Prezado “Maranhão” e leitores aí do presente:

Este pequeno relatório que ora envio direto do futuro tem como principal objetivo tão-somente o exercício da reflexão dessa sociedade capitalista que se nos vai impondo os modos de viver.

Trata-se de uma historinha acontecida dia desses comigo. Como tu sabes, nunca fui de me preocupar com exterioridades de minha pessoa por aqui, afinal, não é novidade que me disfarço de mendigo para poder entrar em meu próprio templo (o oráculo do deus Raskólhnikov II, o herege), conforme meus relatos enviados a ti ano passado.

Depois da virada do Jano Novo, decidi mudar algumas coisas nesta minha vida. Uma delas foi parar com o disfarce de mendigo por uns tempos, só pra desestressar. Então passei a andar vestido com roupas um pouco melhores. Confesso que recebi vários elogios sinceros não só de amigos, mas também de várias garotas, que o fazem, inclusive, na frente de Sônietchka, apesar de seus protestos raivosos – o preocupante disso é que ela quer começar a andar de mãos dadas comigo, pondo em risco nosso trabalho como agentes do túnel do tempo.

Como eu ia dizendo, um belo dia, quando eu andava pelas ruas de Silopólidnaras, dei de cara com um “amigo” típico seguidor daquele nazistazinho de meia-tigela que tu tanto te referes. Deu um bom dia e, olhando-me de cima a baixo, proferiu algumas palavras mais ou menos assim: “Quem te viu, quem te vê! Antes só andava rasgado, pedindo esmolas, agora anda nessas roupas aí. Será que você está se sentindo bem? Cuidado pra não tropeçar nas calças! Essas roupas não são pra gentalha como você, seu vagabundo, maconheiro, petistazinho, ateu!”.

Eu adoro fazer isso (rsrsrs). Pesquei de ti (lembra?) Essa elite se acha o máximo.

“Inté mais vê!”

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