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Dimas Roque

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A política que brota sob os pés do povo

July 29, 2025 8:11 , by Dimas Roque - | No one following this article yet.
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Enquanto os tronos se mantêm estáticos, o vento muda. Movimentos sociais que cultivam comida, água e dignidade agora disputam mandato nos palcos institucionais — e o resultado é revolução. No Nordeste, onde a luta ressoa em cada município pequeno, a voz do campo e da favela salta do chão para as câmaras e assembleias.

Em 2024, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) rompeu o silêncio da urna e lançou mais de 600 candidaturas pelo país, distribuídas em 367 municípios em 22 estados, com forte presença no Nordeste: 58% dessas candidaturas estão na região. Prioridade: reforma agrária, agroecologia e combate à fome. 62,5% dos candidatos são pretos ou pardos, 38% ligados à comunidade LGBTQIA+ e grupo indígena representado, em uma plataforma que busca transformar (setores) históricos da política institucional.

Dessas candidaturas, 133 foram eleitas, entre vereadores, vereadoras, prefeitos e vice-prefeitos, especialmente em pequenas cidades do interior do Nordeste, incluindo Bahia, Pernambuco e Ceará. Em Pernambuco, 43 nomes foram lançados pelo MST, com quatro assentados eleitos vereador e mais quatro aliados eleitos com apoio do movimento.

Entre os eleitos, está Edilson Barbosa, de Caruaru (PT‑MST), agricultor dirigente local, que leva ao plenário prioridades como abastecimento hídrico e agricultura familiar. Tato Mendes, jovem articulador LGBT de João Alfredo, teme pela saúde pública e representa uma nova geração. Outros nomes como Lucas Souza (Ibimirim) e Auzenir Santos (Santa Maria da Boa Vista) mostram diversidade de gênero, raça e territórios, a representação vira tribuna de um povo antes sem voz.

Em âmbito estadual, o destaque é Rosa Amorim, eleita deputada pela Alepe (Pernambuco) aos 25 anos, negra, lésbica e militante desde a infância em assentamentos. Com mais de 42 mil votos, ela é símbolo de uma geração que não espera portas abertas — planta-a com suas mãos.

Este movimento eleitoral não se explica por ambição individual: é resultado de um trabalho de base enraizado, que vincula campanha a comunidade, luta social a mandato. Como pontuado por leitores no Reddit:

“Não é campanha não, é trabalho de base. É estar presente na vida do trabalhador todos os dias e não só no período eleitoral.”

“O que o MST tem que os outros partidos não têm é uma estrutura forte, usada para ter ganhos reais”.

A trajetória também ecoa nas candidaturas negras e indígenas que emergem fora da lógica partidária tradicional, buscando reconstruir a democracia desde o território popular.

O movimento que antes plantava na terra agora semeia no plenário.


Source: http://www.dimasroque.com.br/2025/07/a-politica-que-brota-sob-os-pes-do-povo.html

Dimas Roque

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