Uma economia para o 1%
19 de Janeiro de 2016, 9:19Por Oxfam Novib (http://www.oxfam.org.br/)
Em relatório global pré-Davos a Confederação Oxfam mostra que a crescente desigualdade criou um mundo onde 62 pessoas possuem tanta riqueza quanto a metade mais pobre da população.Download desta publicação em: http://migre.me/sJMxn
* Foto: Favela Tondo em Manila, Filipinas, 2014. Por Dewald Brand, Miran, para a Oxfam.
Fórum Paraense de Economia Solidária realiza formação sobre Conselhos
16 de Janeiro de 2016, 10:18Por GT Fórum Paraense de Economia Solidária (rosamariaalexandre@gmail.com)
Com o título O papel do Conselho Estadual de Economia Popular e Solidária do Estado do Pará, o Fórum Paraense de Economia Solidária realiza suas primeiras ações do ano de 2016.
O objetivo da programação é falar sobre o papel do Conselho Estadual de Economia Solidária, além de realizar um debate sobre Legislação no âmbito do Estado.
A formação será realizada em 18/01/2016, a partir das 14h, no Auditório da SEASTER na Avenida Almirante Barroso, 1.312 esquina com Mariz e Barros, Belém.
Conselhos de Políticas Públicas - uma breve definição
Os conselhos de políticas públicas são instâncias de deliberação que representam uma importante inovação no cenário político brasileiro, despertando interesses acerca de seu potencial democrático e possibilidades para atender as demandas de uma sociedade cada vez mais complexa e pluralista. Segundo Bronzo (2007), o seu formato sinaliza uma ruptura com o arcabouço jurídico e institucional vigente até a Constituição de 1988 por apresentar avanços em pelo menos duas dimensões: uma técnico-normativa e outra relativa à ampliação da democracia. Diferentemente dos conselhos comunitários e populares, o modelo atual institui novas atribuições e altera seu perfil: não mais conselhos atuantes no âmbito do microterritório, mas conselhos setoriais paritários em diversas esferas de poder e com poderes deliberativos, alocativos e regulatórios. (BRONZO, 2007).
A institucionalidade dos conselhos de políticas públicas também ganha força a partir do momento em que estes se incorporam como um instrumento essencial no novo desenho de execução das políticas sociais com pilares na gestão descentralizada - reforçando o pacto federativo - e participativa - compartilhamento das decisões do governo com a sociedade.
Durante a década de 90, observou-se um aumento significativo no número de conselhos. O IBGE, em uma pesquisa de 2001, expõe que naquele momento existiam mais de 28 mil conselhos municipais no Brasil. Diversos autores vêm tentando analisar os conselhos a partir de seus dilemas, desafios, constrangimentos e ameaças geradas à sua efetivação (DAGNINO, 2002; DAGNINO et. TATAGIBA, 2007; SILVEIRA, 2008; BRONZO, 2007, MORAES et. CORREIA, 2009). Essas análises podem ser divididas em duas dimensões principais: legitimidade e performance. A primeira questiona se as decisões tomadas nos conselhos refletem, de fato, o interesse da sociedade. A segunda preocupa-se com os "produtos" gerados por esses conselhos: influência nas políticas públicas governamentais; propostas formuladas; formulação de forma mais democrática de programas e projetos governamentais e alocação de recursos públicos.
#MinhaPrimeiraTransfobia: transexuais relatam primeiro caso de preconceito Geledés
15 de Janeiro de 2016, 4:51
#MinhaPrimeiraTransfobia: transexuais relatam primeiro caso de preconceito
Publicado há 1 semana - em 7 de janeiro de 2016 » Atualizado às 11:42
Categoria » http://www.geledes.org.br/questoes-de-genero/lgbti/">LGBTI
Dia Nacional da Visibilidade Trans incentiva vítimas a postarem relatos nas redes sociais
no IGay
Inspirado na campanha feminista #MeuPrimeiroAssédio, que denunciou casos de abusos sexuais e discriminação durante a infância, travestis e transexuais relatam casos de preconceito e abusos desde o reconhecimento da identidade de gênero.
Com a hashtag #MinhaPrimeiraTransfobia, internautas relatam os acontecimentos e recebem apoio nas redes sociais.
"Sai chorando do banco pelo constrangimento e me sentindo um animal de circo", diz Amanda Guimarães ao relatar caso numa agência bancária. "Não somos animais, não estamos em exposição para servir de chacota de gente sem escrúpulos. Chega de transfobia", completa.
Já Rose Annie conta quando sofreu agressão física, ainda na infância. "Devia ter uns 7 ou 8 anos, minha mãe me flagrou de calcinha apanhei ate perder a consciencia", relata.
Informações sobre o FST-2016
13 de Janeiro de 2016, 9:11Por Gilmar Gomes (Rede de ITCPs - gilpoa2013@gmail.com)
Há uma semana da abertura oficial do FST 2016 trago-lhes notícias sobre o andamento da organização do Fórum e sobre a temática da Economia Solidária dentro deste processo.
Na programação, de forma geral, ainda não dispõe de informações mais precisas. Também cabe lembrar que somente ontem foi encerrado o prazo de submissão de Atividades Autogestionárias, e pelo que se pode ver no site de inscrição o número de inscrições foi avassalador.
Com relação às Mesas de Convergência - as grandes mesas deste Fórum oferecerão bons debates nos dias 20, 21 e 22/01 com temas desde a globalização, passando pela questão dos Direitos Humanos, Diversidade, Cultura e Democracia. Em breve sairá a programação dessas mesas com detalhes. É importante salientar que as mesas do dia 21/01 (Mesas de Convergência sempre ocorrerão à tarde, e na parte da manhã estão reservadas para as Atividades Autogestionárias.
No dia 21/01 a partir das 14hrs no Auditório Araújo Viana (espaço amplo que garante a participação para mais de 3000 pessoas) ocorrerá a "grande mesa" dos Movimentos. Ontem na organização da mesma contou-se 23 entidades participantes, e entre essas a economia solidária. Além disso, Diversidade, Direitos e Cultura serão temas deste espaço de convergência.
Terminando esta atividade, ainda no Araújo Viana, imediatamente ocorrerá a mesa capaz de aglutinar as forças do nosso movimento de ecosol, intitulada "Democracia Econômica" que contará com a presença do Prof. Singer e do Ministro Rossetto, entre outros.
Fórum Gaucho de Saúde Mental
O FGSM realizará uma Atividade Autogestionada dia 22/01. Como se sabe, o Movimento está em luta permanente mas nos últimos meses mais aguerrida ainda em função de duas nomeações para a Coordenação de Saúde Mental, que atacam profundamente as conquistas até agora alcançadas em especial no que diz respeito a desmanicomialização e a reforma psiquiátrica de modo geral.
A primeira é no Rio Grande do Sul com a nomeação pelo governo do PMDB de Luiz Coronel, notório defensor dos hospícios e em âmbito nacional com a nomeação de Valencius Duarte também pelo PMDB. Em relação a este último, organiza-se desde 18 de dezembro uma ocupação na Coordenadoria de Saúde Mental do Ministério da Saúde em Brasília, afim de protestar contra esta nomeação.
No dia 14/01 agora haverá uma grande Marcha em Brasília contra os retrocessos. O movimento está disposto a fazer muito barulho democrático com sketch de teatro, coletivos cênicos, faixas, cartazes, apitaço, e muito colorido para marcar nossa posição em defesa dos direitos humanos das pessoas que padecem de sofrimento psíquico em nosso País.
Abaixo há duas atividades autogestionárias que as Incubadoras Tecnológicas de Coopeativas Populares - ITCPs estão propondo. Seguem:
DiA 20 DAS 08H30 ÀS 10H30 - ITCP UFRGS - Mediador Prof. Carlos Schmidt
A ecosol como parte de um processo de desenvolvimento inclusivo e solidário
Na perspectiva da retomada do crescimento do produto e da renda para o conjunto da população,a ecosol tem uma dinâmica interna que se traduz pela aplicação do seu excedente na economia real,portanto através de uma série de políticas complementares micro e macro econômica pode ser um caminho para saída da crise e para o desenvolvimento. Debaterá, no campo teórico, discussões recentes de dois pensadores e ativistas da Ecosol: Prof. Renato Dagnino (UNICAMP) e Prof. Carlos Schmidt (UFRGS)
DIA 21 das 08h30 às 10h30 - TECSOL-UFPEL
Economia solidária e circuitos locais de comércio justo
A ideia da oficina é discutir os processos pedagógicos da incubação em relação aos processos de comercialização - consumo consciente, comércio justo, grupos de consumo responsável, redes de comercialização e circuitos locais. Por óbvio, é uma atividade dirigida às incubadoras e aos empreendimentos que participam deste tipo de processo. Vamos apresentar o caso da Rede Bem da Terra, em Pelotas, e disparar o debate a partir daí.
