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Eduardo Lima de Medeiros

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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.
Blog sobre a História do comunismo no Brasil e no mundo.

Um ataque norte–americano contra a Síria seria um suicídio

16 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 
Um ataque norte-americano contra a Síria seria um suicídio
por Pierre Khalaf e Ghaleb Kandil
 
REDE VOLTAIRE | BEIRUTE (LÍBANO) | 29 DE ABRIL DE 2013 
 
 
O comando sírio prossegue a aplicação dos seus novos planos seguindo uma programação política e militar adequada e no meio de um clima popular resolutamente favorável ao Estado e ao presidente Bachar al-Assad, como confessam as próprias potências ocidentais.
 
No campo de batalha, o Exército Árabe Sírio está a ponto de liquidar numerosos ninhos de terroristas, incluindo vários dos seus postos de comando. Os peritos estimam de forma unânime que a libertação de Oteiba – no sudoeste de Damasco – constitui um duro golpe para a al-Qaeda e para o seu ramo sírio, a Frente al-Nusra. Ao mesmo tempo, prossegue em Qoussair o derrube das estruturas terroristas, enquanto as operações do exército continuam a um ritmo acelerado nas regiões rurais de Idlib e Alepo e nas cidades de Homs e Alepo. Em Daraa, Raqqa e Deir Ezzor, as tropas regulares estão a assestar duros golpes aos grupos armados. Os analistas sublinham que a recuperação de Homs, e a libertação da cidade de Qoussair, decidirão a batalha na região central da Síria (províncias de Homs e de Hama), que constitui a quarta parte da superfície do país. Na próxima fase, o exército sírio tomará sob o seu controlo várias grandes cidades e arredores, assim como vários dos principais eixos de comunicação viários. Este objetivo, que exige vários meses de esforços, permitirá reactivar o ciclo económico e facilitar o regresso dos deslocados, que estão a viver em condições difíceis e humilhantes no Líbano, na Turquia e na Jordânia.
 
As ameaças dos Estados Unidos, com o falso pretexto das armas químicas, buscam intimidar a Síria e os seus aliados – o Eixo da Resistência e os países do grupo dos BRICS. Se, depois do fracasso da guerra mundial que implementou através dos suas ferramentas terroristas e dos seus auxiliares regionais (Israel, Turquia e Jordânia), Washington se decidisse a pôr em execução as suas ameaças de intervenção militar na Síria, estaria a cometer um grave erro e um acto estúpido.
 
A avaliação científica das opções guerreiras dos Estados Unidos, brandidas por Barack Obama, permitem compreender melhor a actual correlação de forças. Os Estados Unidos e os seus aliados ocidentais enfrentam actualmente enormes problemas económicos e financeiros, que exigem drásticas reduções dos orçamentos militares. Pelo contrário, o Eixo da Resistência, que provavelmente se envolveria de imediato na confrontação em caso de ataque contra a Síria, dispõe de meios de dissuasão suficientemente importantes para provocar uma guerra mundial. Já no princípio da guerra contra a Síria, quando vários responsáveis americanos acarinharam a ideia de passar da guerra por procuração – via grupos terroristas – à confrontação directa, usando os exércitos da OTAN, o ex-secretário de Estado Henry Kissinger lançara uma advertência contra um conflito de tal envergadura.
 
As questões estratégicas levantadas pelo desencadear desse cenário conduzem todas às mesmas conclusões: qualquer ataque contra a Síria será confrontado com uma resistência feroz e global. A defesa antiaérea síria já demonstrou a sua eficácia, em junho de 2012, derrubando um avião turco poucos minutos após a sua entrada no espaço aéreo sírio. E os misseis sírios são capazes de atingir Israel, as bases americanas na Turquia e Jordânia assim como os bastiões terroristas no Líbano. Alguns analistas pensam também que a Resistência libanesa e o exército sírio abririam as frentes libaneses e sírias contra Israel. Sem olvidar os misseis iranianos e as suas formidáveis capacidades, que podem «reduzir Telavive a pó», como disse o Guia Supremo da Revolução, o aiatola Ali Khamenei, e bloquear as vias de transporte de petróleo. Isto provocaria a derrocada das economias ocidentais. Os Estados Unidos temem acima de tudo que sejam atacados os grandes poços de petróleo e as suas bases militares no Golfo.
 
A questão que se põe é a de saber qual será a reação da flotilha russa que se acha em frente às costas sírias.
 
