LIMPEZA ÉTNICA E SOCIAL NO PARANÁ?
Em 1987, quando me obriguei a tornar-me mendigo mais pela condição social por não ter onde dormir ou comer quando meu dinheiro acabou, e não por andar vadiando, com roupas rasgadas ou bêbado, visto que eu viera para o Sul do Brasil procurar emprego, fui levado a procurar ajuda no albergue de Maringá. Nessa primeira das três passagens que tive por esta casa de abrigo pernoitei por três noites. Ao cabo desse tempo fui mandado, (com passagem doada por eles) juntamente com um número que não me recordo de outros em semelhante situação que a minha, para a cidade de Marília (SP), sem nenhuma notificação para os atendentes do albergue de lá.
Cito isto para dizer que não é nenhuma novidade a prática de expulsar moradores de rua tal qual aconteceu nestes últimos dias na cidade de Apucarana, aqui próximo de Maringá, cujo noticiário a nível nacional envergonhou-nos a todos os paranaenses nascidos aqui ou por opção de morada. O caso chegou até Brasília obrigando as autoridades competentes a pedir explicações sobre o ocorrido, chegando até a fazerem referência à limpeza étnica e social.
Mas não vamos muito longe, não. Quem não se lembra do caso dos mendigos de uma cidade do litoral paranaense, em Paranaguá, onde as próprias autoridades (guardas municipais e um sargento aposentado), além de expulsarem os mendigos, ainda os torturavam?
Pra não ficar só no exemplo dos pedintes, não menos estranho também foi o caso daquele grupo de neonazistas que foi preso em Curitiba pregando cartazes nos postes contra negros, homossexuais, etc; ou, ainda, como o ocorrido nas últimas eleições do ano passado quando se atribuiu ao Estado do Paraná o local de origem daquele adesivo racista que mostra uma tarja referindo à proibição nos quatro dedos, dando clara referência a uma campanha anti-Lula, só porque este é deficiente do mindinho de uma das mãos.
É óbvio que estas práticas não são exclusivas do Estado do Paraná: aqui e ali nos deparamos com notícias semelhantes em outras unidades da federação, mas é notório, sem sombra de dúvida, que isto ocorre mais no Estado de São Paulo e nos três do Sul. Coincidência ou não, tais lugares figuram entre os mais ricos do Brasil e abrigam as populações de maior porcentagem de peles brancas. No Paraná, pelo último censo de 2004 do IBGE, a população branca soma 74,7% (na região metropolitana de Curitiba esse número é ainda maior: 79,6 %).
É lamentável que fatos como o de Apucarana, por exemplo, venham a acontecer. Eu fico imaginando como são aqueles outros casos que não são noticiados, que não são denunciados, que certos grupos encobrem... Já está passando da hora de cortar o mal pela raiz. Com a palavra, as autoridades paranaenses.
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Postado por Marcos "Maranhão" em 31 de março de 2007, às 16:16h
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