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Marcos A. S. Lima
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FALSO MORALISMO

9 de Setembro de 2013, 18:09 , por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by-nc-sa)
FALSO MORALISMO


Não é de hoje que venho analisando reações estranhas de certos “amigos” quando se deparam com alguma moda minha, principalmente quanto à estética. Quase sempre são diretos nas suas apreciações, sobretudo quando estamos em público. Se ao menos soubessem formular uma crítica construtiva, mostrando o que pensam, respeitando o direito alheio de viverem como melhor decidam... O diabo é que parecem preferir dizer o que pensam através de “brincadeirinhas”.

Pois eis que, a título de um primeiro exemplo, recentemente soltei meu cabelo – passei quase dois anos usando-o publicamente apenas amarrado, hoje medindo mais de 50 cm, depois de quatro anos sem ver tesoura. Certo dia, ao parar minha bicicleta na rua, dei de cara com um velho “amigo” que, ao invés de cumprimentar-me formalmente, disse, em plenos pulmões, colocando a mão nos meus cabelos: “Nossa, Marcos, esse cabelo tá bom de uma tesoura, hein?”. Respondi-lhe que, se eu tivesse barba além da ponta do queixo, poderia tentar o papel de intérprete de Jesus, na Páscoa, só para vê-lo concordando comigo em seguida - o que se confirmou ao expressar-me um sorriso pudico.

Um outro caso deu-se quando da ocasião em que eu estava de fiscal do PT num colégio eleitoral. Estando eu conversando com duas ou três pessoas, fui surpreendido com um antigo “amigo” que, ao avistar-me, chegou e foi arregaçando a manga de minha camisa do braço direito que não cobrira totalmente (de propósito a deixo assim) minha tatuagem definitiva que mandei desenhar, falando para todos da roda ouvirem: “‘Maranhão’, o que é isso aqui, rapaz? Parece coisa de malandro”. Tentei esboçar algo parecido com “Respeite-me! Esta arte representa minha história de vida”, ao mesmo tempo em que os ouvintes mudaram de assunto, prevendo que meus argumentos derrubariam a máscara preconceituosa do crítico intrometido.

Os exemplos são muitos: o cavanhaque, as sandálias de couro, as roupas, etc, etc.

Uma coisa comum que notei em todos os casos é que meus “amigos” coadjuvantes das observações libertinas apresentam-se portadores de um falso moralismo, geralmente calcado num fundamentalismo religioso exacerbado, que fariam os restos mortais de Freud e Foucault, por exemplo, se revirarem no túmulo. Quando “convidam-me” a cortar o cabelo, escondem a vontade repressiva de tê-los também assim, mas a sociedade não deixa, posto que homens - “mau vestidos” - de cabelos longos podem ser afeminados, maconheiros... (e acham que os “bem vestidos” muitas vezes são vistos como artistas, cantores, cientistas...), o que iria de encontro com os princípios de suas Igrejas. Caem em contradição, ou se esquecem, que aqueles a quem seguem, geralmente a iconografia os representa com cabelos longos e barbudos.

Quanto à tatuagem, o preconceito num país católico sempre foi forte. O “amigo” que rotulou minha arte no braço de “coisa de malandro” não tem culpa de expressar-se assim, pois tenta mostrar-se um homem religioso, portanto, contra culturas diferentes da sua religião. Explica-se isso pelo fato de a tatuagem no Ocidente ser motivo de preconceito – a pintura no corpo teria nascido há mais de 5000 anos, longe do Ocidente; como tudo que não fosse da “cultura” ocidental era visto como bárbaro, temos aí o preconceito, ainda mais quando observarmos que essa prática teria vindo com marinheiros, prisioneiros ou nativos polinésios para a Europa.

Assim, da próxima vez que alguém me dirigir uma crítica injusta, que é muitas vezes um cumprimento disfarçado – aliás, ninguém chuta um cão morto -, como apregoara Dale Carnegie, terei menos motivos para me preocupar, uma vez que tais ações só revelam a hipocrisia de que muitos espíritos estão cheios.
_________________

Postado por Marcos "Maranhão" em 15 de novembro de 2006, às 17:38h


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