É hora de falar com franqueza para esse povo. Mesmo que alguns nordestinos sintam ter sido “aceitos” no Sudeste, a verdade é que a elite paulista nunca os viu como iguais. Ainda hoje, o preconceito sussurra, ou grita, nos ônibus, nas entrevistas de emprego e nas conversas atravessadas. É um erro acreditar que o silêncio sobre isso significa respeito. Muitas vezes, significa apenas tolerância disfarçada.
Por isso, no próximo ano, quando as urnas estiverem à espera, o voto precisa ser um ato de memória e de lealdade. O nordestino que vive em São Paulo carrega a responsabilidade de escolher governantes e parlamentares que defendam o povo pobre, que criem políticas públicas para quem precisa, que olhem para a base e não para o topo da pirâmide. Isso significa apoiar candidatos ao governo paulista, à Assembleia Legislativa e ao Congresso Nacional que representem a esquerda, pois é dela que, historicamente, vêm as iniciativas de valorização do trabalhador, de inclusão social e de combate às desigualdades.
Representar o Nordeste não é apenas falar de forró e de festa junina em São Paulo. É votar para que a dignidade, a comida na mesa, a moradia decente e o trabalho justo sejam direitos para todos, e não privilégios de poucos. É, no silêncio da cabine de votação, lembrar de cada parente que ficou no Nordeste, de cada infância vivida com pouco, e escolher lado. Porque quem esquece de onde veio corre o risco de perder para sempre o caminho de volta.