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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Software livre não nasce em árvores - Do colonialismo ao extrativismo digital

9 de Maio de 2017, 14:58, por Fr3d vázquez - 0sem comentários ainda

Artigo escrito coletivamente por Jomar Silva e colegas que reflete sobre a realidade da apropriação tecnológica no Brasil, com ênfase no papel do Software Livre, suas comunidades e usuários.

Colaboração: Jomar Silva

Data de Publicação em www.dicas-l.com.br - 06 de junho de 2011

 

Sei que muita gente que conheço e admiro vai ficar irritada com este artigo, mas acredito que já atingimos um nível de maturidade suficiente na comunidade de software livre brasileira para que possamos encarar de frente nossos próprios fantasmas. Sei também que o artigo é longo, mas acho que vale a pena a leitura. Cedo ou tarde vamos precisar fazer a reflexão aqui proposta.

Optei por escrever este artigo junto com um grupo de amigos experientes dentro da comunidade para evitar que ele seja classificado como sendo a opinião de uma única pessoa. Todos os amigos convidados já estão há bastante tempo na comunidade de software livre e todos eles já sentiram na pele os efeitos dos problemas aqui relatados. Optei por não listar seus nomes neste artigo, para que eles mesmo possam fazê-lo nos comentários.

Depois de tantos anos militando e trabalhando com software livre, fico impressionado em ver como as pessoas comumente usam o termo "a comunidade" como se ela fosse uma empresa ou coisa parecida. Muitas vezes vejo as pessoas falando da comunidade como se não fossem parte dela, como se não tivessem nenhuma obrigação em relação à manutenção dos projetos desenvolvidos de forma comunitária. Muita gente entende que ser usuário de redes sociais organizadas em torno de projetos de software livre seja o mesmo que ser membro de fato da comunidade do projeto em questão, além de acreditar piamente que todos naquela comunidade estão mesmo interessados em trollagens e críticas despropositadas.

Fazendo uma breve revisão do que aconteceu nos últimos anos na área de tecnologia no Brasil, vemos que nossa indústria de informática foi praticamente destruída no início dos anos 90, e passamos quase duas décadas sendo meros consumidores de tecnologia da informação, do hardware ao software. É a isso que chamo de colonialismo digital, pois tal como na época do Brasil colônia, acabamos consumindo tudo aquilo que os colonizadores nos empurravam. Vale lembrar aqui, que durante o início do século XIX, o Brasil chegou a "importar" um navio de patins para patinação no gelo da Inglaterra, uma vez que estes produtos estavam entupindo os estoques ingleses e precisavam ser desovados em algum lugar. Os historiadores contam que nesta época, as lâminas dos patins acabaram sendo utilizadas como facas e facões e assim fomos levando a vida: dando o jeitinho brasileiro para cumprir com nosso papel de colônia.

Durante quase vinte anos, fizemos a mesma coisa com produtos de tecnologia da informação e me lembro de ter presenciado algumas aberrações nesta época. De computadores que não suportavam o calor tropical brasileiro a softwares que invertiam completamente nossa lógica organizacional, vivemos décadas "dando um jeitinho" para as coisas funcionarem e não foram raros os casos em que tivemos que nos re-organizar para que pudéssemos utilizar as tecnologias "ofertadas". Quem aí nunca encontrou um banco de dados armazenado dentro de uma planilha com milhares de linhas ou não viu uma reengenharia quase irracional acontecer na marra por conta do ERP da moda que atire a primeira pedra.

Tamanha foi nossa aceitação do papel de colonizados, que no final da década de 90 não era raro encontrar universidades que ao invés de lecionar "Sistemas Operacionais", lecionavam "Windows NT", ou trocavam "Banco de Dados Relacionais" por "Oracle" ou "DB2" e por aí seguia a carruagem. Fui aluno em uma dessas (que aliás é uma universidade de renome e destaque em São Paulo). Me lembro que fui voto vencido quando fui debater este assunto com a coordenação do curso, pois para eles importava ensinar "o que o mercado cobrava". Pior do que ser voto vencido entre os coordenadores e mestres do curso, foi ter sido voto vencido entre meus colegas de turma, pois a imensa maioria deles estava tão acostumada com o fato de ter tudo mastigado nas mãos, que não se importava em não dominar de fato a tecnologia ou entender o que acontecia debaixo do capô. Estavam mais preocupados em "colocar no curriculum" o que aprenderam na faculdade. Amém !