FST2016: FsmPoa+15
12 de Janeiro de 2016, 16:25Por forumsocialportoalegre.org.br
O Fórum Social Mundial é uma importante novidade no cenário internacional por sua capacidade de articulação de inúmeras matizes da luta anti-capitalista, seu caráter auto-gestionário, pela radicalidade de suas propostas políticas, sociais, econômicas e ambientais, e por sua metodologia radicalmente participativa e horizontal. Tem contribuído na reconstrução de uma referência utópica para milhões de pessoas que lutam contra o pensamento hegemônico de que não há possibilidades reais de um outro mundo fora das dinâmicas e imposições do mercado capitalista.
Desde seu surgimento, em 2001, o mundo sofreu mudanças importantes, seja do ponto de vista de afirmação de propostas através de experiências positivas em vários países, seja do ponto de vista do recrudescimento da crise econômica mundial, o aumento da violência no Oriente Médio, a perda de poder econômico do eixo Eua, União Européia e Japão, a crise e a questão dos imigrantes na Europa e a ampliação dos fenômenos climáticos resultado da inércia dos governos em enfrentar o dilema ambiental. Parece correto afirmar que o FSM tem lugar e papel na conjuntura mundial.
Como processo, o FSM está em permanente construção. É uma obra inacabada, sempre pronta para renovar sua dinâmica e funcionamento. Visando realizar um balanço destes quinze anos de existência contribuindo para renovar e fortalecer ainda mais o processo do Fórum Social Mundial é que estamos convidando as redes de organizações e movimentos sociais, os grupos de base, as lideranças sociais, intelectuais, artistas e cidadãs e cidadãos do mundo para que façamos uma reflexão organizada, com capacidades de sistematização e discussão coletiva e que será uma etapa preparatória para a realização do Fórum Social Porto Alegre 15 Anos.
Este processo contará com três momentos:
*Discussão em grupos pelas redes e organizações dos movimentos sociais sobre o FSM com base em cinco questões orientadoras (Julho/Outubro)
*Concentração das respostas a estas questões numa mesma plataforma virtual a fim de permitir a tradução e disponibilização para a ampliação do debate; (Novembro/Dezembro)
*Realização de momentos de discussão presenciais no Fórum Social Porto Alegre 15 Anos, (Janeiro/2016)
Ao final, o acúmulo das discussões e as sugestões serão enviadas ao Conselho Internacional e ao FSM2016 a ser realizado em agosto no Canadá;
SUGESTÃO DE QUESTÕES PARA O DEBATE
Do ponto de vista da reconstrução da utopia de um outro mundo possível, quais as principais contribuições que o FSM trouxe para a sua organização ou movimento social?
Do ponto de vista da articulação com outros movimentos e organizações sociais que atuam nas mesmas ou em outras lutas, os processos do FSM contribuíram para ampliar horizontes políticos, fortalecer laços e acumular forças? Em que sentido?
Quais as principais conquistas que os processos do FSM tiveram nos últimos anos?
Quais as lutas estratégicas para o movimento anti-capitalista no atual contexto mundial e qual o papel do FSM neste processo?
Qual a avaliação sobre a atual estratégia de realização de Fóruns Sociais regionais, temáticos e mundiais?
Qual a avaliação da atual dinâmica de organização dos processos do Fórum Social Mundial
Que sugestões podem ser dadas para o fortalecimento e consolidação dos processos do FSM?
PROGRAMAÇÃO
19Janeiro2016 - TARDE CAMINHADA PELA PAZ, JUSTIÇA SOCIAL E SOLIDARIEDADE - ATO OFICIAL DE ABERTURA DO "FSM PORTO ALEGRE 15 ANOS"
20Janeiro2016 - MANHÃ - Atividades Político Culturais Autogestionárias de BALANÇOS dos 15 anos de FSM. TARDE - Atividades Político Culturais Autogestionárias de Convergência sobre os BALANÇOS dos 15 anos de FSM
21Janeiro2016 - MANHÃ - Atividades Político Culturais Autogestionárias de discussão dos DESAFIOS conquistados após 15 anos de FSM TARDE - Atividades Político Culturais Autogestionárias de Convergência sobre os DESAFIOS conquistados após 15 anos de FSM.
22Janeiro2016 - MANHÃ - Atividades Político Culturais Autogestionárias de discussão sobre as PERSPECTIVAS do FSM para o futuro TARDE - Atividades Político Culturais Autogestionárias de Convergência sobre as PERSPECTIVAS do FSM para a futuro
23Janeiro2016 - ASSEMBLÉIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS e SHOW DE ENCERRAMENTO
Juventudes por Outra Economia
11 de Janeiro de 2016, 10:56Por Webert da Cruz / IMS (welias@marista.edu.br)
Entidades, coletivos, Empreendimentos Econômicos Solidários, cooperativas e movimentos sociais do Brasil participaram do 2o. Encontro Nacional da Rede Juvesol - Juventudes e Economia Solidária. De 13 a 16 de dezembro na Universidade da Paz - Unipaz no Distrito Federal, o encontro contou com participação de todas as regiões do país para discutir e construir a participação e protagonismo da juventude na Economia Solidária.
Fortalecer a articulação da juventude do campo e da cidade, impulsionar o fomento de redes de cooperação e Empreendimentos Econômicos Solidários de jovens, fortalecer a Rede Juvesol, realizar o planejamento para 2016 e organizar incidência política com foco na 3a. Conferência Nacional de Juventude foram algumas questões do 2o. Encontro Nacional da rede.
"Acredito que o principal desafio das juventudes da Economia Solidária hoje no Brasil é pensar suas formas de organização, desde núcleos de juventudes nos empreendimentos já existentes até a criação de novos grupos, pensar suas formas de trabalho, cadeias produtivas, metodologias, enfim, construir uma identidade em um movimento que até tempos atrás não tinha despertado para este segmento que sempre esteve presente, mas que nunca tinha sido pensado e nem oportunizado" afirma Ingrid Silva, integrante da Rede Juvesol e do Empreendimento Econômico Solidário Agrofito, que desenvolve trabalhos de artesanatos, agricultura familiar, cultura e fitoderivados em Lagoa dos Velhos, Rio Grande do Norte.
Diversas cadeias produtivas criativas realizadas pela juventude estão espalhadas pelo Brasil. Experiências que renovam linguagens sobre o exercício do trabalho e que, na perspectiva dos valores da economia solidária, tem criado uma potência transformadora do olhar sobre as políticas públicas para o direito ao trabalho para a juventude, principalmente baseadas nas experiências coletivas, associadas e de autogestão.
Juliana Gonçalves do Instituto Kairós e da Juvesol diz que o protagonismo da juventude na Economia Solidária tem se revelado com cada vez mais potente pela capacidade de revigorar o movimento e se fortalecer mutuamente. "A juventude quer vislumbrar alternativas de trabalho, diante de um modelo tradicional hierarquizado, alienante, explorador. A Economia Solidária, por sua vez, carece de renovação de suas linguagens e abertura para novas cadeias produtivas, por exemplo, vinculada às práticas juvenis nos campos da cultura e tecnologias." afirma Juliana.
Paul Singer e Juvesol
No penúltimo dia de encontro, a Juvesol recebeu a visita do professor, economista e Secretário Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Previdência Social Senaes/MTPS, Paul Singer. "A importância da juventude na economia solidária é enorme. Não tem limites. Não só pelos jovens serem nossos sucessores, em pouco tempo, mas porque trazem para nós, adultos e velhos, uma visão nova." afirma Paul Singer.
Quando questionado sobre como os jovens poderiam contribuir para o movimento de Economia Solidária, Singer afirma que a Rede Juvesol já está contribuindo e que não é uma coisa futura. "Claro que no futuro poderá ser melhor, mais amplo, profundo, mas a Juvesol já dá uma contribuição extremamente importante pelo fato de formar um movimento. A forma que a rede tem de organizar-se traz inspiração para nós." confirma o professor.
