Ir para o conteúdo

Assembleia Popular do Brasil

Voltar a Blog AssembleiaPopular.Org
Tela cheia Sugerir um artigo

O problema dos rolézinhos é realmente a quantidade?

14 de Abril de 2014, 20:12 , por Rafael Pisani Ribeiro - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
Visualizado 28 vezes
Licenciado sob CC (by-nc-sa)

 

 

O texto anterior  "Que tal um rolezinho?"[1] tratou dos supostos furtos e roubos nesses eventos. Esse vai tratar do preconceito sobre seus participantes e sobre o próprio rolézinho, mas antes é preciso analisar o contexto da acusação. Muitos comentários que tem o objetivo de confirmar ser um problema o rolézinho se apóiam nesses supostos furtos. Considerando o texto anterior  “Que tal um rolézinho?” é possível perceber outra função dessa idéia, que não é a de serem verdadeiros, mas sim apoiar a própria opnião. Essa situação gera uma crença de que as idéias são verdadeiras, inquestionáveis e, portanto, absolutas, o que é por si só um problema. Assim aparece outra questão: o problema dos rolézinhos é realmente  a quantidade?

Sendo Shoppings propriedade privada as regras são as mesmas aplicadas a propriedade privada, portanto é como a lógica de que podemos impedir um estranho de entrar em nossa casa mas ninguém, legalmente falando o pode impedir de sentar em um banco de uma praça pública. Nesse contexto dano, roubo produzir pânico ou tumulto e furto ao patrimônio são delitos, portanto se algum sujeito fez isso em um Shopping cometeu um delito. [2] No outro extremo racismo é crime, portanto impedir um sujeito de exercer seus direitos por sua raça, cor ou etnia é racismo. Existem ainda as relações com os próprios lojistas e a regra de direito público que qualquer sujeito pode entrar ali, seja pra comprar ou apenas olhar e sob essas condições existe um Shopping. O rolézinho se encontra no meio desses dois extremos, já que não é racismo discriminar baseado em poder aquisitivo, classe social ou local de residência. Restaurantes de luxo, empresas aéreas, bancos etc... tem para clientes com maior poder aquistivo tratamentos diferenciados. O problema é que o julgamento está passando a ser pela cor ou etnia do sujeito, tendo aparência de pobre e, portanto, sendo impedido de entrar. Nisso fica estabelecido um padrão de “vestimenta adequada”, sendo uma incógnita uma vestimenta adequada. Por outro lado os donos do Shopping tem de providenciar segurança aos lojistas, tomando providencias para evitar tumultos e badernas inclusive retirando a presença de arruaceiros no local. A maior dificuldade é que manter a ordem e impedir ou dificultar a entrada de jovens negros e pardos e vestidos de determinada maneira estão se igualando, aonde se esbarra novamente no racismo. Apesar de o Shopping ser um espaço privado se tornou essencialmente público e isso é um problema legal.[3] Isso predispõe a necessidade de um público específico com comportamentos e vestimentas específicas, mas com um alvo: o consumo. Esse público se encontra na classe A e B, a nova classe média chamada de classe C. [4] Esses comportamentos fazem parte de uma cultura considerada correta e aceitável, incluindo nisso músicas do MPB e outras, mas com certeza exclui o Funk. Portanto, Shows ao vivo de MPB são aceitáveis no Anália Franco [5] mas não vários jovens cantando Funk. [6] Pode ainda ser considerado um problema  porque “rouba” o direito exclusivo de consumo da classe média.  Agora aparece outra questão: como a propaganda de consumo atinge a todos?

Traz o consumo como objetivo, algo a ver com a felicidade e não distingue classe social. Assim atinge desde aqueles capazes de alcançar o padrão desejado  e outros que nem chegam perto, justificando a frase “sonho de consumo”. Ela significa algo que o sujeito quer mas não pode consumir, portanto varia de sujeito e classe social. A pergunta final: o que tem isso a ver com os rolézinhos?

Os sujeitos participantes são da classe excluída da sociedade de consumo e são adolescentes, portanto existe também um elemento  identitário[7] e uma tendência grupal que motivam os rolézinhos. [8]Assim algo a ver com socialização. Além disso, são jovens que ostentam o consumo influenciados também pelo funk ostentação[9] ou aumentaram suas possibilidades de consumo. Sobre a quantidade, em um local com capacidade para 10.000, 6000 representa 60% do todo e ainda que incomum é quantidade aceitável.

