"A não ser que você esteja nas 'paradas do sucesso', a vida do músico no Brasil é uma batalha diária. Precisamos matar um leão por dia."
A afirmação é do compositor e guitarrista Mauro Albertt, um dos expoentes do jazz manouche, ou cigano, no Brasil, que exibe essa mesma garra e profissionalismo nos trabalhos que faz, tanto em palco como em estúdio.
Mauro foi um dos destaques do recém-concluído 5º Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, evento que reuniu importantes artistas durante vários dias na cidade, considerada a capital nacional desse gênero musical, criado pelo guitarrista Django Reinhardt nos anos 30 do século passado.
Ele já gravou oito discos instrumentais e toca profissionalmente desde 1990. Mas foi a partir de 2009 que vem se dedicando à pesquisa e estudo da música e cultura ciganas.
Foi pelos caminhos da música que Mauro conheceu Louis Plessier, guitarrista francês que por 40 anos conviveu com a família de Django Reinhardt. Os dois formaram um duo de violões o Drom Manouche, e juntos compuseram diversos temas, fundindo estilos e influências. Viajaram por cidades do país, difundindo o jazz manouche franco-brasileiro, e gravaram o CD “Droms Manouche”. Plessier, porém, veio a falecer em março de 2014.
Em novembro de 2013 uma das composições de Mauro Albert foi incluída no CD "Django Festival 7" que conta com a presença de grandes nomes mundiais do Jazz Manouche, como Biréli Lagrène, Jimmy Rosemberg, Gonzalo Bergara, Florin Nicolescu e Antoine Boyer, entre outros. O disco foi lançado pelo selo Hot Club Records, a principal gravadora do gênero, com sede em Oslo, Noruega, que também foi responsável pela gravação de outros dois discos de Mauro, “Jazz Manouche Brasil” e “Droms Manouche”.
Em 2015 ele gravou, com o guitarrista italiano Dario Napoli o CD “Exchange Gypsy Jazz”, com composições dos dois e interpretações de temas de Django Reinhardt, Henri Mancini e Hermeto Pascoal. Nesse mesmo ano, a Sesc TV exibiu os programas Sesc Instrumental Brasil com o Mauro Albertt Quartet Droms Manouche, e Passagem de Som, no qual ele recorda a sua parceria com Louis Plessier.
A partir de dezembro de 2015 Mauro começou a colaborar com a edição brasileira da revista "Guitar Player", com uma coluna exclusiva sobre o Gypsy Jazz, e em março de 2016 lançou o álbum "Optchá" , expressão cigana que significa “salve”, e que conta com a participação de Rafael Calegari (contrabaixo acústico), Fernando Caramori (violão rítmico) e Gabriel Vieira(violino).
Se o álbum com Dario Napoli, gravado ao vivo, mostra o todo o seu virtuosismo no palco, o último trabalho de Mauro Albertt exibe um compositor maduro, que transita com facilidade entre temas lentos e nostálgicos e outros com todo o frescor do jazz cigano, e um intérprete completamente à vontade para executar músicas que exigem um algo a mais de sentimento e técnica.
"Optchá" é um disco de um artista que não só descobriu o seu caminho, mas se sente inteiramente à vontade nele, como se observa em suas nove faixas, todas composição de Mauro, várias delas em homenagem ao amigo e mestre Louis Plessier.
Na entrevista abaixo, o guitarrista e compositor fala sobre seu trabalho, seus projetos e sobre a dificuldade de se fazer música, principalmente a instrumental, no Brasil:
Segundo Clichê - Que similaridades/afinidades o jazz cigano tem com ritmos brasileiros?
Segundo Clichê - Como é a vida de um músico instrumental no Brasil? É difícil, a música instrumental tem mercado ainda restrito ou ela vem crescendo? Onde você costuma se apresentar mais?
Segundo Clichê - Quais são seus próximos projetos?
Segundo Clichê - A internet veio para ajudar ou atrapalhar a carreira do músico?
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