Além da Senaes, o encontro recebeu o Secretário Nacional de Juventude da Presidência da República, Gabriel Medina, representantes do Ministério da Cultura e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e discutiram com a rede sobre políticas públicas de Economia Solidária e Juventude. O encontro também antecedeu a 3a. Conferência Nacional de Juventude que aconteceu em Brasília, no qual contou com a participação de integrantes da Juvesol como delegados, observadores e convidados que incidiram politicamente nas propostas pelo trabalho associado e Economia Solidária para jovens do campo e da cidade.
Bloquinho do Brincar: espaço que garante o direito do brincar e ser criança
8 de Janeiro de 2016, 12:55Por: Léu Brito (texto e foto)
Conheça o espaço que contribui para o desenvolvimento da criança através da brincadeira. Fica dentro da favela da Erundina, zona sul
Educação infantil é coisa séria no Bloco do Beco, associação cultural dentro do Jd. Ibirapuera, zona sul de São Paulo, que abriu suas portas em 2002. Tal preocupação com o desenvolvimento de crianças e adolescentes é a base do trabalho da ONG. Tanto que eles criaram um espaço exclusivo para o desenvolvimento da educação infantil dentro da favela da Erundina, numa casa que tinha uma garagem e dois cômodos, e se transformou num prédio de três andares para garantir um espaços de brincar para as crianças.
O sonho começou quando Arailda Carla Aguiar Vale, 42 anos, e seu marido Luiz Cláudio, gestor-fundador do Bloco, decidiram trabalhar com cultura e transformação social. "Na época, ele se dedicou fazendo cursos de terceiro setor. E fomos nos integrando às redes locais envolvidas com cultura, como a Rede Social Sul, a Brava Companhia no Sacolão, a Casa dos Meninos, Rainha da Paz entre outros coletivos", diz Carla.
Em busca da sede própria, o casal percorreu vários imóveis até se estabilizar próximo do ponto final do ônibus do Jd. Ibirapuera. Mas a dificuldade de achar outro lugar que abrigasse somente as atividades voltadas pras crianças era o desafio. "A dificuldade em manter nosso aluguel na primeira sede do Bloco do Beco, apertou. Eu comecei a sondar novas casas para alugar, até que uma amiga, agente de saúde, disse que uma tia estava alugando uma casa na favela da Erundina"; Sobre a conquista da casa Carla revela que "no imóvel tinha uma garage e dois cômodos. Alugamos, mas já deixamos indicado pra proprietária, que queríamos mesmo é comprá-lo. Após um ano e meio conseguimos juntar o valor para comprar. Para reformar tudo, recorremos ao financiamento coletivo da plataforma Catarse e outros eventos, assim conseguimos o valor e durante dois anos conseguimos subir 3 andares, deixando o prédio com mais ambientes", explica.
Assim nasce o "filhote", o Bloquinho do Brincar, uma brinquedoteca livre para toda e qualquer criança, mas sem a cara de ser uma escolinha ou creche padrão. "Quando os pais vêm fazer a inscrição, já deixamos claro que somos responsáveis pela integridade deles aqui dentro, mas se eles quiserem ir embora a qualquer momento tudo bem, não vamos proibir, pois aqui é um espaço livre com regras, mas não tem a função de regular a entrada e saída deles como uma creche ou escolinha", salienta Anabela Gonçalves, 34 anos, coordenadora pedagógica do espaço.
No meio da entrevista, Guilherme de cinco anos interrompe nossa entrevista, bravo com a irmã, pois segundo ele, ela teria "roubado" do seu banco de valores imaginário, ameaçando tacar uma brinquedo nela, caso ela não devolvesse o que "roubou". Ali estava explícito o que a Anabela me explicava sobre essa proposta do espaço de auxiliar no desenvolvimento de cada um que frequentar, através dessa pedagogia que criança tem mais é que brincar mesmo e assim aprender valores.
"Nosso pensamento com o bloquinho era oferecer um espaço que eles não tem em casa. Porque geralmente as casas são pequenas e não tem uma liberdade", completa Carla. E mais, cria um ambiente seguro para quem frequenta e trabalha no local. "Aqui nunca teve nenhuma tentativa de roubo ou invasão para levar qualquer objeto. Tanto que em 2009, nós ganhamos todo um conjunto de computadores, instrumentos musicais e equipamentos para o nosso maracatu e até hoje, mais de cinco anos, trabalho aqui neste local e nada foi roubado", cita isso com alivio e orgulho do respeito que os frequentadores do ambiente do tráfico nunca violaram o prédio com portas e janelas simples.
Vitória de 9 anos que estava junto de nós na mesma mesa desenhando, compartilhou conosco o que lhe motivou a passar as tardes do dia no Bloquinho. "Um amigo da minha sala que convidou pra brincar no campo aqui do lado. No outro ele disse se eu gostaria de conhecer um espaço legal pra brincar. Eu vim e estou gostando de ficar aqui até hoje. Depois convidei até minha prima, mas ela não vem mais, pois tem que ficar em casa cuidando do seu irmão menor". E pergunto onde ela estaria e fazendo o que se não houvesse um espaço como aquele, ela prontamente diz, "Em casa vendo televisão sozinha".
Fortalecidos na proposta que o futuro melhor se faz com crianças que se desenvolvem fase a fase de forma saudável e direcionada que o Bloquinho do Brincar mantem suas portas abertas na rua Acédio José Fontanete, 86 - Viela da Química - Favela da Erundina, Jd. Ibirapuera de segunda a sexta-feira das 9h às 17h a faixa etária do público é até 12 anos. Fica a dica do espaço cultural para manhãs ou tardes dos seus filhos.
As protagonistas de 2015 foram as mulheres | Retrospectiva
7 de Janeiro de 2016, 11:49Por Silvia Chakian do site - Promotora do MP-SP, coordena Grupo de Enfrentamento à Violência Doméstica
Se por um lado 2015 se despede sem deixar saudades, seja pelo agravamento da crise política, econômica e fundamentalmente, ética, seja pelos crimes ambientais de proporções inimagináveis, incêndios, aumento do desemprego, da violência e outras tantas notícias que envergonham a humanidade, por outro, desponta como um ano produtivo e relevante para a luta pela equidade de gênero. São esses fenômenos paradoxais, inexplicáveis, que transformam os seres humanos e nos levam à reflexão sobre nossa existência. Tempos de Luz e Trevas, para rememorarmos Charles Dickens.
Para as mulheres, o ano começou com a aprovação da Lei do Feminicídio, inegável aprimoramento legislativo que permite a qualificação específica do assassinato de mulheres por razões de gênero, conferindo visibilidade a esse fenômeno crescente no Brasil e que deve proporcionar a adoção de políticas públicas estratégicas de enfrentamento.
Nos meses subsequentes, nunca se falou tanto sobre feminismo, relações de gênero e todas as formas de violência contra a mulher.
A mídia convencional e principalmente a internet, por meio das redes sociais, estas movimentadas pelo chamado "feminismo jovem", trouxeram para o debate a questão do assédio e abuso sexual contra a mulher, de forma mais persuasiva a partir do episódio da menina participante do programa Master Chef Júnior, da Rede Bandeirantes de Televisão.
A origem dessa mobilização se deu após os comentários de cunho sexual feitos em redes sociais e direcionados a uma participante de apenas 12 anos. Milhares de mulheres se encorajaram a compartilhar episódios de assédio que sofreram, motivadas pela campanha #primeiroassédio criada pelo ThinkOlga).
No mesmo mês, com a aprovação do famigerado PL 5069 de Eduardo Cunha, pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, que dificulta o já sofrido e traumático caminho da vítima de violência sexual que procura o Sistema de Saúde, milhares de mulheres ocuparam as ruas contra o retrocesso, gritando palavras de ordem como "meu útero é laico", "meu corpo, minhas regras" e "Cunha sai, a pílula fica!". E a sociedade passou a refletir como nunca antes sobre temas como estupro, autonomia do corpo, direitos sexuais e reprodutivos.
Nos dias 24 e 25 de outubro mais de sete milhões de alunos do ensino médio que fizeram a prova do Enem, tiveram que refletir sobre a célebre frase de Simone de Beauvoir "Ninguém nasce mulher, torna-se mulher" e consequentemente sobre a questão de gênero.
Também tiveram que dissertar sobre "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira", o que exigia a análise das causas sociais desse tipo de criminalidade, aspectos do patriarcado e do machismo estruturante.
A repercussão do tema sofreu intenso ataque por parte dos conservadores, que trataram de manifestar repúdio à apelidada "imposição da ideologia de gênero", com propagação de boatos permeados pela desonestidade intelectual.
Mas o tiro saiu pela culatra e todo esse debate acabou despertando ainda mais a sociedade para a importância de tratar das questões de gênero em todas as esferas, sobretudo na educação.
