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O país precisa, além de combater a corrupção, resolver em que sistema quer existir

April 20, 2017 11:42 , by Jornal Correio do Brasil - | No one following this article yet.
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“Il guerriero sà che il dubbio porta alla morte”

Ditado popular italiano do Século XI

 

Aqueles que trabalham pela revolução para o fim do sistema capitalista, cristalizado no Brasil desde o golpe de 1964, após o breve governo renovador de João Goulart, vivem nas sombras de uma sublevação social

 

Por Gilberto de Souza – do Rio de Janeiro

 

As esquerdas brasileiras, esse mosaico de práticas e pensamentos tantas vezes díspares, pontuado por partidos e correntes afinadas com este ou aquele líder, esta ou aquela interpretação do Manifesto Comunista, deveriam agir contra o pensamento liberal, sintetizado nas teses do economista britânico Adam Smith. E, normalmente, o fazem as esquerdas nos países que os militantes brasileiros geralmente tomam como referência para a organização interna de seus objetivos (Alemanha, França, Portugal, Rússia etc).

O Partido Comunista é, hoje, a segunda maior força política do Japão

No mundo, a bandeira do Comunismo é desfraldada da extrema esquerda ao centro

O pragmatismo dogmático, no entanto, é um ponto que perpassa a ampla maioria das legendas, das menores, na extrema esquerda, às mais numerosas, a exemplo do PT, do PCdoB, PDT e PSOL, que têm parlamentares e administram algumas prefeituras. À exceção dos comunistas radicais, situados em pequenas agremiações partidárias ou em grupos abrigados nestas próprias legendas, muitas vezes nos movimentos sociais, não é transparente a vontade de transformar o país em uma República Socialista, quiçá Comunista.

Memória de heróis

Aqueles que trabalham pela revolução e o encerramento do sistema capitalista, cristalizado no Brasil desde o golpe de 1964, após o breve governo renovador de João Goulart, vivem nas sombras de uma sublevação social que parece nunca acontecer. A mensagem revolucionária, com os meios de comunicação de que dispõe para chegar à consciência pública enfrenta barreiras, aparentemente, insuperáveis. Vide os grandes conglomerados que dominam a planície da Opinião Pública nacional.

Ainda assim, nestas ínfimas ações promovidas nas franjas do sistema, tais quais os periódicos de partidos como o PCB, o PCO e o PSTU, entre os mais relevantes, ainda se alimenta a chama da ruptura com o sistema predominante na sociedade convencional. Não fosse esse punhado de militantes e a história de heróis comunistas — como os três Carlos, Marighella, Lamarca e Prestes, para citar apenas alguns — estaria fadada ao desterro. Sobreviveria, talvez, em algum escaninho do Instituto Smithsonian, em Washington (DC).

Escolha um sistema

Resguardada a fundamentalidade das reservas revolucionárias no ideário das legendas situadas na extrema esquerda, resta o mingau evolucionário dominante. Este, salvo quase impossíveis exceções, tem um grau mais apurado de discordância com a Wall Street e a City londrina. Mas, de alguma forma, negocia com a banca internacional, com maior ou menor desenvoltura. Não são poucos os organismos ditos de esquerda, por exemplo, que recebem dinheiro do Instituto Ford.

Desde o período em que a política brasileira passou duas décadas sob a gestão golpista e violenta dos militares, a transição foi uma escorregada da ultradireita para a direita, nos períodos pré-FHC. Dali para o centro, nos oito anos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Descontinuado após cinco anos, o turbulento mandato da presidenta cassada Dilma Rousseff marca a ruptura deste caminho para a esquerda.

A queda do governo Dilma assinala a retomada imediata dos ajustes demandados contra direitos sociais conquistados nas últimas décadas. O dia exato está no Diário Oficial da União que publica o ingresso do economista Joaquim Levy, formado pela escola mais capitalista dos EUA, na máquina pública brasileira. O ponto de inflexão às forças conservadoras mundiais ocorre em momentos similares na América Latina. À exceção da Venezuela, Bolívia e Equador, que ainda resistem ao avanço da direita no Ocidente. Claro que não é de graça. Que o digam os movimentos patrocinados com recursos norte-americanos para bater panelas e vestir verdeamarelo nas ruas das capitais brasileiras.

Diz o ditado

Não cabe, portanto, em qualquer discussão séria sobre os destinos do país, apenas a defesa de um grau mais adequado de atendimento às exigências do 1% sobre os 99% restantes. O debate torna-se estéril quando se resume ao relacionamento de quase compadrio entre o estatal e o privado ou à submissão do primeiro aos conglomerados, nacionais e mundiais. Assim, da forma como ora ocorre no país, com as reformas trabalhista e previdenciária, e a venda de bens públicos a preços vis.

Esta, a linha que une parcelas da esquerda, da centro esquerda até a direita mais escancarada, não passa de um jogo de sombras. Com muito mais de 50 tons de permissividade com dinheiro público. Vai desde a compra de um miserável barquinho de alumínio para um sítio emprestado até o recebimento de somas milionárias em bancos suíços, com vinhos caríssimos de brinde. A hipocrisia, que permite a existência de um Estado mais ou menos capitalista ou mais ou menos socialista, é uma passagem de ida, apenas, ao abismo do improvável.

“O guerreiro sabe que a dúvida leva à morte”, como pontua o ditado popular italiano, no Século XI. Na época, a cristandade europeia se dividia entre o papa Bento IX, preferido dos alemães, e papa Clemente II, queridinho dos ingleses. Não prestou.

Greve geral

FHC tentou, na tal social democracia neoliberal, estabelecer um Estado mínimo. Minúsculo em direitos sociais e máximo em regalias ao establishment. Lula enriqueceu a banca e apoiou a indústria. E aquela financiou, com crédito fácil, a expansão da chamada ‘linha branca’ (equipamentos domésticos), em todas as faixas de renda. Em contrapartida, estabeleceu vigorosos programas sociais. Dilma tentou ampliar as conquistas populares e se atrapalhou. Foi atropelada por um golpe de Estado e fez a balança despencar para o lado do poderio capitalista.

Evidentemente, a greve geral convocada para o dia 28, no Brasil, faz parte do revide. Não se imagina que o Brasil seja vendido às glebas sem que milhões se levantem contra o entreguismo. As cartas estão na mesa. Mesmo sem partir — ainda — para as vias de fato de um Estado Comunista. Aqui e na Argentina, o movimentos sociais inspirados na resistência heróica da revolução bolivariana, na Venezuela, mantêm os dados rolando.

Por ora, o time da Avenida Paulista dá as cartas. Mas o jogo político tem um novo tempo, que começará em 2018, se nenhuma novidade ocorrer até lá.

Enquanto isso, há um tempo ainda para integrar o lado da civilização, contra a barbárie capitalista. Sem dúvidas.

Gilberto de Souza é jornalista, editor-chefe do jornal diário Correio do Brasil.

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Source: http://www.correiodobrasil.com.br/pais-precisa-combater-corrupcao-resolver-em-que-sistema-quer-existir/

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