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PCdoB_91 anosfoto Analfabeto político  Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo. Bertolt Brecht(1898-1956)
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3 de Abril de 2011, 21:00 , por Desconhecido - | No one following this article yet.

Data 2016, é uma medida como o metro, o quilo, o litro…. O presente será passado registrados em fotos, e outros dispositivos

22 de Dezembro de 2015, 8:06, por Roberto Gieseke - 0sem comentários ainda

 

Data 2016, é uma medida como o metro, o quilo, o litro….

O presente será passado registrados em fotos, e outros dispositivos e documentos históricos.

Assim como o futuro é projetado e alicerçado no presente.

******************************************************************.

Assim como o engenheiro usa sua teoria aprendida na universidade em um modelo criado ou existente.
Assim também é com o socialismo científico rumo ao comunismo aplicado ou para aplicar no universo humano e geopolítico.

*************************************************************************************************.

Um ótimo e maravilhoso 2016,

com lutas e conquistas das frentes populares.

Tendo o norte: socialismo científico, rumo ao

comunismo. Lembrando o coração não é nada

sem o cérebro e outros órgãos. Assim acontece

nas lutas contra a discriminação de gênero,

racismo, e classes sociais. Sem um norte, é

imposição(Estado) de uma força sobre a outra,

o resgate do fim da exploração, remete a classe

operária e trabalhadora conquistar o poder,

os meios de produção, e caminhando para o fim

das classes, preconceitos, etc…

Ai sim podemos dizer que o mundo conquistará

a liberdade plena.

***************************************************************************************************.

Luciana Santos: O momento é de guinada na política

O cenário mundial das últimas semanas é marcado por acontecimentos de grande repercussão para a dinâmica internacional, e com impactos para povos e nações ao redor do mundo.

25 de novembro de 2015 - 17h43  Luciana Santos: O momento é de guinada na política O cenário mundial das últimas semanas é marcado por acontecimentos de grande repercussão para a dinâmica internacional, e com impactos para povos e nações ao redor do mundo.

 

 

 

 

 



TRABALHADORES E TRABALHADORAS DE EDUCAÇÃO DA CTB-PARANÁ CONTRA O GOLPE DO IMPEACHMENT, EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DO DESENVOLVIMENTO

13 de Dezembro de 2015, 22:49, por Claudio Roberto Angelotti Bastos

 

Em seu segundo encontro, nesta data emblemática de 13 de dezembro de 2015, os trabalhadores da CTB/Núcleo de Educação do Paraná manifestam-se firmemente contra a tentativa de golpe expressa no processo de impeachment inventado contra a presidenta Dilma Rousseff, legitimamente eleita em 2014 por 54 milhões de brasileiros.  Tendo por instrumento o já notório corrupto Eduardo Cunha para inseri-lo na pauta do Congresso Nacional, o golpe é sustentado por setores conservadores e reacionários – entre os quais se destacam o PSDB, a Rede Globo e parcelas do poder judiciário – que intentam reverter avanços democráticos e conquistas sociais alcançados nos últimos treze anos dos mandatos Lula e Dilma, além de suspender investigações de corrupção que atingem tais setores retrógrados.
 
Advertimos mais: por trás do golpismo, esconde-se a intenção de reaplicar na gestão do país uma agenda de ultraliberalismo e de privatizações, incluindo graves e concretos riscos para a sustentação do princípio constitucional da Educação Pública Gratuita, objeto da gula de grandes capitais estrangeiros, sem compromisso com a soberania nacional.  A volta ao governo da República de forças visceralmente neoliberais coloca em xeque o ensino público e a condição de o país poder livremente constituir um verdadeiro Sistema Nacional de Educação.
 
Como defensores do Estado Democrático de Direito e dos interesses dos trabalhadores, enfatizamos nosso ativo posicionamento ao lado da legalidade democrática e repelimos as manobras da direita que atentam contra a Constituição Federal.
 
Diante da conflagração política provocada pelos setores reacionários, que insuflam manifestações fascistas de ódio, preconceito e intolerância, tentando impedir Dilma de governar, entendemos de muita gravidade o momento, com as ameaças à democracia.  Por isto, conclamamos à união de todos os democratas da nação, independentemente de opções políticas e partidárias, para a defesa da democracia como base do progresso social. Cumpre-nos, pois, condenar energicamente a atitude dos que tramam para pisoteá-la.
 
Uma ampla frente democrática e popular no estado do Paraná é também imprescindível para opor-se à gestão neoliberal do declarado inimigo da Educação, o (des)governador Beto Richa, mandante do massacre dos professores de 29 de abril, data em que ele foi confrontado pelo povo com firmeza e coragem.  Políticas antitrabalhador e anti-educação como as demonstradas por governantes tucanos da mesma estirpe de Richa e de Alckmin podem e tem que ser derrotadas, para isso necessitando de sólida unidade popular.
 
Unimo-nos à Frente Brasil Popular – expressão da junção plural das forças democráticas, progressistas e de esquerda – para desmascarar a escalada golpista da direita até sua final derrota, com isto assegurando a soberania da vontade popular manifesta nas urnas presidenciais de 2014.  Neste sentido, convocamos trabalhadores e trabalhadoras, o povo em geral, para unitária e combativamente fortalecer o Ato pela Democracia e pelo Desenvolvimento marcado para iniciar às 17h00 do dia 16 de dezembro, na Praça Santos Andrade, em Curitiba.
 
- Em defesa da democracia e da retomada do desenvolvimento pleno!
- Não vai ter golpe!
 
Curitiba, 13 de dezembro de 2015.

 

Núcleo de Educação da CTB-Paraná


PCdoB CONCLAMA A TODOS A BARRAR O GOLPE.

6 de Dezembro de 2015, 23:08, por Claudio Roberto Angelotti Bastos

6 de dezembro de 2015 - 15h42 

Resolução política do PCdoB conclama todos a barrar o golpe

 

Intitulado "Derrotar o golpe, preservar a democracia e retomar o crescimento", a resolução política do PCdoB foi aprovada na reunião do Comitê Central que ocorreu entre sexta (4) e domingo (6), na capital paulista. Para os comunistas,  diante da grave ameaça à democracia, as forças progressistas e populares devem se unir em torno de uma campanha de enfrentamento para derrotar o golpe e preservar a democracia.

 
 
Resolução política do PCdoB conclama todos a barrar o golpe
Segue abaixo a íntegra da resolução política do Comitê Central:
 
Derrotar o golpe, preservar a democracia e retomar o crescimento
 
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, para tentar escapar da cassação de seu mandato pelos crimes de que é acusado, oficializou a admissibilidade de um processo de impeachment contra a presidenta da República.
 

 

O pedido de impeachment, escrito a mando do PSDB e deferido por Cunha, é destituído de base legal, uma vez que a presidenta Dilma Rousseff não cometeu nenhum crime de responsabilidade. É uma afronta à Constituição, conforme sustentam renomados juristas.

A oposição neoliberal, com o PSDB de Aécio Neves à frente, se juntou a Cunha, por meio de evidente barganha, dando total apoio ao chantagista e se põe agora a arregimentar forças em prol do impeachment. Setores da grande mídia, cúmplices desse atentado ao Estado Democrático de Direito, faz intensa e enganosa campanha para tentar convencer a opinião pública de que tudo ocorre sob o resguardo da legalidade. Mas a verdade é uma só: um golpe está em marcha no Brasil e a democracia corre sério risco.

Diante de tão grave ameaça, cumpre às forças democráticas e populares desencadearem, em caráter de emergência, uma campanha para enfrentar e derrotar o golpe, e preservar a democracia conquistada à custa de muitas lutas e vidas.

Cabe à presidenta Dilma Rousseff, com a autoridade dos 54 milhões dos votos que a elegeram, liderar uma ampla unidade suprapartidária, uma vigorosa mobilização do povo para que o país recupere a estabilidade institucional, a normalidade política – condições indispensáveis à retomada do crescimento econômico.

1) O alvo é o Brasil, o povo e a democracia
Na trajetória da República, os golpes da direita foram sempre contra o Brasil, o povo e a democracia. O mesmo se passa agora. A direita pretende derrubar a presidenta Dilma Rousseff para liquidar as conquistas de um ciclo político que repôs o país nos trilhos do desenvolvimento, reforçou a soberania nacional, ampliou a democracia, retirou 40 milhões de brasileiros da pobreza extrema, reduziu as desigualdades sociais e regionais, fortaleceu a integração latinoamericana.

Que ninguém se engane: Aécio Neves, Cunha e os demais golpistas pretendem impor ao Brasil um programa ultraliberal, frontalmente contrário aos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras e aos interesses da Nação.

A força do campo reacionário – para além de agregar a direita neoliberal, a grande mídia, parcelas das classes dominantes – se explica porque ele passou a contar, crescentemente, com o engajamento de setores do aparato jurídico-policial do Estado brasileiro.


2) A Nação se polariza entre dois campos
A Nação rapidamente se polariza em dois campos opostos. Não há meio termo. Ou se está do lado do Estado Democrático de Direito, ou se está do lado dos golpistas que pretendem retirar o Brasil do rol das democracias contemporâneas respeitadas no mundo.

Contra o golpe, contra o impeachment, se amplia a cada hora a tomada de posição de importantes entidades, partidos e lideranças, entre os quais a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil (CONIC); representativo elenco de juristas; personalidades da cultura e da intelectualidade; os governadores do Nordeste, em contundente manifesto; governadores do estado do Rio de Janeiro, Acre, Minas Gerais; centrais sindicais e representativas entidades dos movimentos sociais 
e setores da oposição.

Os partidos da base do governo, pelo compromisso programático assumido com a democracia, são chamados a dar decisiva contribuição à vitória dessa jornada.

3) Preservar a democracia para o Brasil vencer a crise e retomar o crescimentoNada mais falso do que o enredo da direita e da grande mídia de que é preciso depor o governo
Dilma para que o país consiga sair da recessão.

O processo de impeachment, caso seja de fato instaurado, poderá levar o país à divisão e ao confronto no âmbito do Congresso e nas ruas. Um governo que surgisse de um golpe não teria condição alguma para resolver os graves problemas do país. Teria de enfrentar cerrada resistência das forças democráticas e populares, e conduziria o Brasil à perigosa instabilidade institucional, que aprofundaria a retração da economia, já prolongada e grave.

É a presidenta Dilma Rousseff, por ter um mandato legítimo, que pode liderar ampla mobilização para o Brasil criar as condições para superar a crise econômica e paulatinamente deflagrar uma segunda fase de crescimento e desenvolvimento, com valorização do trabalho e redução das desigualdades sociais.

Mais do que nunca a presidenta Dilma é chamada a promover a união de amplos setores da Nação, apoiada pelo povo, para o país vencer a crise. A presidenta precisa pactuar uma nova agenda de convergência entre empresários, trabalhadores e investidores por uma nova arrancada de crescimento. Nesse sentido, deve-se valorizar o manifesto Compromisso pelo desenvolvimento, lançado em ato público, no último dia 3, e assinado por centrais sindicais e várias entidades do empresariado.

É hora de mobilização e luta
Diante de um confronto decisivo ao presente e ao futuro do Brasil, o PCdoB expressa a convicção de que só há um caminho a seguir, só há uma atitude a tomar: lutar, mobilizar amplos setores da Nação, pressionando a Câmara dos Deputados para rejeitar esse processo fraudulento de impeachment.

Para isto, o PCdoB conclama a união de todos os democratas, de todos aqueles que, para além de suas opções partidárias, ou mesmo da avaliação que tenham do governo Dilma, coloquem a defesa da democracia como questão fundamental do país.

Ao mesmo tempo, é hora da mobilização das forças progressistas, dos partidos de esquerda, das centrais sindicais, dos movimentos sociais. Vamos à batalha das ruas impedir o retrocesso, garantir e ampliar as conquistas desse período. A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem
Medo, entre outras articulações, poderão ter papel importante para barrar o golpe.

É hora de travar a batalha política de ideias, nas ruas, nas tribunas, nas redes sociais e desmascarar a trama do impeachment, denunciar o golpe, enfim, fazer chegar ao povo a interpretação correta da luta que se trava.

A batalha será dura, difícil. Mas o PCdoB está convicto de que com união e luta de todas as forças democráticas, com a garra do povo e dos trabalhadores e trabalhadoras, a democracia vencerá e o golpismo será rechaçado!

São Paulo, 6 de dezembro de 2015

O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil – PCdoB
 
 
 
 
 


Fazer politica, é um direito e motivo de orgulho. Abrace esta ideia.

30 de Abril de 2015, 7:48, por Roberto Gieseke

Fazer politica, é um direito e motivo de orgulho. Abrace esta ideia.

30 de Abril de 2015, por Roberto Gieseke

Fazer politica, é um direito e motivo de orgulho. Abrace esta ideia.