Estes cenários fazem pensar que as ameaças norte-americanas se inscrevam mais num quadro de intimidação, ainda que não se possa excluir a possibilidade de um acto estúpido. Em todo o caso, se a grande confrontação chegasse a ter lugar, e logo que a poeira assentasse, o desenlace seria uma gravíssima derrota para o Ocidente, a qual seria catastrófica para Israel, para a Turquia, e também para todos os dirigentes dos países do Golfo e da Jordânia implicados na agressão. A resistência da Síria a esse tipo de guerra teria os mesmos resultados que teve a agressão tripartida de 1956 contra Egipto, episódio que pôs fim ao papel da França e do Reino Unido enquanto poderes coloniais.
 
Fogem para o Líbano 1 400 homens da Frente al-Nusra
 
As operações fulgurantes do Exército Árabe Sírio nas regiões rurais de Homs, paralelamente aos progressos registados nos arredores de Damasco, criaram novas realidades na fronteira com o Líbano. Essa região está quase inteiramente sob o controlo das tropas regulares, que bloquearam a maioria dos caminhos e passagens utilizados durante os 2 últimos anos pela Corrente do Futuro, e seus associados dos serviços de inteligência do Golfo e dos países da OTAN, para introduzir na Síria centos de toneladas de armas e milhares de combatentes.
 
O resultado directo de essas novas realidades do terreno é que a plataforma de agressão contra a Síria, instaurada pelo ex-primeiro ministro Saad Hariri, se está convertendo num problema interno para o Líbano e está pondo em perigo a segurança deste país.
 
Com efeito, segundo vários serviços de segurança, uns 1 400 membros da Frente al- Nusra, (ramo da al-Qaeda), assim como numerosos grupos armados, além dos libaneses que lutaram na Síria, encontraram refúgio no Líbano na sua fuga ante o avanço das tropas sírias.
 
O próximo alargamento das operações do Exército Árabe Sírio e a conquista da totalidade da cidade de Homs abriram uma caixa de Pandora repleta de segredos incómodos. A primeira revelação é a presença na Síria, nas fileiras dos grupos terroristas, de numerosos oficiais estrangeiros e dos países do Golfo, assim como de combatentes libaneses. O que terá graves repercussões no Líbano.
 
Qualquer pessoa sensata terá que reconhecer que o poder libanês é em grande parte responsável pelos perigos que o país enfrenta hoje em dia. As falsas hesitações dos dirigentes visavam na realidade cobrir a sua conivência e cumplicidade, em resposta aos pedidos estrangeiros para que fechassem os olhos para não ver o que se estava a passar nas suas fronteiras e no norte do Líbano. Esta política conduziu à paralisia do Exército Libanês, que se viu obrigado a renunciar ao seu papel de guardião da soberania nacional e de protetor da fronteira.
 
A verdade de que todos devem estar cientes no Líbano – e agindo de acordo – é que o Estado sírio «apoiado pelo seu povo», como disse o ministro espanhol de Relações Exteriores (Negócios Estrangeiros -Pt) , está a travar uma guerra contra o colonialismo e lutando contra grupos terroristas e takfiristas no seu próprio solo. E agora, o Líbano enfrenta o perigo que constituem esses mesmos grupos terroristas.
 
É também dever de qualquer governo libanês, que se respeite e que se preocupe com a defesa dos interesses do seu próprio povo, lutar contra esses grupos terroristas que utilizam certas regiões do país como trampolim e como bases de retaguarda... porque, num futuro muito próximo, esses mesmos terroristas vão decidir que chegou o momento de transferir para o Líbano a sua suposta jihad.
 
Pierre Khalaf
Tradução 
Alva
Fonte 
New Orient News (Líbano) 
 
Fonte: Voltaire.org
 
 



Guerra de desgaste contra a Síria: entre ilusões e realidade

16 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 
Guerra de desgaste contra a Síria: entre ilusões e realidades no terreno
por Pierre Khalaf e Ghaleb Kandil
 
REDE VOLTAIRE | BEIRUTE (LÍBANO) | 27 DE ABRIL DE 2013 
 
 
A imprensa norte-americana diz que há divergências no seio da administração sobre a maneira de enfrentar a crise na Síria. Ela salienta as declarações ante o Congresso de vários responsáveis do Pentágono que sublinharam os perigos da entrega de armas aos rebeldes, agora que apareceu à luz do dia o papel e a influência decisiva da al- Qaida – e do seu ramo sírio, a Frente al-Nusra. A possível implicação de terroristas chechenos no duplo atentado de Boston dá mais crédito à advertência desses responsáveis, sobretudo porque a imprensa ocidental já tinha revelado, há vários meses, a formação na Líbia de grupúsculos combatentes chechenos, sob a supervisão dos serviços de inteligência norte-americanos, para o seu posterior envio para a Síria – e Rússia – através da Turquia.
 
