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Luiz Muller Blog

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Entrevista de Luciana Santos, Ministra da Ciência e Tecnologia de Lula, a Agência Chinesa XINHUA. Leia na íntegra:

29 de Janeiro de 2023, 15:50 , por Luíz Müller Blog - | No one following this article yet.
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No ano de 2022, tivemos o 40º aniversário da assinatura do Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica China-Brasil. Em 2023, a cooperação científica e tecnológica entre os dois países alcançará um novo patamar. Como você avalia a cooperação científica e tecnológica China-Brasil nos últimos 40 anos? Como você vê a perspectiva de cooperação científica e tecnológica China-Brasil no futuro?

Brasil e China aprofundaram o relacionamento no decorrer dessas quatro décadas. Tivemos bons resultados, como os satélites da série CBERS, o Centro Brasil-China de Inovação em Nanotecnologia, cooperação na área de energia e clima e também na área de uso do bambu, em matemática e na parte de empreendedorismo inovador. A avaliação é muito positiva, mas há muito espaço ainda para a cooperação científica e tecnológica Brasil-China. Os desafios globais da atualidade, principalmente com relação à mudança climática, nos impulsionam a desenvolver tecnologias para solucionar os diversos problemas que temos em comum. O relacionamento bilateral consolidado em CT&I certamente nos ajudará a aprofundar e ampliar os projetos conjuntos.

Por um longo período, o governo dos EUA não apenas impôs um bloqueio tecnológico à China, mas também criticou a cooperação científica e tecnológica da China com outros países. Como você avalia esta situação? Como o governo Lula observa a repressão dos EUA à questão tecnologia, especialmente contra a China?

Levando em conta este contexto, como o governo eleito planeja atuar em relação à cooperação científica e tecnológica China-Brasil?
As relações de cooperação científica e tecnológica do Brasil sempre foram com parceiros diversos. Com relação à China, o governo brasileiro pretende continuar e fortalecer a cooperação, não apenas pela parceria de longa data, mas também porque a China, assim como o Brasil, é um player global, com problemas semelhantes, cujas soluções passam pela produção do conhecimento e pelo desenvolvimento de produtos e processos inovadores.

A China e o Brasil têm grande potencial para a cooperação nas mudanças climáticas, proteção ambiental em geral, preservação ecológica e novas energias. Os biocombustíveis do Brasil e os veículos movidos a energia nova da China estão liderando o mundo. Atualmente, os dois países têm importantes projetos de cooperação, como o “Projeto de Satélite de Recursos Terrestres China-Brasil e o Centro de Clima e Energia China-Brasil”. O que você acha da futura cooperação entre os dois países com relação às medidas a serem tomadas sobre o clima, a proteção ambiental, a preservação ecológica e as novas energias?

Brasil e China têm um relevante histórico de cooperação na área de mudança climática, por meio do Centro Brasil-China de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia, liderado pela UFRJ no Brasil, com apoio do MCTI, e pela Universidade de Tsinghua. Pretendemos avançar ainda mais com esse Centro e estimular outras iniciativas nessas áreas estratégicas. São campos em que a CT&I têm contribuições fundamentais para melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro e do povo chinês. Ressalte-se que a preservação ambiental deve contar com a participação das comunidades locais, de forma que a Ciência, por meio da geração de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias, contribua na geração de emprego e renda para essas comunidades, para o uso dos recursos naturais de forma responsável e sustentável. O MCTI e suas unidades vinculadas têm bons exemplos a esse respeito e a parceria sino-brasileira pode ser ampliada também nesse campo.

Em termos de industrialização da ciência e tecnologia, a China e o Brasil têm seus próprios pontos fortes, como a indústria de fabricação de aeronaves do Brasil e a indústria de tecnologia da Internet da China, incluindo o comércio eletrônico online. Quais são as experiências que os dois países podem aprender um com o outro na industrialização da ciência e tecnologia?

É um ponto importante que precisamos avançar e sem dúvida, a China é parceiro-chave na industrialização da ciência e tecnologia brasileira. A troca de experiências será fundamental nesse processo. Uma possibilidade é avaliar a viabilidade de se formar um grupo de trabalho bilateral específico sobre este tema, agregando, também, outras pastas do governo brasileiro envolvidas na industrialização. Poderá, por exemplo, ser um fórum para compartilhamento de experiências em políticas públicas para inovação, incentivos fiscais, compras públicas, encomendas tecnológicas.

As empresas de tecnologia chinesas atribuem grande importância ao mercado brasileiro e estão otimistas com as perspectivas de desenvolvimento econômico do Brasil, além de estarem dispostas a aumentar os investimentos e a entrada de tecnologia no Brasil. Que tipo de medidas o governo brasileiro pode oferecer às empresas chinesas em termos de acesso a mercados, incentivos fiscais e políticas preferenciais?

O MCTI tem alguns programas importantes de incentivo à inovação, direcionados a empresas, como a Lei do Bem e a Lei da Informática. Tais incentivos são direcionados a empresas nacionais, que podem ter origem chinesa. Além disso, há chamadas públicas para inovação que envolvem apoio a empresas, como as chamadas da FINEP e da Embrapii. Esses seriam apenas os programas e ações que estão no escopo de atuação do MCTI.

Fonte: Xinhua entrevista Luciana Santos — Blog do Renato

Fonte: https://luizmuller.com/2023/01/29/entrevista-de-luciana-santos-ministra-da-ciencia-e-tecnologia-de-lula-a-agencia-chinesa-xinhua-leia-na-integra/

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