atrás pela Folha de S.Paulo. Seguindo essa mesma linha de interpretação, o Brasil teria sido o sócio minoritário, quase acidental, da Operação Condor. 

A realidade se choca com essa revisão complacente. A ditadura imaginariamente moderada deixou o governo em 1985 com eleições realizadas sob a tutela das forças armadas, que nunca aceitaram se submeter ao poder civil -- o qual continuam desafiando. Em 2010, membros da alta cúpula ameaçaram renunciar para demonstrar seu descontentamento com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva por um projeto que contemplava a criação da Comissão da Verdade. E há quatro meses se permitiram agir com desplante diante de Dilma, quando ficaram de braços cruzados enquanto o público a aplaudia em um ato de reparação histórica a João "Jango" Goulart. 

Nem Pinochet, em seus delírios de perpetuação no poder, teria imaginado que os militares chilenos poderiam desafiar as autoridades civis como fazem (agora menos do que antes) seus colegas brasileiros que, na semana passada, evitaram emitir uma nota de repúdio ao golpe. 

Alguma coisa sai do lugar
  
No final dos anos 60, Dilma Rousseff, codinome de guerra "Wanda", pegou em armas contra o regime até sua captura e tortura em 1970. Deixou a prisão em 1973, retomou os estudos de economia e, anos mais tarde, a militância. Filiou-se ao PT e, em 2011, assumiu o governo e prometeu e cumpriu que seu novo combate seria pela memória e pela verdade. Sempre expressou rejeição à impunidade, mas nunca prometeu fazer justiça na primeira gestão de seu governo, que terminará em 31 de dezembro deste ano.

"Embora nós saibamos que os regimes de exceção sobrevivem sempre pela interdição da verdade, pela interdição da transparência, nós temos o direito de esperar que, sob a democracia, se mantenha a transparência, se mantenha também o aceso e a garantia da verdade e da memória e, portanto, da história", afirmou Dilma Rousseff em 31 de março durante a cerimônia no Palácio do Planalto. "Aliás, como eu disse quando instalamos a Comissão da Verdade, a palavra 'verdade' na tradição ocidental nossa, que é grega, é exatamente o oposto do esquecimento e é algo tão forte que não dá guarida para o ressentimento, o ódio, nem tampouco para o perdão". 

No texto lido por Dilma, se reconhece a contribuição de dirigentes centristas que, nos anos 80, participaram da transição negociada com os generais, o que alguns jornais conservadores interpretaram como um sinal de aprovação da autoanistia, pilar da impunidade.

Como em todo discurso de Estado, existem várias leituras possíveis, entre as quais a mais correta  seria a de que Rousseff está empenhada com a verdade, e que acredita em progredir em direção à Justiça com a sensibilização da opinião pública que, em 46%, rejeita a autoanistia, segundo pesquisa divulgada na semana passada. 

Uma alta fonte da Comissão da Verdade disse à Carta Maior que "seguramente" o informe final, apresentado em dezembro, "recomendará a judicialização dos desaparecimentos e das torturas, que são crimes imprescritíveis, e avaliamos que este poderá ser um fator capaz de sensibilizar o Supremo Tribunal Federal".

Traduzindo: os membros mais dilmistas da organização trabalham (segundo instruções presidenciais) com objetivo de tornar o documento um passo prévio ao início da Justiça.

Soma-se a isso a crescente pressão internacional com as demandas da Corte Interamericana de Justiça e de Anistia Internacional, que acabou de começar uma campanha pelos julgamentos.

Condor

O ex-correspondente do Washington Post no Chile nos anos 70, John Dinges, viajou a São Paulo para falar da Operação Condor e, ao tratar da participação brasileira, disse que "provavelmente foi muito mais importante do que pensávamos antes. Documentos mais recentes nos fazem pensar que aqui fizeram realmente coisas sérias. Não posso afirmar nada definitivo até estar respaldado por mais papéis".

Dinges declarou à Carta Maior que os militares sul-americanos, inclusive os brasileiros, tiveram uma vitória militar através da Operação Condor, mas tiveram uma derrota política que começa "a ser percebida pouco a pouco".