Paralelamente a isso, no cenário mundial, o ano foi de discursos inflamados pela equidade de gênero nas premiações do Oscar e Emmy Awards, especialmente pelas atrizes Patricia Arquette e Viola Davis, cujas reinvindicações por igualdade de salários e representatividade no cinema, respectivamente, foram replicadas milhares de vezes nas redes sociais. Segue abaixo trechos de outros artigos (que me pareceram que faltaram no artigo original que lemos até aqui), também sobre o protagonismo das mulheres em 2015. No final destes trechos, continuamos com o artigo original.
Transfeminismo
Mulheres transexuais ganharam mais espaço e visibilidade este ano. A estudante pernambucana Maria Clara Araújo se tornou a primeira garota-propaganda trans do Brasil ao representar uma marca de cosméticos. Já Candy Mel, da Banda Uó, estrelou uma campanha de prevenção sobre o câncer de mama, na mobilização do Outuro Rosa. Também chamou a atenção por aqui a transição da ex-atleta norte-americana Caitlyn Jenner, acompanhada em parte por dois reality shows.
Brasileiras brilham na disputa por vaga no Oscar
Com Que Horas ela Volta?, Anna Muylaert se tornou a primeira mulher em 30 anos a ser escolhida para representar o país na premiação. Em 1986, o filme escolhido para disputar um lugar entre os candidatos a Melhor Filme Estrangeiro foi A Hora da Estrela, de Suzana Amaral. A relação dos filmes que disputam a próxima edição do prêmio será divulgada no dia 14 de janeiro. A produção de Muylaert também tem duas mulheres como protagonistas: Regina Casé e Camila Márdila, que interpretam mãe e filha e levaram o Prêmio Especial do Júri de melhor atuação no festival de Sundance.
Casos de racismo contra mulheres
Em 2015, personalidades como a jornalista Maria Júlia Coutinho, a Maju, e as atrizes Taís Araújo e Cris Viana foram vítimas de comentários racistas nas redes sociais, muitos permeados por ofensas de cunho machista. As três responderam enfatizando a importância da diversidade e da denúncia às autoridades. Em entrevista ao Repórter Brasil, a consulesa da França em São Paulo, Alexandra Loras, falou também sobre discriminação racial e as barreiras para a ascensão social da mulher negra.
Vamos Juntas?
A ideia é simples: está andando sozinha em uma situação de risco e viu outra mulher no mesmo barco? Continuem o caminho juntas. Criado pela jornalista Babi Souza, o movimento estimula a união de mulheres contra a insegurança nas ruas. A página no Facebook reúne hoje depoimentos de internautas que conseguiram evitar que outras mulheres fossem assaltadas ou estupradas.
Saiba mais no Repórter Brasil: http://youtu.be/Hr7Gh3MwiXs
#AgoraÉQueSãoElas
A iniciativa sugeriu a homens com destacado espaço na mídia que cedessem espaço para que uma mulher escrevesse. O objetivo foi reconhecer "a urgência da luta feminista por igualdade de gênero e o protagonismo feminino nesta luta", como escreveu em seu perfil no Facebook Manoela Miklos, criadora da campanha. ||Viola Davis é a primeira mulher negra a ganhar um Emmy|| A atriz foi premiada em setembro como melhor atriz em série dramática por How to Get Away With Murder e emocionou a plateia com seu discurso. "A única coisa que separa mulheres de cor de qualquer outra pessoa é a oportunidade. Não se pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem", disse.
Mães em evidência
A defesa do protagonismo da mulher no parto e da redução de cesarianas desnecessárias ganhou força este ano. A humanização do parto, o fim da violência obstétrica e o incentivo ao parto natural também. Outro aspecto sobre a maternidade que recebeu destaque foi o direito de amamentar em espaços públicos sem passar por constrangimentos. Em abril, os estabelecimentos da capital paulista que proibirem o aleitamento materno passaram a ficar sujeitos a multa. Em novembro, foi a vez do governo do Rio de Janeiro sancionar a meida para todo o estado.
#MeuAmigoSecreto
Criada pela página Não Me Kahlo e fazendo uma irônica alusão à tradicional brincadeira de fim de ano, a campanha estimulou a divulgação de casos de machismo vivenciados pelas internautas em seu círculo íntimo. O movimento fez surgir denúncias de crimes como estupro, pedofilia e violência contra a mulher.
#OcupaEscola
Com a proposta de reorganização escolar estadual pelo governo de São Paulo e a previsão de mais de 90 escolas fechadas em 2016, estudantes decidiram protestar com ocupações em unidades de educação e manfestações nas ruas. A participação feminina no movimento é marcante. No dia 4 de dezembro, Geraldo Alckmin recuou, anunciando a suspensão da medida, para que seja aberto diálogo com a comunidade escolar. Abaixo, o mesmo só que a partir do site da SPM (http://www.spm.gov.br/restrospectiva-spm-2015):
As protagonistas de 2015 foram as mulheres, acho que disso ninguém duvida.
Mas que mulheres?
O grande destaque do filme As Sufragistas que passou a ser exibido no Brasil este mês (não vou me aprofundar nas críticas, mas desde já concordo com aquelas relacionadas à falta de representatividade da mulher negra e imigrante) é ter contado a história da luta pelo direito do voto feminino sob a perspectiva das mulheres anônimas, que aderiram ao movimento e efetivamente fizeram toda a diferença.
Da mesma forma, ao final de um ano de muito trabalho pelos direitos das mulheres e tendo acompanhado diversas iniciativas anônimas, que tiveram a importância de mudar a vida de milhares de meninas e mulheres, dando-lhes a oportunidade de escolha por uma vida livre de discriminação e violência, me parece justo dizer que em 2015, foram elas, essas mulheres desconhecidas, que não têm acesso à mídia e não estão na mira de holofotes, que protagonizaram grandes transformações na busca por uma sociedade mais igualitária. E a elas direciono toda minha admiração.
Minhas eleitas são as ativistas que trabalham diariamente nas periferias mais esquecidas deste País, sem qualquer estrutura, com o objetivo de orientar meninas e mulheres sobre seus direitos.
As educadoras que reconhecem desde sempre a importância de trabalhar as relações de gênero nas escolas e universidades, como forma de respeito à diversidade e prevenção da violência.
As promotoras de justiça, juízas, delegadas, defensoras públicas e advogadas de todo o País, que muitas vezes precisam enfrentar o machismo dentro de suas próprias instituições, para lutar pelos direitos humanos de mulheres em situação de violência ou vulnerabilidade social.
As assistentes sociais, psicólogas e outras técnicas, agentes comunitárias e profissionais da área da saúde, que trabalham diariamente nos serviços de atendimento à mulher, quase sempre precarizados.
As guardas civis do Projeto Guardiã Maria da Penha, que diariamente visitam casas de mulheres que sofreram violência por parte de seus parceiros ou ex-parceiros, proporcionando acolhimento, orientação e fiscalização do cumprimento de medidas protetivas concedidas judicialmente.
As meninas dos coletivos feministas das universidades que enfrentam todo tipo de preconceito para lutar pelo fim dos atos de discriminação contra a mulher no ambiente universitário.
As muitas ativistas digitais e blogueiras que são responsáveis por mobilizar milhares de mulheres em torno de temas feministas e campanhas de conscientização.
As publicitárias que começam a provocar uma nova forma de fazer propaganda, que não objetifica, idiotiza ou sexualiza a mulher.
E, por fim, todas as mulheres que sofreram qualquer ato de discriminação e violência e conseguiram romper com o silêncio, buscar ajuda, denunciar e, com isso, motivar outras tantas mulheres, assim como impulsionar as políticas públicas de enfrentamento.
O ano de 2015 é delas e todos os méritos das conquistas que tivemos também.
Então que venha 2016. E sem paradoxos.
Menos caótico, turbulento, cruel no cenário político, econômico, ambiental, social e ético, para erradicarmos os rompantes de Trevas, ao mesmo tempo em que amplie os espectros de Luz para novos avanços rumo à equidade de gênero.
Com a esperança de que as sementes plantadas no ano que se vai se revertam em resultados efetivos para todas as mulheres.
Diálogos e Convergências em 2016
6 de Janeiro de 2016, 10:56Por Secretaria-Executiva do FBES
Uma articulação que nasceu com o objetivo de debater o tema da Agroecologia, Saúde e Justiça Ambiental, Soberania Alimentar, Economia Solidária e Feminismo. e se propor a relacionar estes temas para defesa e construção de outro modelo de desenvolvimento. Ela envolveu diversos movimentos sociais, inclusive o Fórum Brasileiro de Economia Solidária.
