HERANÇAS
(apontamentos feitos em memória do Centenário do mestre Isidro Fernandes Lima, que se dará em 2011)
(IMAGEM)
Demarquei nessa foto aí em cima, em azul, o quarteirão que meu pai herdou, junto com o tio João da Providência, em 1961, quando seus pais faleceram. Não estou certo se o vovô vendeu alguma parte antes. Fui criado ouvindo que o pai teria sido enrolado pelo seu mano. Conta-se que, por ter mais estudos e influências (era farmacêutico e teria sido vereador da cidade), o filho mais novo do vovô Pinduca teria levado vantagem na repartição da herança. Eu não acredito nisso. Todavia, o fato é que, da metade disso tudo, só restou aquele quadradinho do quarteirão, na esquina das Ruas Bom Pastor e Teixeira Mendes, que é a casa onde me criei, que foi vendida em 1987, após a morte do papai. Eu e o Isidro Junior não recebemos nada do dinheiro da casa (foi divido somente entre os sete filhos da primeira mulher do pai).
Para um entendimento melhor do assunto que principio a abordar, faz-se necessário termos em mente o desenho que fiz, abaixo (trata-se de um esboço da árvore genealógica de minha família, assunto que há alguns dias venho abordando aqui):

Veja a Certidão de Óbito do pai (clique na imagem para poder ampliar):
Se não conseguiu ler direito o item Observações, no final do documento, clique nesta imagem abaixo mais ampliada:

Está escrito: “OBSERVAÇÕES: Não deixa bens. Deixa filhos: José, Joacy, Maria Antonieta, Aderson de Jesus, Francisco de Assis, Maria do Carmo, Maria do Rosário de Fátima”.
Diz claramente que papai NÃO DEIXA BENS. Isso me faz supor que a casa (aquela que fiz um quadradinho em azul no mapa do Google que mostra o quarteirão), na qual o finado morou, não lhe pertencia, ou seja, tudo me leva a crer que o mestre Isidro morava ali de favor. Se já não lhe pertencia o imóvel que um dia herdou dos seus pais, então eu posso imaginar que ele já o tinha vendido, ou o transferido para seus 7 primeiros filhos. A hipótese de venda da casa antes de 1987 parece ser descartável, visto que, após o falecimento de papai, ela foi vendida a terceiros, e o dinheiro foi repartido entre os sete.
Ainda nas Observações da Certidão de Óbito, consta que o morto DEIXA FILHOS. Como se vê, só está escrito ali os nomes dos 7 filhos do primeiro matrimônio. Eu e o Isidro Júnior não estamos relacionados.
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Observem essas fotos que tirei de três páginas de duas agendas de bolso do pai:

Nessa foto de cima está escrito: “2º. Matrimônio. Casamento religioso de Isidro e Maria José – 15/06/68 – Capela Santo Antonio – Of. Cônego Aderson Guime [?] Vigário da Paróquia N. Sra. De Nazaré – Sede Trizidela – Caxias-MA. ...[marital]mente até 15/06/68”.
(IMAGEM)
Lê-se na foto aí em riba: “Nomes dos filhos 2º. Casamento – 1º. Marcos Antonio da Silva Lima – 2:30 de 14/out./67 – sábado -2º. Isidro F. Lima Junior – 0:30 de 15/fev.69 – sábado”.
Pode-se entender da fotografia acima quase o mesmo da anterior, acrescido apenas de outros horários de nossos nascimentos e a declaração de: “Mãe deles: ‘Maria José Pereira da Silva’ Lima – Pai: Isidro F. Lima – ambos não foram registrados”.
Perguntas:
1) O filho do finado que fez as declarações transcritas na Certidão de Óbito à oficial do Cartório do 4º. Ofício da Casa da Justiça de Caxias, Maranhão, não sabia (ou não aceitava) que éramos filho do mestre Isidro?
2) Será que todos os funcionários do Cartório do 4º. Ofício nunca ouviram falar de certo Isidro (nome incomum), mestre-alfaiate naquela cidade há mais de 50 anos, que adentrara ali 12 anos antes para registrar dois filhos (o carimbo desse Cartório está no meu Registro de Nascimento)?
3) Supondo que a casa fora transferida via documento (Testamento?), antes de meu nascimento e de Isidro Junior, para os 7 filhos que meu pai teve com Dona Rita, por que ausentaram-nos da Certidão de Óbito, se o finado NÃO DEIXARA BENS? Dois filhos a mais iriam fazer tanta diferença assim?
4) “Assinaturas”, minhas e de Isidro Junior, estariam no Inventário feito para a venda da casa em 1987?
Essas questões têm um valor inestimável pra mim, sobretudo quanto ao quesito moral. Hoje não tenho tanto interesses financeiros, até porque acredito que meu quinhão não passaria de dois ou três mil reais. Mas na época em que papai morreu, e eu e o mano Isidro Junior só tínhamos a roupa do corpo, poderia fazer alguma diferença, se não em deixar-nos tranqüilos financeiramente, pelo menos na influência para nossas vidas futuras. Lembro-me que cheguei a pensar, caso tivesse direito em alguma parte da casa, mesmo que não fosse o dinheiro, mas a um pedaço do imóvel, como foi dado à Fátima, em iniciar uma venda de secos e molhados.
Em 1999, durante duas semanas que estive em Caxias passando férias, tentei ver se havia uma forma de documentar esses questionamentos que hoje faço. Tentei constituir um advogado lá para me ajudar, mas o tempo e o dinheiro eram escassos. Saí à procura de pistas. Solicitei no Cartório do 1º. Ofício (na época eu não sabia que a Certidão de Óbito tinha sido feita no 4º. Ofício) uma busca integral de registros de imóveis em nome do pai. O documento está comigo – mostra três vendas que ele fez (uma, três dias antes de eu nascer e as outras duas no dia que vim ao mundo) de outras casas que faziam parte do que lhe cabia na herança do velho Pinduca. Descobri também que a dita casa de que falo já estava no terceiro dono depois da morte do pai. Conta-se que hoje estaria emperrada a papelada da casa porque teriam descoberto algum tipo de erro ocorrido em 1987. Oficialmente eu não sei de nada porque ainda não tenho condições de ir lá ver isso.
Se melhores condições financeiras baterem em nossas portas, hoje ou até nossa morte, e pudermos contratar bons advogados para verificar se de fato há algum problema nos documentos da casa cuja solução passe por nossas assinaturas, não há dúvidas de que o faremos, não somente pelos possíveis valores financeiros, mas principalmente pelas qualidades de estimas de que gozaríamos por ver a Justiça sendo exercida. É de nossa intenção (minha e de meu mano mais novo) investigar essas coisas, sobretudo porque nos interessa o bom convívio com todos.
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Postado por Marcos "Maranhão" em 13 de janeiro de 2008, às 19:36h








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