Desde que me conheço como gente, o fato de ter uma opção politica. É motivo de barreiras nos movimentos sociais, normalmente impingidas por raposas velhas, hoje a situação parece que está ampliando de forma organizada, institucionalizada, e levando uma grande maioria abominar a politica. Chavões como problema técnico, ”ideológico” ou mesmo politico(no sentido pejorativo) muito comum hoje em dia, no meu entender uma forma covarde de enfrentar os fóruns de luta no Estado de Direito. As SABs, Sindicatos e outras entidades de organização social, estatutariamente elas são laicas e apartidárias, não quer dizer que não podem tomar posições politicas. E mais, os participantes podem e devem ter suas opções politicas, não devem cair nesta armadilha. É forjando na luta que sai nossas lideranças, abandonar é entregar de mão beijada para os inimigos, corrupção, entre outras anomalias.
Vamos pegar dois exemplos em situações diferentes e logicamente não dá para fazer comparações diretas, nem devemos.
Situação:1 - Governo de São Paulo, passou pelo crivo do voto com mais de 50% + 1, profissão médico, Está num partido que defende ou é mais próximo ao neoliberalismo
situação 2 – Che Guevara, revolucionário por uma sociedade mais justa, profissão médico, foi um dos ideólogos e comandantes que lideraram a revolução cubana.

Ai você pensa, não passei pelo crivo do voto, muito menos fiz revolução, não posso falar nada. impotente ante tantas tarefas e objetivos na vida, fica inconformado, ou não vai lutar por seus princípios. Errado!
É exatamente o que as forças mais atrasadas querem que você faça ficar alienado aceitando uma democracia que só aceita ser democrática se concordarem com eles, na realidade é uma ditadura da minoria sobre a classe operária e trabalhadora.
Faço parte dos 50 % - 1, não quer dizer que vou deixar de lutar pelos meus direitos, SUS de qualidade, Educação de qualidade, reforma politica, Não a PL 4330, etc...E qualquer governante que se preze, não esquece isto, também depende e procura atender essa parcela da população.
O mesmo acontece na segunda situação, as condições para mudança de sociedade estavam presentes, e graças a essas lideranças Cuba hoje é referencia e até modelo nas varias áreas da sociedade. Do outro lado temos ( com rios de dinheiro) empresas de mercenários fundeadas em países ditos como “Senhores da democracia e liberdade”, interferindo, aniquilando, povos e a soberania e independência dos mesmos.

Ficou a pergunta porque coloquei médicos? Porque, todos devem, podem, e tem posições diferentes. Ai todos cada um de sua forma devem participar, estudar e tomar posições politicas.
Hoje não vemos com os mesmos olhos, O médico(a), enfermeiro(a), tecelão, operário da construção civil e até um simples carvoeiro. Hoje chama atenção o trabalho escravo nas carvoarias, e até temos leis para combater, Mas não percebe principalmente o médico cirurgião, que aceitando a terceirização, pejotização ou similar, também está caminhando para este abismo, não adianta a carga horária ser de 4 horas, mas ter que ir para outro hospital, ou consultório, para manter o mesmo nível de vida, não é difícil nas várias profissões a pessoa ficar doente por causa disto.

Eu vi quando no ambulatório de um hospital a atuação de uma equipe de enfermeiros, médicos e cirurgião chefe na recuperação de um paciente cardíaco em fase terminal, sendo recuperado com sucesso. A tranquilidade como o cirurgião chefe, orientava a sua equipe, posso quase afirmar que este médico era concursado e não fica pulando de hospital em hospital para viver decentemente. Não faz diferença o jaleco branquinho, ou o maltrapilho carvoeiro todos estão no mesmo barco.
Portanto, esta luta é de todos, individualmente somos fracos, mas unidos podemos barrar a PL 4330, lutar por reforma politica, acabar com esta avalanche de dinheiro que inclusive vem de fora do pais, que para nós parece muito, e põe muito nisso, mas é migalha para esta minoria burguesa.
DIA 1 DE MAIO É UM DIA PARA REFLETIRMOS TODAS ESTAS COISAS, E NÃO TENHA EM HIPOTESE ALGUMA VERGONHA DE TER POSIÇÃO POLITICA, EU TENHO A MINHA ”VIVA O SOCIALISMO CIENTIFICO RUMO AO COMUNISMO”

30/04/2015 Roberto Gieseke

O Analfabeto Político

 

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

 

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

 

Bertolt Brecht



Partido para dar consequência ao pensamento estratégico – 2

21 de Abril de 2015, 7:35, por Roberto Gieseke

A reelaboração estratégica em curso no Partido é a mais decisiva determinação para a concepção e prática de partido, como foi visto. Agora, é necessário uma digressão acerca do pensamento estratégico a serviço do qual se põe o Partido que precisa ser construído, correlacionando as fases do movimento revolucionário desde Marx com as questões de organização que lhe foram subjacentes.


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Terminamos a última coluna afirmando que a reelaboração estratégica em curso no Partido é a mais decisiva determinação para a concepção e prática de partido. Como se sabe, o 11º Congresso foi dedicado essencialmente a isso. Desde o 8º Congresso, em 1995, que definiu o Programa Socialista do PCdoB esse esforço tem avançado. Propusemos fazer um hiato na nossa coluna, para uma digressão acerca do pensamento estratégico a serviço do qual se põe o Partido que precisamos construir, correlacionando as fases do movimento revolucionário desde Marx com as questões de organização que lhe foram subjacentes.


Qual o nosso tempo? Como abrir caminho para o socialismo? De que partido se necessita?


É tempo de defensiva estratégica, período voltado para a acumulação estratégica de forças, para dar ensejo a uma nova onda de luta por um novo ideal socialista. Trata-se de uma terceira grande fase histórica de luta pelo socialismo. Nos cursos nacionais, o tema vem sendo abordado por outros professores (particularmente Renato Rabelo e Dilermando Toni), que vêm estudando essa periodização e buscando um esforço de síntese. O que se segue é fruto de anotações pessoais desses cursos, o que isenta quaisquer outros das insuficiências ou deficiências certamente existentes, particularmente as simplificações. A questão é que essas reflexões são úteis para cotejá-las com o pensamento de partido que lhe são subjacentes.


A luta dos trabalhadores, que já é secular, pode ser dividida em grandes fases. A primeira vai do século XIX até início do século XX, tendo durado décadas. Sua marca central foi a luta teórica pelo predomínio da concepção do socialismo científico sobre o socialismo utópico e o anarquismo-espontaneísmo, bem como da formulação de um programa mais geral de superação do capitalismo pelo socialismo, em perspectiva histórica. O marxismo se afirma como a ciência e doutrina revolucionária do proletariado; o ponto alto desta fase foi a hegemonia do marxismo no movimento do proletariado e, politicamente, a Comuna de Paris (1871) como último e mais elevado rebento do ciclo das revoluções burguesas na Europa, e que adquiria agora uma perspectiva revolucionária proletária. Ao final do período, dada a derrota e a reconfiguração do capitalismo, se instalou uma crise no marxismo.


Este primeiro período compreende uma época histórica determinada, o fim do ciclo vitorioso das revoluções burguesas nos EUA (no final do século XVIII) e nos países da Europa (1789 a 1871). A revolução da burguesia teve um sentido progressista na medida em que, liderando as forças sociais em oposição à aristocracia feudal, eliminou o feudalismo e a servidão, e abriu uma nota etapa na história, em correlação com o desenvolvimento das forças produtivas que lhe era subjacente.


Com a lógica da acumulação do capital, transformações de monta ocorrem, constituindo o advento de uma nova etapa de desenvolvimento do capitalismo. Foi um processo contraditório, que exacerbou contradições e incubou ulteriormente as duas grandes guerras mundiais pela partilha do mundo, levou ao nazi-fascismo e a rupturas revolucionárias, com a posterior constituição do campo socialista.


Nas primeiras décadas da revolução burguesa (do final do século XVIII até meados do século XIX), a burguesia liderou as forças que estavam em oposição ao feudalismo, como a plebe urbana e o campesinato, abrindo caminho para seu próprio domínio; depois dos vagalhões que sacudiram a Europa em 1848 e, particularmente, da Comuna de Paris, de 1871, abre-se uma etapa nova, a das revoluções proletárias, alterando o padrão de aliança de classes. Agora, a burguesia – com seu poder já consolidado – é a campeã das classes proprietárias, unindo-se à aristocracia latifundiária e aos demais segmentos das classes dominantes contra os trabalhadores que acenam, desde então, com um programa socialista alternativo ao capitalismo triunfante.


Do ponto de vista da organização política, constituem-se organizações amplas de combate, ainda ecléticas (as Internacionais), até a constituição dos primeiros Partidos Operários Socialdemocratas, partidos do proletariado de velho tipo, reféns de uma visão sindical e parlamentar e, em muitos aspectos, ainda movimentista. Há intenso debate teórico-programático. Quanto ao tema Partido, a centralidade foi ocupada pelo combate às tendências não-proletárias e, em particular, contra o espontaneísmo, ponto de partida assumido por Lênin, que dará ensejo aos partidos de novo tipo, na fase seguinte.


A segunda grande fase histórica pode ser vista como a resposta da burguesia e dos demais setores das classes dominantes à época de transição do papel progressista da revolução burguesa à época do capital financeiro (1871 a 1914), período que já pode ser caracterizado como a época das revoluções proletárias. Já consagra o imperialismo, como outra etapa do capitalismo, com sentido reacionário. A revolução proletária entrava na ordem do dia, irrompendo pelo mundo. Atuou aí a genialidade de Lênin em teorizar sobre a nova época, renovando a resposta estratégica da luta de classes.


Essa fase deu ensejo a um ciclo de experiências socialistas iniciais durante o século XX, cuja marca mais nítida foi a Revolução Russa de 1917, que durou até quase o final do século, durante cerca de 60 anos. Foram experiências práticas com base na experiência soviética dirigida por Lênin e, depois, por Stálin, e seu modelo foi amplamente difundido e acatado, baseado na possibilidade de vitória da revolução em países com baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas, vistos como os elos débeis da cadeia imperialista mundial. Toma forte impulso o movimento revolucionário de libertação nacional frente à política colonial e neocolonial do imperialismo.


Aí se podem ver dois subperíodos distintos. Um, de ascenso, vai de 1917 ao fim da II Guerra Mundial (1945), com a formação do campo socialista como um sistema de Estados. Desde o início deste período pensou-se que o processo revolucionário que começara na Rússia se espalharia imediatamente para a Europa. Mas a conjuntura revolucionária refluiu e isso não aconteceu. Mesmo assim, com a crise capitalista dos anos 1930, e com a grande vitória sobre o nazifascismo, com a URSS à frente, a onda socialista obrigou o capitalismo a se reciclar, adotando as políticas de crescimento econômico e bem estar social preconizadas pelo keynesianismo, gerando os 30 “anos de ouro” (1945-75), em que o capitalismo foi regulado, foram adotadas políticas de descolonização e os países dependentes, como o Brasil, conheceram certo grau de desenvolvimento.


O período seguinte é marcado pela crise. Seus marcos podem ser fixados de meados da década de 50 aos anos 1989-91. Em diversas experiências a tentativa de fugir às condições objetivas adotando soluções artificiais – na URSS, com Stálin à frente, imaginava-se já em 1939 que se vivia o período de “construção do comunismo” – demonstrou o insuficiente domínio teórico sobre a realidade do desenvolvimento socialista. As respostas produzidas conduzem a uma tendência revisionista, esdrúxula, proclamando mortos postulados essenciais do marxismo. Há um estancamento do desenvolvimento na URSS e em vários outros países que, apesar de todos os avanços, não conseguem ultrapassar os umbrais de um desenvolvimento médio. O financiamento do Estado torna-se crítico. O problema do desenvolvimento contínuo das forças produtivas é dos principais problemas que a teoria não consegue resolver. São contradições que se acentuam e resultam em um novo período de crise do marxismo. Para muitos é período de apostasia. Para outros, revolucionários consequentes, é entendida como crise da teoria revolucionária, de insuficiente desenvolvimento para dar conta dos novos fenômenos. Este período é fechado pela crise dos países socialistas do Leste Europeu, uma derrota de caráter estratégico, consagrada na imagem da queda do Muro em 1991.


Do ponto de vista da organização política, essa fase deu origem à moderna teoria do partido revolucionário do proletariado, partidos de novo tipo, de unidade ideológica, centralizado e de compromisso militante. Vale a pena registrar que o PC bolchevique, ele mesmo, se constituiu no seio do amplo movimento existente na Rússia naquele tempo, numa relação determinada entre partido e movimento – o fator consciente procurando ligar-se ao movimento espontâneo e dirigi-lo.


O paradigma soviético foi tão poderoso e ativo que se tornou o modelo único de Partido, codificado pela 3ª. Internacional sob o molde do Partido soviético, bolchevique. A centralidade do debate teórico-político quanto ao tema Partido, foi ocupado pelo combate à socialdemocracia e seus partidos de massa, eleitoreiros e com forte aparato sindical. Muitos desses partidos comunistas degeneraram, ao não responderem com acerto às novas realidades, seja onde estavam no poder, seja em países capitalistas mais desenvolvidos da Europa, sendo incapazes de oferecer respostas proletárias e avançadas para a crise do capitalismo em seus próprios países. Outros tiraram lições da experiência e procuram firmar-se persistindo em sua identidade comunista e revolucionária.


