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Marcos A. S. Lima
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Como não esquecer o caso da menina Márcia

10 de Setembro de 2013, 15:41 , por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by-nc-nd)
Como não esquecer o caso da menina Márcia

Acabei de ler mais notícias sobre o caso da menina Márcia Andréia Prado Constantino, de dez anos, que foi violentada e morta em Maringá. Digitei no Google seu nome e obtive 17 páginas que falavam do ocorrido. A maioria era do Centro-Sul brasileiro (Imprensa de Maringá, Folha Online, Último Segundo...), e tinha também uma de Pernambuco.

Quando soube da notícia no domingo, ao ver sua foto, o primeiro pensamento que me veio foi o de minha sobrinha Sabrina (8 anos). Tive pensamentos aterradores à medida que fui sabendo de detalhes nos sites visitados agora há pouco: depois do sumiço de Márcia no sábado, em frente à igreja evangélica que freqüentava, seu corpo foi encontrado seminu nas redondezas da cidade; tinha fraturas no pescoço, coluna, traquéia e ombro esquerdo, além de lesões nos pulsos e com partes do corpo queimadas; os solados dos seus chinelos estavam limpos; um par de luvas e uma folha de papel-toalha estavam ao lado do corpo.

Não há crime perfeito. O caso do “Zodíaco”, nos EUA, cujo segundo filme baseado em fato real acabou de sair nas locadoras, talvez seja um ótimo exemplo que me conforta neste momento. Fascino-me por coisas tidas como “impossíveis”, “insolúveis”. No filme, os crimes do serial killer que desafiava a polícia mandando uns criptogramas sobre pistas de sua identidade, ou dos próximos crimes, ocorridos nas décadas de 1960/70, os detetives não resolveram o caso até hoje. Todavia, o interesse de um cartunista – se não me engano – que trabalhava num Jornal famoso, que passou a investigar os crimes sozinho, depois que os detetives iam abandonando o caso, mostrou que não há crime perfeito, pois os esforços do rapaz dão a entender que seu principal suspeito apontado pelas investigações que fez (e ele escreveu um livro sobre isso, no qual o filme foi baseado) era de fato o homem que se intitulava o “Zodíaco”.

Não quero dizer, com isso, que a polícia de Maringá não vai solucionar o caso (acredito nela), mas que nós, cidadãos comuns, ajudaríamos mais se nos tornássemos um investigador, um assíduo leitor das discussões nos blogues, nos jornais, um discutidor do assunto em qualquer lugar que estejamos (em casa, na rua, no trabalho, na aula, na academia...). Talvez não resolvêssemos o caso, mas pelo menos estaríamos exercendo nossa cidadania ao discutir algo que nos indigna a todos.

O momento é de reflexão sobre que tipo de sociedade nós estamos construindo, quais Leis devem ser mudadas, quais Instituições devem ser revisadas no que se refere às suas metas. Vê-se a banalidade de casos semelhantes todo dia quando se liga a televisão e o rádio. Hoje está acontecendo bem pertinho da gente. Talvez por isso estejamos um pouco mais indignados, e nossos instintos mais primitivos vêem à tona quando a velha discussão sobre a Pena de Morte volta a ser tema. Eu, particularmente, sou contra por diversos motivos, entre os quais porque acredito nas palavras de Gandhi (“A velha política do olho por olho, dente por dente, nos cega a todos”).

É possível que a insensibilidade de alguns se dê porque a sensação de impunidade paira no ar a partir dos exemplos vindos dos escalões mais altos, mais poderosos da sociedade. Muitos não querem saber, ou fazem de conta que o problema não é com eles (aconteceu com o outro), e dão suspiros de alívios dizendo pra si mesmos “Ah! Eu quero saber é de mim, vou ser feliz agora, vou pra festa, desfrutar do que está ao meu alcance porque depois que eu morrer já era...”. Esse epicurismo estaria em voga principalmente porque os perigos da vida, a morte, o sentimento de ausência de justiça, o medo de que as práticas das torturas da Ditadura Militar estariam ameaçando-nos constantemente.

Isso são apenas conjecturas. Vou parar por aqui, antes que os especialistas me trucidem – talvez eu aprofunde mais tarde as hipóteses do meu Achismo, que já dei pincelada em escritos anteriores aqui, a respeito da origem para o comportamento de sujeitos que praticam tamanha brutalidade como a sofrida por Márcia (a genética e a influência do meio social cada vez mais excludente e desigual faz parte de minha explicação).

Por ora, vou tentar fazer alguma coisa prática para que esses casos não fiquem nas manchetes dos jornais apenas nesses momentos de consternação.

Gostaria de dirigir-me ao blogueiro Ângelo Rigon. Caro Rigon, jornalista cujo blog é o mais acessado de Maringá e que tem relevante papel na revelação das notícias de primeira mão: peço que pense com carinho na idéia de você criar um post no seu blog, com periodicidade de um mês, por exemplo, cujo título poderia ser algo parecido com “Andamento das investigações/processos dos crimes praticados em Maringá e Região”, a fim de que nos informássemos um pouco mais sobre o pós-crime, que infelizmente a grande mídia, na maioria dos casos, “esquecesse-se”, ou pouco relata. Por exemplo, no que deu o caso da prostituta encontrada morta nas redondezas de Maringá, cujo corpo estava com marcas de balas e o crânio teve o pneu do carro do assassino passado por cima? E os casos dos travestis assassinados este ano? Ou o do “flanelinha”(?) atropelado em frente ao portão do Parque de Exposição? Se o criminoso já foi preso, como está na prisão? Que tarefas ele faz lá? Por acaso está trabalhando? Plantando seu próprio alimento na horta da prisão? Etc, etc. Talvez aliviaríamos o sentimento no nosso inconsciente coletivo de que a injustiça impera.

__________

Postado por Marcos "Maranhão" em 25 de outubro de 2007, às 10:19h


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