Em 18/12/2015, foi realizada a Caravana Territorial do Rio Doce, em Minas Gerais envolvendo diversas organizações e movimentos sociais. Em ata escrita:
"Encontro Diálogos e Convergências pela Articulação Nacional de Agroecologia coincidiu com a tragédia de Mariana. Nesse contexto surgiu a ideia de uma Caravana Territorial na região atingida, e foi realizada uma discussão sobre essa proposta nos dias 27 e 28 de novembro de 2015 durante o Seminário Estadual da Caravana Agroecológica e Cultural do Rio de Janeiro "Existe Agricultura no Rio de Janeiro: Existe, Resiste e Alimenta", promovido pelo Projeto Comboio Agroecológico do Sudeste. Na reunião diferentes organizações 1 reunidas em Casimiro de Abreu/RJ promoveram duas rodas de conversa para compartilhar experiências, olhares e discutir ações conjuntas em torno do crime/tragédia/desastre decorrente do rompimento das barragens de rejeitos de minério de ferro em Mariana/RJ, da Samarco-Vale-BHP. Foi então marcada a reunião de Belho Horizonte no dia 18/12 para dar continuidade à proposta."
Acesse a ata da reunião em: http://migre.me/sCFmj
Por uma internet mais subversiva
5 de Janeiro de 2016, 11:49Por Antonio Martins (http://outraspalavras.net/)
Fevereiro de 2014: manifestantes saem às ruas na Turquia contra restrições à internet, aprovadas pelo Parlamento. Para autores do novo manifesto, é preciso enfrentar, além do autoritarismo, mercantilização da rede.
Em resposta ao Facebook, Google e plataformas precarizantes como Uber, pesquisadores e ativistas mobilizam-se para criar redes pós-capitalistas, onde se compartilhe propriedade e trabalho
Se você acha que o potencial democratizador e descentralizador da internet está se perdendo em banalidades (como as timelines do Facebook), ferramentas de controle (como o Google, capaz de vigiar todos os seus passos) ou plataformas que, embora favoreçam o compartilhamento, beneficiam essencialmente seus proprietários (como Uber e AirBnB), não sinta-se sozinho. Está se espalhando rapidamente pela rede o Projeto Novo Sistema.
Lançado por dois jovens pesquisadores norte-americanos (Nathan Schneider e Trebor Sholz, apresentado num manifesto que tem, entre outros endossos, o de Noam Chomsky, ele sustenta que as sociedades articuladas em redes estão maduras para um novo sistema social, claramente pós-capitalista. Questiona pilares centrais da ordem atual - como a propriedade privada e o trabalho assalariado. Pede esforços para desenvolvimento de sistemas de internet realmente libertadoras (visando um Cooperativismo de Plataforma). Acredita que é possível começar a construí-lo desde já. Mas reconhece: a tecnologia não promove as grandes mudanças sociais - para elas, é necessário consciência e mobilização de massas.
Já na abertura de seu manifesto, Schneider e Scholz relembram: as grandes tecnologias de Comunicação - rádio, TV, internet - nasceram com intenção libertadora (Bertolt Brecht acreditava nas possibilidades revolucionárias de uma radiofonia horizontal). No entanto, estas inovações são aos poucos absorvidas pela ordem social vigente. A internet vive sob intensa pressão monopolística e desfiguradora.
Não se trata apenas da espionagem onipresente, descrita por Ignacio Ramonet e praticada por agências de vigilância como a NSA. A criação de novos sistemas tornou-se complexa e cara. Esta tarefa está relegada, nas condições atuais, ao mercado: não há esforço público comparável ao necessário para criar e desenvolver algo como o Google ou mesmo o Uber. Mas o trabalho é sugado, então, pela lógica do lucro. As empresas e indivíduos endinheirados, que investem na criação de plataformas, não estão interessados no bem comum ou na emancipação do ser humano. Querem retorno, na forma de lucro rápido. Surgem sistemas ambíguos (como o Uber e o AirBnB) ou socialmente desagregadores (como o TaskRabbit, cuja finalidade essencial é contratar trabalhadores sem proteção laboral).
Para romper este círculo de ferro, dizem Shneider e Sholz, é preciso mobilização social. Antes de tudo, é hora de mostrar que as potencialidades da rede exigem uma nova economia. Que, num mundo conectado, o próprio conceito de propriedade privada está se tornando obsoleto. Que é possível, de fato, estabelecer formas muito mais flexíveis de trabalho (em período parcial, intermitente, em horários alternativos) - porém, que esta mudança pode ser feita distribuindo a riqueza e assegurando a todos uma vida digna (lembre-se da ideia de uma Renda da Cidadania para todos).
O manifesto frisa que não partimos do zero: estas ideias estavam presentes no início da internet - e sistemas baseados em lógicas pós capitalistas existem e avançam. A Wikipedia - o mais conhecido - tornou possível um compartilhamento de saberes jamais imaginado antes da rede. As comunidades de software livre, baseadas no princípio da colaboração, estão vivas. Além disso, há iniciativas frescas, como o Stocksy, um banco de imagens gerido autonomamente por fotógrafos; o Resonate, em que músicos disponibilizam sua produção online; o Loconomics (em construção) que permite compartilhar trabalho em lógica não-capitalista; o http://www.timesfree.co/, por meio do qual famílias revezam-se no cuidado das crianças pequenas. Surgem inclusive, em todo o mundo, cooperativas especializadas em desenvolver tais sistemas - como Backfeed, Swarm, Consensys ou, no Brasil, Noosfero.
Porém, como fortalecer e difundir estas iniciativas - como evitar que fiquem à margem, numa internet dominada por mastodontes e submetida à vigilância? O manifesto lembra, felizmente, que o decisivo é a mobilização social. Recursos públicos são necessários para reunir grandes grupos de programadores e produzir plataformas robustas, eficazes, atraentes. A luta para assegurá-los será sempre política. Um dos documentos no site criado por Schneider e Sholz sustenta: mudança de sistema exige organização das sociedades.
Em 13 e 14 de novembro, nos EUA, uma série de diálogos debateu caminhos para a mobilização por uma nova internet. Teve caráter amplo. Participaram desde criadores de novas plataformas até trabalhadores (como os do Walmart) que estão empenhados na constituição de um novo sindicalismo, em rede (e têm alcançado vitórias).
Quais caminhos concretos para livrar a internet do que parece ser hoje a tendência predominante, e resgatar seu caráter rebelde de compartilhamento, decentralização , possível democracia radical? O esforço de Schneider e Sholz não se desenvolveu a ponto de oferecer uma resposta. Construí-la exigirá, certamente, esforço de mais gente - inclusive o seu Mas a convocatória do encontro de novembro poderia servir de estímulo para uma das tarefas centrais que enfrentaremos, nos anos turbulentos que virão, os que lutamos por outro mundo possível. "Queremos ampliar o coro crescente que pede controle real das sociedades sobre os sistemas que determinam a forma de nossas vidas. É hora de colocar na rede uma nova Economia da Solidariedade"
A consolidação da Economia Solidária
4 de Janeiro de 2016, 16:14Por Diário de Pernambuco (http://www.diariodepernambuco.com.br/)
Um pequeno produtor é um pequeno produtor. Dois pequenos artesãos dois pequenos artesãos. Três pequenos pescadores são três pequenos pescadores. Mas quando são muitos e estão reunidos, eles viram outra coisa tornam-se protagonistas da Economia Solidária, uma vertente da economia que deixou para trás o estigma de "ação de desempregados" e hoje é cada vez mais uma alternativa relevante de ocupação e renda. Em todo o país há cerca de 1,5 milhão de trabalhadores associados a empreendimentos solidários, movimentando recursos que chegam a 1% do PIB nacional o que parece pouco percentualmente falando, mas que atinge a significativa soma de R$ 50,5 bilhões.
O destaque da Economia Solidária, porém, não se deve apenas ao montante de dinheiro que faz circular. É importante também porque atua de forma coletiva e associativa (tornando fortes os que isolados são fracos), compartilhando os recursos do que produz e funcionando em modelo de autogestão (sem "donos" nem "empregados"). E também pela variedade das áreas em que atua: agricultura familiar, pesca artesanal, artesanato, agroecologia, catadores...
