Por Carlos Henrique Machado Freitas

Quando li hoje que a taxa de mortalidade infantil caiu 40% no país entre 2001 e 2011 e chegou a diminuir 50% na região nordeste, me lembrei de Zé Dirceu no programa Canal Livre falando que o

O PT tinha um projeto que se ficasse 20 anos no poder acabaria com a fome, com a miséria, com a mortalidade infantil, com o desemprego e com o problema da infra-estrutura no Brasil.

No dia seguinte, em um único parágrafo, a mídia brasileira sintetiza numa manchete apenas o fato de Zé Dirceu dizer que o PT tem um projeto de poder de 20 anos. Nada foi dito sobre os desempregados, os miseráveis, ou seja, nada foi dito sobre a ordem conjuntural deixada como herança por 10 anos da batuta neoliberal de FHC. A reação dos conservadores a esta frase pinçada, “de 20 anos de poder” foi de reagir contra a ordem simbólica, transformando-a em referência de indignidade. Infelizmente foi esta a “prova” que Joaquim Barbosa mostrou ser digna de acusar Dirceu de chefe de quadrilha pela sua própria ideia de “teoria do domínio do fato”.

É lamentável, não a tática da direita na utilização desta referida manchete, mas da origem pobre de Barbosa e da direção que ele tomou sem que existisse uma prova sequer contra Dirceu. Então, Barbosa, para buscar espaço condenatório a Dirceu, ele teve que, antes, condenar os avanços sociais do Brasil por ordem das velhas oligarquias e sua conhecida opressão a qualquer possibilidade de ver o povo exercer o seu direito à cidadania.