O desktop Linux está realmente morrendo? (Parte 1)
14 de Setembro de 2012, 21:00
, por Desconhecido
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Miguel de Icaza, um dos fundadores do projeto GNOME, escreveu um
post em seu
blog pessoal com o título “What Killed the Linux Desktop“, ou “O que matou o
desktop Linux“.
A razão de tudo, segundo Icaza, seria a própria cultura do Linux. Em seu texto ele responsabiliza Linus Torvalds por ter inspirado na comunidade uma cultura de não dar importância à retrocompatibilidade com dispositivos e programas a cada nova versão lançada de seus programas, em nome da inovação.
Agravando a questão da compatibilidade, estaria o fato de que cada distribuição Linux escolhe seu próprio conjunto de componentes principais do sistema. Estes, para ele, seriam os dois principais motivos que dificultam o suporte proprietário, resultando na marginalização do sistema.
Segundo Miguel de Icaza, a culpa da morte do Linux no desktop é do cara boa pinta da imagem acima
Enquanto isso, afirma Icaza, o OSX, sistema operacional da Apple, foi se desenvolvendo e eliminando seus problemas iniciais, tornando-se uma opção Unix mais atraente aos desenvolvedores. Ele próprio afirma ter se apaixonado pelo iPhone e que, por isto, usar um Mac teria se tornado uma necessidade. Por consequência, o futuro do Linux estaria comprometido pela perda de seus desenvolvedores para a web e para o OSX.
Um link para esse texto acabou sendo postado pelo engenheiro de software da Intel, Sriram Ramkrishna, no Google+, onde recebeu resposta de pesos pesados do kernel, como Alan Cox e o próprio Torvalds.
Em sua contestação, Cox disse que riu do argumento sobre não haver consenso entre as distribuições na escolha dos componentes do sistema, já que o próprio Icaza teria sido responsável por uma grande divisão nos desktops, ao criar o Gnome. Além disso, os problemas de retrocompatibilidade seriam do Gnome, e não do kernel. Terminou dizendo que “O Gnome não é um realmente um desktop – é um projeto de pesquisa”.
Quanto a Linus, o criador do kernel Linux, ele disse ter achado graça de ter levado a culpa por ter influenciado no comportamento dos desenvolvedores. Argumentou que uma das regras principais do kernel é não romper com interfaces externas, ou seja, pode-se romper compatibilidade só internamente e não com programas e dispositivos externos.
Para Torvalds, a maior prova do uso bem-sucedido dessa política seria a compatibilidade do Linux com os mais diversos processadores para computador e outros dispositivos como celulares e roteadores. Finalmente, reforçando os argumentos de Cox, disse que o pinguim se desenvolveu pelas ideias e necessidades de várias pessoas diferentes, ao contrário do projeto Gnome que, segundo afirma, impõe suas ideias aos usuários “goela abaixo”.
Exumando o cadáver
Embora seja essa mais uma história na longa lista de entreveros envolvendo personalidades distintas da comunidade do software livre, mais do que discutir de quem seria a culpa, o importante é saber se o desktop Linux está mesmo morto, pois segundo os filmes americanos, não há crime sem um cadáver.
É necessário lembrar, em primeiro lugar, que os parâmetros de sucesso do software livre vão muito além de sua adoção por um grande número de pessoas. O fato é que foi criada uma comunidade multi-facetada, organizada, criativa e produtiva, responsável por um ecossistema de soluções para desktop que, embora com suas imperfeições, hoje é plenamente funcional para a maioria dos usos aos quais se propõe. Quer dizer, a própria existência de um ecossistema funcional de software livre para desktop é, em si, uma prova de seu sucesso.
Além disso, ouso dizer que a grande maioria dos usuários Linux não ligam se a sua distribuição, ou se o pinguim como um todo, é usado por 6 ou 6 milhões de pessoas. Se existe um anseio de ganhar uma fatia maior do mercado, isto seria apenas para ganhar um pouco mais de consideração por parte dos fabricantes de hardware e software.
Dito isto, me parece que o cadáver não só está respirando, mas também está com muita saúde. Que diga o Ubuntu, o desktop Linux mais usado no mundo, que é utilizado até mesmo pelo Google.
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