A confusão reinante nas esferas dirigentes norte-americanas sobre o tema da questão síria deve-se, primeiro que tudo, à admirável resistência do Estado sírio e do seu exército nacional ante uma guerra mundial dirigida pelos Estados Unidos. Os fornecimentos de armas, os acampamentos de treino, as redes de recrutamento assim como as estratégias políticas e mediáticas, tudo o que tem que ver com a Síria está sob a supervisão de Washington, que distribui as missões entre os seus aliados e reparte os papeis entre os seus auxiliares. Por decisão dos americanos, franceses e britânicos forneceram milhares de toneladas de armas e equipamento. E os media anunciaram que John Kerry chegaria à reunião dos pseudo-amigos da Síria, em Istambul, com importantes somas – de uma «América» em bancarrota – para a compra de veículos blindados para o transporte de tropas e material de comunicações para os terroristas que operam na Síria. As declarações dos responsáveis do Pentágono, que parecem contradizer essa atitude intervencionista dos diplomatas, garantem a Washington a desculpa necessária para fazer marcha atrás no falhanço, já que os resultados da aventura norte-americana na Síria são hoje mais incertos que nunca.
 
Com efeito, os progressos do exército sírio nas 5 últimas semanas ultrapassaram os objetivos iniciais do seu comando militar. O avanço não se limita a um sector bem determinado mas envolve várias frentes, como Damasco, as zonas rurais de Homs, Idleb e Latakia, assim como os arredores de Alepo. No sábado e no domingo, o exército regular e os comités populares registaram importantes êxitos em Qossair, perto da fronteira libanesa, expulsando os terroristas de numerosas localidades.
 
O resultado desta situação militar, sobre toda zona à volta da capital, é que a grande batalha de Damasco, que vinha a ser preparada a todo o vapor desde há vários meses, não terá lugar nos próximos tempos, segundo confessaram tanto os próprios terroristas como meios árabes e ocidentais que os apoiam.
 
Todos estes acontecimentos demonstram que a guerra de desgaste iniciada pelos Estados Unidos é um jogo muito arriscado, que inclui uma grande quantidade de ilusões sobre a possibilidade de influir nas equações políticas e de inverter a correlação de forças no terreno. Apesar da coligação encarregada de aplicar esse plano ter uma envergadura planetária. Nela figuram a Arábia Saudita, o Catar, os Emiratos Árabes Unidos, a Turquia e os países europeus, com Israel como eixo central e como director da orquestra...os Estados Unidos.
 
Mas não contaram com a vontade e a capacidade de resistência do povo sírio e dos seus líderes, nem tão pouco com a determinação das potências emergentes, especificamente os Brics, nem da Latino-América e Irão, decididos a por fim ao unilateralismo americano.
 
Declarações e posições
 
Bachar al-Assad, presidente da República Árabe Síria
«O lugar de presidente nada vale sem o apoio do povo. Que o presidente fique ou que saia é uma decisão do povo. O Ocidente já pagou muito caro o facto de ter financiado a al-Qaeda no seu início. Hoje está a fazer o mesmo na Síria, na Líbia e em outras partes e pagará caro em plena Europa e nos Estados Unidos. Não temos outra opção que não seja a vitória porque se não saímos vitoriosos será o fim da Síria e não creio que haja um único cidadão sírio que aceite essa opção. O certo é que temos uma guerra, e eu digo sem descanso não à rendição e não à submissão. O incêndio não se deterá nas nossas fronteiras. Toda a gente sabe que Jordânia está tão exposta à crise como a Síria.»
 
Samir Geagea, chefe das Forças Libanesas (14 de Março)
«Para nós, a equação Exército-Povo-Resistência já não existe. A única equação válida é Povo-Estado-Exército. Em que é que se converteu a Resistência actualmente? A Resistência consiste em lutar em Damasco, Homs e Alepo? É essa a maneira de resistir? Não estamos dispostos a garantir uma cobertura à presença militar do Hezbollah na Síria. A participação do Hezbollah nos combates na Síria é inaceitável e constitui um perigo para os xiitas no Líbano. O Hezbollah arrasta o Líbano e os libaneses para os meandros da crise síria (...) Os cristãos da Síria não devem ficar de braços cruzados. Em colaboração com os restantes sírios livres e com os moderados, devem contribuir para desenvolver o seu país.»
 
