Marca de camisinha retira anúncio do Facebook após polêmica
3 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaPeça "Dieta do Sexo" gerou acusações de incentivo ao estupro e mobilizou mais de mil denúncias no Conar
Prudence: 'Intenção era contar de forma divertida quantas calorias um casal pode perder durante uma relação sexual" |
São Paulo - A marca de preservativos Prudence retirou da internet no último dia 30 uma peça publicitária que havia sido publicada há cerca de duas semanas em sua fan page no Facebook. Chamado "Dieta do Sexo", o anúncio era construído em formato de tabela calórica e comparava os gastos calóricos de diversas atividades ligadas ao sexo.
O item que causou a indignação dos usuários da rede social dizia que tirar a roupa de uma mulher queima 10 calorias, enquanto fazer o mesmo sem o consentimento da parceira consome 190 calorias.
Com grande potencial viral, a peça foi compartilhada por mais de 2 mil pessoas e recebeu mais de mil comentários.
Muitas das mensagens demonstravam o repúdio de internautas, que entenderam o trecho do anúncio como um estímulo à violência sexual contra a mulher, e ameaçaram boicotar a marca.
Após a polêmica, a DKT Internacional, dona da Prudence, apagou a peça de sua página no Facebook e publicou um pedido de desculpas.
Desde o último sábado, a peça gerou mais de mil denúncias de consumidores no Conar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Ontem, o órgão abriu uma representação para investigar a ação da marca. O processo deve ser julgado nos próximos trinta dias.
Leia o comunicado da Prudence, na íntegra:
"A Prudence retirou o do ar o conteúdo postado em nossa página do Facebook em 16 de julho sobre a “Dieta do Sexo” e pede desculpas aos seus consumidores.Reiteramos que o conteúdo não é de autoria da Prudence e vem sendo publicado por diversos blogs na Internet desde 2007, o que não nos isenta da responsabilidade da revisão do conteúdo, que neste caso foi inadequada e portanto retirado do ar.Reforçamos que a intenção era contar de forma divertida quantas calorias um casal pode perder durante uma relação sexual e suas preliminares e jamais fazer alusão a qualquer outra prática.A Prudence é uma marca da DKT do Brasil que é uma das filiais da DKT Internacional, empresa sem fins lucrativos e que atua em diversos países em desenvolvimento. Nosso objetivo é reforçar a conscientização sobre a importância do uso do preservativo em todas as relações sexuais, pois acreditamos que é uma das principais demonstrações de respeito com o próprio corpo e com o de seu parceiro. Por isso, recriminamos todo e qualquer tipo de abuso, violência sexual ou discriminação. Estamos à disposição para conversar e esclarecer qualquer dúvida através de Inbox no Facebook."
Em outra publicação no Facebook, a marca lamentou a divulgação da peça.
"Nós da Prudence lamentamos a publicação do material intitulado "Dieta do Sexo". Reiteramos que recriminamos todo e qualquer tipo de abuso, violência sexual ou discriminação, e tirar a roupa da parceira sem consentimento é abuso sexual e é crime.Reforçamos nosso compromisso em defesa da saúde pública e do desenvolvimento social e apoiamos a causa, e iremos criar uma campanha contra a violência sexual."
#NovaSchinIncentivaEstupro
3 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaA Nova Schin quer nos calar, mas vamos fazer barulho
Cara Nova Schin,
Nos últimos dias, mais de cinco mil pessoas, mulheres e homens de todas as idades, se uniram em uma só voz para protestar contra sua propaganda abusiva intitulada “Homem Invisível”. Mais de cinco mil pessoas que cansaram de assistir mulheres sendo violentadas em horário nobre; mais de cinco mil pessoas que entenderam que nada naquele vídeo deveria ser considerado inofensivo.
Foram muitas as mensagens de indignação, muitos foram os protestos. Nossas mensagens foram insistentemente apagadas, muitas pessoas foram banidas de sua página no Facebook, nenhum e-mail enviado ao SAC foi respondido, imagens de protestos deletadas, censura, tentativas de nos silenciar, falta de respeito e atenção, calhordagem, má fé. Até agora, você, Nova Schin, não nos pediu perdão e não demonstrou se importar.
Por tudo isso, falo em nome de todas as mulheres e homens cheios de indignação, Nova Schin: você é uma empresa criminosa.
A cada 12 segundos uma mulher é estuprada no Brasil. E você é indiretamente responsável por tais crimes de estupro. Por quê?
Porque sua empresa usa sua publicidade para perpetuar a idéia de que mulheres são propriedades masculinas, apenas objetos sexuais, seus alvos e presas. Para suas propagandas, nós, mulheres, nada mais somos além de corpos que os homens podem explorar. Explorar, usar e descartar. Porque, em seu vídeo, homens se divertem enquanto arrancam as roupas das mulheres, apalpam seus corpos e sentem prazer, mesmo vendo que aquelas mulheres estão assustadas, gritando e tentando se proteger.