Foi assim que formamos no Brasil centenas de milhares de profissionais de TI que não passavam de usuários avançados de ferramentas de software desenvolvidas fora do Brasil. Hoje, uma parte considerável destes profissionais são gestores de TI em diversas empresas públicas e privadas, e isso explica o principal motivo da resistência que encontramos no nosso dia a dia ao Software Livre dentro das organizações: a zona de conforto é grande e a inércia gerada por ela é muito difícil de ser quebrada.

É evidente que este modelo interessa às grandes empresas multinacionais de software, e confesso que hoje chego a achar graça das explicações dadas a eles sobre "o modelo". Sempre que questionadas publicamente sobre este tema, vemos as empresas se defendendo com o argumento de que geram milhares de empregos diretos e indiretos no Brasil, e que fazem "transferência de tecnologia" à indústria local, principalmente através de seus parceiros e de projetos junto à universidades.

O que vemos na prática é que a imensa maioria dos empregos diretos criados por estas empresas estão focados na área comercial e nas metas de curto prazo, e que os empregos "técnicos" costumam se concentrar em seus parceiros e solution providers, que evidentemente não têm acesso às informações detalhadas, e muito menos ao código fonte, dos produtos que "suportam" no mercado. A segurança e confiança por obscuridade é o que impera nesta seara.

Quando olhamos o trabalho feito por elas junto às universidades, vemos novamente que o foco é sim formar cada vez mais usuários avançados de seus produtos, e conseguir com isso firmar a dependência tecnológica desde na base da cadeia alimentar na indústria de TI. É muito fácil comprovar isso quando vemos "versões educacionais" dos softwares comercializados por estas empresas serem distribuídos com água dentro das universidades. Encerrou o curso e tem um software completo desenvolvido: ótimo" vamos lhe enviar a fatura em 3, 2, 1"

É importante lembrar que este modus operandi não é exclusividade de uma única empresa, mas é de fato a prática de mercado de todas as multinacionais de TI (das mais fechadas e perseguidas por todos até a "mais aberta" e idolatrada pela maioria).

Foi num cenário de total colonização tecnológica como o ilustrado acima que o Software Livre cresceu no Brasil, principalmente durante os últimos 10 anos. Eu atribuo este crescimento à vontade gigantesca de conhecer tecnologia de verdade que alguns profissionais de TI no Brasil tinham, mas conforme o movimento foi crescendo, tenho a impressão de que estes profissionais cada vez mais são raros de se encontrar e o que vemos de fato hoje, é a busca pela substituição pura e simples de um software proprietário por um equivalente livre (e não quero entrar aqui na discussão filosófica por trás disso).

Considero que seja fundamental termos no Brasil uma comunidade tão militante e ativa na publicidade e no suporte às soluções de software livre, mas infelizmente isso não é suficiente, pois deixamos de ser colonizados digitais e somos hoje extrativistas digitais.

Não exagero em dizer que hoje o Brasil tem em números absolutos a maior comunidade de usuários de Software Livre do mundo, e olha que a TI ainda não chegou a tantos lares assim no Brasil, portanto temos ainda muito a crescer. O que me deixa muito chateado é constatar que ao mesmo tempo, temos uma comunidade de desenvolvedores de software livre quase inexistente (eu mesmo conto nos dedos das mãos os desenvolvedores de "código fonte" em projetos de software livre que conheço). A dita "comunidade" é a primeira a se manifestar e apontar defeitos nos muitos projetos que "participam", mas na hora de enviar contribuições realmente significativas quase ninguém aparece.

É por isso que afirmo que vivemos hoje o extrativismo digital: encontramos uma fonte aparentemente inesgotável de recursos e estamos usando e abusando dela, sem nos preocupar com a sua manutenção. Isso pode até nos dar uma sensação de liberdade e controle do próprio nariz bem confortável, mas não nos levará a lugar algum e pior do que isso, quando a fonte se esgotar (e sim, ela pode se esgotar um dia), voltaremos à nossa vidinha de colonizados, e seremos novamente saudosistas de uma "era de ouro", tal como nossos amigos mais velhos hoje se lembram da reserva de mercado.