Aquele foi um período de extensão da revolução, principalmente pela Ásia, África, e mesmo na América Latina, com o exemplo de Cuba. Foram experiências variadas de revoluções de libertação nacional, que consagraram frentes revolucionárias, no seio das quais o Partido Comunista buscava constituir hegemonia ou alcançar o poder. Alguns desses partidos foram verdadeiramente de massas e com forte identidade nacional, como ocorreu por exemplo na China, no Vietnã ou na Indonésia. Outros foram “fermento” de movimentos revolucionários, como em Portugal ou África do Sul, ou se apresentavam com seu programa próprio em eleições, nos países mais desenvolvidos. Em outras situações, o que é importante, fizeram-se revoluções enquanto movimentos, como foi o caso de Cuba, cuja direção somente após a vitória se cristalizou em um partido comunista. Ainda persistem inúmeros movimentos e frentes de caráter revolucionário (apenas a título de exemplo, sem ser extensivo, em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, na Nicarágua, El Salvador, na Palestina…), muitas vezes movimentos libertação nacional ou democráticos radicais, com ou sem Partido Comunista.


Como se vê, o panorama já havia se tornado mais variado e mesmo disperso. O modelo estratégico de “assalto aos céus”, insurrecional, havia dado lugar a uma miríade de caminhos e formas do movimento revolucionário. Com armas nas mãos ou com projetos eleitorais, esse panorama habita até hoje o mundo, mesmo após a imposição do conservadorismo neoliberal como força hegemônica no mundo pós queda do muro de Berlim.


Os acontecimentos do final da década de 1980 e início dos anos 1990 abrem a terceira grande fase, a atual, que já dura mais de um quarto de século. São anos da derrota estratégica do proletariado com a derrocada da URSS e Leste europeu, e consequentemente de ofensiva da contrarrevolução neoliberal. O capitalismo realmente existente é o império das finanças globalizadas, o diktat da unipolaridade do imperialismo norte-americano. Período em que a derrota estratégica dos trabalhadores permitiu que o grande capital e o imperialismo usem em seu benefício, todas as possibilidades que a ciência e a tecnologia oferecem, reestruturando a produção e a exploração dos trabalhadores a partir do formidável desenvolvimento das forças produtivas, com a precarização das relações de trabalho e o desemprego. Esta é uma época de sentido francamente regressivo, restaurador, em todos os aspectos da vida social e espiritual, que ameaça a civilização, os trabalhadores, os povos e a própria sustentatibilidade do meio ambiente. Sucintamente, é o neoliberalismo, o capitalismo dos dias atuais.


Hoje, poucas décadas depois da queda do Muro de Berlim, esse capitalismo, que havia proclamado vitória e que a própria história chegara ao fim, já não tem programa a oferecer aos povos e nações, a não ser a grosseira mistificação ideologizante, junto ao séquito de barbárie nas relações econômicas e sociais. O “apogeu” neoliberal já passou, embora suas mazelas ainda persistam: hoje mais uma vez volta a se pôr a busca de uma alternativa a esse estado de coisas.


Para o movimento revolucionário é tempo de resistência, recuos, busca de lições, reafirmação dos princípios e ideais socialistas. Em síntese, busca de novos caminhos organizativos que atualizem os princípios leninistas em consonância com as exigências atuais; de outro patamar de luta teórica, tanto de experiências que se mantiveram de pé – destacadamente China, Vietnã, Cuba, Coréia do Norte – quanto por parte de partidos que buscam alcançar o poder político e construir caminhos para o socialismo. Este é um período de acumulação de forças, no qual os instrumentos apropriados para o enfrentamento atual com o capitalismo ainda estão sendo gestados. Período em que o movimento revolucionário busca se organizar, ganhar terreno, acumular forças a fim de superar a interrupção de sua trajetória ascendente e voltar a pôr na ordem do dia uma alternativa socialista. Mais recentemente, sobretudo na América Latina, fala-se abertamente da busca de alternativa socialista, como no caso da Venezuela.


Do ponto de vista da organização política, o período iniciado na passagem dos anos 1980 para os 1990 foi marcado pela dispersão e tentativa de recompor as forças, no espírito da época; o velho, do ponto de vista organizativo do proletariado, estava sendo superado, sem que o novo tivesse podido afirmar-se. A ideologia capitalista propagandeou a falência dos projetos coletivos, da construção do socialismo, pondo ênfase no individualismo, na concorrência e na ganância. Propagandeou-se também, fortemente – principalmente em múltiplos setores ligados à luta dos trabalhadores e dos povos – a superação do paradigma leninista de partido, apregoando-se sua substituição seja pelo chamados novos movimentos, muitas vezes específicos e carentes de um programa global de reordenação da sociedade, seja por organizações partidárias que, no Brasil, tem as características do PT.


Muitos Partidos Comunistas procuram manter sua identidade revolucionária, e conseguem. Outros, entretanto, se perdem e se descaracterizam. Muitos Partidos têm escassa influência em seus países. Outros sucumbem ao paradigma socialdemocrata. Se não é o caso de retroceder aos primórdios – ou seja, não retroceder da exigência, aliás até aumentada, de um Partido de caráter transformador, antagonista, para rupturas políticas, que busque infundir consciência ao movimento revolucionário – novas formas de relação se põem, nas condições atuais, entre partidos e movimentos.


Este é o desafio colocado para os revolucionários que, em todo canto, persistem na defesa dos princípios leninistas de organização partidária como os mais consequentes para a luta pelo socialismo, e que precisam ser adequados às contradições deste período de transição entre uma época de predomínio conservador, neoliberal, que parece encerrar-se, e uma etapa nova da luta revolucionária, que se abre. E que colocam uma questão importante: qual é o partido necessário para a revolução nas condições contemporâneas?
http://waltersorrentino.com.br/2015/04/13/partido-para-dar-consequencia-ao-pensamento-estrategico-2/

 



Um outro olhar sobre a crise : os bilionários americanos corrompem a política

21 de Fevereiro de 2015, 11:46, por Daniel Miranda Soares

(Artigo revisado e ampliado, originalmente publicado no endereço: http://www.diariodoaco.com.br/noticia/90445-7/opiniao/um-outro-olhar-da-crise-os-bilionarios-americanos-corrompem-a-politica.     Diário do Aço, 18/02/2015. ).


       Pouca gente viu os excelentes documentários da série “Porque Pobreza?” que são exibidos em canais de TV educativos. Um deles é “Park Avenue: Dinheiro, Poder e o Sonho Americano” realizado pelo jornalista Alex Gibney, que analisa com cuidado as relações entre os novos ricos e os novos pobres nos EUA nos últimos 30 anos, tomando como modelo a rua Park Avenue. A rua passa por Manhattan onde ficam os prédios mais luxuosos de Nova York e onde moram bilionários detentores de fortunas financeiras, dos barões das falcatruas aos controladores de fundos de investimentos.  Do outro lado da rua, ao sul do Bronx, fica o distrito eleitoral mais pobre dos EUA com 700 mil pessoas - destas cerca de 40% vivem na pobreza. Aqui, os últimos 30 anos foram bem diferentes do que se viu no Park Avenue de Manhattan. As pessoas viram seus salários diminuirem e o custo de quase tudo chegar às alturas. Eles perderam seus empregos durante a recessão causada pelos banqueiros do outro lado do rio. E acabaram em situação ainda pior do que a geração passada. Neste distrito o desemprego chega a 19%  e algumas famílias tem dificuldades até para por comida na mesa.
       É muito difícil de sair da extrema pobreza nos EUA. Isto quase nunca acontece. Isto é exatamente o oposto do que as pessoas pensam sobre os EUA - a terra das oportunidades. Para Jeffrey Sachs (prof. da Columbia) quando ele era jovem os EUA se orgulhavam de serem uma nação de cidadãos de classe média, com um pequeno grupo de ricos e um pequeno grupo de pobres. Mas nos últimos 30 anos esta relação se inverteu:  a receita pública era divida igualmente entre todos no gráfico 1947-1972 (1% aos super ricos ,10% ricos e 90% destinada ao americano médio). A partir do final dos anos 70, os 90% que estavam na base viram sua pizza ser totalmente devorada pelos 1% do topo - os mais ricos estão ficando com um percentual enorme de todos os ganhos da economia : cerca de 2/3  com os super-ricos, os ricos cerca de 1/3 e a classe média ficando com a menor parte, perto de 1% - invertendo as posições.
       Michael Gross (autor do livro “740 Park Avenue...”) diz que um pequeno grupo de multibilionários, os 1% dos 1% que moram em pouquíssimos lugares em N.York. Entre os prédios mais luxuosos de NY, o nº 740 da Park Avenue moram mais bilionários do que em qualquer outro prédio do mundo. São 31 moradores e cada apartamento tem cerca de 1860m². A maior parte destes são executivos de hedge fund. Dentre os principais moradores encontramos: John Thain (CEO na época da derrocada Merril Lynch); Ezra Merkin que trabalhou para Bernie Madoff; David Koch (o mais rico do prédio) ; Steve Schwartzman (foi executivo do Lehman Brothers); entre outros.
      O prof. Jacob Hacker (cientista político da Univ. de Yale) afirma que a gigantesca acumulação de riqueza não tem a ver só com o trabalho , mas com os ricos  que usam o sistema político a favor deles. Houve um ciclo que reforçou isso. Eles investiram em políticas que os favoreceram e ainda reinvestiram esse dinheiro na política. Para entender até que ponto o dinheiro influencia Washington, Gibney contatou o símbolo máximo da corrupção - o ex-lobista Jack Abramoff (ficou 4 anos na cadeia), que diz : “.... hoje os congressistas usam os serviços dos lobistas para redigirem os projetos de lei no esboço exato do que eles querem e isso envolve pagamento em dinheiro. As campanhas políticas custam milhões e quem tem dinheiro pede algo em troca. ... Eu fazia assim e eu sei o que fazia” -  afirma o ex-lobista.
       Mas quando tudo isso começou ? Quando os ricos começaram a controlar Washington ? Segundo o prof. Hacker de Yale tudo tem a ver com a mobilização dos empresários que ocorreu nos anos 70.  Os empresários seguiram os conselhos do futuro juiz da Suprema Corte, Lewis Powell que fez um memorando muito convincente para a Câmara do Comércio determinando que os empresários se unissem, basicamente contra os reformistas e o poder político dos trabalhadores e líderes de massa como Ralph Nader. Ele pediu que as grandes corporações se esforçassem mais para moldar a política americana e as leis. E os empresários o atenderam. O poder lobista dos empresários cresceu vertiginosamente a partir dos anos 70  Eles investiram quantias enormes na política. O resultado foi o fim das políticas que beneficavam as classes médias e os pobres dando início às políticas a favor dos ricos. O lobby era uma indústria de US$400 milhões nos anos 80  e hoje é uma indústria de $4 bilhões.  
      Jeffrey Sachs (prof. da Columbia) : “Um exemplo da influência que os bilionários podem ter no governo é algo no código tributário chamado de “provisão de juros transitados”. Operadores de hedge fund e  private equity como Schwartzman pagam 15% de impostos sobre sua renda.... os empresários mais ricos são taxados em um percentual menor do que o mercadinho da esquina”. Os democratas tentaram acabar com estes juros, mas não conseguiram. Por quê ? A influência dos bilionários corromperam também os democratas: esse é o exemplo perfeito de como o dinheiro manda na política americana hoje em dia.
      E nenhum dinheiro manda tanto quanto o de David Koch e seu irmão Charles. Esse magnata de direita é o morador mais rico do Park Avenue 740. Juntos, eles influenciam a política americana mais que qualquer outra pessoa. Doaram milhões a grupos de reflexão de direita (CATO Institute, Ayn Rand Institute, Capital Research Center, Mercatus Center,  etc.)  Financiaram Universidades, programas que promovessem a desregulamentação. Para eles o modelo ideal é um mercado livre de impostos - o supra sumo do paraíso em sociedade. Ofereceram grande apoio financeiro ao movimento Tea Party. que divulga muito as idéias de Ayn Rand que disse em 1959: “eu me oponho a todas as formas de controle, sou a favor de uma economia livre e sem regulamentações”. No mundo de Rand quem precisa de ajuda é um vagabundo ou um parasita. Quem quer ajudar os outros é um vilão. Seus heróis tem orgulho de serem os mais egoístas possíveis. Perguntaram a Ayn Rand : “você não gosta do mundo altruísta em que vivemos” ? Resposta: “dizer que não gosto é pouco, eu o considero um mal”. Para eles ser ganancioso é bom, o individualismo é prioridade em relação aos interesses da coletividade. Eles não aceitam a idéia de que se você é pobre e sua educação é ruim, você não tem a mesma oportunidade de competir que os ricos. Parece que os ideais da direita americana foram copiados pela direita brasileira - vide oposição que fizeram ao Bolsa Família, às cotas para universidades e a outros programas de distribuição de renda.
       Quase todos concordam que  educação é a chave para a  ascensão social, mas a universidade está cada vez mais inalcansável. O custo subiu mais de 500% desde 1980 - sem um diploma universitário é muito mais difícil conseguir trabalho. Com 12 milhões de americanos desempregados os programas de educação e treinamento estão sendo cortados por ambos os partidos em troca do corte de impostos para os ricos. Tim Smeeding (Instituto de Pesquisa e Pobreza) :  “1 em cada 7 americanos recebem vales-alimentação. Mais da metade são crianças e idosos: 41% deles moram em abrigos”. Como não conseguem emprego eles precisam da rede de proteção. Paul Ryan, estrela do Tea Party, quer cortar em 134 bilhões o programa de vale-alimentação nos próximos 10 anos - sem estes recursos a rede de proteção seria destruída - para ele a rede de proteção é uma rede de dormir. Ou seja, bolsa de ajuda para os pobres é Bolsa Vagabundagem como diz também a direita brasileira.
       Para Jeffrey Sachs: “Os impostos são o preço que pagamos pela civilização. Sem impostos não há civilização é simples assim....Os impostos pagos pelos milionários diminuíram mais de 25% nos últimos 20 anos. E para muitas pessoas extremamente ricas os impostos caíram quase 50%.” A maior parte começou no governo Bush. O corte de impostos aumentou a dívida pública americana (o corte de Bush acrescentou 2,9 trilhões) e com a proposta de Paul Ryan a dívida aumentaria para 4,6 trilhões nos próximos 10 anos. A concentração de renda aumentou nos EUA: os CEOs (altos executivos) ganhavam 20 vezes mais que um trabalhador comum em 1965; hoje eles ganham 231 vezes mais. Então, pergunta Gibney, o que está havendo ? Eles estão ganhando mais porque merecem ? O que é difícil de entender é na insistência dos ricos em cortar mais impostos já que eles possuem bem mais do que nós.  A riqueza é criada, mas a pobreza também, sem a democracia social todos os ganhos da economia vão para quem está no topo; enquanto nossos políticos dependerem do dinheiro dos ricos para se elegerem eles farão leis para proteger os castelos de riqueza do outro lado do rio....Um rio que se tornou um fosso profundo e proibido.