"No Brasil, os pactos de silêncio militares parecem continuar de pé, mas é muito difícil manter essa cumplicidade depois de muitos anos em vários países, e a Condor envolveu vários países, isto muda em alguns momentos".

Dinges manifestou interesse em conhecer mais detalhes sobre a recente abertura de um processo por parte do promotor argentino Miguel Angel Osorio sobre a morte de João Goulart em 1976, em Corrientes, o que a família do ex-presidente atribui a um possível plano orquestrado no marco da Condor.

O especialista norte-americano considera improvável a hipótese de envenenamento, mas acredita que a Justiça argentina pode jogar luz sobre a atuação brasileira na coordenação repressiva.

"Não tenho em meu poder nenhum documento que sequer insinue isso [assassinato], mas isto não me impede de estar interessado... Se alguma coisa sobre Goulart fosse descoberta... Isso sim seria uma revelação explosiva e modificaria algumas ideias que temos até agora sobre a Condor".    

Tradução: Daniella Cambaúva


Créditos da foto: Arquivo



Polícia trata cidadão como potencial inimigo, como na ditadura, diz coronel

9 de Abril de 2014, 22:50, por Desconhecido - 0sem comentários ainda


Fabiana Maranhão
Do UOL, em São Paulo

  • Junior Lago/UOL
    O tenente-coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo Adilson Paes de Souza critica a violência policial
    O tenente-coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo Adilson Paes de Souza critica a violência policial
As polícias, em especial a Polícia Militar, tratam atualmente parte da população brasileira como um potencial inimigo, assim como acontecia nos anos em que vigorou a ditadura militar no país (1964-1985). A avaliação foi feita pelo tenente-coronel reformado da PM de São Paulo Adilson Paes de Souza em entrevista ao UOLLeia a entrevista na íntegra.
"Eu creio que determinadas pessoas, com determinado histórico de vida, que vivem em determinadas regiões, onde o índice de criminalidade é alto, são tidas como potenciais inimigos da sociedade. Existe a lógica do conflito, do confronto", analisa o policial que criticou a violência policial em seu livro "O Guardião da Cidade".
A publicação é fruto de um mestrado que ele fez na USP (Universidade de São Paulo). Poucos anos antes de se aposentar, ele decidiu estudar o tema que o incomodou durante os 30 anos em que esteve na corporação. "Eu queria saber por que a PM apresentava índices altos de violência em comparação com todas as polícias do mundo. Por que números elevados?", se questionava.
O livro traz o depoimento de quatro ex-PMs que foram presos por homicídio, cumpriram pena e foram expulsos da corporação. Em comum, eles têm o discurso de que "bandido bom é bandido morto".
Outro lado
  • Falar em inimigos seria cômico se não fosse terrível, afirma PM-SP 
"Um deles falou: trabalhar na rua é estar em um campo de batalha, e em um campo de batalha você trabalha com a questão do inimigo. Não peça para eu interceder pela vida do inimigo. Ou eu o elimino ou ele me elimina", relata o tenente-coronel.
Paes de Souza explica que durante o regime ditatorial, o Estado considerava como "inimigo" os "subversivos, terroristas e militantes de esquerda, que deviam ser combatidos e até mesmo eliminados".
"Com a dita redemocratização do país, o inimigo passou, não é mais o subversivo, passou a ser determinadas pessoas de determinadas classes sociais que habitam determinadas regiões do país ou determinadas regiões das grandes metrópoles. Houve essa transferência do inimigo interno", avalia.

Violência policial

O reflexo dessa visão de que o cidadão é um potencial inimigo do Estado está nas ruas. A polícia brasileira é uma das que mais matam no mundo e cenas de violência policial se repetem a cada manifestação popular.
Em dez anos, entre 2003 e 2012, ao menos 18 mil pessoas foram mortas pelas polícias em todo o país, segundo pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Mas esse número certamente é maior já que nem todas as secretarias de segurança forneceram dados sobre a letalidade policial em seus Estados ao longo desse tempo.
"Em uma breve comparação com dados internacionais, verificamos que as polícias brasileiras matam mais do que a de países com índices de criminalidade similares, ou até piores que o brasileiro, como é o caso de México, África do Sul e Venezuela", analisam pesquisadores do fórum.
Entre junho e dezembro do ano passado, cerca de 1.700 pessoas foram detidas em manifestações no país. De junho de 2013 até o começo de abril, em torno de 20 morreram durante protestos, de acordo com levantamento realizado pela ONG Justiça Global. Segundo a mesma entidade, nenhum policial foi responsabilizado por possíveis abusos nesse período.

