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Democracia 2.0 precisa ser democracia real

23 de Maio de 2013, 21:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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24-05-2013_Conexoes-Globais

O futuro da democracia na era da internet foi o tema do segundo debate do Conexões Globais, que começou nesta quinta-feira (23) na Casa de Cultura Mario Quintana. Representantes de iniciativas inovadoras, que vêm sendo desenvolvidas no Brasil e no mundo, debateram as possibilidades da chamada “democracia 2.0” e a necessidade de haver uma conexão com a realidade concreta das populações e um diálogo com a política tradicional.

Assessora da Secretaria de Relações Públicas do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Victoria Esser participou via internet e relatou as experiências desenvolvidas pelo governo estadunidense no sentido de conhecer os problemas dos países e propor soluções dialogadas com a população. “As redes sociais não proporcionam apenas uma forma de conversar com outras pessoas, mas solucionar concretamente problemas que existem nas comunidades”, afirmou.

Foi o gancho para o mediador Daniel Bittencourt, coordenador do curso de Comunicação Digital da Unisinos e um dos fundadores da plataforma Porto Alegre.cc, questionar os demais debatedores sobre a existência ou não de fronteiras entre democracia digital e democracia “real”. “Existe a interação e a participação em diferentes esferas, inclusive a digital. Até quando vamos ter que dizer que o que fazemos não é apenas digital?”, questionou.

Para Ricardo Poppi, coordenador de Novas Mídias e Outras Linguagens de Participação da Secretaria-Geral da Presidência da República, o conceito de democracia 2.0 precisa ser ampliado para não se limitar a uma questão de tecnologia, mas de metodologias participativas.

“Não estou falando apenas de tecnologia, mas de metodologias de colaboração que dependem de conhecimento aberto, liberdade e construção coletiva, algo que os hackers já inventaram e para a qual temos de olhar seriamente, inclusive os governos, para construir a nossa democracia, que não é necessariamente digital, mas que se inspira muito nessas técnicas”, afirmou Poppi.

O coordenador executivo do Gabinete Digital do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Fabrício Solagna, lembrou as manifestações recentes ocorridas em Porto Alegre, que resultaram em diálogos com o poder público, como demonstração de que existe uma nova efervescência política que dão nova cara à democracia.

“Não é possível pensar a democracia no início do século 20 sem a possibilidade de a população eleger seus representantes. O que caracteriza a democracia do nosso tempo é a capacidade de termos um Estado que seja aberto a construir públicas de forma colaborativa, através das multidões interessadas na participação. A apatia não é uma característica desse tempo”, destacou.

Integrante do conselho que elaborou a proposta para a nova Constituição da Islândia, com ampla participação dos cidadãos via internet, Eiríkur Bergmann, que está em Porto Alegre para o Conexões Globais, destacou a necessidade de um maior diálogo entre a política tradicional e as novas formas de participação. Se foi a falta de diálogo da política tradicional com a sociedade que levou os cidadãos islandeses, no esteio da crise econômica, a proporem uma nova Constituição, a falta de diálogo no sentido contrário teria sido um dos motivos a impedir que a “Constituição colaborativa” fosse aprovada no Parlamento.

“Esses espaços de participação, que se sustentam em diálogos abertos, também precisam estar em diálogo com o establishment e com os políticos para que tenham sucesso. A bancarrota da Islândia ocorreu justamente por essa falta de diálogo entre os partidos e a sociedade”, ressalvou o professor islandês.

A participação via internet do escritor britânico David Thorpe, que trabalha no Gabinete Digital do Reino Unido, foi interessante porque trouxe a visão de um governo digital como prestador de serviços rápidos à população.  “Os serviços digitais do governo buscam estar de acordo com as necessidades das pessoas, incluindo perguntas de satisfação aos cidadãos que pagam impostos. Todas as estratégias digitais estão disponíveis e em linguagem clara. A abertura e a transparência são o coração deste sistema. E a satisfação das pessoas é maior, elas percebem que é mais fácil e rápido completar as tarefas”, relatou.

Ricardo Poppi questionou o governo digital baseado apenas em serviços, mas lembrou que a experiência britânica serve de exemplo por se basear em tecnologias abertas e sistemas transparentes. “Estão abrindo oportunidades para que essa prestação de serviços aconteça em conjunto com organizações da sociedade”, destacou.

Sobre a questão dos conflitos entre a democracia 2.0 e a democracia tradicional, Eiríkur Bergmann reforçou sua opinião de que é preciso mais convergência entre governo, partidos e instâncias de participação direta através da internet. “Cada ator tem o seu propósito e isso não pode ser visto em conflito um com outro. Este conceito é importante para o desenvolvimento deste novo conceito de democracia”, finalizou.

Em sentido parecido, Fabrício Solagna defendeu que a participação popular seja valorizada, por mais pontual que seja. “Os governos precisam abrir espaços de participação e de formulação coletiva de políticas públicas. Mas para que isso serve? Para influenciar diretamente a decisão dos gestores”, completou.

Por Daniela Cassol, do Conexões Globais


Fonte: http://blogoosfero.cc/espiritolivre/blog/democracia-2.0-precisa-ser-democracia-real

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