Daniel Miranda Soares é economista, Msc; ex-professor universitário.



Para entender a crise econômica mundial e a bolha especulativa

10 de Janeiro de 2015, 9:27, por Daniel Miranda Soares


09/01/2015 - 16h59  Diário do Aço
 O ABC DA CRISE ECONÔMICA MUNDIAL
Daniel Miranda Soares
 (artigo revisado, publicado originalmente no jornal Diário do Aço, no endereço : http://www.diariodoaco.com.br/noticia/89046-7/opiniao/o-abc-da-crise-economica-mundial )

 
David Harvey, formado pela Universidade de Cambridge, de orientação marxista  é professor da Universidade da Cidade de Nova York e um dos principais nomes da Geografia Humana contemporânea, tendo sido agraciado em 1995 com o Prêmio Vautrin Lud, o Nobel da Geografia. Publicou "Para entender o Capital: Livro I" e "Para entender o Capital: Livro II e III", traduzidos em português. Segundo Harvey as origens da crise atual do sistema capitalista tem início nos anos 1970. Para os capitalistas o problema era que os salários dos trabalhadores do Primeiro Mundo estavam relativamente muito elevados. Portanto para eles a grande questão era o controle do trabalho, da oferta de trabalho.


Porque estavam muito elevados? A força de trabalho era muito organizada, tinham poder sindical e tinham poder político e exerciam esse poder através dos partidos políticos. O capital “precisava” disciplinar essa força de trabalho. Para Harvey essa disciplina foi feita de diferentes maneiras: mudanças tecnológicas, globalização e imigração. No início eles acharam que poderiam resolver o problema através da imigração - então abriram suas portas aos imigrantes - os franceses com a entrada de trabalhadores magrebinos; os alemães com a entrada dos turcos; os ingleses com o povo de suas ex-colônias e nos EUA com uma enorme reforma na lei de imigração em 1965 que permitiu que pessoas do mundo todo fossem para o país. Pensavam que com o aumento da oferta interna do trabalho os salários cairiam. Mas não foi o suficiente.

Aí vem a globalização a partir dos anos 1980 quando a produção se transfere para diversas áreas do mundo emergente à procura de salários baixos. Assim boa parte do que era o centro do capitalismo acabou se desindustrializando: em boa parte dos EUA, a indústria desapareceu assim como na Inglaterra e na Alemanha. Ela foi deslocada. É um modelo de expansão geográfica muito diferente que se baseia nas expansões das multinacionais que continuam com suas sedes no Norte e estabelecem suas bases produtivas no Sul: China, Brasil, México, Taiwan, etc... Mas é uma globalização diferente da que aconteceu no século XIX quando os países centrais exportavam produtos industrializados para a periferia; agora a periferia se torna produtora destes bens industrializados em vários pontos ao redor do mundo.


Quanto às mudanças tecnológicas - houve muitas e significativas mudanças - nos anos 1970 não havia laptops, celulares, computadores pessoais, internet, etc. Harvey afirma que as concepções mentais eram muito diferentes incluindo é claro, as sensibilidades políticas. Ele diz: “Nós nos preocupávamos muito mais com solidariedade social, essas coisas. Hoje somos muito mais individualistas. Nós nos tornamos indivíduos ao telefone, no computador. Tudo isso mudou e o dia a dia mudou radicalmente.”
 O mundo se tornou mais individualista e isso diminuiu o poder dos trabalhadores se organizarem. Portanto o novo regime que surgiu a partir de então - que podemos chamar de neoliberalismo - na década de 1980, Margaret Thatcher, Ronald Reagan, o general Pinochet entre outros colocaram um ponto final no poder político dos trabalhadores.    


Mas então como se caracteriza o neoliberalismo? Segundo Harvey, com o poder do capital financeiro. Ao reprimir trabalhadores e salários a participação dos salários na renda nacional caiu em quase todos os países (com exceção de alguns países da América do Sul no séc. XXI).  Nos EUA nos anos 1970 um chefe de executivo ganhava 30 vezes o salário de um empregado médio - agora eles ganham 350 vezes mais. A classe média diminuiu. O capitalismo prospera com a precarização do trabalho - mantendo salários baixos e aumentando os lucros - o resultado é um sistema que cria pobreza e também desemprego.


Então surge a questão: o que acontece com o mercado quando você retrai os salários? Nos EUA a resposta foi: “Dê crédito a eles”, deixe que comprem a crédito. Assim surgiu a economia do débito que é esse enorme negócio que os bancos entraram. As famílias americanas triplicaram suas dívidas em 30 anos. A queda na demanda causada pelos baixos salários foi compensada pelo aumento da dívida. Mas quando os salários caem e a dívida aumenta, em algum momento há o problema de como as pessoas pagarão a dívida.  

  
As famílias americanas já vinham se endividando ao longo dos anos 1990 e a partir de 1995 o mercado imobiliário voltou se expandir, assim como o endividamento - crédito ao consumidor e hipotecas. Com a crise de 2000-2001, do mercado de ações, o mercado imobiliário ganhou estímulos e se expandiu mais vigorosamente. As famílias, já endividadas, elevaram a contratação de empréstimos, fazendo novas hipotecas e adquirindo novas linhas de crédito.
A partir de 2003, com a intensificação da valorização dos imóveis e esgotamento dos clientes tradicionais, o crédito foi facilitado para as famílias sem histórico de crédito, sem emprego e sem renda - o subprime. Como os empréstimos subprime eram dificilmente liquidáveis, os bancos arquitetaram uma estratégia de securitização desses créditos. Para diluir o risco dessas operações duvidosas os bancos juntaram-nas e transformaram a massa daí resultante em derivativos negociáveis no mercado financeiro internacional, cujo valor era cinco vezes superior ao das dívidas originais.


Assim, criaram-se títulos negociáveis cujo lastro eram esses créditos "podres". Foi a negociação em enormes quantidades desses títulos que provocou o alastramento da crise, de origem estadunidense, para os principais bancos do mundo. Tais papéis, lastreados em quase nada, obtiveram o aval das agências internacionais de classificação de risco, obtendo chancela máxima - AAA - geralmente dados a títulos bem mais sólidos como os do tesouro americano.  Todos os bancos foram atingidos, porque todo o sistema financeiro estava interligado na multiplicação destes papéis. Quando os juros dispararam nos Estados Unidos - com a consequente queda do preço dos imóveis - houve inadimplência em massa. A mesma classe média detentora de tantas ações, teve seu patrimônio (imobiliário) depreciado e começou a não pagar as parcelas de hipoteca, levando as hipotecadoras a terem prejuízos vultosos.  

 
A empresta R$ 100.000 ao elemento B a uma taxa de juros de 1% ao mês; o B empresta ao C os mesmos R$ 100.000 a uma taxa de 2% ao mês, até aí A e B são credores de R$ 100 mil cada, totalizando R$ 200.000; C empresta os mesmíssimos R$ 100 mil a uma taxa de juros de 3% ao mês para D; até então, A, B e C são credores de R$ 100 mil cada, totalizando R$ 300 mil. Ou seja, todos eles são credores do mesmo capital. No exemplo colocado, houve a "geração" de R$200 mil virtuais a partir de R$ 100 mil reais. Puro capital fictício, sem lastro real, alavancagem multiplicada várias vezes de um valor original muito menor. Foi isso o que aconteceu com o mercado americano.


Em alguns casos a alavancagem chegava a 50 por 1. Quando os credores deixaram de pagar suas dívidas a coisa se propagou em massa atingindo todo o sistema financeiro em todo o mundo. Nos EUA cerca de 7 milhões de famílias  perderam seus imóveis ou cerca de 30 milhões de pessoas; foi um dos maiores movimentos de transferência de direitos de propriedade privada na história americana. A acumulação por espoliação - foi como tomar das pessoas seus bens de valor - também aconteceu na Espanha, Irlanda e Leste europeu (um milhão de pessoas perderam suas casas na Hungria). A crise se propaga com queda na demanda por bens, queda na produção, aumento do desemprego, queda de salários etc. aumentando o ciclo.   

      
Para Harvey nos últimos 30 anos o neoberalismo promoveu o capital financeiro, sob sua forma especulativa. Boa parte dos investimentos não foi para a produção, mas para ativos, papéis, ações e quotas de empresas, permitindo que se ganhe dinheiro jogando com o dinheiro.
A pressão em cima de empresas como Petrobrás, Cemig, Copasa e Sabesp é no sentido de abrir mais seu capital, aumentar dividendos aos acionistas, distribuindo mais lucros em vez de mais investimentos produtivos (deu certo para as últimas três). É emblemático a pressão que os neoliberais estão fazendo para abrir o capital da Caixa Econômica Federal (empresa 100% estatal com o menor juros da praça que gerencia programas sociais do governo). Imagine a pressão que vão fazer para distribuir todo o lucro do banco aos acionistas e deixar a empresa sem recursos para investimentos. É o que acontece  quando o sistema financeiro passa a dominar empresas de capital aberto. A Cemig ficou com poucos recursos para investir sucateando boa parte de seu patrimônio. A Sabesp distribuiu R$4 bilhões dos lucros aos acionistas e agora está pedindo R$3 bilhões ao governo federal. Promovendo a desregulamentação, ao invés de se dar uma retomada da expansão econômica, houve uma gigantesca transferência de capitais da esfera produtiva para a especulativa. Porque, como dizia Marx, o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Se ele encontra melhores condições — maior retorno, menos tributação, liquidez total — ele se concentra na esfera financeira.


Daniel Miranda Soares. Economista, Msc. Ex-professor e EPPGG aposentado.



Dois projetos econômicos em disputa nestas eleições

26 de Setembro de 2014, 8:03, por Daniel Miranda Soares - 0sem comentários ainda

Dois projetos econômicos em disputa nestas eleições

publicado originalmente no jornal Diário do Aço  http://www.diariodoaco.com.br/noticia/85343-7/opiniao/dois-projetos-economicos-em-disputa-nestas-eleicoes
      