O que quero com este artigo é forçar uma reflexão dentro da nossa comunidade, pois é evidente que software livre não nasce em árvores, e existem pessoas trabalhando muito escrevendo código fonte por trás dos softwares livres que utilizamos no dia a dia.

Devo reconhecer porém, que somos muito ágeis e experientes em traduzir estes softwares para nosso idioma, mas todos devem concordar comigo que isso é o mínimo do mínimo que podemos fazer. Lembre-se de que teremos alcançado o sucesso pleno quando a tradução for problema dos outros !

Não consigo me contentar com isso e por isso peço a todos que façam uma séria reflexão: Quando foi a última vez que você contribuiu de verdade com um projeto de Software Livre ?

Rodando o mundo palestrando em eventos de software livre, esta é a diferença primordial que vejo entre outros países e o Brasil. Na maioria dos países, a meritocracia funciona de verdade e o reconhecimento vem na base de muito, mas muito código fonte contribuído para os projetos. Como já contei a diversos amigos, em muitos países fora do Brasil, para que você possa "tomar uma cerveja" com os líderes dos projetos de software livre, você provavelmente já trabalhou bastante construindo e depurando código com eles.

Acho que é parte da cultura latina ser expansivo, mas não podemos deixar que nossa ânsia por fazer amigos acabe os deixando desviar tanto assim do nosso objetivo comum: Desenvolver de fato softwares livres que supram as necessidades de nosso mercado, que nos permitam dominar a tecnologia e que paguem nossas contas no final do mês.

Quando analisamos a cadeia de valor na indústria de software livre no Brasil hoje, vemos que diversos nós da cadeia são remunerados, mas que ainda não encontramos uma forma concreta de remunerar de verdade o principal nó: O desenvolvedor.

É muito fácil cair no discurso de que "quem implementa, treina e suporta também desenvolve", mas na prática vemos o oposto disso.

O que me consola é que este problema não é exclusividade nossa, e nos últimos meses tenho visto diversos projetos de software livre desenvolvidos internacionalmente passar por sérias dificuldades por conta do mesmo problema.

Voltando ao Brasil, conheço ao menos um software livre desenvolvido aqui no Brasil e que é utilizado no país todo, além de ser suportado por centenas de empresas, mas que tem como desenvolvedores ativos apenas duas pessoas, sendo que uma delas (e talvez o desenvolvedor chave), não seja de forma alguma remunerado. Não vou dizer o nome do software aqui para não ser deselegante com as pessoas envolvidas em seu ecossistema, mas garanto que pela descrição acima você já deve ter identificado alguns softwares como potenciais candidatos.

Em uma recente discussão que tive com um dos pioneiros do Open Source mundial, ele me dizia que o modelo de subscrição nunca foi de fato compreendido pelo mercado, e concordo com ele que este modelo é o mínimo que podemos ter para garantir a manutenção dos projetos e de seus desenvolvedores. É mesmo uma pena ver que muita gente afirmar sem vergonha alguma que "subscrição é licença disfarçada", e aqui incluo inúmeros colegas do movimento do software livre. Sinto lhes informar que não, não é, mas concordo que é muito fácil pensar assim quando seu contracheque chega no final de todo mês.

Indo mais a fundo no problema, fico extremamente chateado em ver a falta de consciência de inúmeros gestores de empresas públicas e privadas que economizam centenas de milhões de reais por ano em licenças de software, mas que não investem sequer um centavo no desenvolvimento e manutenção de projetos de software livre que utilizam no seu dia a dia.

Um exemplo gritante do que afirmo acima é o Libre Office (antigo OpenOffice ou BrOffice no Brasil), que possui atualmente centenas de milhares de cópias sendo utilizadas no país todo, economizando rios de dinheiro, e que têm no Brasil uma comunidade de "desenvolvedores de verdade" quase irrisória. O que me deixa muito mais chateado com isso, é que estes poucos heróis nacionais quase sempre levam uma vida de privações em prol da coletividade e tudo o que recebem de volta são tapinhas nas costas e nos últimos tempos ainda tem que aceitar calados, críticas injustas vindas de todas as partes. Não vou nem comentar aqui sobre a vida que levam os que decidem trabalhar com o desenvolvimento de padrões, mas posso afirmar que invejamos a vida dos desenvolvedores de software livre no Brasil.

