Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual
Não é preciso ser nenhum gênio para perceber que o julgamento do chamado ‘mensalão’, marcado para iniciar em 1º de agosto, será um prato cheio para a oposição demotucana fazer proselitismo na campanha eleitoral.
Para não misturar com eleições, seria mais adequado que tal julgamento tivesse sido realizado no ano passado, no início deste ano ou após o processo eleitoral. Mas o STF tem seus ritos, e se isso for sinal de independência de fatores externos, seja do calendário eleitoral, seja da ‘faca no pescoço’, tanto melhor, pois um julgamento olhando para as provas ou falta delas, ignorando a pressão publicada por aí, pode ser bastante favorável para os réus políticos, sobre quem não provas conclusivas.
Há réus políticos de partidos como PT, PP, PR, PTB e PMDB. Mas o alvo da oposição e da velha imprensa é só o PT. A exploração do tema na campanha eleitoral será inexorável e caberá ao PT traçar suas estratégias para enfrentá-la. Obviamente, parte da pauta denuncista será rebatida com as revelações que emergirem da CPMI do Cachoeira e da Privataria Tucana.
O problema, tanto para o PT como para o PSDB (os dois partidos que deverão travar os maiores embates), é que campanhas eleitorais exclusivamente denuncistas favorecem candidatos de terceira via, que correm por fora. Então ambos terão que calibrar a dose dessa pauta denuncista em muitas cidades.
É preciso lembrar, também, que em eleições municipais os efeitos das CPIs e do julgamento no STF serão menores. Os problemas locais têm peso, e quem só agride adversários, sem apresentar soluções, costuma ser rejeitado pelo eleitor.
Outro aspecto é que a velha imprensa já condenou por antecipação todos os envolvidos no chamado Mensalão. Então, talvez o longo julgamento produza tédio no eleitor, como se fosse apenas ‘homologação’ requentada de tudo o que já foi dito, em vez de produzir o efeito desejado pela oposição.
Outra estratégia ao alcance do PT é fazer do limão, limonada, diante de três cenários possíveis:
1º) Caso o julgamento conclua pela inocência da maioria dos réus, o PT sairá fortalecido do processo e em vez de fazer campanha na defensiva, poderá fazer na ofensiva mesmo quando seus adversários baterem nessa pauta. É como aqueles paredões do programa de TV BBB. Quem passa por um, volta mais forte.
2º) Caso o julgamento seja desfavorável, e parte importantes dos réus seja condenado a ponto de causar constrangimentos – o que é pouco provável –, restará ao PT explorar a contradição de seus membros responderam à Justiça, serem alcançados por ela, e pagarem pelos seus erros, mesmo quando o partido está no poder, enquanto o ‘mensalão’ tucano continua ‘blindado’, mesmo que os fatos venham desde 1998, cinco anos antes do outro ‘mensalão’.
Ou seja, “com o PT no poder as instituições funcionam.” A grande imprensa denuncia, pressiona, e a Justiça anda rápido contra governistas. Já quando a oposição estava no poder (ou ainda está no caso de vários estados), a grande imprensa não denuncia, não pressiona, e a Justiça anda lentamente.
3º) O pior cenário é o julgamento se esticar por toda a campanha eleitoral sem decisão. Neste caso, do ponto de vista eleitoral, só servirá para alimentar o noticiário com campanha negativa contra petistas (apesar de poder cansar o telespectador ou leitor), e para produzir manchetes que alimentarão o horário eleitoral gratuito das campanhas tucanas, e numa campanha ‘sanguinária’ e polarizada, a probabilidade dos dois lados perderem é grande.
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