       "O capitalismo é um sistema que, ou cresce, ou morre. As possibilidades de crescimento estão cada vez mais e mais limitadas” disse o prof. inglês David Harvey. E é verdade, o capitalismo não pode parar de crescer, quando pára entra em crise. No século XIX entrava em crise de 6 em 6 anos no período chamado de “liberalismo” quando o Estado (mínimo) não existia para controlar a economia. A partir da grande crise de 1929 (a maior de todas) o Estado aumenta sua participação na sociedade de 7% para 35-45% do PIB no período 1945-75, chamado keynesiano. O Estado aumenta sua intervenção na economia, promovendo reformas sociais, investindo mais em saúde e educação, redistribuindo a renda e melhorando a vida dos trabalhadores. Os salários sobem e aumentam sua participação no PIB, diminuindo a participação dos lucros das empresas. Os capitalistas reagem, aproveitando a crise da década de 1970 e passam a controlar os governos, diminuindo o poder de barganha dos trabalhadores (nos partidos e sindicatos) e aumentando seu poder na sociedade (mídia, intelectuais, partidos, novas instituições). Um novo ciclo se inicia a partir da década de 1980 - o neoliberalismo (a volta do Deus mercado - o mercado livre resolve todos os problemas da sociedade). A partir de Thatcher e Reagan, os governos (EUA e Europa) desregulamentam o sistema financeiro. Os impostos diminuem, criam-se novos títulos, ações e derivativos no mercado, aumentando os lucros e aumentando a circulação financeira de papéis especulativos sem lastros no mundo produtivo - o capital fictício.
        Para aumentar seus lucros o capital financeiro domina as decisões do capital produtivo, transferindo suas fábricas para países onde os salários são muito baixos. Pagando baixos salários os lucros aumentam e o volume de papéis financeiros multiplicam chegando a US$600 trilhões em circulação mundial, nove vezes o PIB mundial. A partir dos anos 1990 e 2000 as condições sociais se deterioram nas matrizes do capitalismo mundial, com aumento do desemprego, fechamento de fábricas, queda dos salários; culminando na bolha imobiliária nos EUA em 2007/8. A criação fictícia de novos papéis se multiplicam tanto que estes papéis não se realizam na ponta do sistema - os devedores (detentores dos “subprimes”) não conseguem pagar suas dívidas e a quebradeira acontece como bola de neve até atingir os bancos. Mas mesmo depois da crise o capital financeiro ainda sobrevive com ajuda dos governos que jogam bilhões no mercado para cobrir o rombo do capital especulativo - socializando o prejuízo. O capitalismo financeiro cresce concentrando a riqueza e aumentando a pobreza - essa dominância do capital fictício deprime o investimento e impõe um ritmo de crescimento muito baixo e elevadas taxas de desemprego - ao contrário do período keynesiano quando os investimentos e o crescimento econômico eram elevados e o desemprego muito baixo. Procuram novos mercados no Terceiro Mundo, forçando os  governos a abrir o capital de  suas estatais, como por exemplo CEMIG e COPASA, onde boa parte de seus acionistas são estrangeiros.
     Os paraísos fiscais são suas novas formas de expansão. No universo corporativo mundial uma rede de 737 grupos controla 80% do mundo corporativo, dos quais um núcleo mais restrito de 137 grupos controla 40%, sendo que 75% deles são grupos financeiros. Um estudo conduzido por James Henry, antigo economista chefe da consultoria McKinsey, estima que entre US$ 21 trilhões e US$ 32 trilhões estão guardados em paraísos tributários. Isso equivale à cerca de um terço à metade do PIB do planeta.Os paraísos fiscais se multiplicam como coelhos. Hoje, são mais de sessenta (Bahamas, Ilhas Cayman, Bermudas, Suíça, Mônaco, Luxemburgo, etc...) Atualmente eles servem para sediar novas empresas e fundações ou para virar “matrizes” em que todo o lucro é contabilizado ali, independentemente se o dinheiro é gerado fisicamente em outro lugar. Eles fogem do fisco elevado dos países de origem e vão para os “paraísos fiscais” onde a taxação do fisco é baixíssima (em Luxemburgo é de 0,5%).
      A transferência de lucros dos países de origem para os paraísos fiscais normalmente envolvem sofisticadas operações financeiras. Tomemos, por hipótese, o caso de uma máquina fabricada na França e vendida ao Equador, por meio das Bermudas. O preço de venda no Equador é de 2 mil dólares; os custos de produção, mil dólares. A filial das Bermudas paga à filial francesa 1.001 dólares pela máquina, que é faturada em seguida à filial equatoriana por 1.998 dólares. A companhia francesa obtém, portanto, um dólar de lucro (1001-1000 = 1); a subsidiária equatoriana, 2 dólares (2000 – 1998 = 2), o que gera muito pouca receita tanto para o Estado francês como para o Estado equatoriano. Já a filial das Bermudas realiza um lucro de 997 dólares (1998 – 1001 = 997), que não é tributado. E pronto! Aí está como desaparece uma nota fiscal! (Nicholas Shaxson - autor de um livro sobre paraísos fiscais). 
        Os paraísos fiscais possibilitam sonegar impostos, certamente, mas também fugir às responsabilidades civis e sociais. Eles isentam os ricos e as grandes empresas das restrições, dos riscos e das obrigações que a democracia exige de cada um de nós. Com este sistema ganham os muito ricos e as grandes corporações (80% do comércio internacional ocorre entre multinacionais), e perdem os contribuintes e os governos dos países. Ameaçam a soberania dos países e impedem a justiça tributária, condição necessária à justiça social. Mas, apesar de tudo isso, não rendem manchetes na imprensa brasileira.
      “Hoje o Brasil tem sua economia travada pela ação predatória e anti-social do sistema financeiro, que prefere colocar seus capitais na Bolsa de Valores e nos paraísos fiscais, ao invés dos investimentos produtivos que o pais necessita.” (Emir Sader). No Brasil estima-se que cerca de um quarto do PIB estão em paraísos fiscais, segundo o Tax Justice Network. Os capitais não se dirigem para um projeto desenvolvimentista (democratização social, combate à desigualdade, à miséria e à pobreza). Eles preferem sabotar esse projeto e permanecer na esfera especulativa. Uma eventual vitória de um candidato neoliberal (Aécio ou Marina) significaria o fortalecimento do capital financeiro sobre a economia, atentando fortemente contra o processo de distribuição de renda do governo atual. A opção brasileira foi a de resguardar as conquistas sociais e manter a economia a fogo brando até que a crise se extinga. Governos neoliberais (vide EUA, Europa) significam desemprego alto, salários reduzidos, dívidas impagáveis, perdas de moradia, aumento da pobreza e da miséria; exatamente porque o mercado livre (do controle do Estado) não resolve as questões sociais. No Brasil estas duas correntes estão em luta permanente: desenvolvimentismo (keynesiano) X neoliberalismo (capital financeiro). David Harvey, um dos maiores nomes do pensamento geográfico da atualidade, formado em Cambridge, professor britânico, disse recentemente: "A América Latina, em geral, está dando um exemplo ao tratar de reverter alguns dos piores aspectos do neoliberalismo.”

Daniel Miranda Soares é economista, Msc.



No 1o debate de presidenciáveis a presidenciável do PSB mostrou que é mais falsa que moeda de $ 888,00.

27 de Agosto de 2014, 2:09, por Roberto Gieseke - 0sem comentários ainda

No 1o debate de presidenciáveis a presidenciável do PSB mostrou que é mais falsa que moeda de $ 888,00. Deixou claro que não vai agir como as esquerdas, tentando resumir a luta entre o PSDB e PT e sendo alternativa “síntese” entre tese e antítese.

Ora, a Dilma e fruto de uma coligação popular e progressista ,alicerçada e incorporada nas lutas e partidos desta frente. (Significado de Progressista adj. e s.m. e s.f. Que, ou pessoa que tem ideias políticas e sociais avançadas. Favorável ao progresso; que não é conservador ou reacionário.)

A coligação do PSDB, continua e já demonstrou no governo FHC, que é favorável sucatear as estatais e “vendê-las” na maioria para multinacionais.

Reduzir a luta somente ao PT, só favorece a oposição neoliberal raivosa. Jogar toda a culpa dos desmandos de mais de 500 anos em cima da Dilma, é no mínimo transformar o eleitor num total ignorante, que hoje em dia de um jeito ou de outro, tem demonstrado discernimento suficiente na urna suas posições.

O PC do B sabe como e criminosa essa situação, principalmente porque na ditadura militar, viveu na clandestinidade sem poder responder calunias atribuídas e falseadas a ele.

Partindo da ideia absurda que a Marina se eleja, não vai governar como a esquerda, com isso tira grande parcela de propostas operárias, dos trabalhadores, camponeses, pequenos e médios produtores, e outros empresários que entendem a necessidade da atuação e mudança estrutural do governo, bem como a manutenção das estatais e banco Central no fortalecimento e interesse da sociedade, já preconizada pela Dilma. Sendo assim com quem, quais propostas e para quem a Marina quer governar? Também não dá para entender o compromisso de ir para o”REDE”, no meu entender já é publico e notório a existência deste partido, embora não conseguiu as condições mínimas junto ou TRE, a saída do PSB, dá uma boa luta jurídica. Quem está enganando quem?

Talvez a solução seria criar um outro partido, o que demonstraria que a Marina não tem princípios programáticos, já que não é de agora que ela muda de partido (passou pelo PT, PV, tentou o REDE, atualmente é PSB) . É bom lembrar que não é, nem será o Eduardo Campos que governaria se caso a Marina ganhasse, e quando vivo a Marina não conseguia transferir seus votos ao finado Eduardo. Temos que tomar cuidado ao longo da historia tem vários casos que aconteceram para ludibriar o povo, alguns casos provocados outros acidentes.



A Crise neoliberal representa um retrocesso social

25 de Junho de 2014, 7:48, por Daniel Miranda Soares - 0sem comentários ainda

 

A crise neoliberal é a crise do capitalismo financeiro

 

François Chesnais, economista e professor da Universidade de Paris, em seu livro mais recente “A Finança Mundializada” (Boitempo Editorial) distingue dois tipos mais destacados de empresas capitalistas: os grandes grupos industriais transnacionais (ou multinacionais) e ao seu lado menos visíveis e menos analisadas estão as instituições financeiras. Este último capital, também chamado por ele de “capital portador de juros” busca “fazer dinheiro” sem sair da esfera financeira, sob a forma de juros de empréstimos, dividendos e outros pagamentos recebidos a título de posse de ações. Os investidores institucionais atuam com fundos de pensão, fundos coletivos de aplicação, sociedades de seguros, bancos que administram sociedades de investimento, bônus do Tesouro e outras formas de títulos da dívida pública, obrigações das empresas e ações. Buscaram suas bases na centralização dos lucros não reinvestidos das empresas e das rendas não consumidas das famílias (especialmente os planos de previdência privada e a poupança salarial) formando um trampolim de uma acumulação financeira de grandes dimensões. Foi necessário que os Estados mais poderosos decidissem liberar o movimento dos capitais e desregulamentar e desbloquear seus sistemas financeiros a partir de 1979-81, dando início ao sistema de finança mundializada e interconectada internacionalmente. Os investidores institucionais foram os primeiros beneficiários da desregulamentação monetária e financeira e ao longo dos anos 80, eles tiram dos bancos o primeiro lugar como pólo da centralização financeira. O mercado de câmbio com taxas flexíveis e o colapso do sistema de Bretton Woods foi o primeiro a entrar na mundialização financeira, junto com a abertura externa e interna dos sistemas nacionais (o livre comércio internacional) antes fechados e compartimentados, conduziram à emergência de um espaço financeiro mundial.

 

As consequências mais dramáticas desta liberalização foi a crise da dívida externa do Terceiro Mundo. Estes países pegaram muito dinheiro emprestado a juros baixos nos anos 70 (Brasil pra financiar grandes projetos) e aí veio o golpe de 1979 quando as taxas explodiram, multiplicando por 3 e até por 4 os juros a serem pagos por estes países. A crise foi dramática e o FMI e Banco Mundial (por imposição americana) impôs ajustes estruturais (para garantir o pagamento da dívida) provocando crises econômicas e sociais, privatização de estatais, bancos e até de serviços públicos na AL (água, gás, telefone, eletricidade) e desindustrialização, aumentando a dominação da periferia pelo centro. O Brasil recorreu ao FMI e sua dívida cresceu como uma bola de neve, quanto mais pagava mais devia – houve queda do PIB e até quedas das taxas sociais de desenvolvimento (como aumento do índice de mortalidade infantil devido ao enxugamento de recursos pelo Estado para pagar os juros). A violência da crise financeira na América Latina ocorreu na proporção da desindustrialização, do desemprego e da pobreza provocada pela abertura ultraliberal. Mas em termos de valores absolutos de transferências financeiras, a dívida pública decisiva não foi a do Terceiro Mundo, mas a dos países mais avançados : EUA e Europa. Investidores financeiros estrangeiros financiaram déficits orçamentários dos grandes países industrializados pela aplicação de bônus do Tesouro e outros compromissos da dívida sobre o mercado financeiro.

 

Mas o mais importante da análise de François Chesnais é que ele aprofunda a análise sobre como o capital financeiro passa a dominar o sistema econômico como um todo e a partir daí o declínio econômico resultante desta supremacia financeira e as consequentes crises neoliberais, até hoje acontecendo. A partir dos anos 80 o capital financeiro transforma o sistema, inclusive juridicamente, despendendo energias consideráveis para subordinar os administradores industriais aos interesses do mercado bursátil, transformando seus agentes, interiorizando valores e códigos de conduta. O administrador financeiro passa a ser sujeito em vez de objeto em relação ao administrador industrial. As prioridades se invertem, juros dominam lucros e os grupos são dirigidos por pessoas para as quais a tendência da Bolsa passa a ser mais importante e os valores da finança triunfam. Os assalariados foram as principais vítimas da chegada dos proprietários acionistas. É contra eles que se exerce o novo poder administrativo. A flexibilização do emprego e o recurso sistemático ao trabalho barato e pouco protegido dominam o ambiente por meio da deslocalização e da subcontratação internacional. Ou seja os empregos se deslocam para o Terceiro Mundo onde o trabalho é precarizado e pouco protegido e os salários muito mais baixos, devido à ausência de regulamentação do trabalho. As filiais no exterior e as redes de subcontratação sustentam os lucros e os valores acionários. E criam nos países de origem dos grupos as condições de forte pressão para impor “reformas” que organizam o retrocesso social. A fuga de cérebros para os EUA também é resultado desse processo na área de P&D.

As promessas neoliberais em matéria de crescimento econômico, de emprego e de bem estar social resultaram em desastre completo, apesar do apoio da imprensa (quase totalidade da grande mídia reza na cartilha neoliberal) dizendo que a economia “está cada vez melhor”. Segundo o autor se se usa o indicador de taxa de crescimento per capita do PIB (indicador de produção e riqueza) constata-se que: a) uma taxa de 4% no período 1960/1973; b) 2,4% entre 1973/1980; e c) e uma queda para 1,2% entre 1980/1993, não aumentando depois disso. Já o PIB mundial não superou 2% ao longo da década de 1990, enquanto que foi de 7% no período keynesiano 1963/1973, caindo para 3% entre 1973/1990. Outro indicador importante é a taxa de crescimento do produto industrial: nos países da OCDE, ela passou de 6% no início dos anos 60 para 2% ao longo dos anos 90. O crescimento econômico cai devido à queda no nível dos investimentos e estes caem porque uma parte cada vez maior dos lucros está sendo direcionada ao capital financeiro e não sendo reinvestida na produção e também uma parte cada vez menor direcionada aos salários. Como resultado deste processo : a taxa de crescimento é lenta e o desemprego aumenta, junto com as desigualdades sociais.

