A expressão Participação Social, acrescentada ao título da 11ª Oficina de Inclusão Digital (OID), este ano, não se limitou a qualificar a natureza do maior evento de inclusão sociodigital do país, realizado desde o ano 2001. A participação social efetivou-se, pra valer. Primeiro, pela própria realização do evento, fruto do esforço das instituições organizadoras, que foram em busca de novos parceiros quando o Ministério das Comunicações (Minicom) se recusou a apoiar oficialmente o encontro, como fez por muitos anos – curiosamente, ainda que há um ano tenha sido criada, dentro do ministério, a Secretaria para a Inclusão Digital, e que o governo federal esteja se empenhando para fazer vingar o Plano Nacional de|Banda Larga, com o intuito de levar internet de qualidade e a baixo custo para todos.
“A Oficina aconteceu, apesar de todas as dificuldades”, disse Ricardo Fritsch, coordenador da Associação de Software Livre (ASL). Fristsch ressaltou que a ASL, a partir de agora, “veste a camisa” da inclusão digital, que não se faz de outra forma, senão com liberdade. Para Maurício Falavigna, da Sampa.org, a ênfase na participação social trouxe um grande enriquecimento. “Foram centenas de pessoas que fazem incusão digital, de 21 estados, reunidas para aprender, cmpartilhar, debater. E nós fizemos isso acontecer em menos de três meses, sem recursos. Temos de procurar canais para mostrar isso ao governo, mostar a força das organizações sociais. Porque a gente faz isso há muitos anos e vai continuar fazendo”.
Após três dias de palestras, debates e oficinas de que participaram gestores e monitores de 21 estados, a 11ª OID se encerrou, hoje, com o lançamento de uma carta que será encaminhada à presidente Dilma Rousseff. O documento, que será gravado em vídeo, com a leitura feita por dezenas de telecentritas, faz um balanço do cenário da inclusão digital no país, aponta os problemas do setor e faz reivindicações.
Entre as principais dificuldades, ressalta a falta de diálogo entre o governo e os movimentos sociais: “A atual crise entre os membros da sociedade civil, agentes da inclusão digital e o governo federal é fato. A criação do TeleCentros.Br foi recebida com alegria no início do governo Dilma justo por colocar, sob a batuta de uma nova secretaria no Ministério das Comunicações – a de Inclusão Digital, todos os programas e iniciativas que estavam dispersos no governo. Mas a crise instalou-se. A relação entre os ativistas que tocam os projetos de inclusão digital e o Minicom é inexistente, pela falta de diálogo e de propostas de continuidade pactuadas com seus diversos parceiros do movimento social. Vínhamos, numa construção conjunta com um governo democrático e popular, e a opção pela descontinuidade dos programas e, especialmente desse diálogo e parceria, é um retrocesso nas conquistas da participação social”.
A carta diz ainda que, ao extinguir a Rede Nacional de Formação do Programa Telecentros.BR, “o governo faz uma opção por substituir a formação em rede e contínua, solicitação antiga dos movimentos, por certificação online.O mod elo de formação em rede, colocando o foco na confecção de projetos comunitários para serem aplicados nas pontas, com desdobramentos nas comunidades, superou as expectativas do programa. Articulou as entidades, fortaleceu a cidadania, empoderou agentes comunitários, e promoveu a participação social a serviço do desenvolvimento local e de microrredes territoriais”.
No encerramento do evento, Beatriz Tibiriçá, do Coletivo Digital, anunciou que a 12ª OID começará a ser planejada ainda este ano, colaborativamente, por meio de ferramentas online disponíveis no site da OID – que também trará a prestação de contas dos recursos aplicados nesta edição. Três cidades já se candidataram para ceber a Oficina no próximo ano: Belém (PA), Foratleza (CE), Guarulhos (SP).
Fonte: Revista ARede
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