Não quero que este seja um artigo de lamentações, e por isso eu gostaria de deixar algumas sugestões para que possamos de fato aproveitar esta oportunidade que temos nas mãos e mudar de uma vez por toda a história da TI no nosso Brasil. Muitas das sugestões vão parecer óbvias e genéricas, mas acredite, nunca foram de fato implementadas:

Empresas que utilizam softwares livres deveriam ter desenvolvedores trabalhando no desenvolvimento destas soluções ou se não puderem ter estes desenvolvedores, que exijam que as empresas que lhes prestam serviços de suporte e treinamento em software livre tenham desenvolvedores ativos nos projetos, e que comprovem suas contribuições periodicamente. Esta prestação de contas aliás deveria ser pública.

Universidades poderiam deixar de usar exemplos genéricos e trabalhos "inventados pelos professores" nas disciplinas de desenvolvimento de software e ter como meta a cada semestre otimizar um trecho de código fonte existente ou implementar uma melhoria ou nova funcionalidade em um software livre existente. O mesmo vale para outras disciplinas como marketing e design. Uma simples mudança da atitude como esta daria aos envolvidos uma experiência prática no mundo real com projetos concretos, ao mesmo tempo que lhes permitiria alcançar os mesmos objetivos didáticos (já imaginou onde chegaríamos com isso?).

Já temos diversas leis, decretos e instruções normativas no Brasil recomendando ou determinando a utilização de Software Livre e de Padrões Abertos em diversas esferas governamentais, mas infelizmente os órgãos de controle e fiscalização parecem desconhecê-las. Não consigo avaliar quem é o culpado por isso, mas sei que nós como sociedade temos o dever de cobrá-los, e talvez esteja aí a grande missão de todos os membros da comunidade que não podem contribuir de forma técnica com os projetos de software livre.

Muita gente não tem conhecimento técnico para escrever código fonte e contribuir com os projetos, mas lembre-se que um software livre de sucesso não vive só de código fonte e por isso mesmo sempre existe algo não relacionado a código fonte que precisa ser feito. Se envolva de verdade com a comunidade de desenvolvedores dos softwares que você usa e por favor, contribua de forma concreta com seu desenvolvimento. Ajudar de verdade é atender a necessidade do outro e não a sua própria necessidade. A diferença entre o voluntariado e o voluntarismo é gigantesca, mas muito difícil de ser compreendida.

Não acredito em contos de fadas e também não acredito que um dia uma empresa estrangeira vai decidir do dia para a noite que o Brasil é a bola da vez para concentrar aqui o seu desenvolvimento de software. Temos que conquistar isso, temos que fazê-lo do nosso jeito e temos sim potencial para reconstruir de verdade nossa indústria nacional de software e Tecnologia da Informação. O que não podemos fazer é ficar aqui sentados esperando o milagre acontecer, imaginando que estamos no caminho certo. Pequenas correções de rota podem sim nos levar a algum lugar completamente diferente e melhor do que o nosso destino atual.

Caso você ou sua empresa queira contribuir com um projeto de software livre e não saiba como, me coloco à disposição para ajudar e orientar.

Peço que reflitam sobre o seu papel na solução do problema aqui apresentado. Temos um elefante na sala e só não ver quem não quer.

Aguardo ansiosamente os comentários e espero que possamos abrir este debate tão necessário nos dias de hoje.

Publicado originalmente no Blog Trezentos
Reproduzido com permissão do autor em 6 dejunho de 2011: http://www.dicas-l.com.br/arquivo/software_livre_nao_nasce_em_arvores_do_colonialismo_ao_extrativismo_digital.php#.WRHjSTe1u03

[Fred] E neste BLog-Rede, tomei a liberdade de reproduzí-lo por reconhecimento ao autor e, como integrante da coordenação do Blogoosfero.cc, entender a importância deste debate.