 

Um relatório recente da OCDE (2014) — sugestivamente intitulado “Divididos estamos: porque aumenta a desigualdade”, indica que “a renda média de 10% das pessoas mais ricas representa nove vezes a renda dos 10% mais pobres” nos países (ricos, em sua maioria) que integram esta organização. A distância aumenta em dez para um na Grã-Bretanha, Itália e Coreia do Sul; chega a quatorze para um em Israel, Estados Unidos e Turquia, diz o informe. O Relatório reconhece que houve aumento da desigualdade entre seus membros - ”O número de famílias sem renda de trabalho dobrou em Grécia, Irlanda e Espanha; e subiu 20% ou mais em Estônia, Itália, Letônia, Portugal, Eslovênia, Estados Unidos, Inglaterra e País de Gales.”

Nos últimos 30 anos, mostra o estudo, as reformas tributárias em todas as nações da OCDE cortaram de forma substancial os impostos cobrado aos mais ricos. A média de taxação caiu de 66%, em 1981, para 43%, em 2013. E as taxas cobradas de dividendos sobre lucros recuaram de 75% para 42%. É o capital financeiro dominando ideologias e valores, formando o pensamento único (vide Consenso de Washington) e conquistando a superestrutura política , nos meios políticos dos EUA e Europa. O pensamento único decreta o fim da política e dos partidos, não existe mais “esquerda e direita”. Na verdade o pensamento único consegue transformar os partidos de esquerda em partidos neoliberais, não havendo muitas diferenciações hoje entre democratas e republicanos (nos EUA) e nos partidos de esquerda e de direita na Europa.

 

Os dados sobre os Estados Unidos mostram que “a renda por família, após o pagamento de impostos, mais do que dobrou entre 1979 e 2007, entre o 1% mais rico. Na fatia dos 20% mais pobres, caiu de 7% para 5% no mesmo período. Um quarto de todos os lares da Inglaterra e País de Gales, cerca de 20 milhões de pessoas, vivem em estado de pobreza atualmente, um sólido legado de sucessivos governos neoliberais, desde Thatcher, passando por Blair ... Pesquisas indicam que em pleno inverno, um número crescente de famílias inglesas vive o pior quadro de aperto financeiro desde a II Grande Guerra.

 

Robert Reich, ex-secretário do Trabalho do Governo Clinton, filmou um documentário mostrando o agravamento das desigualdades nos EUA, com o título Inequality for All (Desigualdade para Todos). Em 1978, o salário médio atingia US$ 48 mil, enquanto hoje despencou para US$ 34 mil com condições de poder aquisitivo equivalentes.....Já ao contrário, o rendimento médio para cada família que compõe o 1% da parcela mais rica da população norte-americana, de US$ 393 mil, em 1978, passou para US$ 1,1 milhão.

 

A ditadura dos “mercados financeiros” sobre todo o processo de acumulação de capital revela o caráter insaciável do apetite dos acionistas administradores e das sociedades especializadas da indústria financeira e que se encontra na base dos escândalos financeiros desde então : da Enron até o Lehmann Brothers na crise atual, a partir de 2008; tendo estas sociedades impelidas a assumir mais riscos e comportamentos de altos riscos.

 

Americanos de classe média foram ativamente incentivados a se endividar continuamente (devido à perda de poder aquisitivo nas últimas décadas), oferecendo suas casas em garantia, ou a canibalizar seus fundos de aposentadoria, confiando em que os preços dos imóveis e as bolsas de valores desafiariam permanentemente a lei gravidade - um grande número de famílias operárias, endividada e sem renda, entraram na fila dos despejos e amargaram a perda de suas residências.....As coisas pioraram com a recessão iniciada no final de 2007, que destruiu cerca de 9 milhões de empregos, degradou um pouco mais as condições de trabalho e rebaixou salários (menos de um décimo dos trabalhadores do setor privado americano pertence a um sindicato). A indústria agora representa somente 12% dos postos de trabalho nos EUA e boa parte dela se transfere para países do Terceiro Mundo.Os sindicatos perderam seu poder de barganha com a crise neoliberal, contribuindo para a depreciação dos salários.

 

Em 2007, a taxa de desemprego para a faixa etária de 20 a 29 anos foi de cerca de 6,5%. Hoje (2012), a taxa de desemprego para esse mesmo grupo de idade é de cerca de 13% (Michael, no The Economic Collapse). Desde o ano de 2000, os rendimentos dos lares americanos liderados por pessoas entre as idades de 25 e 34 anos caíram em cerca de 12% depois de descontada a inflação. A renda familiar média para as famílias com filhos caiu bastante, em cerca de US$ 6.300 entre 2001 e 2011. Mais de uma em cada cinco crianças nos Estados Unidos está atualmente vivendo na pobreza. Cerca de 48,7 milhões de norte-americanos vivem hoje na pobreza, constituindo-se na taxa mais elevada dos últimos 17 anos: 15,1%.. De acordo com o Departamento de Agricultura, em 2012, 46 milhões de pessoas usufruíram de algum tipo de subsídio alimentar mensal (os chamados foodstamps), crescimento espantoso se comparado aos 17 milhões contabilizados em 2001 e aos dois milhões em 1969.

 

As tent-city (cidade-acampamento) é o correspondente às favelas brasileiras, com os mesmos problemas, é resultado da precarização das condições de vida e trabalho nos Estados Unidos e seu surgimento se deu em várias partes do país, especialmente a partir de 2005. Existe cerca de 30 cidades deste tipo nos EUA. Detroit é uma delas – a cidade pediu falência em 18 de julho de 2013 (para se proteger contra credores). Detroit já foi a capital da indústria automobilística americana – sede das Big Three – as “Três Grandes” : General Motors, Ford e Chrysler ; foram atingidas pela crise atual. A crise diminuiu os consumidores de automóveis e transferiu as indústrias para outros países. O desemprego, a miséria e a fome é pior em Detroit que a média americana : 36% da população vivem abaixo da linha de pobreza. É uma cidade abandonada: possuia 2 milhões de habitantes nos anos 50, hoje possui 700 mil. A profunda e progressiva desindustrialização pela qual os Estados Unidos passou a partir dos anos 1980 e seu caráter crônico depois da crise financeira de 2007, atacou a cidade-automóvel em cheio. Virou uma cidade-fantasma:35% do território do município está desabitado: prédios, hotéis, delegacias de polícias, igrejas, bibliotecas e teatros completamente vazios e destruídos - cerca de 40% da iluminação pública não funciona, mais de metade dos parques da cidade fecharam e apenas um terço das ambulâncias estão operacionais.

 

O capital portador de juros, especulativo e predador, domina o mercado econômico mundial, gozando de toda liberdade que conseguiu a partir das desregulamentações dos sistemas financeiros nos anos 80 e é exatamente esse ambiente neoliberal que lhe deu as condições necessárias para adquirir sua hegemonia internacional – condições essas que propiciaram e detonaram as crises atuais, provocando as bolhas financeiras, os ganhos espetaculares de altos riscos e a supremacia sobre o capital produtivo. O caso de algumas estatais brasileiras que foram privatizadas são exemplos desses comportamentos – CEMIG, por exemplo, era uma estatal até início dos anos 2000. Depois que entrou o governo neoliberal em 2002, desde então está sendo privatizada. Hoje a maioria das ações da estatal, cerca de 70% pertencem a acionistas internacionais e as prioridades mudaram. A maior parte dos lucros são transformados em dividendos pra remunerar seus acionistas e os níveis de investimentos caíram. Pra pressionar o aumento dos lucros os acionistas pressionam a direção da empresa para reajustar os preços acima da inflação, transformando a energia desta empresa numa das mais caras do país. A prioridade deixa de ser o usuário e passa a ser o acionista.

 

O jornalista James Shaft observou no NYT que, “ao que tudo indica, as empresas estão muito mais dispostas a acumularem papel-moeda ou utilizá-lo para compra de ações do que promoverem a criação de nova dinâmica produtiva”. Enquanto, na década de 1970, as improdutivas imobilizações de capital constituíam, em média, cerca de 5% do ativo das empresas norte-americanas, em 2010 este patamar passou a 60%. Apesar do fato de disporem de grandes volumes de liquidez em suas caixas, as grandes empresas não investem.Quando a fortuna dos mais ricos não é aumentada graças às atividades produtivas, mas apoderando-se de cada vez maior percentual do valor agregado, então o crescimento econômico desacelera.Existe, portanto, uma economia que recusa-se a recuperar-se, apesar de todos os generosos fluxos de papel-moeda. O problema é conhecidíssimo: trata-se da “armadilha de liquidez”, descrita por Keynes na década de 1930. Para ser enfrentada existe apenas uma única solução: recorrer ao uso da segunda ferramenta da política econômica, o gasto fiscal....

 

Daniel Miranda Soares é economista e EPPGG aposentado, Mestre pela UFV e ex-professor de Economia.



Blogoosfero: quem somos nós? - Entrevista com Sérgio Luis Bertoni

9 de Abril de 2014, 12:02, por Mirelle Camargo - 0sem comentários ainda

Entrevista com Sérgio Luís Bertoni, Metalúrgico, Blogueiro, Mestre em Filosofia Social pela Universidade Estatal de Moscou M.V. Lomonossov, coordenador de TIE-Brasil e presidente da Fundação Blogoosfero.

 

Como surgiu o Blogoosfero?


Blogoosfero surgiu a partir de uma necessidade muita concreta d@s blogueir@s progressist@s. Em 2010 tivemos muitos problemas com censura à blogs, vári@s blogueir@s foram julgad@s e condenad@s a retirar seus conteúdos do ar e a pagar multas descabidas. Os provedores comerciais, onde os blogs estavam hospedados, não tinham o menor interesse em defender blogueir@s e, para preservar seus negócios, retiravam conteúdos até mesmo sem decisão judicial.


No 1º Encontro Estadual dos Blogueir@s Progressistas do Paraná, a judicialização da censura e a necessidade de termos uma internet segura, que protegesse tanto os conteúdos publicados quanto seus autores, estiveram em pauta.


Discutiu-se a criação de uma internet “blindada”, segura, em plataforma tecnológica própria, onde os conteúdos ali publicados e a tecnologia fossem nossos, desenvolvidos no Brasil.

 

Entre os softwares existentes no mercado, a absoluta maioria é desenvolvida nos países do norte. O único software para blogs e redes sociais desenvolvido no país e no sul do planeta naquele momento era o noosfero, criado a partir das necessidades do movimento de economia solidária e mantido pela Colivre, sediada em Salvador, BA. Portanto, um software comunitário e livre desenvolvido por movimentos sociais e iniciativas de economia solidária. 

 

O encontro paranaense aprovou a proposta de desenvolvimento do Blogoosfero (acrônimo de blogs com noosfero), assim como o estabelecimento de contatos com os participantes e organizadores dos demais Encontros Estaduais e do Nacional de Blogueiros Progressistas, de forma a criar uma plataforma de comunicação de abrangência nacional.

 

As conversas levaram à formulação da proposta apresentada no 2º Encontro Nacional de Blogueir@s Progressistas, realizado em Brasília em 2011, onde foi aprovada. Em 26 de maio de 2012, no 3º Encontro Nacional de Blogueir@s, realizado em Salvador, BA, aconteceu o lançamento oficial do Blogoosfero.

 

Blogoosfero é uma plataforma web, livre a autônoma desenvolvida para que @s blogueir@s possam hospedar seus blogs com segurança, sem estarem atrelados a serviços ou contratos com multinacionais do segmento. O conteúdo postado no Blogoosfero é de propriedade de seu autor e está protegido contra possíveis intervenções das grandes corporações e governos.

 

Vários são os casos de blogs brasileiros hospedados em provedores comerciais estrangeiros ou nacionais que são retirados do ar sem aviso prévio. O Blogoosfero vem na contramão das restritivas políticas de privacidade e de propriedade do conteúdo difundidas pelos provedores comerciais.

 

Antecipando-se à aprovação do Marco Civil da Internet, o Blogoosfero defende desde as suas origens que, caso algum blogueir@ seja acionado na justiça, seu blog e/ou conteúdos publicados só serão retirados do ar se a decisão judicial em última instância for desfavorável ao blogueir@.

 

Outro diferencial do Blogoosfero é o seu desenvolvimento colaborativo, ou seja, os usuários da plataforma podem opinar e, assim, ajudar a melhorar sua usabilidade constantemente, sugerindo modificações, novas funcionalidades, etc.

 

O Blogoosfero não é apenas uma plataforma para hospedar blogs, ele é uma Plataforma de Comunicação que busca integrar cada vez mais os usuários, trazendo uma nova concepção de rede social, as Redes Sociais Federadas. 

 

Outro diferencial que a plataforma do Blogoosfero oferece a seus usuários está na possibilidade de espelhamento de blogs.