Ali Abdel Karim Ali, embaixador da Síria no Líbano
«O que hoje estamos vendo é uma violação da soberania do Líbano e da Síria. É a Síria a que está a ser atacada, [ a Síria] não bombardeou o território libanês limitou-se a responder ao local de origem dos disparos.»
 
Serguei Lavrov, ministro russo de Relações Exteriores (Negócios Estrangeiros- Pt) «O papel desempenhado pelo grupo de Amigos da Síria é negativo. Actualmente consideramos que esse processo é negativo para os acordos de Genebra sobre os princípios de uma transição na Síria.»
 
Alexander Zasypkin, embaixador da Rússia em Beirute «Desde o princípio temos estado contra a al-Qaeda e pensamos que todo o fortalecimento das células dessa organização em qualquer região representa um perigo e que todos terão que enfrentá-lo. Não ouvi dizer que a «Frente al-Nusra esteja presente no Líbano, enquanto organização. Mas isso pode mudar devido à crise síria e o que está a acontecer nesse país poderá atrair a al-Qaida até ao Líbano. Devem ser os próprios sírios a decidir o futuro da Síria. Negamo-nos a discutir uma qualquer futura divisão da Síria. Apoiamos a unidade desse país e a sua independência.»
 
Pierre Khalaf
Tradução Alva
 
Fonte: Voltaire.org
 
 



Comunistas Vlog – Presos em Guantánamo recebem alimentação nasal forçada

13 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 

Comunistas Vlog 

Presos em Guantánamo recebem alimentação nasal forçada

Militares americanos usam procedimento ilegal para evitar greve de fome na prisão de Guantánamo.

 
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Comunistas Vlog – Israel e rebeldes atacaram a Síria com armas químicas. E agora?

8 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

 
Comunistas Vlog
Israel e rebeldes atacaram a Síria com armas químicas. E agora? 
 
 
Hoje comento os acontecimentos recentes no Conflito na Síria: os ataques israelenses e a investigação sobre o uso de armas químicas pelos rebeldes. 
 
REBELDES SÍRIOS USARAM ARMAS QUÍMICAS, SUSPEITA ONU:
 
OBAMA PEDE AJUDA A PUTIN:
 
 
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A visão da CIA sobre a resistência à ditadura no Brasil

6 de Maio de 2013, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda
 
A visão da CIA sobre a resistência à ditadura no Brasil
 
Monitoramento no exílio
 
Documentos apontam que CIA via em Brizola a principal ameaça à ditadura
 
Relatório da agência aponta ex-governador como um ativo insurgente e fomentador da guerrilha
 
 
Nos primeiros anos do regime militar (1964-1985), os focos de insurgência armada haviam sido sufocados e a maioria dos líderes políticos de esquerda estava presa ou vivia no exílio. Nesse clima de aparente legalidade, a população se inclinava a apoiar os militares, instigada pelo discurso oficial de combate à ameaça subversiva. Um nome, contudo, era temido nos bastidores do poder: Leonel de Moura Brizola.
 
Enquanto respirava a brisa do Rio da Prata, no Uruguai, Brizola comandava operações, treinava guerrilheiros e recebia auxílio financeiro de Cuba e de ultranacionalistas brasileiros com objetivo de derrubar a ditadura. A versão sobre as atividades do trabalhista e o papel de Cuba no apoio de grupos extremistas na América Latina estão descritos em um calhamaço de papeis da CIA — a agência de inteligência americana — enviados ao governo brasileiro, ao qual ZH teve acesso.
 
Intitulado Intelligence Handbook, o dossiê da agência se detém em descrever em dezenas de páginas a ação dos grupos contrários ao regime, com foco sobre o Movimento Nacional Revolucionário (MNR) de Brizola, considerado como o mais “ativo” grupo de oposição ao regime. A documentação é datada de fevereiro de 1968.
 
A teia de relações de Brizola é descrita em minúcias, bem como os homens que formavam o seu establishment: Paulo Shilling — um dos fundadores do Movimento dos Agricultores Sem Terra (Master), uma organização precursora do MST —, o ex-deputado Neiva Moreira e o coronel do Exército Dagoberto Rodrigues, ex-diretor do Departamento de Correios e Telégrafos no governo João Goulart.
 