 



Excesso de conexões digitais enfraquece conexões humanas em crianças

27 de Dezembro de 2016, 11:28, por Fr3d vázquez - 0sem comentários ainda

Lado negativo

Um estudo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, indica que o uso exagerado de equipamentos digitais pode atrapalhar a capacidade de crianças em reconhecer emoções de outras pessoas.

Pesquisadores do departamento de psicologia observaram 105 alunos de 11 e 12 anos, divididos em dois grupos, e perceberam que depois de cinco dias sem acesso às telas de celulares, tablets ou televisores, eles passaram a identificar emoções muito melhor.

No estudo publicado na revista especializada Computers in Human Behaviour os psicólogos afirmam que o efeito da mídia digital pode ser muito mais danoso que se imagina.

"Muitos olham para os benefícios da mídia digital na educação, mas não há muitos que estudam o custo disso", afirmou uma das autoras da pesquisa, Patricia Greenfield.

"Sensibilidade reduzida diante de sinais emocionais, ou uma certa perda da capacidade de entender as emoções dos outros, é um deles", disse.

Ela diz ainda que a troca da interação interpessoal pela interação via telas parece estar reduzindo o "traquejo social".

Reconhecimento de emoções

Os alunos foram separados em dois grupos: 51 passaram cinco dias em um acampamento para ciência e natureza, enquanto os outros 54 continuaram em sua escola.

O acampamento não permite o uso de equipamentos eletrônicos, o que muitos alunos acharam difícil nos primeiros dias. No entanto, a maioria se adaptou à situação rapidamente.

No início do estudo, ambos os grupos tiveram avaliada a capacidade de reconhecer emoções em outras pessoas através de fotos e vídeos.

Depois de cinco dias no acampamento, os 51 alunos apresentaram uma melhora significativa nesta capacidade.

Já os que continuaram imersos nas "telinhas" não tiveram grande melhora.

Refeições sem telas

"Não se pode aprender a ler sinais não-verbais a partir de uma tela da mesma forma que se aprende na comunicação cara a cara. Sem essa prática, perde-se importantes habilidades sociais", disse outra autora do estudo, Yalda Uhls.

O conselheiro do governo britânico para questões de infância, Reg Bailey, também recentemente criticou o uso excessivo de equipamentos eletrônicos.

Para ele, os pais estão deixando as "telas assumirem o controle" e recomendou que as famílias passassem mais tempo conversando.

Bailey afirmou que as famílias deveriam considerar "refeições sem-telinhas" para estimular o contato pessoal.

 

fonte: Diário da Saúde - http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=excesso-conexoes-digitais-enfraquece-conexoes-humanas-criancas



A caixa – 1 milhão vale uma vida?

14 de Abril de 2015, 12:33, por Rafael Pisani Ribeiro

[1]Norma Lewis (Cameron Diaz) é uma professora casada com Arthur (James Marsden), um engenheiro que trabalha para a NASA. Eles têm um filho e levam uma vida tranquila no subúrbio. Um dia surge um misterioso homem, que lhes propõe a posse de uma caixa com um botão. Caso seu dono aperte o botão, ele ficará milionário, mas ao mesmo tempo alguém desconhecido morrerá. Norma e Arthur têm 24 horas para decidir se ficarão ou não com a caixa. (link para assistir ao filme http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-a-caixa-dublado-online.html    abaixo o filme será descrito, portanto é aconselhável vê-lo antes.)

Para tudo isso ocorrer, existem condições. 1-Os empregadores e responsáveis não podem ser revelados. 2- Não se pode falar sobre o feito, exceto com a família. 3- A decisão deve ser tomada 24 horas após a visita.  E para constar, a vítima de seu aperto não tem contato algum com você, nunca teve e nunca terá. Uma pergunta aparece: uma vida vale dinheiro? Quais aspectos estão ao redor da decisão de apertar?