Heranças da ditadura militar

Essa violência policial observada nos dias de hoje é herança do regime militar, na opinião do tenente-coronel Adilson Paes de Souza. Segundo ele, o sistema de segurança pública atual "é o mesmo da ditadura", que ainda se guia pelo que preconiza a doutrina de Segurança Nacional. Surgida nos Estados Unidos no contexto da Guerra Fria, a doutrina segue a lógica de que há sempre um inimigo e que ele deve ser combatido para proteger a sociedade.
"A doutrina de Segurança Nacional foi implantada para dar suporte ao regime militar, sobreviveu ao dito processo de redemocratização, e está presente até hoje.[...] O discurso de que 'bandido bom é bandido morto' é um eco da doutrina de Segurança Nacional", afirma.
Outro "legado" deixado pelo regime ditatorial, na visão do tenente-coronel, são os chamados 'autos de resistência' ou 'resistência seguida de morte'. O dispositivo livra o policial de ser preso em flagrante por homicídio em caso de morte durante ação policial. Criado pelo então Estado da Guanabara em 1969, o 'auto de resistência' é usado até hoje para justificar mortes que muitas vezes têm características de execução.
Em dezembro de 2012, o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, ligado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, publicou uma resolução recomendando que os Estados troquem os termos usados atualmente por 'lesão corporal decorrente de intervenção policial' e 'morte decorrente de intervenção policial', para que os crimes passem a ser investigados e os culpados, punidos.
As secretarias de segurança pública do Rio de Janeiro e de São Paulo publicaram em janeiro do ano passado portarias que determinam o fim do 'auto de resistência'. Os demais Estados, no entanto, ainda usam o dispositivo.
O projeto de lei 4.471/12, de autoria do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), quer regulamentar os 'autos de resistência', obrigando que os homicídios cometidos por policiais em serviço sejam investigados.
"Como os policiais têm essa proteção, sem uma investigação séria, [o auto de resistência] acaba sendo uma autorização para matar. É um entulho autoritário, uma herança da ditadura que sobreviveu até hoje por conta do lobby dos maus policiais, e nós temos de acabar com isso", afirma o deputado federal. A matéria foi aprovada em todas as comissões da Câmara e pode ser votada no plenário da Casa a qualquer momento.
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Polícia pelo mundo

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BRASIL - A polícia brasileira é dividida entre a militar, que é responsável pelo policiamento ostensivo, e a civil, que se encarrega das investigações dos crimes. As duas atuam nos Estados. O país também possui a Polícia Federal, de caráter civil e atuação nacional Ricardo Moraes/ Reuters

Desmilitarização

Paes de Souza acredita que mudanças na legislação são necessárias para reduzir a violência policial. "É preciso fazer uma revisão de todos os dispositivos gestados, criados na ditadura, e vigentes até hoje porque senão eu crio uma estrutura, mas os dispositivos que informam seu funcionamento estão lá atrás e estão vigendo, que é o caso do 'auto de resistência'", diz.
O tenente-coronel vai além e defende uma questão polêmica: a desmilitarização da polícia. Uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional nº 51), de autoria do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), propõe que a Polícia Militar seja desvinculada das Forças Armadas e a carreira policial passe a ser única.
"Desmilitarização não é só mudança de nome, é muito mais complexo. Eu me filio à corrente que desmilitarizar é criar uma nova polícia, compatível com os valores democráticos, dentro do estipulado pelo estado democrático de direito, uma organização em que seus membros sejam efetivamente valorizados e que sejam majoritariamente reconhecidos pela população", defende Paes de Souza.
O tenente-coronel afirma, no entanto, que é preciso além da mudança de legislação e da própria desmilitarização: "desmilitarizar e não haver um controle efetivo e uma gestão transparente vai gerar expectativa e pode não gerar os resultados desejados", conclui.