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Para onde vamos? Ou ainda, quem poderá nos defender?

24 de Junho de 2015, 11:27 , por PEDRO ALEM SANTINHO - | No one following this article yet.
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Para onde vamos? Ou ainda, quem poderá nos defender?

 

É preciso pensar. Essa é uma grande verdade. É preciso mais ainda conhecer. E os métodos de conhecer de nossa esquerda estão longe de ser algo que nos ajude. O que me parece é que a afirmação de Marx, no prefácio da 2ª edição do Capital, é hoje também verdade para setores da esquerda, à direita ao lado do governo, e à esquerda, contra o governo:

“Soou o dobre de finados da ciência econômica burguesa. Não interessava mais saber se este ou aquele teorema era verdadeiro ou não; mais importava saber o que, para o capital, era útil ou prejudicial, conveniente ou inconveniente, o que contrariava ou não a ordenação policial. Os pesquisadores desinteressados foram substituídos por espadachins mercenários, a investigação cientifica imparcial cedeu seu lugar à consciência deformada e às intenções perversas da apologética. Todavia mesmo aqueles importunos folhetos que a liga contra a proteção aduaneira aos cereais, chefiada pelos fabricantes Cobden e Bright, lançava aos quatro cantos, possuíam, se não um interesse cientifico, pelo menos um interesse histórico, pela sua polêmica contra a aristocracia proprietária das terras. Mas, desde Sir Robert Peel, desapareceu, com a legislação livre-cambista, esse ultimo estimulante da economia vulgar”.

(Marx, O Capital)

Temos uma esquerda que pensa que a própria esquerda começou com a guerrilha no Brasil. E vivem colocando sinais positivos neste gigantesco erro histórico que houve no país. Ou ainda, acham que as mobilizações sindicais, que foram fundamentais para derrubar a ditadura, são o inicio de um “verdadeiro sindicalismo”, papagueiam velhas mentiram do tipo “quando novos personagens entram em cena”. Quando na verdade temos mais de um século de histórica de luta da classe trabalhadora. Temos uma esquerda internacionalista que pensa internacionalmente, mas abstrai a situação mundial e apenas vê o que lhe interessa.

Preocupa-me porque colocam seus filhos nas escolas particulares e papagaiam contra os métodos de repetição jesuíticos. Mesmo inconscientemente seus filhos ascendem a um estrato da elite, como nos mostra Ralph Miliband, e encaminham os filhos das “classes populares” ao ostracismo da ignorância ao copiarem e também papagaiarem as politicas criadas por eles na academia. Acho que tenho mais asco que preocupação.

Gritam da guerra de invasão dos portugueses e espanhóis, mas esquecem de que a filha do Imperador Azteca Montezuma, isso mesmo imperador, casou-se com companheiros da nobreza de Cortez e se tornou uma dama cristã. Perfazendo o primeiro acordo pelo alto das elites exploradoras em terras do novo mundo. Mesmo nas Américas sempre houve a luta de classe. O que não há, e nem houve, é uma guerra étnica ou contra os povos autóctones, como se eles fossem uma unidade-única, e não uma sociedade cindida entre classes, status e castas. Esse papo étnico é tudo conversa fiada para nos enrolar na ignorância. O que existe são classes sociais, e se querem também, castas e estamentos. A questão étnica passa ao largo de qualquer explicação.

Sempre quem se ferrou foi o “povo”, que hoje a fundação Ford decidiu chamar de índio, que passaram de explorados dos seus reis incas, maias e astecas, para serem explorados por novos espanhóis e portugueses. E os filhos da nobreza “indígena”, autóctone, casaram-se com a nobreza do velho mundo. Que piada.

Parece que tudo se repete. Acho que é preciso revisitar nossos estudos e retomar realmente os clássicos, não porque são clássicos, mas porque é necessário retornar antes das apologias e apologéticas que nada nos serve para analisar o passado e construir o futuro. Ainda vivemos o mesmo mundo de 50 anos atrás, para não dizer de um século atrás.

 

 

Alguma referencia para quem se interessar

 

Leon-Portilla, Miguel. (Org.). Vision de los vencidos..

Moniz Bandeira, Luiz Alberto de, O Governo João Goulart - As Lutas Sociais no Brasil (1961-1964)

_____________ O Caminho da Revolução Brasileira

Pedrosa, Mario. A opção brasileira

Pedrosa, Mário. A opção imperialista.

Abramo, Fulvio, Karepovs, Dainis. Na contracorrente da história.


Fonte: PEDRO ALEM SANTINHO

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