Primeiro, só de pensar na possibilidade já se dá um valor econômico a vida. Caso contrário, ela tem outro tipo de valor. Agora, partindo da decisão de apertar. Quais aspectos residem? Melhorar sua situação financeira, dar segurança a família, cuidar de sua saúde, tudo isso justifica a morte de um desconhecido? Aliás, como definir conhecer? E pior, quem pode ser a pessoa a morrer? Pode ser um pai de família, uma criança, ou alguém já em estado vegetativo. Mas, se o sujeito cogita a possibilidade de apertar, tudo isso importa? Ou pior, será que sequer vai pensar em considerar tudo isso? É válido repetir: Qual o significado de simplesmente cogitar a possibilidade? Mas, suponhamos, o botão foi apertado. O dinheiro foi recebido rapidamente. Qual sensação isso gera? Porque certamente alguém morreu. Por trás da decisão há toda uma condição social de necessidades.

Aliás, será certeza a ideia de1 milhão resolverem sua vida, ou te fazer feliz? Vale pensar em como saber se o botão foi apertado. Há espiões por ai? Sobre a própria morte da vítima. Será rápida e indolor ou dolorosa e demorada? Qual efeito vai gerar na vida dela e nas pessoas ao redor?  Talvez alguns nem chegassem a essas questões éticas. De resto uma questão tecnológica. Uma frase se destaca: “Nenhuma tecnologia é suficiente para distinguir a verdade da magia”. Aparecem grandes tecnologias muito avançadas, portanto, próximas a mágica. No fim, o botão era um teste alienígena para julgar o merecimento da sobrevivência da humanidade. É preciso questionar qual o valor e o que é o ser humano, quando a maioria cogita a possibilidade de apertar, uma minoria não cogita, e uma minoria menor ainda não pressiona o botão.

No caso da negação, a vida tem valor inestimável. Caso contrário tem valor econômico. No caso da hipótese cogitada a maioria simplesmente aperta, sem olhar o lado ético da decisão. Uma minoria analisa essas questões e aperta. Uma minoria menor ainda questiona a ética da decisão e não aperta. Ou seja, em geral a vida tem valor econômico, e não inestimável. No fim a humanidade foi exterminada. Uma última pergunta sobre apertar ou não o botão. E se você fosse um estranho a morrer por ele?

Lembrem- se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

Escrito por: Rafael Pisani

 

[1]Fonte da sinopse:  http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-a-caixa-dublado-online.html


Referências:

Disponível em: http://www.filmesonlinegratis.net/assistir-a-caixa-dublado-online.html Filmes Online Grátis/ http://www.filmesonlinegratis.net . Data de acesso: 30 de Agosto de 201



Besouro Verde- o poder da informação

7 de Abril de 2015, 20:39, por Rafael Pisani Ribeiro

   [1]Britt Reid (Seth Rogen) está perto dos 30 anos e não quer saber de responsabilidades, dedicando sua vida à diversão. Até o dia em que seu pai, (Tom Wilkinson) morre misteriosamente e ele precisa assumir os negócios da família, ficando à frente de um grande e respeitado jornal. Milionário e entediado, Reid resolve criar um personagem junto com seu fiel funcionário Kato (Jay Chou), fera das artes marciais e grande inventor de máquinas revolucionárias. Cheios de vontades, surge então o Besouro Verde. Só que a cidade está nas garras de Chudnofsky (Christoph Waltz), um criminoso que busca meios der ser mais ameaçador para as pessoas. (link para assistir ao filme http://www.cinemaonlinegratis.com/64/O-BESOURO-VERDE-ASSISTIR-FILME-ONLINE    abaixo o filme será descrito, portanto é aconselhável vê-lo antes.)

   Britt Reid começa a investigar sobre o passado do pai, até que decide virar heroi. Sua motivação inicial é a raiva que tem deste, e por isso sua primeira missão é destruir uma estátua que o simboliza. Isso faz com que mude de uma vida regada a bebidas e preguiça,  para uma vida cheia de ação, controvérsias e objetivos, assim como grandes mudanças. Britt Reid parece representar o lado ideológico, enquanto Kato a força. Algo interessante é que ao fim, Britt dá um novo significado à sua relação paterna. Percebe que o pai foi um verdadeiro heroi e que se sacrificou, recolocando a cabeça da estátua no lugar.