 

Se você já possui um blog hospedado em outra plataforma, pode através do serviço RSS espelhá-lo no Blogoosfero, ou seja, tudo o que você escreveu até hoje em seu antigo blog será publicado também no seu blog no Blogoosfero, criando uma espécie de backup de seus artigos. Caso aconteça alguma coisa com seu blog original (invasão, retirada arbitrária de conteúdos, etc) tudo que você produziu está seguro e salvo no Blogoosfero.

 

O Blogoosfero aponta também para uma mudança no modo como o brasileiro utiliza as possibilidades e ferramentas da internet, preconizando uma real Liberdade de Expressão. Para os idealizadores do projeto, na era da informação digital, não existe liberdade de expressão sem liberdade tecnológica. Se você não domina as ferramentas de desenvolvimento, se você não domina a tecnologia que usa, ficará à mercê das grandes corporações, que lucram milhões de dólares com as informações que postamos, teoricamente, de graça.

 

Ao escolher a plataforma Blogoosfero, o usuário não está apenas criando um novo canal de comunicação. Está acessando uma rede crítica e capaz de mobilizar outros sujeitos que permitirão promover o diálogo construtivo e propositivo, além de possibilitar uma nova dinâmica de construção e disseminação dos conteúdos produzidos em rede.

 

O Blogoosfero é hoje referência quando o debate é: soberania tecnológica, liberdade de expressão e segurança dos dados.

 

 

Quais foram os melhores momentos do blog/projeto?

 

O processo de articulação para tornar possível o desenvolvimento do Blogoosfero foi altamente excitante. Porém, o lançamento de nossa Plataforma de Comunicação Livre e Colaborativa no 3º Encontro Nacional de Blogueiros foi dos momentos mais prazerosos, um dos marcos de nosso movimento de blogueiros progressistas, pois significou desafiar, na prática, no processo produtivo, às grandes corporações nacionais e transnacionais tanto da velha mídia, como das novas mídias digitais que tem a internet como meio de difusão.

 

O período eleitoral brasileiro de 2012 foi outro momento importante na vida do Blogoosfero, quando os acessos à nossa plataforma livre e soberana aumentaram exponencialmente pondo a prova sua segurança e estabilidade. E o Blogoosfero resistiu bravamente aos milhares de acessos das pessoas que nele encontram  artigos e informações variadas e de qualidade que lhes permitiam tirar suas próprias conclusões sobre o processo eleitoral em curso.

 

Não podemos deixar de notar que as denúncias de Edward Snowden, em junho de 2013, além de confirmar aquilo que os movimentos de blogueir@s e do software livre já diziam sobre a segurança na rede quando defendiam a criação do Blogoosfero, deu um impulso poderoso à nossa plataforma. As pessoas passaram a procurar por ambientes livres e seguros e encontraram no Blogoosfero este espaço.

 

Em 2014 nossa Plataforma de Comunicação Livre e Soberana experimenta  um crescimento constante, tanto de acessos quanto da oferta de serviços, como a incorporação de novas funcionalidades, tais quais a TV.blogoosfero e o sistema de Ensino à Distância. Blogoosfero participa ativamente do lançamento do consórcio de desenvolvimento e cooperação político-tecnológica unindo as várias iniciativas que utilizam o software livre nacional noosfero.

 

 

Quais as dificuldades que o blog/projeto enfrenta?

 

Além da tradicional dificuldade de financiamento que todo projeto inovador e desafiador enfrenta, um dos principais desafios para o Blogoosfero é este processo de  transformação dos brasileiros da condição de meros usuários de tecnologias para produtores livres e soberanos das mesmas.

 

Há um longo caminho a percorrer até que se compreenda que a existência de pessoas preocupadas com o futuro da Democracia e da Humanidade, organizadas em torno de redes de informação alternativas, não é suficiente na era digital.

 

Precisamos também controlar as tecnologias usadas, saber como elas funcionam e o que fazem com as informações e dados que nelas publicamos.

 

As redes alternativas fazem um contraponto informacional e político precioso: impedem que os planos dos golpistas neoliberais sejam facilmente aplicados.

 

Cidadãos de distintos países trocam informações em suas redes de contatos. Estas as divulgam e logram desmontar as versões mentirosas disseminadas pela imprensa patronal a serviço dos grandes interesses econômicos. Assim tem sido no Brasil, assim tem sido na Venezuela, na Argentina, Equador e até mesmo na Ucrânia.

 

Se não existissem fontes alternativas de informação e meios eletrônicos soberanos para sua divulgação, certamente a vida dos golpistas seria muito mais fácil e o resultado de suas ações contra os povos mais avassalador.

 

Além das guerras convencionais, enfrentamos uma verdadeira ciberguerra mundial que potencializa a tradicional guerra informacional. EUA e UE gastam bilhões de dólares e euros anualmente para manter a infraestrutura que torna possível a ciberguerra. Seus serviços secretos, aliados às empresas transnacionais, investem bilhões em redes digitais privadas para manter as pessoas plugadas o maior tempo possível. Conectadas, elas consomem, sem a menor chance de raciocínio, conteúdos devidamente preparados para que aceitem determinadas “verdades” produzidas pelos ideólogos do pensamento único neoliberal.

 

Estamos em uma guerra operada por grandes potências industriais e, principalmente, tecnológicas, que possuem um roteiro muito claro para colocar as mãos sobre as riquezas naturais e minerais dos países. Logo, para defender-se e preservar-se, os países pobres precisam desenvolver mais e novas tecnologias livres e soberanas, que permitam aos povos resistir aos ataques desferidos pelo grande capital transnacional.

 

A existência de redes livres e soberanas, como Blogoosfero, compõe o novo cenário logístico da resistência digital e da luta dos setores populares e democráticos em todo o mundo. Estas redes são o contraponto tecnológico à política intervencionista e centralizadora das grandes redes digitais privadas, mantidas por empresas transnacionais.

 

O lema do Blogoosfero, por exemplo, é “Ocupar a Internet, Resistir e Produzir nossos próprios conteúdos e tecnologias”, porque sem as iniciativas livres e soberanas, o controle ideológico e tecnológico dos países ricos sobre os países pobres seria ainda mais violento do que é atualmente.

 

Sem as tecnologias livres e soberanas, a recolonização cultural, política e econômica dos países do terceiro mundo já seria um feito muito além das intenções concentradoras do grande capital transnacional que hoje observamos.

 

E esta conscientização dos usuários de tecnologias digitais é um dos maiores desafios enfrentados pelo projeto Blogoosfero.

 

 

Como você avalia a importância da blogosfera progressista no cenário político e midiático brasileiro?

 

A blogosfera progressista brasileira é um contraponto ao pensamento único neoliberal que impera nas velhas mídias nas últimas décadas.

 

Embora numericamente pequena e economicamente pobre, a blogosfera progressista tem conseguido pautar vários debates importantes no país, tais como Democratização das Comunicações, Marco Civil da Internet, Direito à Verdade, Aprofundamento da Democracia, Liberdade de Expressão, Direito à Informação, Soberania e Independência do Brasil, Desenvolvimento Econômico com Direitos Humanos e Sociais. 

 

A blogosfera progressista muitas vezes consegue forçar as velhas mídias a repercutir debates iniciados nas redes sociais e na blogosfera, incomodando profundamente aos barões da imprensa nativa, neoliberais acostumados a criticar o Estado, mas que vivem a mamar em suas tetas.

 

A blogosfera progressista se diferencia das velhas mídias por difundir e distribuir informações de qualidade, sendo uma grande produtora de conteúdos diversificados que atendem aos mais diferentes interesses dos leitores. É sem dúvida um dos mais importantes movimentos em defesa da Liberdade de Expressão no Brasil e no mundo, por praticá-la diuturnamente.

 

No Brasil é a blogosfera progressista quem pratica o jornalismo factual e investigativo, que tanto falta nos meios de comunicação das velhas mídias, levando aos leitores opiniões qualificadas e embasadas, que desmentem as campanhas ideológicas montadas pelo “latifúndio midiota” brasileiro.

 

A blogosfera progressista também é ousada! 

 

Busca, além da informação, introduzir novos debates na sociedade brasileira, sem medo de colocar o dedo nas feridas e mazelas de nossa sociedade hipócrita e falso moralista.

 

Já o desenvolvimento do Blogoosfero nos coloca em um lugar único no blogosfera mundial, pois além de produzir conteúdos, partimos também para a produção tecnológica, produção dos meios pelos quais propagamos nossos conteúdos, debatendo processos de desenvolvimento tecnológico, defendendo a soberania tecnológica do país e abrindo novas frentes de ação que passam pelo enfrentamento às grandes corporações internacionais que tentam criar verdadeiros latifúndios cibernéticos.

 

A blogoosfera progressista, diferentemente das velhas mídias vendidas ao imperialismo, acredita nas potencialidades do Brasil e investe em gente, na construção coletiva de conhecimento e em tecnologia, pois sabe que isso torna uma nação mais rica social, intelectual e economicamente falando.

 

 

Como você enxerga as potencialidades da Internet na questão da democratização da mídia?

 

Sejamos claros. Na era da informação digital, a democratização das comunicações depende diretamente da democratização do acesso à internet e do controle que exercemos sobre as tecnologias que fazem a internet possível.

 

Um desafio está colocado para nós, brasileiros, neste início da era do capitalismo informacional: aceitar a condição de consumidores de tecnologias e informações alheias ou nos transformarmos em produtores autônomos e soberanos das mesmas.

 

No capitalismo informacional, a produção material está assumindo um papel secundário nos processos produtivos, sendo apenas uma consequência da aplicação de tecnologias e conhecimentos.

 

A chamada produção imaterial ou de bens intangíveis (tecnologia e conhecimento) vai assumindo um papel predominante e quem dominá-los, dominará todo o processo econômico e social. Prova disso é o valor de mercado e o poder de compra de uma empresa de tecnologia como o Google, muitas vezes superior ao valor de mercado da maior montadora de automóveis, que é um exemplo clássico da era industrial. Além disso a saúde financeira das empresas de tecnologia e informação fariam o combalido sistema financeiro internacional passar vergonha, se a tivesse...

 

Se no obscurantismo da idade média, as catedrais estavam no centro de toda a organização social, política e econômica, assim como na era industrial estavam as indústrias e no capitalismo financeiro os bancos, no capitalismo informacional tudo vai se organizando em torno dos produtores de conhecimento, tecnologia e informação, onde a internet é o grande meio de propagação dos mesmos.

 

Portanto, se nos contentarmos com a condição de meros consumidores de tecnologia e conhecimento, nos contentaremos com a indigna posição de dominados e agravaremos as mazelas nacionais. À exclusão social e econômica, adicionaremos a exclusão digital e do conhecimento. Aprofundando, assim, a concentração da mídia e o controle que ela exerce sobre as pessoas.

 

Para superar esta condição, antes mesmo que ela esteja consolidada, precisamos romper com o complexo de vira-latas que ainda reina em nossas mentes e corações.

 

Precisamos ser ousados e passar à condição de produtores de tecnologias e provedores de serviços tecnológicos e informacionais.

 

Precisamos criar infraestruturas tecnológicas nacionais públicas e abertas que garantam o acesso de todas as camadas da população aos novos serviços proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico e informacional.

 

Precisamos, inclusive, ter servidores e repositórios públicos nacionais para armazenamento seguro de toda a informação, conhecimento e tecnologia produzidos no país. Aliás, a segurança de nossos dados pessoais e coletivos, das tecnologias que produzimos, assim como a sua integridade, são questões tanto de segurança nacional, como de preservação cultural, de nossas crenças e sabedorias autóctonas.

 

Note-se que falamos de infraestrutura pública e não estatal, porque entendemos que esta mudança de condição, este deixar de ser consumidor de tecnologia e conhecimento para tornar-se produtor dos mesmos, só é efetivamente possível e inclusivo se houver ampla colaboração entre comunidades, governos, sociedade civil, sindicatos, movimentos sociais, empresas públicas e privadas. Esta colaboração só pode existir em um ambiente livre e colaborativo, onde todos os que participam do mesmo, preservadas suas especialidades e capacidades,  igualmente são tratados como sujeitos do processo de desenvolvimento.

 

A condição de igualdade e protagonismo dos agentes a qual nos referimos no parágrafo anterior não existe no mundo da propriedade intelectual privada, no mundo do copyright como ele é atualmente concebido. No mundo da propriedade intelectual privada, quem a detém, quem detém uma patente, está num patamar superior aos demais e, conforme legislação em vigor, possui determinados direitos reservados que lhe permite, inclusive, não disponibilizar o uso da mesma.

 

Para sobreviver nesta nova selva do capitalismo informacional precisamos de um projeto de desenvolvimento tecnológico nacional que junte iniciativas e evite a concorrência danosa entre irmãos, ou seja, aquela concorrência que leva a dispersão de energias e de trabalho. Não se propõe aqui reinventar a roda, mas sim juntar as partes que hoje se desenvolvem em separado e criar sinergias que possibilitem o desenvolvimento conjunto delas. E isso, mais uma vez, só é possível em um ambiente de colaboração.

 

Também não podemos nos esquecer que antes do surgimento de determinadas redes digitais privadas (ver Quem manda no shopping center é o dono) muito difundidas pelos velhos meios de comunicação (Não acreditem em mim: The Terrible truth about facebook), já existiam Redes Sociais reais, humanas, presenciais, analógicas.