Isso é engraçado, Nova Schin? Mulheres amendrotadas porque têm suas roupas arrancadas e seus corpos tocados sem permissão é motivo de riso?
Que tal falar que “é só uma piada” para as milhares de mulheres que são diariamente vítimas de abuso sexual em nosso país? Que tal dizer que isso tudo não passa de “ficção” para as milhares de mulheres que são abusadas por homens em metrôs, ônibus e trens? Por que você não encara de frente as meninas que são vendidas pelo tráfico sexual, as prostitutas espancadas, as esposas estupradas por maridos, as estudantes violentadas no próprio ambiente universitário? Por que você não exibe esse vídeo para as mulheres que sofrem todos os dias devido a essa mentalidade perpetuada por vocês? Essa mentalidade de que os homens têm o direito inquestionável de extrair diversão daquilo que para nós mulheres é um terror diário.
Você sabe o que fez e o que faz, não é? Sabe muito bem. E por isso tenta nos calar, por isso finge que nada está acontecendo.
Mas eu, mulher, resisto. Eu resisto aos seus abusos, eu resisto às suas propagandas nojentas, resisto ao seu descaso e falta de humanidade. Eu resisto à você e à todos os dias em que luto por um mundo sem violência sexual. Eu me coloco de pé e te encaro de frente, com punho erguido, sabendo que você não me vencerá. Seu estupro não me vencerá, suas piadas com a realidade horrível das mulheres não me fará sentir medo. Eu, mulher, não tenho medo de você.
Eu te desafio a me calar.
No Maria da Penha Neles!E o comercial da maionese que queria ser azeite desandou
3 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaFiquei incomodado com aquele anúncio da Hellman’s mostrando que sua maionese faz bem para a saúde. E, pelo jeito, não estava sozinho. De acordo com o site da Meio & Mensagem, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) pediu alteração de dois comerciais que defendiam aspectos saudáveis do produto da Unilever após reclamações de consumidores.
O anunciante teria apresentado dados que comprovam que ela, por exemplo, tem menos calorias que o azeite de oliva mas, mesmo assim, o relator do caso afirmou que isso “não permite que o produto seja apresentado como alimento saudável da maneira como foi no anúncio”. Até porque a maionese é mais do que calorias e gordura dita “saudável”. Tem outros ingredientes também… Não cabe mais recursos e o filme terá que ser alterado.
Um anúncio de ketchup também foi alvo de análise e terá que trocar a frase “Minha filha comia arroz com ketchup, agora come arroz com tomate” (aliás, pelo amor de Deus!) Como há sugestão de troca de consumo de tomate por ketchup, o comercial deverá ser modificado.
Vale lembrar que nem sempre a autorregulamentação funciona. Ainda mais em uma área em que está sendo travada uma batalha entre consumidores, organizações da sociedade civil, indústrias e empresas de propaganda. O problema é que, quando um bloqueio é imposto, como agora, chega tarde demais, depois que o comercial já se enraizou na cabeça de muita gente e alterou hábitos de consumo.
Apenas com muita dificuldade somos capazes de aprovar regras para anúncios publicitários de produtos gordurosos ou com muito açúcar, como tem sido exaustivamente proposto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E olha que não estamos falando apenas de proibição, mas sim de informação – coisa que deveria ser fornecida abertamente. Afinal de contas, o consumo em excesso de certos alimentos pode trazer riscos à saúde.
Regras assim não agradam as indústrias de refrigerantes, sucos concentrados, salgadinhos, biscoitos, de bebidas com muita cafeína e de torresmo à milanesa, por exemplo. Ou seja, tudo aquilo que a molecada adora, mas que pode contribuir com doenças cardíacas, hipertensão, diabetes. Lembremos que a exigência de rotulagem de produtos que contenham transgênicos e a obrigação de estampar que o tabagismo mata nos maços de cigarro também foram alvo de furiosas reclamações por parte de algumas empresas e associações.
Quando alguma limitação à publicidade de produtos é baixada, há sempre um grupo que brada ser esse ato um atentado à liberdade de expressão. Mas, ao usar essa justificativa, o que acaba defendendo é o direito de ficar em silêncio para não se expor diante da sociedade. O problema é que essa omissão de informações acaba sendo um atentado contra a liberdade de escolha. Como é possível decidir se não há informação suficiente?
