A elite
Sempre vou aos shopping centers mais para freqüentar o cinema, livrarias e, ao mesmo tempo em que fujo do calor escaldante, observar as pessoas, às vezes com a esperança de encontrar um rosto conhecido e conversar um pouquinho.
Fui ver “Tropa de Elite” – preferi ir bem depois do lançamento do filme, e no meio da tarde, porque não queria presenciar cenas como as que vêm acontecendo por aí (pessoas aplaudindo a violência). Realmente, o filme se esforça em mostrar a realidade e consegue, até certo ponto. Talvez tenha pecado pelo afã de seus idealizadores com relação à indicação ao Oscar e, por isso, carregaram na dramaticidade e horror: é possível que exatamente devido a este ponto que a turma que escolhe os indicados ao prêmio máximo das telonas tenha deixado-o de fora. Ainda bem que escolheram “O ano em que meus pais saíram de férias”, drama que aborda a transição na vida de um garoto pré-adolescente exatamente no ano (1970) em que a ditadura militar tem seu auge com o general Médici, que eu tô louco pra ver.
Depois de ter assistido ao filme, dei umas voltas pelo shopping. Não saíam de minha cabeça reflexões sobre o drama. Foi então que pensei: “De que forma o que está ao meu redor contribui para aqueles problemas sociais tão graves?” Então, comecei a contar quantas pessoas, negras ou pardas, estavam naquele recinto no instante em que eu caminhava. Durante meia hora, aproximadamente, tempo que andei ali dentro, o número que cheguei não ultrapassava os dos meus dedos das mãos e pés juntos, incluindo-me, é claro. Era um dia de forte calor, repito, o que fez com que muito mais gente circulasse por ali num dia normal de funcionamento do comércio. Assim, respondi a pergunta, ao mesmo tempo em que destrancava a bicicleta quando eu já estava na calçada do centro comercial: “Enquanto não resolvermos isso..., vai ser complicado”.
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Postado por Marcos "Maranhão" em 28 de novembro de 2007, às 12:20h
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