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O preconceito velado e a resposta patética

24 de Abril de 2014, 19:41 , por Cristian Sterchile - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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O preconceito velado e a resposta patética

 

Não há tipo mais escroto do que o preconceituoso que se manifesta de forma velada. É o mais perigoso — e covarde. É aquele sujeito que adora o carnaval porque tem um monte de mulheres (ou homens) exibindo a nudez de corpos esculturais e, ao responder uma pesquisa, culpa o comportamento feminino como justificativa para o estrupo.

Norberto Bobbio, filósofo italiano, provoca com a seguinte pimenta nos olhos: “precisamente por não ser corrigível pelo raciocínio ou por ser menos facilmente corrigível, o preconceito é um erro mais tenaz e socialmente perigoso”.

E acrescenta mais uma pitadinha: “é a facilidade com que nosso espírito se deixa levar pelas opiniões e ideias alheias, sem se preocupar em verificar se são ou não verdadeiras”. Sugestivo, não? Bobbio também apunhala a alma do preconceituoso ao dizer que o preconceito faz as pessoas acreditarem em uma opinião falsa simplesmente porque elas correspondem aos desejos e às paixões de quem as expressa.

Jean-Paul Sartre, um dos mais importantes pensadores franceses, embora não tenha tratado do assunto diretamente, deixou uma pista em uma passagem de “O Ser e o Nada”. Filósofo existencialista, ele considerava factível uma pessoa assumir a identidade de sua própria máscara. 

Trocando em miúdos, dá para entender que o preconceituoso velado é tão mau caráter que é capaz de usar argumentos para tentar negar o próprio preconceito. 

Pitt Dias está corretíssimo ao rechaçar o que fez a rádio Cultura, para quem os batuques não agradariam Jesus. O mínimo que se esperava diante de tamanha leviandade, seria um pedido público de desculpas. Mas não, como disse Bobbio, são opiniões que “correspondem aos desejos e às paixões de quem as expressa”.

Em todo mundo, há posições políticas complexas e diversas. Mas para defender uma ou outra, é preciso competência, profissionalismo e sobretudo caráter.

Mas engraçado mesmo foi ver Alfredo Sampaio escrevendo bobagens, tentando negar o óbvio e, pior, reduzindo o preconceito velado de sua rádio a uma patética disputa política. Não, não. Esse tipo de conversa só cola em mentes cegas que envergonham o país.

Dizer que “... pelo menos neste ano, Jesus escapou da batucada” significa o que, então? 

 

Pitt Dias, não desista. Reaja. Leve seus batuques e faça um barulho na porta da rádio. Chame a TV. Denuncie aos órgãos competentes. Mas não aceite as explicações esfarrapadas do senhor Alfredo Sampaio.

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