Como já disse aqui um milhão de vezes, comprar é um ato político, pois ao adquirir um produto você dá seu voto para a forma através da qual uma mercadoria foi fabricada e mesmo o que ela representa. Seria importante, por exemplo, que as mercadorias viessem com informações sobre sua origem e com o que foram feitas. Dessa forma, o consumidor poderia decidir se vai considerar apenas fatores como o preço ou a estética, ou vai levar para casa um produto que não faz mal a seus filhos. Ou irá se atentar, na hora de comprar, para elementos como desmatamento, trabalho escravo, ocupação ilegal de territórios indígenas, que parecem distante, mas estão coligados com seu bife ou sua camisa pelo ato da compra.
Particularmente, sou a favor da liberdade de expressão total e sem restrições nas propagandas. Que se diga tudo sobre a mercadoria – a parte boa e aquilo que se esconde para que ele seja vendido. Indústrias se defendem dizendo que não vão revelar informações que as coloquem em maus lençóis. É fato que ninguém precisa produzir prova contar si mesmo. Mas se os anunciantes trouxessem a maior quantidade possível de informações sobre o que oferecem a nós, teríamos um país mais consciente.
Daí, que cada um faça sua escolha. Sabendo das consequências.
PS: Eu adoro maionese. Mas prefiro a da minha mãe.
No Blog do SakamotoO novo Carlos Lacerda?
3 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários ainda“A UDN também surgiu como um movimento, uma ampla frente de oposições que reunia, em 1945, os mais variados adversários de Getúlio Vargas e do Estado Novo. Congregava conservadores e liberais de todos os matizes, além de dissidentes comunistas e os socialistas da “esquerda democrática””. (Maria Victoria Benevides)
Não há dúvidas de que a história dos partidos políticos no Brasil do século XX precisa guardar um capítulo à parte para a União Democrática Nacional. Partido que nasceu em 1945 e encontrou seu fim em 1965 com a ditadura civil-militar, a UDN foi a responsável pelos principais momentos de instabilidade na política brasileira do período.
Inimiga ferrenha dos trabalhistas Getúlio Vargas e João Goulart, levou um ao suicídio e o outro ao golpe. Caracterizada por suas posições extremamente conservadoras, por seu perfil elitista e por sua prática golpista, a UDN encontrava no carioca Carlos Lacerda a sua principal voz.
Filho de comunistas, Carlos Lacerda começou sua vida política na esquerda, no Partido Comunista. Seu nome, Carlos Frederico, foi uma homenagem de seus pais aos fundadores do socialismo científico, Karl Marx e Friedrich Engels. Entretanto, a raiva cega contra Getúlio, o trabalhismo e o comunismo o fez se aproximar do campo conservador e liberal.
No Brasil dos últimos anos um partido político com uma trajetória bem parecida com a da UDN, ou seja, supostamente com origens de esquerda, mas cada vez mais próximo do campo político conservador e liberal, apresenta-se para a disputa eleitoral: o PSOL. Assim como na velha UDN, seu principal expoente nas eleições 2012 vem do Rio de Janeiro: o deputado Marcelo Freixo.
Tal qual a velha UDN, Marcelo Freixo e seu partido não reconhecem os enormes avanços protagonizados pelo campo democrático-popular que desde 2003 ocupou o governo federal e vem promovendo importantes mudanças no país.
Tal qual a velha UDN, Marcelo Freixo e seu partido apresentam-se contra as políticas públicas propostas pelo governo federal para a redução das desigualdades. Apresentam-se contra o Bolsa-família, maior política pública de redução da miséria que o país já teve. Apresentam-se contra projetos de ampliação do acesso ao ensino superior como o ProUni e o Reuni que abrem vagas para jovens pobres nas universidades. Apresentam-se contra políticas de mobilidade como a meia-passagem para estudantes no Rio de Janeiro.
Tal qual a velha UDN, Marcelo Freixo e seu partido caracterizam-se por um eleitorado católico da camada média e alta da sociedade carioca localizada geograficamente na zona sul da cidade. A maior expoente dessa aliança liberal é a vereadora tucana Andrea Gouvêa Vieira. Mas também podemos citar o cantor Caetano Veloso. Para quem não se lembra, Caetano sempre foi um reconhecido admirador do ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães, militante histórico da UDN. Caetano mantem-se, portanto, de forma coerente ao lado do moralismo udenista.
Tal qual a velha UDN, Marcelo Freixo e seu partido caracterizam-se pelo discurso único sobre a corrupção. Consequência da falta de um sólido projeto político de país que indique os desafios, os gargalos, os obstáculos a serem enfrentados.
