Carlos Motta
Uma das mais lindas cidades deste maltratado planetinha, o Rio de Janeiro, agoniza, implora por mais cuidados e por mais amor.
O Rio já foi tema de um sem número de canções, a maioria a exaltar as suas belezas, e a elas deve grande parte de sua fama de "cidade maravilhosa".
Uma das canções, porém, se destaca: composta pelo trio Moacyr Luz, Aldir Blanc e Paulo César Pinheiro, três craques, três artistas apaixonados pela terra em que nasceram, "Saudades da Guanabara" é um hino, um apelo à razão, um grito desesperado pela redenção de uma cidade que é muito mais que um ajuntamento de pessoas, mas um estado de espírito, um reflexo da alma de um Brasil que a despeito de tudo que lhe fazem de mal, teima em resistir à destruição.
https://www.youtube.com/watch?v=hfQkzhfZlqA
Eu sei
Que o meu peito é lona armada
Nostalgia não paga entrada
Circo vive é de ilusão (eu sei...)
Chorei
Com saudades da Guanabara
Refulgindo de estrelas claras
Longe dessa devastação (...e então)
Armei
Pic-nic na Mesa do Imperador
E na Vista Chinesa solucei de dor
Pelos crimes que rolam contra a liberdade
Reguei
O Salgueiro pra muda pegar outro alento
Plantei novos brotos no Engenho de Dentro
Pra alma não se atrofiar (Brasil)
Brasil, tua cara ainda é o Rio de Janeiro
Três por quatro da foto e o teu corpo inteiro
Precisa se regenerar
Eu sei
Que a cidade hoje está mudada
Santa Cruz, Zona Sul, Baixada
Vala negra no coração
Chorei
Com saudades da Guanabara
Da Lagoa de águas claras
Fui tomado de compaixão (...e então)
Passei
Pelas praias da Ilha do Governador
E subi São Conrado até o Redentor
Lá no morro Encantado eu pedi piedade
Plantei
Ramos de Laranjeiras foi meu juramento
No Flamengo, Catete, na Lapa e no Centro
Pois é pra gente respirar (Brasil)
Brasil
Tira as flechas do peito do meu Padroeiro
Que São Sebastião do Rio de Janeiro
Ainda pode se salvar