Os tentáculos de Brizola se estenderiam pela Europa, onde seu contato era o ex-deputado Max da Costa Santos, que se encontrava exilado em Paris. Era ele quem viajava para Cuba através de uma conexão por Praga em busca de suporte para ações guerrilheiras.
 
Para a CIA, a indicação mais clara do envolvimento de Cuba é seu apoio ao grupo de exilados de Leonel Brizola. “Os couriers (mensageiros) cubanos contataram e financiaram insurgentes brasileiros no Uruguai e financiaram sua viagem a Cuba para treinamento em campos de guerrilha”, aponta o relatório.
 
Um estilo centralizador
 
Ainda segundo os documentos, Brizola arranjou um grau de proteção para ele próprio e sua organização no Uruguai desenvolvendo relações próximas com vários políticos e oficiais, bem como com grupos revolucionários daquele país, entre eles o Movimento Revolucionário Oriental e a Frente de Esquerda de Libertação (Fidel), ambos ligados ao regime cubano.
 
Àquela altura, Brizola já sofria com escassez de homens dispostos a “encarar os perigos e dificuldades encontradas pelas guerrilhas” e os relatos apontam o recrutamento de possíveis combatentes até no Paraguai.
 
Embora fosse financiado pelos revolucionários de Sierra Maestra e que membros do MNR eram constantemente treinados na ilha, Brizola se recusava a aceitar cubanos como integrantes do seu grupo, segundo a CIA, “provavelmente temendo perder o controle de sua organização”.
 
— Não resta dúvida que toda a pressão e carga era sobre o Brizola. Ele era o perigo — atesta Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que considera fundamental que toda documentação venha à tona, mesmo que sob a ótica americana dos fatos.
 
Para a CIA, a “insistência” de Brizola em ser o único comandante de qualquer operação o teria colocado em desacordo com outros grupos brasileiros e contribuído para o seu “fracasso” em obter apoio unânime até entre os exilados no Uruguai.
 
Centralizador, o gaúcho em 1968 estaria cedendo espaço para outras agremiações guerrilheiras, como a Resistência Armada Nacionalista (RAN), sob a liderança do ex-almirante Cândido de Assis Aragão e que reunia antigos oficiais do Exército e da FAB.
 
O grupo contaria, conforme os dados da CIA, com uma rede de escape e uma base guerrilheira de apoio na Bolívia, onde foram encontrados contatos e nomes e endereços em Porto Alegre.
 
Até mesmo o suporte de Cuba Brizola estaria perdendo, em detrimento de outras lideranças como Carlos Marighella. Diante do suposto isolamento, o ex-governador estaria buscando outras fontes de financiamento através do governo da Argélia, onde Miguel Arraes estava exilado.
 
A atuação de Arraes é tida pela CIA como mais voltada para esfera política, sem ação “proeminente nos círculos revolucionários”. Já Brizola era mais temido, principalmente por, dois anos antes, ter posicionado um grupo paramilitar na serra do Caparaó, divisa entre Espírito Santo e Minas Gerais, naquela que é tida como a primeira guerrilha da ditadura.
 
“O grupo foi recrutado, organizado, treinado, financiado e dirigido por Leonel Brizola”, enfatiza o relatório da CIA.
 
— Caparaó era a menina dos olhos do Brizola, mas foi um grande fracasso. Era um grupo muito bem preparado militarmente, mas que acabou se isolando da população e ficou sem condições psicológicas de resistir — relata o jornalista Flávio Tavares, que questiona a maioria dos informes da CIA já que eram baseados em dados do regime que nem sempre traduziam a verdade.
 
A documentação, contudo, não surpreende a família de Brizola. O filho João Otávio, 60 anos, afirma que se soube mais tarde que havia infiltrados da CIA no Uruguai monitorando seu pai e que foi a partir de 1968 que Brizola parou de arquitetar contra a ditadura.
 
— Antes disso, ele era uma máquina de conspirar e não tenho a menor dúvida de que tinha apoio de Cuba.
 
Uma descrição dos levantes
 
Ao longo das dezenas de páginas do relatório elaborado pela CIA há uma descrição de tentativas de levantes guerrilheiros ocorridos no país e da capacidade de as Forças Armadas sufocarem qualquer “esforço insurgente”.
 