A única diferença entre a velha UDN e o novo PSOL está na relevância que os dois possuem para seus momentos históricos. A história se repete como farsa, ensinou um velho barbudo nascido em Trier. O ensinamento parece vir a calhar. Ainda que tente, nem o PSOL tem a mesma importância que a UDN uma vez teve, nem Marcelo Freixo possui a imponência de Carlos Lacerda. Na repetição restou apenas a farsa…
Theófilo RodriguesNo RioPolítica
Eleições no Paraguai não resolverão a crise, diz Lugo
3 de Agosto de 2012, 21:00 - sem comentários aindaFernando Lugo segue buscando formas de concorrer às eleições de 2013. Foto: Norberto Duarte/AFP |
“Tenho esperanças de que mudanças ocorram no Paraguai. Não serão mudanças rápidas, mas alguns processos já estão em curso”, disse em alusão a programas de seu governo – que asseguram o acesso gratuito à saúde, por exemplo – e em referência à Frente Guasú, composta por 12 partidos e oito organizações populares. Segundo o ex-bispo católico, seu impeachment-relâmpago, deflagrado em 22 de junho, serviu para unir a esquerda paraguaia. “A próxima eleição será de uma esquerda renovada e uma direita não reciclada. Como se diz no Paraguai: às vezes, quem perde, ganha e quem ganha, perde”, conta Lugo, cercado por cerca de 30 fotógrafos e jornalistas.
Apesar do entusiasmo, Lugo faz ressalvas quanto às eleições presidenciais de 2013, que podem recolocá-lo no poder. “As eleições não solucionam o problema e podem, inclusive, agravá-lo. Acreditamos que um governo golpista não é capaz de assegurar eleições livres e trasparentes”, afirma. As aposta do presidente deposto para contra-atacar em 2013 estão focadas na Frente Guasú. Mas ela, embora unida, não chegou a um consenso sobre quem disputará as eleições presidenciais. Alguns setores da organização ainda atrelam a decisão a uma definição da Corte paraguaia sobre o futuro político de Fernando Lugo.
Após 23 tentativas frustradas registradas em ata no Parlamento do país, o parlamento paraguaio conseguiu a pouco mais de um ano das próximas eleições destituir, em um processo de votação sumário, Fernando Lugo. Até hoje, os parlamentares não apresentaram explicações concretas sobre o que motivou a destituição do presidente que fez o Paraguai obter o segundo maior crescimento econômico (15,3%) do mundo, em 2010, resolveu 130 conflitos agrários e capturou o maior número de narcotraficantes da história do país.
De qualquer forma, Lugo ainda se apega nas duas chances que restaram a ele para voltar ao poder. Uma pela via jurídica e outra pelo processo político.
Após o golpe, Lugo moveu um recurso de inconstitucionalidade na Corte paraguaia, argumentando que sua deposição ocorreu de maneira excessivamente acelerada, em um processo ilegítimo e que não proporcionou ao ex-presidente o devido direito de defesa. No entanto, os recursos foram negados pela Corte, que, segundo Lugo, foi ameaçada pelo parlamento em um exemplo claro de “ingerência inconstitucional”. “Regressar à presidência pela via jurídica é possível, mas acho quase impossível”, diz. “Creio muito em Deus e em milagres, mas neste milagre, não”, afirma, sorrindo.
População protestou contra o golpe “dentro do marco da não-violência”, disse Fernando Lugo. Foto: Norberto Duarte/AFP |
A sombra do poder
“O poder não mostra o seu rosto, ele está na sombra”. Esta foi a declaração de Fernando Lugo quando indagado sobre quais setores da sociedade contribuíram para a sua destituição. Além de mencionar o evidente posicionamento da mídia paraguaia a favor de sua cassação, o ex-presidente cita quatro resoluções do governo paraguaio, emitidas em pouco mais de um mês, que poderiam dar pistas sobre o rosto do poder no Paraguai.
De acordo com Lugo, o atual presidente, Federico Franco, e o Congresso aprovaram resoluções que livram a produção de soja de impostos – o país é o quarto maior exportador do grão no mundo. Além disso, também estão permitidas a entrada de sementes transgênicas.
As medidas mais controversas, no entanto, dizem respeito ao pagamento de uma dívida de 80 milhões de dólares a um credor suíço e às instalações da mineradora Rio Tinto. Segundo Lugo, o dinheiro cobrado pelo credor jamais chegou ao Paraguai e a instalação da mineradora no país não é vantajosa. “O Paraguai não possui mercado e matéria-prima para que a Rio Tinto instale uma fábrica de processamento de alumínio. Isso só interessa à empresa porque o preço da energia oferecida pelo governo é muito barato”, argumenta.
No entanto, o maior temor é o partido Colorado, de Federico Franco, usar a máquina pública para interferir nos resultados das eleições. Mas Lugo já deixou claro que não confia no atual governo para fiscalizar o processo eleitoral.
Marcelo PellegriniNo CartaCapital