O Diario de hoje traz uma ilustrativa matéria sobre a Economia Solidária em Pernambuco. Em nosso estado existem 1.503 empreendimentos solidários. O município que lidera o quantitativo é Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, com 89 projetos, correspondente a 6% do total. Já o município com mais projetos no interior do estado é Garanhuns (Agreste), com 43. Merece destaque também o fato de que um em cada dois dos sócios pernambucanos almejam ter o próprio negócio com a Economia Solidária.
A reportagem conta histórias de empreendimentos solidários como o do grupo Troque por Arte, de Jaboatão, que recolhe como doações material que iria para o lixo e o transforma em produtos de artesanato. E o de Catende (Zona da Mata), em que existem 39 projetos solidários com características rurais, com a participação de muitos trabalhadores egressos da Usina Catende, criada em 1890 e que teve falência decretada em 1995. No seu período de maior prosperidade, foi a maior usina da América Latina.
A Economia Solidária tem se mostrado uma alternativa valiosa de combate à pobreza no Brasil. Em uma economia incapaz de absorver a todos, é importante a existência de modelos alternativos que garantam produção e renda. Mas não se trata de uma forma de organização do trabalho destinada a funcionar apenas em países com problemas de desenvolvimento. Está presente também em nações com economia pujante, como a Alemanha. Em comparações com os participantes dos projetos nesses países, há diferenças significativas. Na Alemanha, por exemplo, os empreendedores solidários têm um alto nível de instrução e fazem parte dos projetos não para sair da pobreza, e sim em busca de um modelo alternativo de vida, conforme mostrou o filósofo alemão Bastian Ronge, que participou de evento sobre o tema no Recife, em outubro passado.
Os primeiros empreendimentos solidários surgiram aqui nos anos 1980, no rastro de grave econômica vivida então pelo país, e ganharam solidez a partir dos anos 1990. Como fenômeno recente, ainda há muito que se discutir sobre ele. Mas não há dúvidas que é algo que já mostrou que veio para ficar.
Retrospectiva 2015: A luta das mulheres (Revista Fórum)
19 de Dezembro de 2015, 10:34"As mobilizações em torno da luta pelos direitos das mulheres vêm se intensificando tanto nas redes, quanto nas ruas. Entre campanhas como a do #PrimeiroAssédio e contra a aprovação do PL 5069/13, uma série de eventos contribuiu para que o grito feminino de "basta" fosse ouvido com mais força. Como de costume, a reação machista não demorou a vir."
http://cirandas.net/thumbnails/0030/2881/SAM_2950_display.JPG"/>
"Esses e outros assuntos de relevância nacional e internacional foram acompanhados pela Fórum ao longo do ano e, nessa edição especial de retrospectiva, pode-se relembrar as reportagens já publicadas sobre os temas. A análise a respeito do que passou funciona principalmente - como toda boa resolução de Ano Novo - para uma reflexão aprofundada sobre o tipo de futuro que queremos e o que é possível fazer para transformá-lo.
Boa leitura."
A luta das mulheres mais forte do que nunca
São Paulo acordou no último final de semana ainda na ressaca do ato organizado por coletivos feministas contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na sexta-feira (30), http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/mulherescontracunha-o-ato-em-imagens/">cerca de 15 mil mulheres marcharam por mais de três horas da Avenida Paulista à Praça da Sé, no centro, contra a retirada de direitos conquistados a duras penas. Dois dias se passaram, mas o grito feminino e feminista não arrefeceu: já na segunda-feira (2), a campanha #AgoraÉQueSãoElas bombou nas redes e pipocaram textos e depoimentos de mulheres de diferentes áreas do saber em blogues, portais, jornais, revistas e canais do Youtube, entre outros meios e veículos de comunicação.
Nas palavras da professora e doutora em Relações Internacionais Manoela Miklos, sua idealizadora, a ação consiste em "uma semana de mulheres ocupando os espaços masculinos de fala. Homens convidam mulheres para escrever no seu lugar e se colocam nesse lugar do ouvinte. Dando voz e vez a uma mulher. Reconhecendo a urgência da luta feminista por igualdade de gênero e o protagonismo feminino nesta luta".
Desde o início do projeto, já participaram nomes como a editora da Companhia das Letras, http://m.folha.uol.com.br/colunas/alexandrevidalporto/2015/11/1701399-mulheres-tem-pouca-voz-na-literatura-e-na-grande-imprensa.shtml?mobile">Sofia Mariutti, na coluna de Alexandre Vidal Porto; as jornalistas e escritoras http://negrobelchior.cartacapital.com.br/elas-sao-muitas-nao-so-em-numero-%e2%80%8eagoraequesaoelas/">Bianca Santana e http://www.revistaforum.com.br/wp-admin/(http://negrobelchior.cartacapital.com.br/por-uma-consciencia-negra-e-feminista/">Jarid Arraes, no Blog do Negro Belchior; http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2015/11/02/a-internet-odeia-as-mulheres-e-ninguem-ve-problema-nisso/">Juliana de Farias e Luíse Bello, do coletivo feminista Think Olga, e a filósofa http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2015/11/04/o-corpo-da-mulher-negra-como-pedaco-de-carne-barata/">Djamila Ribeiro, no Blog do Sakamoto; a psicanalista http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2015/11/1702176-abortemos-o-projeto-de-cunha.shtml">Maria Rita Kehl, na coluna de Contardo Calligaris; entre outras.
A mobilização em torno do #AgoraÉQueSãoElas é parte de um processo que se iniciou há pouco mais de duas semanas, com a estreia do programa MasterChef Júnior na noite do dia 20 de outubro. Durante a transmissão do primeiro episódio, como de costume, o Twitter foi inundado por mensagens relativas à atração da TV Bandeirantes. Dentre a avalanche de tuítes e memes, alguns não puderam ser ignorados: seu alvo era uma das participantes, de apenas doze anos. Com teor sexual, faziam menção à aparência física da menina e a colocavam em situações que uma criança como ela sequer compreende.
A jornalista Carol Patrocinio, diante da situação, escreveu um http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/a-polemica-do-masterchef-junior-e-a-afirmacao-da-cultura-do-estupro/">texto sobre a íntima relação entre o assédio à "chef júnior" e a cultura do estupro, ao mesmo tempo tão comum e negligenciada em nossa sociedade. A revolta diante dos comentários motivou, logo em seguida, a campanha http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/em-campanha-no-twitter-mulheres-relatam-primeiros-casos-de-assedio-que-sofreram/)">#PrimeiroAssédio, criada pelo Think Olga, que incentivou as mulheres a compartilharem nas redes os primeiros casos de assédio de que foram vítimas. Em cinco dias de mobilização, a hashtag foi replicada 82 mil vezes, entre tuítes e retuítes.
Os fortes relatos publicizados por aquelas que decidiram quebrar o silêncio impressionaram os internautas e provocaram acalorados debates. Ao avaliar os dados, mais um choque: o Think Olga descobriu que, num grupo de 3.111 tuítes analisados, a idade média em que o primeiro assédio ocorreu era de 9,7 anos. Na nuvem construída a partir das mesmas postagens, palavras como "casa", "escola", "pai" e "vizinho" apareceram em grandes proporções, indicando que foram frequentemente citadas (leia mais ).
Com tudo isso, coincidiu a aprovação, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara, do http://www2.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=565882">projeto de lei 5069/13, de autoria de vários deputados; entre eles, Eduardo Cunha. O PL, além de tornar crime o anúncio de meios ou métodos abortivos e determinar punição a quem induz, instiga ou auxilia num aborto, dificulta o acesso de mulheres vítimas de violência sexual aos procedimentos de interrupção da gravidez fornecidos pelo Estado. Se agora a palavra da mulher é soberana, após um estupro, caso aprovada a matéria, ela terá de registrar boletim de ocorrência e se submeter a exame de corpo de delito para poder exercer o direito ao aborto, garantido por lei desde 1940 (leia mais ).
Outro evento importante sucedeu esses episódios: o Exame Nacional do Ensino Médio. No sábado (25), primeiro dia de provas, uma http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/com-simone-de-beauvoir-enem-teve-questao-sobre-feminismo/">questão sobre a filósofa francesa Simone de Beauvoir causou alvoroço. No domingo (26), os concorrentes conheceram a proposta de redação, que caiu como uma luva após uma semana marcada por denúncias de assédio e abuso sexual: "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira". Fervilharam nas redes comentários contrários ao Enem - figuras reacionárias como http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/bolsonaro-feliciano-e-constantino-criticam-questao-sobre-beauvoir-no-enem/">Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP) comandaram o coro. Houve até vereadores subindo à tribuna da Câmara em Campinas, no interior de São Paulo, para aprovar uma http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/nao-e-sensacionalista-vereadores-de-campinas-sp-aprovam-mocao-de-repudio-a-simone-de-beauvoir/">moção de repúdio contra Beauvoir. Teve também promotor de Justiça chamando a pensadora de http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/promotor-chama-simone-de-beauvoir-de-baranga-francesa/">"baranga francesa".
