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Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados

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Tradição oral em debate

11 de Junho de 2013, 21:00 , por janaina sobrino rodolfo - 44 comentários | No one following this article yet.
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José Jorge de Carvalho, Marcelo Manzatti, Célia Corsino, Jandira Feghali, 

Marcelo das Histórias, Mestra Doci e Sérgio Bairon.

Foto: Janaina Sobrino 

Os parlamentares da Comissão de Cultura debateram com acadêmicos e representantes do Ministério da Cultura e movimentos populares, nesta terça-feira (11), as políticas estruturantes para a cultura de tradição oral no Brasil. Em audiência pública, proposta pelo deputado Evandro Milhomen (PCdoB/AP), foram discutidos o Projeto de Lei 1176/2011, que institui o Programa de Proteção e Promoção dos Mestres e Mestras dos Saberes e Fazeres das Culturas Populares, de autoria do deputado federal Edson Santos (PT/RJ) e do Projeto de Lei 1786/2011, apresentado por 24 deputados da Frente Parlamentar da Cultura, que Institui a Política Nacional Griô, para proteção e fomento à transmissão dos saberes e fazeres de tradição oral.

Os principais pontos discutidos foram a necessidade de fomento para a transmissão de saberes e a equiparação do notório saber popular com o acadêmico – no que diz respeito à tradição oral. Na concepção da representante do Ministério da Cultura e Diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Célia Corsino, “é preciso uma revisão na estrutura dos projetos para que seja possível viabilizar as políticas públicas. Um exemplo, é estabelecer um nome, seja ele mestre do saber popular ou Griô. Defendo também que haja uma equidade no incentivo dado aos mestres em relação ao meio acadêmico”.

O relator dos projetos apensados e do requerimento para audiência pública, deputado Evandro Milhomen afirmou que “é importante essa integração com a educação, para que não se perca o saber histórico”. E fez coro a Célia: “Também é preciso que um mestre receba o mesmo que um doutor, para que haja equiparação entre os saberes”, apontou.

Para o representante do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marcelo das Histórias, “a nossa pretensão nessa audiência não é disputar o conteúdo, mas o modelo de transmissão. Visto que a lei é alicerçada em políticas públicas estruturantes e o povo sabe como fazer, mas não tem os recursos governamentais necessários para executar as ações”, disse.

A presidenta Jandira Feghali endossou o debate: “Estamos discutindo uma nova estética, o reconhecimento do Estado, a valorização de uma nova pedagogia da tradição oral e a integração com a educação”, destacou a parlamentar.

Também presente, o Coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Inclusão no Ensino Superior (CNPQ), José Jorge de Carvalho, destacou que a instituição vai realizar um mapeamento cartográfico dos mestres dos saberes populares: “Colômbia, Cuba e Chile são países que já possuem essa cartografia, o que ajuda na construção de políticas públicas. Outra ação fundamental é que haja o reconhecimento pleno, inclusive no meio acadêmico do saber popular, para acabar com o racismo constitutivo”, falou.

O professor no curso de Pedagogia Griô e Produção Partilhada do Conhecimento da Universidade de São Paulo (USP), Sérgio Bairon, destacou que os mestres da tradição oral são ao mesmo tempo professores sem formação acadêmica e, devido a isso, precisam ser valorizados tanto quando os demais professores.

Na opinião do Secretário Executivo da Rede das Culturas Populares e Tradicionais, Marcelo Manzatti, o Estado precisa reconhecer as tradições orais que são discriminadas: “A realidade demonstra que os verdadeiros mestres são pessoas que estão mergulhadas em comunidades extremamente carentes”.

Emocionada por participar da mesa, a representante Nacional dos Griôs e Mestres, Mestra Doci, lembou que a lei da tradição oral nasceu de encontros realizados pelos mestres dos saberes, e por questões legislativas foi reescrita por parlamentares unidos ao movimento social: “Estamos aqui para juntar as proposições das duas leis. Artigos que tratam de fomento, projetos educativos e culturais, mapeamento dos mestres dos saberes e regulamentação da lei, são apenas alguns pontos relevantes que temos que discutir”, destacou.

Durante o debate, mais de quatro mil cartas de integrantes de movimentos sociais foram entregues ao deputado Milhomen. O colegiado ainda apreciará a matéria em sessão deliberativa.

Deputado federal Evandro Milhomen afirma que é preciso respeitar a tradição oral 

 

Deputado federal Edson Santos afirma que seu projeto trata da valorização da cultura popular  

 

Mestre Elias conta a história do Mamulengo e pede a aprovação das propostas que regulamentam a tradição oral no país 

 

Quer ver mais vídeos sobre a audiência?

Acesse:  http://www.youtube.com/user/comculturanacamara

 

Mestres dos saberes populares participam de audiência pública

Foto: Janaina Sobrino


44 comentários

  • 037822f665afd1ab87c089951e38f50e?only path=false&size=50&d=404Erminia Silva(usuário não autenticado)
    14 de Junho de 2013, 5:19

    O circo é tradição oral, os mestres circenses estão incluídos?

    A produção da linguagem circense é passada de geração a geração nos circos denominados tradicionais, através da transmissão oral dos saberes e práticas, há mais de 300 anos.
    Por favor, quero saber se os mestres circenses estão incluídos nesse debates?
    Se sim, também gostaria de participar, tendo em vista eu ser a quarta geração circense no Brasil, e doutora em história com dois livros publicados sobre todo esse processo de transmissão oral e história do circo no Brasil.
    Se não, também quero participar para que os mestres circenses também sejam incluídos.
    abraços e aguardo
    erminia silva


  • 037822f665afd1ab87c089951e38f50e?only path=false&size=50&d=404erminia silva(usuário não autenticado)
    14 de Junho de 2013, 5:22

    O que significa "usuário não autenticado"?

    Acabei de enviar uma mensagem, e ao lado de uma figura com expressão "não sei o que", "triste", ou qualquer outra coisa aparece "usuário não autenticado". O que significa isso? Minha mensagem não foi recebida? Como público sou obrigada a me "autenticar"? Por quê?


  • Semente minorFr3d vázquez
    14 de Junho de 2013, 6:29

     

    Suas mensagens foram recebidas sim. " usuário não autenticado" é o usuário que visita esta rede, mas não se cadastrou com um perfil. Convido-a a se cadastrar no link no menu ao lado e entre na comunidade, para ficar informada e mais partícipe nesta rede. Abraços, Fr3d.


  • Semente minorFr3d vázquez
    14 de Junho de 2013, 8:05

     

    Quanto a questão da oralidade, esse é um debate que foi pautado na última audiência. Aguardemos o parecer do relator quanto o assunto, e sugiro inclusive que acompanhe o processo junto ao mesmo. O relator, se não me engano, é o Dep. Evandro Milhomen - www.​cama​ra.l​eg.b​r/in​tern​et/D​eput​ado/​dep_​Deta​lhe.​asp?​id=7​4345


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