Convergência das redações é tiro no pé
5 de Novembro de 2014, 15:48 - sem comentários aindaDurante a preparação para um concurso deprofessor substituto na Fabico, fiz uma pesquisa sobre a situação ou estado da arte no jornalismo, já faz alguns anos. Vou reunir novamente as referências e repassar para vocês, aqui neste espaço.
Por ora, me lembro do seguinte, que é o resumo do argumento: a concentração dos meios de comunicação e a convergência de redações afeta negativamente a produção do jornalismo. Não só por isso, mas principalmente por isso. A lógica é singela e contundente. Exigir mais trabalho, mais capacitação e colocar muita pressão sobre um número cada vez menor de jornalistas. Ora, o resultado certamente será afetado por tamanha exigência. A exploração crescente do trabalho pelo capital, antiga luta, se renova constantemente, sem deixar de lucrar nunca.
Vou ampliar este post assim que encontrar as anotações.
De como a economia pode se beneficiar com as analogias médicas
3 de Novembro de 2014, 20:28 - sem comentários aindaComparações com a anatomia humana são uma boa alternativa para explicar os problemas gerais dos organismos sociais, sobretudo nos seus aspectos mais essenciais, como a economia e a irrigação ou circulação sanguínea para os seres humanos. Esta analogia médica, com certeza, pode ajudar a entender porque o Brasil está como está, enquanto o resto do mundo se questiona sobre o futuro, envolvidos em incertezas cada vez mais profundas.
Antigamente, cerca de 10, 15 anos, não mais, se falava em esgarçamento do tecido social, o que pode ser melhor entendido como uma distensão muscular: as fibras se rompem e enfraquecem o tecido, o qual, no entanto, permanece vivo, embora fora de ação por algumas semanas. O esgarçamento do tecido social tem outros efeitos concretos, entre os quais o excesso de individualismo e a violência.
Quando ocorre algo assim, expresso pelos seus efeitos mais dramáticos (o aumento da violência), o remédio é a ação enérgica do poder estatal, seja na repressão direta, por meio da polícia, seja na prevenção, por meio de políticas públicas. Nestas situações extremadas, a sociedade pode sentir fortes abalos, mas poderá se recuperar depois de algumas semanas.
A situação muda quando, já nos dias atuais, o que ocorre é o necrosamento do tecido social, por falta de circulação da riqueza. Assim como os músculos precisam de oxigênio, a sociedade, as comunidades precisam de renda e acesso aos bens essenciais. Quando isso não ocorre, equivale a um colapso das relações sociais mais elementares, da convivialidade e da coexistência pacífica. O tecido social não só se rompeu como deixou de ser irrigado, seja pelos bens como pela riqueza, e agora dá sinais de morte gradual - a gangrena.
As atuais políticas da Comunidade Europeia estão restringindo a renda de amplas camadas da população, em vários países, o que já causa enormes prejuízos econômicos e sociais, a maioria irreversível ou, na melhor das hipóteses, que só irá se regenerar após décadas, quando uma nova geração vier a substituir a atual. Mas haverá tempo para tanto?
Haveria se as políticas públicas fossem do tipo compensatória e anti-cíclicas, a exemplo do que foi feito no Brasil, especialmente após a crise de 2008. A manutenção e a defesa do mercado nacional foi decisiva não só para preservar os empregos locais como para aumentar a distribuição da renda, o que por sua vez realimentou o círculo virtuoso do mercado interno. Seguindo a analogia, o aumento do tônus muscular da sociedade, através do aumento da circulação de riqueza, garante a força e a mobilidade do conjunto do País. O Brasil se move com autonomia em meio a crise mundial porque manteve seus músculos aquecidos e bem alimentados, com pleno emprego e distribuição de renda.
ps. Devo acrescentar que o uso de metáforas como auxílio às deficiências da linguagem não é coisa nova. Bem antes deste sentido sociológico existiu o sentido na filosofia grega. No Livro Terceiro da Paidéia, o autor mostra como Platão conduziu um crítica à formação musical, da ginástica e da medicina em seu tempo. Antes, no entanto, o autor (W. Jaeger) já mencionava e evidenciava o modo como a filosofia se beneficiou dos métodos da medicina grega na Antiguidade. Os médicos eram os empiristas, numa correspondência com a atualidade.