Escola virtual promove a inclusão sociodigital a partir de cursos gratuitos em diversas áreas
Texto: Rafael Bravo Bucco
Que tal uma escola acessível de qualquer qualquer computador, tablet, e até de um smartphone com internet, onde se possa fazer cursos sobre temas tão diversos quanto Direitos do Consumidor Bancário e Programação Orientada a Objetos? Assim é a Escola de Inclusão Sociodigital, mantida pela Universidade Corporativa do Serviço Federal de Processamento de Dados (UniSerpro). O espaço virtual, baseado na plataforma de aprendizagem livre Moodle, oferece 32 modalidades de formação.
Criada em 2011, a Escola, na verdade, tem origens mais remotas. Em 2006, o Serpro resolveu formalizar seu programa de inclusão digital, estabelecendo um pacote de metas. Uma dessas metas previa a criação de telecentros; outra, oferecer capacitação com recursos de educação a distância. “Com a evolução do programa e a diversificação das necessidades das comunidades atendidas, surgiu a proposta de uma Escola Virtual específica para a inclusão digital, com identidade visual própria e abertura para participação de parceiros”, explica Eunides Maria Leite Chaves, coordenadora da Escola.
Os conteúdos da maioria dos cursos hoje disponíveis foram desenvolvna escola educacao e so conectar 01idos originalmente para a UniSerpro. Mas o enfoque mudou. Agora, o objetivo não é alcançar quem trabalha na empresa, e sim capacitar jovens em situação de vulnerabilidade social, familiares e moradores de comunidades onde exista acesso a internet. Conforme resume Eunides, a ideia é “auxiliar no desenvolvimento de habilidades que propiciem o acesso ao conhecimento, capacitando as pessoas para geração de renda”.
A Escola funciona totalmente na nuvem: via internet, sem aulas presenciais de nenhum tipo. O sistema usa apenas softwares livres – dos servidores à interface para o usuário. O aluno pode se organizar como quiser para fazer o curso, ao mesmo tempo em que a ferramenta remete ao Serpro dados sobre a avaliação e o progresso. Podem se logar até 500 pessoas ao mesmo tempo, o que representa um atendimento de cerca de 20 mil alunos ao mês. Até agora, foram 94 turmas, 6.998 alunos cadastrados e 3.709 certificados emitidos.
Francisco Guedes, de Russas (CE), tem 25 anos e fez diversos cursos sobre programação. Atualmente estudante de Direito, fez o curso no telecentro da cidade, incentivado por um amigo. “Sempre me interessei por informática, e quando fiquei sabendo que poderia fazer um curso gratuito, me inscrevi”, conta. A escolha, claro, recaiu sobre aulas de tecnologia. “Entrei em contato com conteúdos que ainda não conhecia. Aprendi a usar HTML, PHP, Java”, diz. Em oito meses de estudos, ele achou simples usar o Moodle, apesar de nunca ter visto a plataforma antes. Achou, porém, que a didática pode ser facilitada. “Havia muitos termos técnicos, o que dificulta para quem nunca teve contato com os temas”, observa.
A Escola é aberta, mas organizações podem criar cursos fechados, formando grupos e até promovendo aulas presenciais com tutores – neste caso, cabe à organização a contratação dos educadores. “Este modelo permite agregar todas as iniciativas da comunidade na área de capacitação para inclusão produtiva”, diz Eunides, que aponta o Serpro como um dos maiores provedores de serviço em Moodle na América Latina. Essa experiência, de acordo com ela, foi um facilitador determinante para a criação da Escola. Novos cursos devem surgir, a partir de parcerias. A Petrobras prepara um conjunto de aulas na área de economia solidária. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a Unesco, beneficiou 5 mil pessoas, entre professores e agentes de saúde, naquele que é o caso mais emblemático da Escola.
“Entramos com o desenvolvimento do conteúdo do curso, e o Serpro com a tecnologia”, conta Mariana Braga, oficial de projeto do setor de Educação da Unesco e coordenadora do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas, realizado em parceria com Ministério da Educação e Ministério da Saúde. Parte do projeto, as aulas do curso Juventudes, Sexualidades e Prevenção das DST/Aids começaram em setembro de 2012 e terminaram no final de janeiro deste ano. “Simultaneamente, fizemos uma turma para Cabo Verde, onde há semelhança cultural com o Brasil”, revela.
O que chamou a atenção da Unesco, parceira de longa data do Serpro em iniciativas de educação a partir do uso de tecnologias da comunicação e informação, foi que a educação a distância (EAD) impacta o maior número possível de pessoas. “Em um país com as dimensões do Brasil, as estratégias de EAD precisam estar associadas para garantir uma formação continuada para profissionais de educação e saúde, caso contrário, não há recursos que deem conta”, ressalta Mariana.
O curso da Unesco teve ainda apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o Unicef, e do Fundo de População das nações Unidas, o UNFPA. Foram 60 horas de aula. “O curso fala de relações de gênero, raça, negociação do uso do preservativo, discriminação e estigma de pessoas com HIV, orientação sexual, entre outras”, conta Mariana. “Os conteúdos foram elaborados por consultores de diversas universidades, e o material resultante foi revisado por nós, dentro dos paradigmas da Unesco de garantir o ensino dos Direitos Humanos dentro da escola”, observa.
Os alunos eram professores e, na maioria, agentes de saúde que trabalham em postos criados dentro de escolas públicas de todo país. “As aulas eram autoexplicativas, com vídeos, jogos e textos. O sistema tem avaliações de desempenho ao final de cada um dos oito módulos, e o aluno precisava concluir ao menos 70% do curso para receber o certificado”, diz Mariana. O ambiente virtual tem também um fórum, onde os próprios alunos compartilhavam conhecimentos.
Mas houve dificuldades, principalmente com relação à tecnologia. “O acesso a um computador com internet ainda é muito difícil, muitos tinham internet discada”, lembra Mariana. Também havia alunos com dificuldades de compreensão da plataforma online. Mesmo assim, a representante da Unesco considera o projeto um sucesso: “A proposta é atingir cada vez mais profissionais de educação que tenham sensibilidade pelos direitos humanos. E isso conseguimos. Inclusive o Ministério da Educação já incluiu o curso na lista de ofertas”.
Fonte: Revista ARede
http://www.arede.inf.br/edicao-n-92-julho-agosto-2013/5887-na-escola-educacao-e-so-conectar
https://inclusao.serpro.gov.br
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