Alexandre Cruz é Jornalista Politico
Nos últimos meses, o governo Lula tem enfrentado uma série de desafios relacionados à recuperação de empresas afetadas por desastres naturais, particularmente após as enchentes devastadoras no Vale do Taquari no Rio Grande do Sul. Em resposta a essa crise, o governo federal instituiu um Fundo Garantidor Especial e ofereceu subsídios para reduzir o custo dos empréstimos destinados a empresas em municípios declarados em Estado de Calamidade. Contudo, é fundamental compreender que a realidade da concessão desses empréstimos é mais complexa do que muitas vezes é retratada.
O Fundo Garantidor funciona como um seguro para os empréstimos emergenciais, cobrindo parte dos riscos associados ao crédito.
No entanto, essa cobertura tem suas limitações. Empresas com histórico de inadimplência ou pendências com a Receita Federal enfrentam barreiras significativas para acessar esses fundos. Isso ocorre porque, assim como uma seguradora não aceitaria um motorista com um histórico constante de acidentes sem garantias adicionais, os bancos não podem assumir riscos elevados sem contrapartidas que garantam a recuperação dos valores emprestados.
A crítica direcionada ao governo federal muitas vezes ignora essas complexidades. O governo Lula tem feito sua parte ao subsidiar os juros e criar mecanismos de apoio, inclusive oferecendo juros zero para os empréstimos emergenciais. No entanto, a eficácia desses esforços é limitada pela estrutura do sistema bancário. As análises de crédito, por exemplo, costumam ser lentas e podem prejudicar o acesso rápido ao financiamento necessário para a recuperação.
Neste contexto, é importante criticar a atuação do governador Eduardo Leite, que tem demonstrado uma falta de compromisso com a resolução efetiva desses problemas. Leite poderia ter sido mais proativo em várias áreas cruciais, dentre eles a facilitação e intermediação com bancos, ação e visibilidade na Mídia. O governador poderia ter usado sua posição para criar campanhas de conscientização que ganhassem visibilidade na mídia. Isso poderia incentivar os bancos a adotarem uma postura mais flexível e também motivar a ação de outros agentes econômicos e políticos para apoiar as empresas afetadas.
O governo federal, por outro lado, está lidando com uma situação em que, para garantir todos os empréstimos solicitados, seria necessário aportar uma quantia equivalente ao valor emprestado, um montante que supera em muito os recursos disponíveis. Em vez de críticas simplistas, Eduardo Leite deveria estar focado na necessidade de uma abordagem mais integrada e colaborativa para enfrentar a crise.
Em resumo, o governo Lula tem feito um esforço significativo para apoiar a recuperação das empresas, mesmo diante de um sistema financeiro que impõe restrições importantes. No entanto, as críticas devem se concentrar em uma revisão mais ampla das práticas bancárias e na falta de ação do governador Leite, que poderia ter sido mais proativo na busca por soluções práticas e eficazes. A cooperação entre governo, bancos e autoridades estaduais é essencial para superar os desafios e garantir que as empresas afetadas recebam o suporte necessário para se reerguer.