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A tática das elites é a mesma em todo o continente latinoamericano

10 de Outubro de 2013, 4:22 , por Bertoni - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Pessoas próximas me chamam atenção: não adianta mandar textos longos para os "coxinhas", pois estes só leêm as manchetes do Estadão, da Folha de SP, do Globo, da Veja e das replicadoras desses escritos, ou ainda só assistem os comentaristas do sistema Globo de TV, seus canais abertos ou fechados.

Geralmente, não leem nem o conteúdo desses meios de comunicação e absorvem os chavões acusatórios dos comentaristas da Globo. Se sentem bem informados e em qualquer debate repetem o bordão de 64: "Ladrões", "corruptos", "ninguém presta por isso não participo da política" e por aí vai.

Mal sabem, que é exatamente isto que a elite e estes meios de comunicação querem: povo despolitizado e desorganizado.

No máximo... participar de mobilizações, principalmente se as mobilizações servirem aos seus propósitos de derrubar governos eleitos pelo povo, como fizeram na derrubada do João Goulart. Assim desqualificam os eleitores, indiretamente, e a ditadura do rei mercado voltará a imperar.

Portanto, não se aborreçam, caso enviem o texto abaixo, do Emir Sader, para algum "coxinha" e obtenham como resposta alguns desaforos, através dos chavões acima mencionado.

Gostaríamos de debate mais profundos, civilizatórios, porém como democratas, que somos, vamos ter que conviver com este padrão, enquanto não democratizamos a mídia neste continente.

Fraternais saudações

Luizinho

 

TODOS CONTRA A DILMA

Emir Sader

O fenômeno tem se repetido – na Bolívia, na Argentina, no Equador, no Brasil. Setores que saem dos governos – ou que sempre tinham se oposto – supostamente pela esquerda, percorrem uma trajetória que os leva a se situarem como oposições de direita.

Evo Morales, Rafael Correa, os Kirchner, Lula e Dilma – teriam “traído”. E seriam piores que outros contendores, porque seguiriam fingindo que defendem as mesmas posições que os projetaram como grandes líderes nacionais. Por isso tem que ser frontalmente combatidos, derrotados, destruídos, sem o que os processos políticos seguiriam retrocedendo e não poderia avançar.

Foi assim que setores que eram parte integrante do governo de Evo Morales declararam que ele é o inimigo fundamental a combater, porque teria “traído” o movimento indígena. Daí a proposta de uma frente nacional contra ele, que incorporaria a todos os setores opositores, não importa quão de direita sejam.

A mesma coisa com Rafael Correa. Teria “traído” a defesa da natureza e se passado a um modelo extrativista, tornando-se o inimigo fundamental a combater. Daí que setores que se reivindicam porta-vozes dos interesses dos movimentos indignas e ecologistas, se aliam expressamente à direita, para combater a Correa.

Na Argentina, os Kirchner teriam “traído” o peronismo, daí setores que faziam uma critica de esquerda ao governo – expressados, por exemplo, no peronista Pino Solanas – se aliam a setores de direita – como Elisa Carrió, entre outros -, para combater ao governo de Cristina Kirchner.

Poderíamos seguir com a Venezuela, com o Uruguai, porque o fenômeno se repete. Para poder operar essa transição de uma oposição de esquerda a uma de direita, é preciso demonizar os lideres desses processos, que seriam, piores do que a direita, daí a liberação para alianças com esses setores contra os governos.

No Brasil o fenômeno se deu, inicialmente, com o PSol e Heloísa Helena, que abertamente fizeram aliança com toda a oposição contra o governo Lula. Com a Globo, com os tucanos, com todos os candidatos opositores, na ação desenfreada e desesperada para tentar impedir a reeleição do Lula.

Abandonaram as críticas de esquerda – sobre o modelo econômico e outros aspectos do governo – para se somarem à ofensiva do “mensalão”, sem diferenciar-se do tom da campanha da direita.

O fenômeno teve continuidade com a Marina, que repetiu de forma mecânica a trajetória da Heloísa Helena na volúpia contra o governo Lula e a Dilma, quatro anos mais tarde. O destempero faz parte do processo de diabolização, que se caracteriza sempre, também, pela ausência de qualquer tipo de critica à direita – à mídia monopolista, ao sistema bancário, aos tucanos, aos EUA.

A relação desses setores com a direita tradicional é explicita: a essa ausência de criticas à direita corresponde uma promoção explícita dos candidatos que se dispõem a esse papel: Heloísa Helena, Marina, agora Eduardo Campos.

odos contra o Evo, todos contra o Rafael Correa, todos contra a Cristina, e assim por diante. Aqui, agora, todos contra a Dilma.

Não há nenhuma duvida que o campo opositor está composto pelas candidaturas do Aécio, do Eduardo Campos, ao que se soma agora a Marina. As reuniões de Eduardo Campos com Aécio, a entrada do Bornhausen, do Heráclito Fortes, entre outros, para o PSB e o discurso “anti-chavista” da Marina, completam o quadro. Vale tudo para tentar impedir que o PT siga apropriando-se do Estado brasileiro para seus fins particulares, impedindo que o Brasil se desenvolva livremente.

Nenhuma palavra sobre o tipo de modelo econômico e social que desenvolveria caso ganhassem. Nenhuma palavra sobre o tipo de inserção internacional do Brasil. Nada sobre o papel do Estado. Silêncio sobre tudo o que é essencial, porque do que se trata é de tentar derrotar a Dilma.

Na verdade hoje a direita – seus segmentos empresariais, midiáticos, partidários – já se contentaria em conseguir que a Dilma não triunfasse no primeiro turno. O que vier depois disso, será lucro.

Em todos os países, esses setores tem sido derrotados fragorosamente. Suas operações políticas não tem dado resultados, por falta de plataforma, de lideranças e de apoio popular.

Aqui também tem acontecido isso. O PSol foi ferido de morte por suas atitudes em 2006. Marina abandona a plataforma ecológica para assumir o anti-comunismo de hoje (o anti-chavismo) e se somar à política mais tradicional, sem sequer ter conseguido as assinaturas para registrar seu partido.

Termina no Todos contra a Dilma, cada um do seu jeito, mas com o objetivo comum. Esse cenário político tem Evo, Correa, Cristina, como teve a Lula e agora tem a Dilma, como referência central. Os outros são os outros, sem plataforma, sem lideranças e sem apoio popular.


Fonte: Bertoni

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