Tinoco, nome artístico de José Pérez, era o integrante ainda vivo da mais popular dupla caipira – Tonico e Tinoco.
Aos 91 anos, era o símbolo dos pioneiros e dos veteranos da música raiz
O cantor e compositor caipira Tinoco, nome artístico de José Pérez, morreu na madrugada desta sexta-feira (04) em São Paulo. Tinoco foi parceiro de Tonico na dupla caipira mais popular do Brasil. Internado no Hospital Municipal Doutor Ignácio Proença de Gouvêa nesta quinta-feira, na Mooca, o cantor, que já estava com a saúde frágil, faleceu por insuficiência respiratória.
Um dia antes de passar mal, na quarta-feira (02), Tinoco gravou sua última participação na TV ao lado da cantora Inezita Barroso em uma homenagem do programa Viola, Minha Viola, da TV Cultura. Aos 91 anos, ele foi lembrado em vida por grandes convidados. O repertório da dupla Coração do Brasil foi cantado por Divino e Donizete, Duo Glacial, Mazinho Quevedo e Adrielli, além de Ivan Lobo e Vitor César. O programa inédito ainda será exibido.
“Tinoco é tudo. Ele e o irmão foram os grandes nomes da música caipira. As músicas deles encantaram o país inteiro. O sucesso deles influenciou todos homens e mulheres do campo. Aliás, eles ultrapassaram essa barreira e fizeram muito sucesso na cidade. É uma música verdadeira, que vinha do coração. Tinoco era simples, humilde, alegre e genial”, diz Inezita Barroso.
A história de 32 anos do Viola, Minha Viola, na TV Cultura, é marcada por Tinoco. Entre tantos programas com a participação da dupla, Tinoco participou do primeiro em abril de 1980 e do mais recente, gravado nesta primeira semana de maio de 2012.
No primeiro, ao lado dos saudosos Moraes Sarmento e Nono Basílio, a dupla cantou sucessos da carreira e a pouco conhecida “Viola no teatro” (Tonico/Caetano Erba). No último, Tinoco presenciou os convidados cantando seus sucessos e participou em coro com todo elenco na cana-verde “Moreninha Linda” (Tonico/Priminho/Maninho).
Tinoco estava alegre e brincou com todos os convidados. Entre seus comentários, Tinoco reafirmou que sua parceria com o irmão não tinha inventado nenhuma novidade na música caipira. “A música vinha de dentro”, disse ao apontar para o coração.
A dupla
Formada por dois irmãos nascidos na região de Botucatu (SP), a dupla Tonico e Tinoco trabalhava no campo e foi influenciada pelos discos da série caipira do produtor Cornélio Pires. Na adolescência, compraram uma viola e passaram a cantar em serenatas, festas e bailes da região.
Em 1943, foram para São Paulo, onde participaram de programas de calouros no rádio, sem sucesso. Só mais tarde, por meio de um concurso promovido por Capitão Furtado na Rádio Difusora, ganharam o primeiro lugar, com a música “Adeus, Campina da Serra” (R. Torres/C. Pires). Por sugestão do próprio Capitão Furtado, adotaram o nome artístico Tonico e Tinoco.
O primeiro disco veio em 1944, com o cateretê “Em Vez de Agradecer” (Furtado/J.Martins/Aimoré). Os primeiros sucessos vieram com “Percorrendo o Meu Brasil”, “Cana Verde” e “Canoeiro”. Tonico e Tinoco tornaram-se uma das duplas sertanejas mais populares e tradicionais do Brasil, participando de seis filmes e fazendo shows por todo o Brasil.
Algumas de suas músicas mais populares são “Chico Mineiro”, “Moreninha Linda”, “Mourão da Porteira”, “Tristeza do Jeca”, “Boiada Cuiabana”, “Canta Moçada”. A carreira da dupla Tonico e Tinoco já havia se encerrado em 1994, com a morte de Tonico (João Salvador Pérez). Tinoco seguia carreira solo. Em 2012, completaria 67 anos de carreira.
Repercussão
“Tinoco foi um presente para os brasileiros. Ele e o Tonico foram os maiores entre os caipiras.” (
Aninha, do Duo Glacial)
“Tinoco vai ao encontro de seu irmão para as cantorias no céu. Vozes irmãs que engrandeceram a música brasileira e que marcaram para sempre a música caipira.” (Roberto Correa, violeiro)
do site da TV Cultura
0sem comentários ainda
Por favor digite as duas palavras abaixo