Imaginemos que o mesmo evento fosse realizado por torcedores do corinthias em dias de jogo [10] ou por torcedores da copa ou ainda por jovens de classe média-alta? O que mudaria se esses jovens aderissem ao movimento? Aliás, na copa público muito maior vai ser ostentado e não há criticas do tipo. Com certeza a reação não seria a mesma, mas isso já é outro debate. A pergunta que fica é: o problema é a quantidade, o preconceito ou o roubo do direito exclusivo de consumo da classe média[11]?

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 

Escrito por: Rafael Pisani

 

Observação: No servidor anterior foi postado no dia 27/01/2014 as 19:04. Foi atualizado no mesmo dia as 23:56 com adição de: 

 

  1. "Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

 

  1. Escrito por: Rafael Pisani" e no dia 28 01 2014 as 23:12 com alteração da palavra “fazer” do trecho Esses comportamentos fazem parte de uma cultura considerada correta e aceitável, incluindo nisso músicas do MPB e outras, mas com certeza exclui o Funk.”para “fazem”além da inclusão da referência http://top10mais.org/top-10-maiores-shoppings-do-brasil/ na nota de rodapé 5, alteração das palavras “JK IGUATEMI” no trecho “Portanto, Shows ao vivo de MPB são aceitáveis no JK IGUATEMI[12] mas não vários jovens cantando Funk.” para “Anália Franco”.

Houveram as seguintes alterações nesse servidor:

1.       Retirada do termo “ou ostentam” do seguinte trecho “Assim algo a ver com socialização. Além disso, são jovens que ostentam ou ostentam o consumo influenciados também pelo funk ostentaçãoou aumentaram suas possibilidades de consumo.”

2.       Alteração da nota de rodapé 1 de “http://www.verdadeoumentira-mentiraouverdade.blogspot.com.br/2014/01/que-tal-um-rolezinho.html” para “http://blogoosfero.cc/verdadeoumentira/verdade-ou-mentira/que-tal-um-rolezinho

 

 

http://blogoosfero.cc/verdadeoumentira/verdade-ou-mentira/que-tal-um-rolezinho

Referencias:

Disponível em: http://direito.folha.uol.com.br/1/post/2014/01/rolezinho-shopping-espao-pblico-ou-privado.html . UOL/ http://direito.folha.uol.com.br . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

Disponível em: http://psitendenciagrupal.blogspot.com.br/p/o-afastamento-familiar-tendencia-grupal.html . psitendenciagrupal/ http://psitendenciagrupal.blogspot.com.br  . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

 

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/crianca-e-adolescente/desenvolvimento-e-aprendizagem/busca-identidade-adolescencia-jovem-puberdade-538868.shtml . Ana Rita Martins/ http://revistaescola.abril.com.br  . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

Disponível em: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/rolezinho-quando-o-funk-ostentacao-torna-se-ameaca/ . Eliane Brum/ http://outraspalavras.net . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

Disponível em: http://top10mais.org/top-10-maiores-shoppings-do-brasil/ . TOP10MAIS/ http://top10mais.org . Data de acesso 28 de janeiro de 2014

Disponível em: http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-01-17/rolezinho-de-protesto-se-espalha-mas-nao-atrai-movimento-original.html  . IG/http:/ http://ultimosegundo.ig.com.br . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

Disponível em: http://www.sae.gov.br/novaclassemedia/?page_id=58 . GOV/ http://www.sae.gov.br . Data de acesso 26 de janeiro de 2014

 



[2] Trecho utilizado no texto “Que tal um rolézinho?”

[4] Fonte das classes A, B e C: http://www.sae.gov.br/novaclassemedia/?page_id=58

[12] Pegar fonte de Show ao vivo no JK IGUATEMI


Fonte: Rafael Pisani Ribeiro

0sem comentários ainda

    Enviar um comentário

    Os campos realçados são obrigatórios.

    Se você é um usuário registrado, pode se identificar e ser reconhecido automaticamente.

    Cancelar