   O filme trata de diversos temas, mas em geral relaciona política, crime e mídia. Reid é dono do jornal “O Sentinela Diário”. Scanlon é um político importante da cidade e Chudnofsky é o chefe do crime organizado. O filme mostra que esses três elementos estão extremamente ligados, de forma que Scanlon se utiliza de “O Sentinela Diário” para limpar sua imagem em relação ao crime, pois já que é impossível acabar com ele, cria-se a ilusão de tal. Para isso se utilizou do jornal e foi preciso fazer um trato com Chudnofsky. O pai de Britt estava no centro dessa relação, e até certo tempo se deixou manipular por ela. Porém quando não mais o fez foi morto. Britt se encontra novamente no meio dessa relação, mas agora com oportunidade de mudá-la.

   Em termos implícitos, o filme discute como as informações na mídia são manipuladas e uma possível ligação com a ideia de crime, nos fazendo questionar: o que de fato é crime? Porque de um lado Britt cometeu um crime dentro de seu meio, mas pela lógica comum Scanlon foi um grande criminoso e o mais inteligente. Através do besouro verde, foi criado um novo arquétipo de heroi, não com super poderes e nem fantástico, mas um ser humano comum que decide lutar pela “justiça” (exceto pelo fato de ser milionário).

   Mostra em termos muito claros como o “crime organizado” se organiza, isto é, pela força e sua base social. Nos faz perguntar novamente: se nem sabemos o que é crime, o que é combater o crime? Ao fim do filme, uma gravação salva o dia e denuncia aqueles que precisam ser denunciados, fazendo com que o besouro verde tenha cumprido sua missão. Mais implícito ainda, é que o filme mostra uma superioridade do privado em relação ao estatal, como se os empresários e donos de jornais fossem mais importantes que o estado. Aliás, não faz nenhuma menção ao estado exceto com Scanlon. Ou seja, o estado é corrupto e o privado é heroi. Mas a pergunta final é: qual o real poder de uma informação?

Lembrem- se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog. Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

Escrito por: Rafael Pisani

 

Referências:

Disponível em: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-28983/ Adoro cinema/ http://www.adorocinema.com . Data de acesso: 30 de Agosto de 2014

Disponível em: http://www.cinemaonlinegratis.com/64/O-BESOURO-VERDE-ASSISTIR-FILME-ONLINE Cinema Online/ http://www.cinemaonlinegratis.com . Data de acesso: 30 de Agosto de 201

 

 

[1] Fonte da sinopse: http://www.adorocinema.com/filmes/filme-28983/

 

 

 



O camelo e o camelô

9 de Março de 2015, 20:38, por Rafael Pisani Ribeiro

     Sempre que passo no centro vejo um sujeito com uma barraca e nela há pedaços de bolo e garrafas de café. Em todas as vezes que passei, o vi entregando um copo de café e um pedaço de bolo, apenas uma vez. Não vi entrega de dinheiro e suponho que tenha visto só a parte final da troca comercial. De qualquer forma, convivemos diariamente com os ditos camelôs. Tornou-se tão normal no cotidiano, que nem mesmo pensamos sobre essa profissão, se é que assim pode ser chamada.  Assim como no “amolo-faca-tesoura-e-alicate”, a história parece ser muito mais complexa.

     Enquanto ando na rua e observo a movimentação, também observo o modo em como às pessoas andam. Todas apressadas, aparentemente inseguras e ignorando o mundo à sua volta, exceto aquilo que pode afetá-las negativamente.  É como se criassem uma bolha ao redor de si com a função de filtrar diversos estímulos, exceto os perigosos.  A frase “Ado, ado cada um no seu quadrado” parece descrever isso muito bem.

    A bolha fica tão forte, mas tão forte que essas pessoas, ou até mesmo eu, ignoram a presença dos camelôs. Em todo grau, sua percepção nega percebê-los e é quase como se não existissem, como se estivessem em um universo diferente. Isso é pior ainda para os moradores de rua. Esses só existem quando pedem dinheiro ou estão no chão a frente deles, e é preciso desviar. Talvez Gabriel o pensador esteja certo quando diz na música “O resto do mundo”: “A minha sina é suportar viver abaixo do chão...” Ele ainda consegue resumir na mesma música o ato de pedir esmola:

“Eu tô com fome,
Tenho que me alimentar”.
Eu posso num ter nome, mas o estômago tá lá,
Por isso eu tenho que ser cara-de-pau,
Ou eu peço dinheiro ou fico aqui passando mal...”.