Existia o temor de novos movimentos em Estados menos populosos como Mato Grosso, Goiás e Amazonas — o que de fato ocorreu no caso da Guerrilha do Araguaia. O dossiê destaca, contudo, que o Exército, precavido, começou a realizar manobras em áreas rurais e inóspitas e que a população estaria pronta a auxiliar na delação. “O Exército mantém uma boa reputação entre o povo por meio de programa de ação cívica.”
 
O foco embrionário de guerrilha tinha origem em Leonel Brizola. O mais sofisticado esforço teria ocorrido em 1966, na Serra do Caparaó, quando um grupo de cerca de 20 homens apoiados do exílio pelo gaúcho tentou recriar na região uma insurreição nos moldes cubanos.
 
Sem apoio dos camponeses enquanto aguardava instruções de Brizola, os guerrilheiros foram capturados no final de março de 1967. A unidade contava com apoio logístico de Bayard Demaria Boiteux, ex-presidente do PSB.
 
Junto aos guerrilheiros, a ponte de Boiteux era o ex-sargento Amadeu Rocha, a quem repassava dinheiro e remédios. “Amadeu depôs em interrogatório que Brizola gastou US$ 30 mil providenciado por Cuba no esforço em Caparaó”, aponta o dossiê da CIA.
 
Alguns integrantes dessa insurgência, segundo a CIA, teriam participado em 1965 de um incidente no Rio Grande do Sul em um destacamento militar em Três Passos.
 
Eles eram liderados por Jefferson Cardim, que fazia parte do grupo de exilados no Uruguai sob o guarda-chuva de Brizola. O relatório aponta que o levante teve inspiração brizolista, mas sua influência foi nula.
 
— Cardim estava brigado na época com Brizola. Ele agiu por conta própria quando cruzou a fronteira — assegura Jair Krischke, do MJDH.
 
A documentação também faz menção à prisão de um grupo de terroristas em Uberlândia (MG), em 1967, com “quantidades de explosivos químicos incendiários e armas”. O interrogatório dos presos incluiu o jornalista Flávio Tavares.
 
— O Grupo de Uberlândia nunca chegou a funcionar. Quis implantar um foco de guerrilha, mas foi infiltrado pela polícia. Se tornou apenas uma isca para levar à minha prisão — lembra Tavares, que nega que o grupo possuía armamentos.
 
Segundo o dossiê, Tavares teria sido recrutado por um membro do bando para contatar Brizola, com quem se encontrou duas vezes em janeiro daquele ano e teria intermediado para um instrutor de guerrilha viajar a Minas Gerais. O grupo foi desmantelado em julho.
 
— Na época, fiz um contato com Brizola, mas desconhecíamos que o grupo tinha se transformado em uma armadilha. Tudo o que o grupo fazia a polícia tomava conhecimento. O grupo não tinha relação com o Brizola — afirma o jornalista.
 
Preocupação com os “reacionários”
 
O relatório da CIA também tem um capítulo destinado à linha dura do regime, que representava uma “potencial ameaça” à estrutura política do país.
 
A preocupação com esses setores, classificados de “reacionários” pelo dossiê, envolvia não só oficiais aposentados, mas também militares da ativa — a maioria majores e coronéis — com ideias reformistas ligados ao ex-presidente Castelo Branco e que estariam exercendo certa pressão junto ao atual mandatário, Costa e Silva.
 
O temor se estendia a setores da sociedade como latifundiários (“abastados plantadores de café”) e industrialistas, que estariam descontentes com a reforma econômica e que, no passado, chegaram a se unir a nacionalistas em busca de uma legislação protecionista.
 
Nem mesmo o maior nome conservador da política escapou dos adjetivos da CIA. O ex-governador da Guanabara Carlos Lacerda é tido como a figura política mais “perigosa” ao regime: “Ele é um oportunista esperto, com laços apertados com os conservadores, reacionários e oficiais militares linha dura”.
 
O relatório faz menção à Frente Ampla, movimento liderado por Lacerda e os ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek contra o regime, que pleiteava eleições diretas e a recuperação dos direitos cancelados com o golpe. O documento menciona que Lacerda estaria perdendo apoio entre os setores conservadores ao “cortejar” forças pré-revolucionárias.
 
A CIA e os grupos guerrilheiros
 
Zero Hora teve acesso a documentos da agência de inteligência norte-americana, a CIA, repassados pela ONG The National Security Archive ao governo brasileiro. Especializada na liberação de documentos secretos, a National é vinculada à Universidade George Washington. Ao todo, são 270 paginas, sendo 40 pertencentes ao “Livro de Inteligência” da CIA, de fevereiro de 1968.
 
