Nesta segunda assisti uma longa matéria no Bom Dia Rio Grande que fala da “futura” Roda Gigante a ser instalada. A imagem no entanto, é a do devastado Parque da Harmonia.
A “revitalização” do Parque é na verdade uma terra arrasada para construir um outro parque.
Muito asfalto, calçamento e prédios de concreto “brotarão onde ante havia árvores. E brotará também uma “Roda Gigante”, propagandeada neste noticiário .
Esta insensatez em tempos de tragédia climática provocada também por conta do desmatamento e da forma como tratamos nosso meio ambiente, propagandeada pelo noticiário da RBS, mostra que a hipocrisia da guardiã das barrancas do Dilúvio.
Enquanto faz uma boa cobertura sobre a tragédia ambiental na região dos Vales, faz também este elogio a insensatez do Prefeito de Porto Alegre e de seus sócios que receberam de mão beijada a Orla e o Parque a título de “Concessão” por 35 anos, pagando menos de mil Reais por mês pela mesma.
Quando houve protestos contra o corte das mesmas árvores, quase 2/3 do Parque, como é possível ver nitidamente nas imagens, a RBS até mandou dizer, e o judiciário também, que o problema das árvores deve ser mitigado com a plantação de outras.
Mas “A Concessão é fato consumado”, mandou dizer a RBS através de Rosane Oliveira. Frase similar foi proferida em decisão do Judiciário que liberou as obras que ela mesmo havia suspendido no Parque.
Por que RBS e o Judiciário consideram a Concessão um fato consumado? Por que não olhar melhor pra este verdadeiro “negócio da China” proporcionado pelo Prefeito a “amiga” empresa GAM3, uma promotora de eventos e não de gestão?
A “revitalização” da Orla do Guaíba, bonita e importante sem dúvida, custou 430 milhões de Reais de Dinheiro Público. Foi pago com dinheiro da Prefeitura. Meu e teu dinheiro.
E entregaram este Patrimônio de R$ 430 milhões numa “concessão”, por R$ 210 mil Reais…por 35 anos. Menos de mil reais por mês.
“Ah, mas a empresa vai investir na Orla” e “o povo gosta”, me disseram. Mas e os 430 milhões de Dinheiro Público investido lá?
O povo pode até gostar e achar bonito. Gosto não se discute. Mas maracutaia com dinheiro público tem que ser discutido sim. E Revisto e anulado inclusive, se for o caso.
Lembro aqui dos Estádios da Copa. Custaram muito dinheiro. E o então discurso da Sucursal da Globo aqui RS era o mesmo da matriz: identificavam dados que poderiam caracterizar corrupção e denunciavam, inclusive no tal Bom Dia Rio Grande.
Diga-se aliás, que um Festival de Música Brasileira que vai acontecer lá no Parque da Harmonia, o “TURÁ” é promovido pela RBS.
E também ligada a RBS é a Maiojama, que como outras incorporadoras e empreiteiras, tem interesse em se desvencilhar de empecilhos para construir de qualquer jeito, em qualquer lugar.
Árvores derrubadas podem ser substituídas, é verdade.
Mas a aparente malversação do patrimônio público nesta escandalosa concessão que trocou um patrimônio público de R$ 430 milhões por R$ 210 mil que se pagarão em 35 anos a menos de mil reais por mês, não pode ser dado simplesmente como “fato consumado”.
Mas o assustador mesmo, é que a narrativa do “fato consumado” emanado pela RBS e reproduzido pelo judiciário de certa forma, parece já ter sido assumida inclusive pelos políticos que deveriam buscar o máximo de transparência nos negócios com o Patrimônio Público.
O Silêncio reina até aqui sobre esta absurda Concessão e o alvoroço em torno da derrubada das árvores e a redução gradual do “Acampamento Farroupilha” se “levantou a lebre” sobre a tal “concessão”, que hoje parece estar sendo assada…em fogo brando, pra não espalhar muito cheiro.
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