só queria estar com você, falando alguma coisa, falando nada. poderia ser um sozinho em dois. olhando o mar e nada vendo. respirando o ar carregado de sal na borda das pedras. só queria estar com você. vazio e cheio de nada, jogando palavras mudas pra dentro de um pote cheio de caramelos. assim, perdido, entre o real e o imaginário, só queria estar com você. olhando o mundo e vendo apenas a lua, sacudida entre as paredes de concreto, enquanto as pessoas passam com seus cachorrinhos mimados na Hercílio. Outros, sacodem as sacolas nas mãos olhando o relógio no celular. ainda há tempo de chegar no terminal de ônibus do centro, entrar e sentar, e sacudir e dormir até chegar no sofá. receber um cafuné do gato, da mulher, da amante, da amiga que chorou o dia todo uma ausência e quer uma orelha para despejar suas mágoas. eu fotografo a lua entre a Hercílio e o Morro da Cruz pouco antes de uma anormalidade. assim que a imagem foi gravada em meu celular, um risco riscou a lua. de Ingleses para o Pântano do Sul, o risco durou pouco. foi uma criatura que cortou o céu azul e a lua quase completa, nadando no azul do céu, banhada pela alvura da lua. e eu aqui, só querendo falar com você. mas há tantos prédios ao redor que aqui não tem sinal. vou querer continuar falando com você!
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