Conheça alguns dos personagens que estão na luta para defender seus estudos e o futuro do país
DA UNE
A ofensiva contra a educação no país, com os cortes de verbas nas universidades e institutos federais, trouxe à tona muitas histórias bem diferentes da ‘’balbúrdia’’ citada pelo presidente e seu ministro. Estudantes de diversos locais compartilharam suas experiências provando que a universidade é sim local de conhecimento e transformação.
Willian Silva, estudante da Universidade Federal Fluminense (UFF), mostrou o comprometimento em uma fotografia em que aparece carpindo o gramado da instituição. Segundo ele, o que aconteceu foi um mutirão de afeto em defesa da educação e de uma universidade abandonada, sem dinheiro para conta de luz, para o papel higiênico e para outras manutenções básicas.
‘’O que temos a dizer é: Ninguém vai fechar a universidade. Ela agoniza, mas não morre. Nós estaremos aqui resistindo, seja com enxada ou caneta nas mãos. O futuro educacional do Brasil não pode ser subtraído’’, diz.
William Silva trabalhando por sua universidade
Fabilene Sarmento, estudante do Instituto Federal da Paraíba, também compartilhou a sua história, apreensiva com os rumos do país.
‘’Filha de um pai que não tem nem o ensino fundamental I completo, que trabalha por 20 dias batendo de porta em porta tentando vender mercadorias para sustentar a família, filha de uma mãe que teve primeiro de seus dois filhos para conseguir concluir o ensino médio, e aos 33 anos completa sua primeira graduação, e ingressa na segunda em uma universidade federal, irmã de um garoto de 11 anos que está ameaçado a nem terminar o ensino fundamental, eu mesma, um adiantada na escola, 16 anos, terminando o ensino médio, primeira da família a ingressar em uma instituição federal de ensino, estudando pro Enem sem a certeza de poder fazer uma graduação’’, conta.
Fabilene Sarmento, estudante do Instituto Federal da Paraíba
Da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), a pós-graduanda em Química Letícia Takahashi, precisou encerrar os seus estudos que seguiriam agora para o doutorado.
Sem uma bolsa que pudesse ajudá-la durante a pesquisa (valor em média de R$ 2.200), Letícia foi forçada a trancar o curso pelo qual foi aprovada em segundo lugar no programa de pós-graduação mineiro. “É como se fosse um sentimento de luto. Eu só senti essa dor, essa tristeza quando perdi meu pai [em 2015]. Nem sei dizer o tanto que eu já chorei. E não é só algo só pessoal. É a pesquisa que vai ser interrompida. Me dá um nó na garganta”, afirmou em entrevista ao portal Uol.
A estudante e pesquisadora Letícia Takahashi (foto: Uol reprodução)