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Marcos A. S. Lima
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O cultivo da tolerância

10 de Setembro de 2013, 14:19 , por Marcos A. S. Lima - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Licenciado sob CC (by-nc-nd)
O cultivo da tolerância
 
No tempo do Zé Cláudio, uma vez vi alunos de uma escola, parece-me que de Sarandi, entrando no Shopping Aspen Park. Eram, na maioria, negros, pardos e pobres. E deixaram transparecer que se encantaram com o lugar. Alguns não se contiveram e gritaram diante de tantas riquezas, tantas atrações, como todas as crianças fazem quando vão num parque de diversões – devia ser a primeira vez que entravam ali. Eles vieram assistir um filme. A professora, em vão, tentava fazê-los calar todos ao mesmo tempo. Foi nesse momento que me deparei com uma cena lamentável: duas mulheres (que iam à minha frente), de óculos escuros, brancas, trajando roupas luxuosas, carregando várias sacolas de compras, não se contiveram e uma delas comentou à outra, num tom de voz não comum de quem fala em particular: "São um bando de índios! Não sabem se comportar, por isso gritam feito animais, igual a esses sem-terra.”

Infelizmente, não foi a primeira (nem será a última) vez que enfrentei essa situação. Tenho observado um crescente nas manifestações de intolerâncias, de racismo, não só na cidade em que moro, mas no Centro-Sul do Brasil e em alguns países da América Latina, só para ficar com este lado do planeta.

Quem não se lembra da campanha do Zé Cláudio, das injúrias feitas aos sem-terra e camelôs de Londrina no programa político, principalmente no segundo turno, quando os adversários tentavam amedrontar a população dizendo (e mostrando imagens) que Maringá seria invadida por esses “vagabundos”?

No Brasil, nas últimas décadas e após a ascensão do Lula à Presidência da República, é notório o aumento da violência e ofensas aos excluídos considerados “maus exemplos”, como mendigos, prostitutas, homossexuais, índios, nordestinos, negros... Geralmente os ataques, quando não vêm fisicamente – veja o caso do índio Galdino, os mendigos de São Paulo, a Candelária, Vigário Geral, o grupo de extermínio de Pernambuco, os ataques às prostitutas, aos gays, etc. –, são feitos através de palavras e gestos.

Eu considero mais graves ainda aqueles atos praticados por grupos minoritários, mas com enorme poder aquisitivo e de grande influência, que utilizam fundamentalmente as rádios, revistas, jornais impressos e a televisão principalmente porque podem fomentar os exemplos do parágrafo anterior.

A mesma elite midiática que fomenta a divisão de classes no Brasil, além de desinformar-nos dos acontecimentos nos países vizinhos, como a Bolívia e a Venezuela, por exemplo, tentam vergonhosamente denegrir a imagem das populações que elegeram democraticamente seus presidentes (como Evo Morales e Hugo Chávez, que têm a cara da maioria das etnias que vivem nesses países – índios e pardos). O fazem através de ironias presentes nos editoriais de jornais, em reportagens parciais, em comentários de cineastas, âncoras e um monte de profissionais de outras áreas travestidos de jornalistas isentos. O efeito disso pode ser avassalador, basta ver as fontes dos argumentos de quem tenta falar do assunto quando estamos numa roda de parentes ou amigos em nossa casa, num bar, num campo de futebol, numa academia, numa escola...: Revista Veja, Folha de São Paulo, Arnaldo Jabor, Diogo Mainardi, Boris Casoy, Jornal Nacional, Hebe, Jô, etc.

E para nos preocupar mais ainda, vem um tal de Paulo Zottolo, presidente da PHILIPS no Brasil, um dos lideres do Movimento Cancei (que pede a destituição do Presidente da República), e diz que “Se o Piauí deixar de existir, ninguém vai ficar chateado”.

Não há dúvida de que existe um racismo forte nesse contexto. Não podemos mais fazer de conta que essa vergonha não exista entre nós. O que subjaz nos comentários das duas mulheres no shopping de Maringá, na campanha do segundo turno do Zé Cláudio, nas falácias da grande mídia burguesa e na frase do presidente da Philips é um sinal de que, ou resolvemos isso tentando nos reeducarmos, tolerando-nos um pouco mais, ou corremos sério risco de irmos às vias de fato.
___________

Postado por Marcos "Maranhão" em 28 de agosto de 2007, às 09:56h


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