A seguir, um resumo de como a CIA monitorava e analisava possíveis grupos exilados capazes de criar focos de “insurgência” no Brasil.
 
Movimento Nacional Revolucionário (MNR)
 
Grupo que concentrou sua organização no Uruguai após o golpe de 1964, o MNR era composto por militares contrários ao regime, porém também contava com civis. Segundo os documentos da CIA, era organizado por Leonel Brizola e recebia auxílio do governo cubano.
 
Trecho dos documentos: “Entre os vários grupos opostos ao governo existente, o MNR de Leonel Brizola é conhecido como o mais ativo”.
 
A Resistência Armada Nacionalista (RAN)
 
Concentrado em Montevidéu, era dominado por militares excluídos pelo regime, capitaneados pelo almirante Candido Aragão, mas também trazia antigas lideranças do Exército e da Força Aérea. O RAN se opunha às decisões do MRN e não reconhecia Brizola, um civil, como líder.
 
Trecho dos documentos: “O RAN tem sido mal sucedido em obter apoio significativo tanto dos comunistas cubanos quanto dos chineses.”
 
O Partido Comunista Brasileiro (PCB)
 
Fundado em 1922, defendia o marxismo, com forte atuação em sindicatos. Teve um curto período de legalidade. Luís Carlos Prestes e Carlos Marighella foram grandes lideranças, sendo que Marighella deixou a sigla. Segundo a CIA, o PCB recebia auxílio da União Soviética.
 
Trecho dos documentos: “O PCB segue a linha soviética e é o maior grupo revolucionário disciplinado no Brasil. Soma cerca de 13,2 mil de acordo com suas lideranças.”
 
O Partido Comunista do Brasil (PCB)
 
Articulado por dissidentes do PCB, na década de 1960, o partido vivia na clandestinidade. Era mais afinado com a doutrina chinesa da esquerda, na defesa de guerrilhas para insuflar a revolução armada. Por ser mais recente, ainda sofria com o número escasso de membros.
 
Trecho dos documentos: “Três ou quatro grupos do CPB receberam de três a seis meses de treinamento em insurgência urbana e rural na China comunista.”
 
Ação Popular (AP)
 
Formada por lideranças estudantis de esquerda, surgiu nos anos 1960, liderada por membros da Igreja Católica. Mais forte nos centros urbanos, conseguiu organizar manifestações estudantis e se ramificar pelo país. Conforme a CIA, teria inclinações pela insurgência armada.
 
Trecho dos documentos: “Se a AP iniciar a insurgência, ela provavelmente tomará a forma de terrorismo urbano. Muito sobre esta organização é especulativo.”
 
Polop
 
Criado nos anos 1960, congregava lideranças estudantis e de trabalhadores. Radical, incluindo dissidentes de partidos de esquerda, no futuro deu origem a outros movimentos que lutaram contra o regime. Em 1968, a CIA não acreditava na capacidade de insurgência do grupo.
 
Trecho dos documentos: “Intelectuais marxistas que acreditam que o Brasil pode ser salvo por uma revolução violenta baseada em uma aliança estudante-trabalhador.”
 
Grupos Trotskistas
 
Os movimentos trotskistas seguiam a doutrina do ucraniano Leon Trotsky, liderança que fez história na União Soviética. Os movimentos tinham diferentes grupos, como o Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT), envolvido em paralisações de trabalhadores.
 
Trecho dos documentos: “Orientado para preparar e liderar revoltas camponesas, eles têm sido culpados por tentativas de atos isolados de terrorismo e sabotagem.”
 
ENTREVISTA Peter Kornbluh
 
Diretor da The National Security Archive
 
“A história dos arquivos brasileiros deve ser revelada”
 
Pesquisador da ONG The National Security Archive, Peter Kornbluh é um especialista em obter documentos outrora secretos do governo dos Estados Unidos. Ele tem auxiliado o Brasil na obtenção destes relatórios, como o acervo de 270 páginas que Zero Hora teve acesso, informes entregues à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
 
Em entrevista concedida por e-mail a ZH, o pesquisador avalia a importância da abertura de arquivos, o primeiro ano da Lei de Acesso à Informação brasileira e a influência norte-americana nos regimes militares da América Latina. A seguir, os principais trechos.
 
Zero Hora – Qual a importância de abrir arquivos secretos de países?
 
