Enquanto aprofunda o caráter liberal e colonial de seu modelo de economia, o mundo enfrenta as contradições conflitantes inerentes a esse processo. A atual crise migratória é um dos casos mais veementes. Nações submetidas ao colonialismo são condenadas à ruína econômica e à violência política e social. Por consequência, os povos submetidos à exclusão e à violência são impingidos a se aventurar em travessias arriscadas em nome de uma possibilidade digna de sobrevivência, que não raras vezes mostra-se ilusória, no final das contas.
A tragédia das migrações expõe o “mundo civilizado ocidental” às suas mais duras verdades: os valores humanitários de suas constituições são letra morta. Mais que isso: essa realidade por tempos dissimulada vem se mostrando cada vez mais explícita.
Donald Trump é o exemplo mais acabado desse “cinismo explícito” em que as vítimas são transformadas em criminosos na cara-dura. Trump representa um espectro político que tem por hábito colocar seus interesses acima de qualquer circunstância, ainda que seja acima da ética e da lei: nós "podemos", impomos e pronto!
Às nações submetidas a esse capitalismo neocolonial estão reservadas a falência econômica, o desemprego e a instabilidade social. O truque da narrativa conservadora é atribuir a pobreza como demérito do próprio povo, ocultando os processos de apropriação efetivados pela potência colonizadora.
É dessa forma que transformam os pobres em culpados pela própria pobreza e, pior, uma potencial ameaça à manutenção do status da classe possuidora.
O capitalismo, assim, cria sua contradição principal que opõe, de um lado, a ampla massa de perdedores e, do outro, a minoria proprietária.
O poço-sem-fundo em que mergulhou o Brasil desde o golpe contra a presidenta Dilma, em 2016, é o resultado direto da atuação das forças neocolonialistas lideradas pelos EEUU na América Latina. Enganado pelo braço mais fiel e poderoso da potência imperial – a grande mídia empresarial, o povo brasileiro tem sido distraído por midiáticos escândalos de corrupção, enquanto as imensas riquezas nacionais são entregues às forças que promoveram o golpe, deixando à míngua o futuro do país.
Novamente, o “cinismo explícito” da narrativa conservadora entra em campo para culpar as políticas sociais dos governos petistas anteriores pelos efeitos catastróficos da vigente política ultraliberal reinaugurada pelos golpistas.
As políticas efetivas determinam efeitos concretos. O Brasil entrou numa espiral de decadência econômica e de degeneração social resultantes de políticas ultraliberais que somente favorecem a acumulação de riquezas e a geração de enormes parcelas de excluídos.
O golpe de 2016 escancarou as portas da nação para os aproveitadores (colonialistas) de plantão e agora sofre as consequências para reverter a situação em condições muito mais complicadas que outrora.
Quem determina a atual crise brasileira é o imperialismo colonialista com sede no norte. O golpe dado em 2016 continua em 2018 impondo impedimentos à principal via para uma saída soberana e popular para a atual crise: as eleições. É nesse contexto que vemos a prisão ilegal e política de Lula e, através dela, a submissão de instituições do Estado, especialmente do Judiciário, aos intentos colonialistas.
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