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Marcos A. S. Lima
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CEEBJA - Diferentes Desafios

13 de Setembro de 2013, 15:58 , por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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CEEBJA - Diferentes Desafios

“Paus e pedras podem quebrar-me os ossos,
mas as palavras não podem jamais ferir-me.”
Vargas Villa (?)


Este ano fui convidado, na condição de professor reserva (PSS – Processo Seletivo Simplificado), para substituir colegas em duas escolas por um período de uma semana. O restante do ano (a partir de 31 de março) fiquei no CEEBJA.

O que é CEEBJA ? Significa Centro Estadual de Educação Básica para Jovens e Adultos. Aqui se ensina desde a 5ª série até o 3º ano do ensino médio. Também há ofertas de cursos profissionalizantes. Uma diferença básica para as escolas regulares é que aqui o aluno completa seus estudos, digamos, pela metade do tempo que faria lá. Ele estuda uma disciplina por vez (dependendo de sua disponibilidade de horários, pode cursar várias disciplinas ao mesmo tempo). Na rede municipal há o EJA – Ensino de Jovens e Adultos – para os anos inicias, ou seja, desde a alfabetização até o que antigamente se chamava 4º ano primário.

 


Tenho percebido que muitos colegas de profissão se referem aos CEEBJAs como o céu, se comparados com as escolas do ensino regular, onde a bagunça de muitos alunos em sala de aula torna deveras complicado colocarmos em prática aquilo que planejamos. Na verdade são desafios diferentes.


Eu, por exemplo, peguei uma turma - embora em um número que às vezes chega à metade dos presentes numa sala de escola regular– em que eu tinha que trabalhar assuntos os mais variados, pois nem todos precisam cursar os mesmos conteúdos, visto que ali se tem aproveitamento de estudos.
O que é aproveitamento de estudos? Se o aluno fez, em qualquer época de sua vida, a 5ª , 6ª ou 7ª séries, ao se matricular no CEEBJA, ele pode pedir 'aproveitamento de estudos', ou seja, se concluiu a 5ª, ele começa estudando a 6ª, no caso do ensino fundamental, etc; se concluiu o 1º ano do ensino médio, ele inicia os estudos a partir do 2º ano, etc.

 

Outro desafio é com relação ao ensino para turmas 'coletivas' e 'individuais'. Existem turmas 'coletivas' com vários casos de aproveitamento de estudos e outras com poucos, assim como com as 'individuais'.

O que são turmas de ensino 'coletivo'? Aqui vários alunos, com aproveitamento de estudos ou não, numa única sala, recebem as explicações do professor que pode usar tanto a lousa como a tevê (com o pen drive), por exemplo, bem como diversos outros métodos.

 


O que são turmas de ensino 'individual'? Num único espaço aberto (um salão) vários professores de diferentes disciplinas, cada um, digamos, num canto, fica disponível numa mesa para esclarecer as possíveis dúvidas dos alunos que estão sentados em cadeiras de frente para a mesa de cada disciplina. Esses discentes ficam, individualmente, fazendo lições passadas pelos professores. Teoricamente não há uso de quadro-negro ou tevê, por exemplo, já que cada educando se dirige, em silêncio, à mesa do professor quando precisa de seu auxílio.

 

Mais um desafio: lida-se com pessoas com variados graus de idade numa mesma sala: no meu caso, tive alunos dos 15 aos 75 anos de idade.
Outro desafio: há alunos em diferentes estágios de aprendizagem, mesmo estando a cursar uma série específica. Com efeito, aqui vamos encontrar educandos que estão bem adiantados, dentro do que se espera – ou até superior - para o estudo onde se matriculou, ao mesmo tempo em que vamos nos deparar com aqueles que não teriam qualquer condição de estar numa determinada série, pois, até consultando o livro, encontram dificuldades para responder uma questão, por exemplo (não me perguntem como chegaram aqui).
Além disso, quando fui convidado para lecionar este ano, eu sabia que, entre os alunos ditos 'normais' haveriam vários outros que eu chamo de 'especiais', alguns com problemas de hiperatividade ou que cometeram pequenos(?) delitos dentro e fora da escola, aqueles que os estabelecimentos de ensino regulares não conseguem segurar, etc. Muitos destes, infelizmente, evadiram-se. Temos que avaliar isso.
Até setembro eu tive experiências só com turmas 'coletivas'. A partir daí fui trabalhar também com os 'individuais' no turno vespertino. Foi quando, cansado de ver a maioria deles lá, sentados, sem perguntar nada, inquietei-me e, com a autonomia que a pedagoga me deu, decidi fazer uma experiência: transformar a turma 'individual' em 'coletiva'. Isto é, até a hora do recreio eu os deixava estudar tal como vinham acostumados, individualmente. O restante da tarde eu passei a levá-los para uma sala onde comecei a explicar, com o uso da lousa e do pen drive, os conteúdos estudados, e abria para discussão. Ás vezes eu os levava à sala de informática (vários deles confessaram-me que estavam maravilhados por ser a primeira vez que tiveram contato direto com o computador).
Bom. Foi gratificante tentar despertar nos meus alunos a oportunidade de adquirir o conhecimento. Aprendi junto com eles, com as pedagogas e demais colegas de trabalho que já conhecia ou que tive o prazer de conhecer este ano. Sei onde errei. Estou avaliando. Espero poder continuar esse desafio.
Não posso deixar de relatar, outrossim, um fato inusitado: certo dia, um colega não se conteve e resmungou-me algo referente à sua conclusão de que eu estava falando mal da Igreja Católica, pois ele “andara ouvindo assim, meio sem querer, um pouquinho das minhas explicações dadas em sala de aula”. Falei-lhe que, certamente, devia ter pego o barco andando pra chegar a esse veredito, ademais, taxei-lhe, “A senhoria possivelmente ouviu-me falar mais desta Igreja porque não tem como abordarmos a Idade Média, o feudalismo, sem falar bastante de como aquelas pessoas que comandavam tal religião influenciaram os acontecimentos da época”.
E, para finalizar...
Infelizmente, como nem tudo é perfeito – e não me surpreendi, estou vacinado -, há sempre o joio no meio do trigo, há sempre aqueles que se incomodam, como foi o caso dessas infelizes palavras anônimas que deixaram nos comentários da postagem Ditadura Militar – clique aqui para ler. Fazer o quê?! São diferentes desafios.
________________
Clique AQUI para saber porque deixei de fazer comentários como ANÔNIMO.

_________

Postado por Marcos "Maranhão" em 25 de dezembro de 2009, às 16:00h


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