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Grossas Nuvens de Sol no Guarda-chuva de Elena

27 de Fevereiro de 2015, 9:38 , por Mais Poemas e Outras Artes dos Sentimentos - | No one following this article yet.
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Pequenos tomateiros enfiados no chão arenoso, amparados por tijolos empilhados, grudados com cola, pintados de branco por onde escorre a água translúcida da chuva, observados por antigas árvores e um pássaro que grasna para a madrugada. O bem-te-vi canta de tempos em tempos, e coça e revira e arranca  penas que deixou nas estrelas do céu do Campeche. Vez ou outra aparece um João de Barro... Ah!, esses joões que cantam fora de suas casas e dentro delas se ajoelham, imperdoáveis!!! 

"Me respira, Humanidade, giram pó e cacos (de memórias e carne de braços e corações) enquanto o Sol espana com furor a total superfície do planeta (e eu aqui, olhando os tomateiros que morrem quase ao final do Verão). Sob uma pedra meio aberta, um conjunto de poemas em folhas de diversas cores sorri ao incendiar-se a partir das bordas (esvai-se o tempo e embarcado nele, a verdade). Me respira, desoxigenado Mundo (e que eu entupa todos os teus caminhos, e nessas obstruções, dilarece as verdades, transformando-as em nada), o acorrentado ao trabalho, ao possuir, à falta de tempo, gritam as letras no exato momento em que fritam e se esvaem como uma réstia de carbono (e com as letras me vou, sucumbindo ao grito que não saiu, e morrendo no fundo dos olhos que esfriam). O Homem ergue as mãos em busca de ar e céu (e no céu, os tomateiros revigoram sem tomates, enfeitando potes que ficam pelos caminhos, e em cada pote amostras de cinzas de cada ser que há-de-vir), num ato primeiro e, depois, de joelhos e rendido e acorrentado e preso às poucas palavras que ainda balbucia, recomeça: (estava na esquina, como um ás de espada, fumando um cigarro enrolado com minhas memórias sonhadas e perversas, e mais malditas, memórias sussurradas ao pé do ouvido da maldade e da manipulação e da mentira, olhava a cidade que passava em filas e eu sempre fora delas, correndo parado, estralando os ossos de tanto peso e orgulho, sem nada para carregar nos ombros e nos braços. E em cada sono, recomeça: me respira, Humanidade, para que eu possa apagar numa combinação metabólica e reiniciar imitando a voz que sussurra!)
Fonte: http://poemaseoutrasartes.blogspot.com/2015/02/grossas-nuvens-de-sol-no-guarda-chuva.html