Na semana seguinte, a resposta das mulheres brasileiras à reação conservadora veio em forma de protesto. Começou pelo Rio de Janeiro na quarta-feira (28), passando por São Paulo na sexta (30) e Porto Alegre, na última terça (3). Novos atos estão sendo marcados e a expectativa é de que sejam ainda maiores.
Embora o movimento feminista, em suas diversas correntes, venha há algum tempo ocupando as redes - e se fortalecendo por isso -, é inegável que as mobilizações das últimas semanas atingiram magnitude inédita e conseguiram se transportar para as ruas com força semelhante à que mostraram no Twitter e no Facebook. Em http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2015/11/04/vao-morrer-mais-mulheres-negras-e-pobres-e-a-culpa-sera-do-congresso/">texto publicado no Blog do Sakamoto para a campanha #AgoraÉQueSãoElas, a jornalista e escritora Laura Capriglione considera que a luta pelo direito das mulheres vem ganhando mais espaço e projeção por conta de um "novo tipo de feminismo".
"Trata-se de um feminismo que tem como ponto de partida o compartilhamento generalizado de experiências individuais dolorosas. Milhares de testemunhos agora públicos sobre o #PrimeiroAssédio permitiram a cada menina/jovem/mulher entender que pertence a uma parte da humanidade tratada como presa de outra parte, dos caçadores. E, de repente, houve uma coagulação de solidões em um 'nós' comum - uma menina juntando-se a outra e mais a outra", argumenta. "Essas mulheres não tolerariam que mais um boçal como Eduardo Cunha viesse tocar em seus corpos, como tantas outras vezes ocorreu", destaca.
Para Vanessa Rodrigues, uma das fundadoras e diretora executiva da ONG feminista Casa de Lua, as recentes manifestações significam um sinal de "basta" vindo das mulheres. "Acho que tudo isso subiu a fervura de nossa profunda exaustão. Quando a gente pensa que estão querendo mexer em direitos que já tínhamos garantidos, piorando mais ainda o atendimento a mulheres estupradas, já tão falho, nos damos conta do quão pouco valemos nesse jogo político", explica. "Já sabíamos que não avançaríamos no debate da legalização do aborto. Mas o risco de retroceder é muito assustador. Isso foi muito mobilizador. Até mesmo o 'Enem Feminista' pode ter influenciado na disposição em ir pras ruas." (Leia o texto de Vanessa para a campanha #AgoraÉQueSãoElas).
A definição de um inimigo nítido, expressa na figura de Eduardo Cunha, também contribuiu para instigar a movimentação das mulheres, avalia a antropóloga Caroline Freitas, professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). "É mais fácil lutar e resistir quando há um inimigo evidente. Lutar contra o patriarcado e o machismo é algo difuso. Temos feministas e coletivos feministas históricos e importantíssimos no Brasil, mas essa mobilização teve a ver com uma pauta bem objetiva: há essa pessoa bem identificável que é o autor do projeto de lei, e há o projeto de lei específico."
As mobilizações das últimas semanas conseguiram se transportar para as ruas com força semelhante à que mostraram no Twitter e no Facebook (Foto: Caio Santos/Jornalistas Livres)
Para além de conferir visibilidade à luta das mulheres, as articulações das últimas semanas podem provocar avanços na sociedade, ou ao menos ajudar a frear retrocessos? Rodrigues acredita que há essa possibilidade. "A adesão às marchas do 'Fora, Cunha' em algumas cidades é um bom exemplo disso. É parte, é causa e consequência, se alimenta e alimenta a onda. Precisamos ocupar as ruas, a política, a mídia. Precisamos fortalecer o ativismo, para que cheguemos a todas, incluindo a quem e onde as hashtags não chegam. Vejo mulheres cada vez mais jovens se identificando como feministas, se organizando em coletivos na escola. Então, quero muito acreditar que apesar da contra-ofensiva conservadora, há um fortalecimento no ativismo. Que pode ser um outro feminismo no qual muitas de nós vínhamos militando, mas, que está inserido, é dialético", considera.
Na concepção de Freitas, as mais recentes ações protagonizadas por mulheres têm o potencial de ao menos gerar reflexões. "O texto da Djamila Ribeiro, no Blog do Sakamoto, por exemplo: penso que se ele servir para as pessoas entenderem o que é o feminismo interseccional já foi um baita gol de placa, porque mesmo as feministas brancas têm dificuldade de compreender a importância da interseccionalidade", coloca.
A reação
"Sempre que há um avanço feminista, vem uma forte reação antifeminista misógina". A ponderação é da professora universitária Lola Aronovich, que conversou com a Fórum sobre os ataques que vem sofrendo há cerca de quatro anos por causa do conteúdo de seu blog, o Escreva Lola Escreva, que se tornou referência nas discussões sobre igualdade de gênero no país.
São diversas ameaças de morte e de estupro, além de calúnias publicadas sobre ela na internet. A atitude mais recente de um grupo especializado na disseminação de ódio nas redes foi a criação de um http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/11/site-que-prega-discurso-de-odio-e-criado-em-nome-de-lola-aronovovich/">site falso em seu nome, que pregava o infanticídio de meninos, a queima de bíblias e a venda de remédios para a realização de abortos.
A página chegou a ser divulgada por pessoas como o filósofo Olavo de Carvalho e o roqueiro Roger, o que ajudou a espalhar as mentiras inventadas pelos criminosos. Para a blogueira, as ações de intolerância que vêm surgindo nos últimos tempos podem ser uma resposta aos avanços da luta feminista e precisam ser avaliados com todo o cuidado. "Misóginos continuam com o mesmo discurso de sempre e têm amplo espaço nos meios de comunicação, muito mais do que ativistas que lutam contra esse discurso", afirma.
Um exemplo dessa cultura discriminatória foi o http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/11/no-facebook-as-paginas-feminismo-sem-demagogia-e-jout-jout-prazer-sao-derrubadas/">ataque a outras fanpages com propostas similares à dela, como a "Feminismo sem Demagogia" e a "Jout Jout Prazer". A primeira foi derrubada e replicada com posts de deboche às mulheres. Já a segunda permaneceu fora do ar por aproximadamente dois dias, após chamar a atenção para o debate em torno do assédio sexual com o vídeo "http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/10/nao-sabe-o-que-e-assedio-sexual-veja-este-video/">Vamos fazer um escândalo".
A ação teria sido orquestrada por retaliação pela retirada da página "Orgulho de ser hétero" do Facebook, que contava com dois milhões de seguidores e se tornou conhecida por compartilhar mensagens machistas e homofóbicas. Apesar das denúncias, ela não demorou para estar de volta. "Renascemos das cinzas, livres das cicatrizes, mais fortes e renovados" foi o recado deixado pelos administradores, já acostumados com a impunidade.
"Vejo mulheres cada vez mais jovens se identificando como feministas", afirma diretora executiva da ONG Casa de Lua (Foto: Ian Maenfeld/Jornalistas Livres)
Outro caso de reações violentas contra ativistas aconteceu no Rio Grande do Sul na noite de domingo (1), http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/11/em-porto-alegre-mulheres-protestam-contra-violencia-policial-na-feira-feminista/">quando um grupo de mulheres foi atacado por policiais militares durante a Feira do Livro Feminista e Autônoma de Porto Alegre (Flifea). De acordo com o relato das participantes, nove mulheres saíram feridas, vítimas de chutes e cassetetes usados na intervenção da PM.
Ainda segundo o relato, a polícia teria sido chamada pelos vizinhos, incomodados com o barulho do evento, onde acontecia um ensaio de teatro. Logo depois que a primeira viatura foi embora teriam voltado seis, com cerca de quatro policiais em cada uma, decididos a dispersar à base de agressões as cerca de trinta mulheres presentes, incluindo uma grávida. As que tentavam fugir foram perseguidas e derrubadas pelos agentes.
Assim como outras militantes, Lola Aronovich acredita que boa parte das atitudes extremas vistas recentemente tem a ver com o tratamento dado pelo Exame Nacional do Ensino Médio às discussões de gênero, considerado um marco. "Esses últimos ataques contra mim e outras feministas podem ter relação com o que é visto como uma vitória recente do feminismo, que foi a prova do Enem, que fez 7 milhões de jovens refletirem sobre Simone de Beauvoir e sobre a violência contra mulher", observa.