De toda forma, esses parecem não existirem socialmente. Os noticiários têm culpa pela criação dessa bolha, mas as pessoas são responsáveis por permitir que esta seja criada. Além disso, como ficam os camelôs?

    Não sei a origem da palavra camelô, mas ela me lembra de camelo. Sim, aquele animal chamado camelo que é usado como meio de transporte no deserto. Esse animal possui diversas vantagens. Ele pode carregar pessoas e mercadorias por longos dias, apesar de ser um animal seu custo pode não ser tão alto. Além disso, é usado para longas movimentações, necessitando de comida e pouca água. Por esses fatores, é possível andar com muitos camelos no deserto. E os camelôs com isso?

    O princípio é quase o mesmo. Estão por toda parte e podem estar em qualquer lugar, possui uma característica nômade. Necessitam de poucos recursos para iniciar, pois seu produto é extremamente barato, e, portanto de baixo custo. Podem estar reunidos em um só local, ou cada um no seu canto. Na primeira, parecem passar mais “confiança”, no segundo parece mais estranho. Vendem desde produtos alimentícios à produtos eletrônicos. Mas tanta vantagem tem um problema.

    Enquanto o sujeito do amolo-faca-tesoura-e-alicate parece ganhar pouco, porém sem risco de perda, esses podem ganhar muito, mas com risco de perda total.  Nunca vi, mas sabe-se que quando não há licença para vender nas ruas, é permitido ao estado confiscar os produtos. Essa é uma questão complexa. Já cheguei a ver um pipoqueiro ser abordado por tal razão, e foi ruim vivenciar, pois o sujeito parecia extremamente pressionado. Em um ato desses perde-se todo o “investimento”. Talvez o pouco que tinha. O estado nem deve ter o que fazer com a mercadoria, talvez até a utilize. Tudo em prol das grandes empresas e seus direitos, autorais ou não! Mas a questão não é tomar as mercadorias. É tomar as esperanças de uma vida, quem sabe até uma vida!

    Como dito no amolo-faca-tesoura-e-alicate, a aposentadoria não é suficiente para viver com qualidade, assim como o salário mínimo. E muito menos há espaço para todos no mercado de trabalho formal.  Talvez seja essa uma razão para se tornar camelô.  Como o produto é muito barato, seu custo é, portanto muito baixo. Se um CD é cinco reais, seu custo deve ter sido de R$ 1,50. É violência sobre violência!  Disso não se deve esperar tanta qualidade, mas não significa necessariamente baixa qualidade. Deve ser muito ansiolítico trabalhar em um meio onde de uma hora para outra você pode perder todo seu investimento e produtos. Quem dirá saber o tempo de trabalho e quanto ganham ao mês!

    Ademais, parece ser diferente comprar em um camelô isolado ou um junto a vários outros, ainda que seja o mesmo camelô. Por outro lado, parecem ser extremante necessários para o consumo. Apesar da lei, ninguém, ou uma minoria tem condições de comprar só produtos originais. As grandes empresas tentam afirmar que é justo elas controlarem o mercado!

   Muitos dos “donos” de camelôs não tiveram acesso ao mercado de trabalho formam, e acharam essa saída. O consumo seria extremamente reduzido sem eles.  O que seria dos comerciantes, consumidores e do próprio camelô sem suas corcovas?

Lembrem-se de referenciar a fonte caso utilizem algo deste blog.Dúvidas, comentários, complementações? Deixe nos comentários.

Escrito por: Rafael Pisani

Referências:

Disponível em: http://blogoosfero.cc/verdadeoumentira/verdade-ou-mentira/amolo-faca-tesoura-e-alicate Rafael Pisani Ribeiro/ http://blogoosfero.cc/verdadeoumentiraData de acesso: 09 de Março de 2015

Disponível em: http://www.vagalume.com.br/gabriel-pensador/o-resto-do-mundo.html Gabriel o Pensador/ http://www.vagalume.com.br Data de acesso: 09 de Março de 2015