Peter Kornbluh – A abertura de arquivos governamentais é uma obrigação para a democracia. É o direito do cidadão saber, em qualquer país, o que seu governo tem feito em seu nome, mas sem seu conhecimento. Sem acesso à verdadeira história, pode não haver fundamento histórico para um debate público integral sobre o futuro. Particularmente, em países como o Brasil, onde existe um histórico de abusos de direitos humanos e repressão, as evidências nos arquivos são fundamentais para se chegar a um veredicto social, legal e histórico sobre o passado.
 
ZH – Como funciona o processo para abrir documentos secretos nos Estados Unidos?
 
Peter – Nos Estados Unidos há uma legislação clara sobre liberdade de informação, que garante o direito legal de requisitar e obter documentos. Existe também o sistema da biblioteca presidencial, supervisionado pelo governo, onde documentos-chave são coletados, revisados e eventualmente disponibilizados para pesquisas escolares.
 
ZH – O Brasil criou sua Lei de Acesso à Informação. O senhor a conhece?
 
Peter – O Brasil é uma das últimas grandes nações a aprovar uma lei de acesso à informação, algo muito importante. O aniversário da lei está chegando, e jornalistas e organizações devem avaliar como ela funcionou: quantos pedidos foram arquivados, quantos documentos foram liberados, quantos documentos foram retidos, e se a retenção foi legítima ou ilegítima. É indispensável uma auditoria do primeiro ano para ajudar a melhorar a implementação da lei nos anos que virão. A documentação brasileira não tem apenas o grande papel de fortalecer o fluxo de informação para os cidadãos brasileiros, mas também informar outros países sobre o papel que o Brasil desempenhou no Exterior.
 
ZH – Qual foi a influência dos Estados Unidos nas ditaduras militares da América do Sul?
 
Peter – Os Estados Unidos ajudaram secretamente a criar os mais famosos regimes militares na região – do sanguinário regime guatemalteco em 1954 às juntas brasileiras em 1964, até o regime Pinochet em 1973. Nos Estados Unidos e na América Latina nós sabemos muito sobre a intervenção secreta americana na região em virtude da nossa capacidade de usar a lei de acesso à informação para obter documentos com acesso liberado.
 
ZH – E Cuba financiou grupos armados na América do Sul?
 
Peter – Como não temos acesso aos arquivos cubanos, não sabemos a história completa sobre o apoio do país às insurgências latino-americanas. Depois que Che Guevara foi morto por tropas treinadas pelos americanos na Bolívia, o apoio cubano para insurgências foi significativamente reduzido até os anos 1980, quando Cuba apoiou alguns elementos revolucionários na América Central.
 
ZH – Como o senhor avalia o regime militar no Brasil?
 
Peter – O Brasil é uma superpotência regional. A ditadura brasileira possuía uma política exterior muito intervencionista no Cone Sul – auxiliando na derrubada de Salvador Allende (Chile), participando no enfraquecimento do governo da Bolívia, influenciando as eleições no Uruguai etc. A história dos arquivos brasileiros deve ser revelada para o benefício da região latino-americana, como também o direito de saber de todos os brasileiros.
 
 

Veja a página Guerrilha e também o post Grupos Revolucionários de Esquerda pouco conhecidos

 

Visite o Memorial online dos mortos e desaparecidos da ditadura militar

 

Veja entrevistas com ex-guerrilheiros:

IVAN SEIXAS, CELSO LUNGARETTI, FRANKLIN MARTINS, FLÁVIO TAVARES, ÁUREA MORETI, VERA SILVIA MAGALHÃES, JACOB GORENDER, VLADIMIR PALMEIRA, AMÉLIA TELLES, CRIMÉIA ALMEIDA, CLÁUDIO TORRES, JOSÉ DIRCEU, CLARA SHARF, JOSÉ ROBERTO REZENDE, ALFREDO SIRKIS, ALOÍZIO PALMAR.

 

Veja documentários sobre a guerrilha no Brasil:

Documentário Tempo de Resistência: é o mais completo sobre a luta do povo brasileiro contra a ditadura militar.

Documentário Hércules 56: sobre o sequestro do embaixador americano

Documentário Brasil: um relatório sobre tortura: feito pelos guerrilheiros trocados pelo embaixador suiço. 

Reportagem sobre a Guerrilha do Araguaia

Veja o documentário 15 filhos de guerrilheiros: Eles falam de suas vidas no meio da ditadura.

Veja o grupo da Revista Subversivos - Histórias em quadrinhos baseada na luta armada.

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