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Formação (bildung), educação e experimentação em Nietzsche

3 de Dezembro de 2012, 22:00 , por Desconhecido - 0sem comentários ainda | No one following this article yet.
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Esta tese busca explicitar a especificidade dos temas da Bildung (formação, cultivo), da educação (Erziehung) e da experimentação [Experimentieren - Erlebnis (vivência)] no pensamento de Nietzsche. Para tanto, sustenta que o movimento de abandono do conceito de formação em favor da noção de educação, e a posterior substituição da educação pelo tema da experimentação, revela um amplo processo de modificação conceitual pelo qual o autor cria uma radical teoria da constituição do humano. Há três momentos distintos, embora ligados, desse processo: o primeiro (capítulos 1 e 2), em que o tema da formação, não apenas em Nietzsche mas em toda a tradição alemã dos séculos XVIII e XIX, aparece vinculado às discussões sobre o valor educativo e formativo da arte. Por essa razão, após apresentar uma contextualização da relação entre arte e formação na tradição alemã (capítulo 1), é apresentada (capítulo 2), a relação de Nietzsche - tal qual se dá em seu primeiro grande escrito O Nascimento da Tragédia - com as teorias estéticas alemãs que refletiram sobre a cultura grega, mais particularmente, sobre o problema da tragédia. Além de mostrar a influência destas teorias sobre a concepção nietzscheana de formação, mostra-se, também, a particularidade dessa concepção e os elementos que permitiram ao autor efetuar uma crítica da imagem da serenidade grega. Tal crítica deveu-se ao reconhecimento de uma fissura irreparável entre público, arte e cultura na Alemanha do século XIX; o segundo, (capítulo 3), situado entre o seu primeiro grande escrito, O Nascimento da tragédia, e a grande virada do seu pensamento, representado pela obra Humano, demasiado humano, diz respeito ao problema da formação da personalidade autêntica. Neste período, a reflexão sobre a formação da personalidade autêntica ou a formação do gênio, dá-se em dois registros, embora distintos, ainda assim, complementares: um primeiro, de análise e crítica dos estabelecimentos de ensino alemães, levadas a efeito nas cinco conferências proferidas por ele na Universidade da Basiléia; e um segundo, em que Nietzsche, a partir da sua própria experiência com Schopenhauer, mostra os perigos, as dificuldades bem como as peculiaridades da experiência formativa a que se é submetido na presença de um verdadeiro filósofo. Por fim, o terceiro momento (capítulo 4), em que, a partir da obra Humano, demasiado humano, são apresentadas as transformações da concepção de Nietzsche a respeito da constituição do humano, caracterizadas pelo abandono da noção de formação, pela utilização temporária da noção de educação e pela escolha da noção de experimentação como a mais adequada para expressar a radicalidade do processo de constituição do humano. O tema da experimentação é apresentado em dois registros: num primeiro (nos três primeiros itens do capítulo 4), a partir de Humano, demasiado humano, Aurora e A Gaia Ciência, mostra-se a relação entre o tema da formação e a crítica da metafísica a partir da valorização da história, da psicologia e da análise da moral; num segundo (nos dois últimos itens do capítulo 4), atinge-se a formulação mais avançada e radical do pensamento de Nietzsche sobre o tema da constituição do humano. Desde a fratura do romance de formação (Bildungsroman) em Assim Falou Zaratustra, passando pelo tema do adestramento e da seleção em A Genealogia da Moral, até a instauração das figuras do além do homem e do indivíduo soberano, sempre se encontra em foco um imperativo preemente, que é referir o tema da constituição do humano à noção de experimentação, que aparece sob o signo do conceito de tempo e da experiência da solidão.


Fonte: http://books.scielo.org/id/qbh4w

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