E ela ressalta que ainda há um longo caminho pela frente. "Esses ataques só reforçam o que todas já sabíamos: que o feminismo ainda tem muito o que combater", conclui. Mas, enquanto houver esse tipo de reação opressora e punitiva à busca pela igualdade de direitos, as mulheres continuarão em marcha. A luta, apesar de antiga, parece se renovar a cada geração disposta a dar fim às chagas herdadas de uma sociedade moldada pelas imposições do patriarcado.
Foto de capa:Â Lina Marinelli/Jornalistas Livres
Angelim: as economias populares são as mais eficientes para superar a crise
17 de Dezembro de 2015, 12:25Por Assessoria (http://pagina20.net)
Frente Parlamentar Mista em Defesa da Economia Solidária e Economia Criativa (Fesec) foi lançada ontem em Brasília - Foto: Zeca Ribeiro
Durante o lançamento oficial da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Economia Solidária e Economia Criativa (Fesec), ocorrido em 16 de dezembro, em Brasília, o deputado federal Raimundo Angelim (PT-AC), articulador e coordenador do colegiado, defendeu mais uma vez o fortalecimento do segmento das atividades econômicas ditas populares, e ressaltou sua importância para o desenvolvimento do país.
"Tanto a economia solidária quanto a economia criativa são alternativas que representam uma nova dimensão nas relações econômicas, promovendo trabalho, renda, inovação, sustentabilidade, inclusão social e a diversidade cultural. Para mim, a criatividade é a forma mais inteligente e eficiente de enfrentarmos a crise e superarmos um dos mais difíceis momentos pelos quais passa a economia", justificou.
Angelim lembrou que durante sua gestão na prefeitura de Rio Branco (2005-2012), várias foram as ações de fomento da economia solidária, com a criação inclusive de todo o marco legal da atividade no município, experiência que o influencia em seu engajamento e atuação pela causa no âmbito do Parlamento Brasileiro.
"Milhares de famílias tem superado a falta de oportunidade no mercado de trabalho por meio de empreendimentos criativos e solidários. Por isso, assumi o compromisso de contribuir, por meio do mandato, para o fortalecimento desse segmento. Para mim é uma missão motivadora atuar no sentido de incentivar e apoiar iniciativas como essas que incluem: o artesanato, as feiras, a música, o teatro, a agricultura familiar e alimentação, por exemplo, que possibilitam tanto a valorização das riquezas culturais quanto a geração de renda para a comunidade.", justificou.
Presente ao ato, o secretário nacional de Economia Solidária (Senaes), o economista Paul Singer, cuja atuação é reconhecida internacionalmente, enalteceu a iniciativa de Angelim como forma de tornar as ações políticas mais eficientes. "Esse apoio é fundamental, pois essas atividades ainda são muito prejudicadas no Brasil", pontuou.
Representantes de entidades como a Caritas Brasileira e Fórum Brasileiro de Economia Solidária também se fizeram presentes.
Aderiram à Frente 205 deputados federais e 21 senadores e o registro foi aprovado pela Mesa Diretora da Câmara em outubro deste ano. Vários deles estiveram no ato de lançamento, entre os quais: Adelmo Leão (PT-MG), Ana Perugini (PT-ES), Bohn Gass (PT-RS), Maria do Rosário (PT-RS), Ságuas Moraes (PT-MT) e Padre João (PT-MG), Pedro Uczai (PT-SC), Davidson Magalhães (PCdoB-BA), Daniel Almeida (PCdoB-BA), Fábio Mitidieri (PSD-SE), Chico Lopes (PCdoB-CE), Rômulo Gouveia (PSD-PB), Helder Salomão (PT-ES) e Paulo Teixeira (PT-SP).
A Frente Parlamentar é uma entidade suprapartidária de cunho associativo, sem fins lucrativos, cujo objetivo principal é acompanhar a aplicabilidade e execução das políticas públicas referentes ao tema, além de colaborar com a criação e adequação de um marco legal, bem como promover intercâmbios, debates e articulação com as demais instituições a fim de fortalecer essas inciativas em todo o país.
Economia solidária, princípios e mística da militância (15 de dezembro)
14 de Dezembro de 2015, 16:12Neste dia 15 de dezembro comemoramos o Dia da Economia Solidária, data em homenagem ao Chico Mendes, por sua luta em defesa da floresta e dos povos da Amazônia. Para nós, a construção do bem-viver é um ideal de desenvolvimento sustentável, social, econômico e ambientalmente justo, através da promoção e defesa do trabalho associado.
Abaixo listamos nossos principais princípios. Conjuntamente com a mística da nossa própria militância, vamos fortalecê-los e comemorá-los! E você, no seu estado, como vai comememorar este dia?
"Mas a mística é muito mais. Ela é a motivação que nos faz viver a causa até o fim. É aquela energia que temos e que não nos deixa dizer não, quando nos solicitam ajuda. É a vontade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, de querer ajudar e realizar coisas que façam a luta ser vitoriosa.
Mas então, aquela apresentação que fazemos no início dos encontros, não é mística? É também. As pessoas que se envolvem na preparação querem expressar, através de uma mensagem, as razões pelas quais lutamos, criando, de forma imaginária, o mundo que queremos alcançar, para que os presentes vejam e se animem a ajudar a construir aquela ideia, aquele sonho.
Por isto a mística é fundamental para a vida e para a luta. Sem mística na vida cotidiana, perdemos a alegria, a vibração, o interesse e a motivação de viver. Sem mística na luta, perdemos a vontade, a combatividade, a criatividade e o amor pela causa." (http://base.d-p-h.info/pt/fiches/dph/fiche-dph-8237.html)
O que é a Economia Solidária
Princípios gerais
Apesar dessa diversidade de origem e de dinâmica cultural, são pontos de convergência:
- a valorização social do trabalho humano,
- a satisfação plena das necessidades de todos como eixo da criatividade tecnológica e da atividade econômica,
- o reconhecimento do lugar fundamental da mulher e do feminino numa economia fundada na solidariedade,
- a busca de uma relação de intercâmbio respeitoso com a natureza, e
- os valores da cooperação e da solidariedade.
A Economia Solidária constitui o fundamento de uma globalização humanizadora, de um desenvolvimento sustentável, socialmente justo e voltado para a satisfação racional das necessidades de cada um e de todos os cidadãos da Terra seguindo um caminho intergeracional de desenvolvimento sustentável na qualidade de sua vida.
- O valor central da economia solidária é o trabalho, o saber e a criatividade humanos e não o capital-dinheiro e sua propriedade sob quaisquer de suas formas.
- A Economia Solidária representa práticas fundadas em relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez da acumulação privada de riqueza em geral e de capital em particular.
- A Economia Solidária busca a unidade entre produção e reprodução, evitando a contradição fundamental do sistema capitalista, que desenvolve a produtividade mas exclui crescentes setores de trabalhadores do acesso aos seus benefícios.
- A Economia Solidária busca outra qualidade de vida e de consumo, e isto requer a solidariedade entre os cidadãos do centro e os da periferia do sistema mundial.
- Para a Economia Solidária, a eficiência não pode limitar-se aos benefícios materiais de um empreendimento, mas se define também como eficiência social, em função da qualidade de vida e da felicidade de seus membros e, ao mesmo tempo, de todo o ecossistema.
- A Economia Solidária é um poderoso instrumento de combate à exclusão social, pois apresenta alternativa viável para a geração de trabalho e renda e para a satisfação direta das necessidades de todos, provando que é possível organizar a produção e a reprodução da sociedade de modo a eliminar as desigualdades materiais e difundir os valores da solidariedade humana.
Rio de janeiro realiza atividade no Dia Nacional da Economia Solidária
14 de Dezembro de 2015, 9:38Por Secretaria-Executiva do FBES
O Dia Nacional da Economia Solidária, comemorado dia 15 de dezembro, em que o movimento de economia solidária se junta para a realizar ações e atividades que visibilizem a economia solidária. A data escolhida é em homenagem ao Chico Mendes, grande militante que fez a luta pela construção de outra sociedade e economia. Seu legado permanece até hoje. Neste sentido, o Estado do Rio de Janeiro está com atividades de 10 a 20 de dezembro, e uma programação cercada de debates, feiras, festivais e muito mais, além do anúncio do Plano Estadual de Economia Solidária.
Acesse a programação em: http://www.fbes.org.br/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=1970&Itemid=18