 

Estas redes sempre intercambiaram informações e experiências, construindo conhecimento coletivamente e isso não pode ser suplantado pelas redes digitais, mas potencializado por elas. Neste aspecto a internet precisa ter um caráter integrador, agregador e plural.

 

Também não basta ter informação! É preciso saber o que fazer com ela e quais meios usar para compartilhá-la de forma eficiente possibilitando aos cidadãos acesso à informação.

 

Podemos achar que basta criar uma conta em uma determinada rede digital e lá postar a informação que se deseja compartilhar. Mas há milhares delas na internet, qual escolher?

 

Além disso, muitos cidadãos estão nas mais distintas redes. Outros tantos nem acesso ao computador tem!

 

Algumas destas redes vendem a ilusão de democracia e liberdade, mas de fato forçam os usuários a ficar dependentes delas, evitando que as informações sejam compartilhadas em outras redes, fora delas! Estas são redes digitais conectadas em si e burlam o grande diferencial da internet que é a interconectividade digital.

 

As denúncias recentes do ex-agente da CIA, Edward Snowden, mostram o quão perigoso é usar determinadas redes digitais conectadas, centralistas e centralizadoras, usadas como poderosos máquinas de espionagem e bisbilhotagem. Também por isso, não podemos cair no populismo digital e achar que nossos problemas de comunicação estarão resolvidos se usarmos apenas as redes “mais acessadas” ou se jogarmos nossa companheirada no colo de uma só rede.

 

A Comunicação na era digital deve ser inovadora e horizontal, deve aproximar as pessoas e organizá-las, como sempre foram as iniciativas cutistas de sucesso.

 

Podemos transformar a comunicação no país se apostarmos na inovação e na horizontalidade que a comunicação digital oferece: a interconectividade.

 

A interconectividade digital é garantida pela diversidade das redes que compõe a Internet e, claro, pela capacidade que elas possuem de comunicar-se entre si, formando uma Federação de Redes ou as Redes Sociais Federadas.

 

Um dos principais debates no mundo das redes digitais gira em torno dos conceitos:

 

a) rede centralizadora e centralizada; 

 

b) redes sociais federadas.

 

Rede Centralizadora e Centralizada é aquela onde todos devem estar dentro da mesma rede para poder compartilhar a informação.

 

É o conceito que rege o facebook e outras redes digitais privadas e proprietárias.

 

Redes Sociais Federadas, ou as redes de redes, são aquelas que permitem aos usuários de diferentes redes digitais se conectar, trocar informações entre si, criar novas formas de interação através da Web sem necessariamente serem usuários de uma mesma rede digital centralizada e centralizadora.

 

Este é o conceito que inspira e rege as redes digitais livres, soberanas e anti-hegemônicas.

 

Com as Redes Sociais Federadas é possível que duas ou mais pessoas, usuários de redes digitais distintas, se relacionem e compartilhem informações e conhecimentos independentemente de quais redes participem.

 

É o usuário que decide livremente onde estar, onde divulgar suas informações, com quem quer se comunicar. Algo semelhante ao que ocorre com os serviços de e-mails atualmente, porém online ou de forma imediata.

 

Do ponto de vista de uma Rede Centralizadora e Centralizada, como facebook, se você não estiver cadastrado na rede e não mantiver lá um perfil, você não existe. A única maneira dos seus amigos que estão em determinada rede interagirem com você é convidando-o a participar da mesma. E você necessariamente precisará se cadastrar lá para interagir com estes amigos.

 

Apesar de existir centenas de redes digitais na internet, quase todas funcionam como se não houvesse nenhuma outra rede digital na Web e cada uma busca ser a “rede social” hegemônica, a mais poderosa e a mais popular de todas.

 

As Redes Sociais Federadas, ou as redes de redes digitais, significam uma mudança de paradigma, ou seja, a existência real de uma gigantesca rede digital global, descentralizada e livre, gerida por pessoas e entidades diferentes e autônomas que interagem através da interconectividade das redes.

 

Mas as Redes Sociais Federadas de pouco servem se não facilitarem a interação entre distintos indivíduos, movimentos sociais, políticos, culturais, tecnológicos, etc, se não promoverem a inclusão de novos atores e sujeitos nas dinâmicas de organização e compartilhamento de conhecimento e informações. Portanto, para funcionar elas precisam, além de protocolos abertos e livres, da livre interação entre os distintos indivíduos, movimentos e redes, numa grande articulação global baseada em conceitos como o pluralismo, a autonomia, a horizontalidade e a unidade na diversidade, onde ninguém é mais que ninguém e todos juntos somos fortes.

 

Investir em Redes Sociais Federadas, efetivamente interconectadas, é um passo fundamental para democratizar a comunicação digital e alcançar um número cada vez maior de cidadãos. É possibilitar que um número cada vez maior de pessoas se tornem sujeitos do processo de comunicação e organização, fortalecendo cada vez mais os movimentos sociais, além de democratizar a produção e o acesso à informação e ao conhecimento.

 

Portanto, a internet poderá exercer um papel fundamental na democratização das comunicações se paralelamente à luta por esta democratização levarmos adiante a luta pela soberania tecnológica, como já estamos fazendo na prática com o Blogoosfero.

 

 

Se possível, resuma sua trajetória pessoal e profissional.

 

Nascido em uma família operária, aos 14 anos entrei no SENAI na qualidade de trabalhador na Ford, onde me tornaria ferramenteiro e sindicalista, militante da Oposição Sindical Metalúrgica de SP. Aos 21 anos fui eleito Secretário Geral da Comissão de Fábrica dos Trabalhadores na Ford, de onde, em 1988, sairia para estudar Filosofia Social na Universidade Estatal de Moscou, na URSS.

 

Em terras soviéticas, e mais tarde russas, além de estudar dediquei-me também à formação de sindicalistas russos, criando TIE-Moscow (Troca de Informações sobre Empresas Transnacionais) que promove o intercâmbio de informações e experiências entre trabalhadores estrangeiros e locais, preparando-os para os embates (que viriam a ter neste século XXI) com as empresas transnacionais que se instalaram na Rússia após o fim da União Soviética.

 

Mestre em Filosofia Social e de volta ao Brasil em 2001, dei continuidade ao trabalho de troca de informações e experiências entre trabalhadores em empresas transnacionais. Em 2005 criamos o site de TIE-Brasil, que seria listado por Emir Sader, anos mais tarde, como uma das 10 fontes de informação alternativa na internet brasileira. Na condição de editor e administrador do site de TIE-Brasil, em 2010 participei do 1º Encontro Nacional de Blogueiros. No ano seguinte faria parte da comissão organizadora do 1º Encontro Estadual de Blogueiros Progressistas no Paraná e desde então um dos coordenadores do projeto Blogoosfero.



congresso PC do B

17 de Novembro de 2013, 2:23, por Roberto Gieseke - 0sem comentários ainda

PCdoB elege novo Comitê Central e nova Comissão Política

Terminou de maneira ‘plenamente vitoriosa’, este sábado (16), em São Paulo, o 13º Congresso do PCdoB. O evento, que mobilizou mais de 800 delegados de todas as regiões do Brasil, elegeu o novo Comitê Central do Partido e a nova Comissão Política Nacional (CPN). Também aprovou duas resoluções.

Por Mariana Viel, da redação do Vermelho no 13º Congresso do Partido

 

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=229465&id_secao=1



Congresso de um partido com elevada estatura político-ideológica

12 de Novembro de 2013, 2:57, por Roberto Gieseke - 0sem comentários ainda

Congresso de um partido com elevada estatura político-ideológica http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=228729&id_secao=1

Em todo o país, os militantes do Partido Comunista do Brasil estão em mobilização total para a realização, com o máximo êxito, do 13º Congresso, de 14 a 16 próximos. O congresso do Partido é o ato mais elevado da vida orgânica, a máxima expressão do centralismo democrático, o exercício em maior escala da unidade política, ideológica e de ação dos comunistas.

Por José Reinaldo Carvalho*



partido da classe e o sucesso da revolução

20 de Maio de 2013, 21:00, por Roberto Gieseke - 0sem comentários ainda

25 DE FEVEREIRO DE 2013 - 7H27

Lênin, o partido da classe e o sucesso da revolução http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=206702&id_secao=11

"Saber encontrar, descobrir, determinar com exatidão a via concreta ou uma viragem especial dos acontecimentos que conduza as massas para a verdadeira, final, decisiva e grande luta revolucionária – nisto consiste a principal tarefa do comunismo." (Lênin) (1). A opinião do grande dirigente da Revolução Socialista deve ser tomada em consideração no debate sobre “novos movimentos” e “nova esquerda”.

Por Rita Matos Coitinho*, para o Vermelho

Está em voga há pelo menos 20 anos o discurso de uma "nova esquerda". Essa esquerda renovada, traduzida nos chamados "novos movimentos sociais", caracteriza-se, de acordo com as modernas teorias sociais, pela multiplicidade de bandeiras, fundadas em geral em reivindicações por direitos de terceira geração – direitos ligados à cidadania, ao meio ambiente, às liberdades sexuais, ao acesso a serviços do Estado, etc.

Ainda que não seja unanimidade, não é exagero afirmar que a ampla maioria das teorias relativas aos novos movimentos sociais considera que estes surgem em contraposição ao que seria uma "velha esquerda": nomeadamente a esquerda marxista-leninista, classista, dos partidos comunistas. A análise das diversas teorizações sobre movimentos sociais mereceria um artigo (ou mesmo vários) à parte. O que nos interessa hoje aqui é, justamente, a nomenclatura adotada para classificar os partidos comunistas: velha esquerda.

Por que seriam démodés os partidos comunistas? Por sua forma verticalizada de organização – uma vez que, por oposição, os novos movimentos caracterizam-se por sua "horizontalidade"?Por seu foco nas questões de classe – uma vez que "classe" seria também um conceito superado em uma sociedade "globalizada" e "multifacetada"? A "modernidade líquida" teria também derretido as possibilidades de uma nova forma de sociedade, socialista?

A questão da definição das classes

É claro que, assim como o trabalho, a questão de classe assumiu novos contornos na contemporaneidade. A situação de concentração de grandes contingentes de trabalhadores no interior das fábricas, típica de períodos anteriores, tornava mais simples a organização sindical e, em decorrência disso, o conceito de classe podia ser facilmente definido. Atualmente, falar em classes sociais requer um esforço maior de definição e não faltam trabalhos que anunciam o fim das classes, ou, ao menos, o fim do protagonismo histórico da classe trabalhadora (2).

Estes argumentos padecem de enormes limitações. Não só porque entendem o trabalho fora de sua dimensão ontológica (como condição de existência de toda sociedade humana), mas também porque desconsideram a permanência da produção de mercadorias como base da economia mundial, conforme mostraram os estudos de Ricardo Antunes (3). A realidade é que o capital adentra todas as esferas da vida social, da atividade fabril à tecnologia, aos serviços, à produção do saber e à agricultura. O assalariamento, formal ou informal, é ainda a relação de trabalho fundamental. A questão das classes como sujeito histórico mantém atualidade e relevância.

Elas não desapareceram, como se procura afirmar. Apenas ganharam novos contornos, resultantes das mudanças por que passou o mundo do trabalho com o avanço do capitalismo. Menos homogênea, a classe trabalhadora contemporânea é muitas vezes mais complexa do que a classe trabalhadora do século 19, que figurava nos escritos clássicos de Marx. Fragmentada, ela encontra-se ainda nas fábricas, mas também nos trabalhos de serviços e comércio, como assalariada no campo ou, ainda, impedida de integrar-se ao mundo do trabalho pelo desemprego. Essas situações tão variadas trazem a aparência de que não há nada que unifique esses trabalhadores, já que realizam atividades tão diferentes entre si. Porém, há características fundamentais que são comuns a todos: sua relação de submissão ao capital, pelo trabalho assalariado, sua dependência dessa relação para sobreviver e a apropriação do produto do trabalho por terceiros.

Estas questões não estão aparentes e as aspirações dos grupos sociais variam infinitamente, de acordo com o tipo de atividade que se realiza, local de trabalho, etc. Esta ausência de unidade, ou mesmo de “consciência de classe”, é muitas vezes apontada como um indicativo de que a classe trabalhadora, enquanto tal, não tem mais viabilidade como sujeito histórico. De fato, as estratificações internas à classe (decorrentes dos diferentes setores onde trabalha, recompensas materiais, acesso a bens culturais, etc.) trazem grandes problemas para sua unidade e possibilidades de ação política em oposição frontal à classe dominante. Esta, no entanto, apresenta unidade nas questões fundamentais. Conforme Mészáros:

"(...) com respeito à questão da unidade, não se pode falar de uma simetria entre as duas classes fundamentais que lutam pela hegemonia na sociedade capitalista. A classe dominante tem de defender interesses reais, imensos e evidentes por si mesmos, que agem como força de unificação poderosa entre suas várias camadas. Em completo contraste, a estratificação interna das classes subordinadas serve para intensificar a contradição entre interesses imediatos e os de longo prazo, definindo esses últimos como meramente potenciais, cujas condições de realização necessariamente escapam da situação imediata". (4)

Partido de vanguarda


As divisões internas à classe trabalhadora são provavelmente o maior desafio para a possibilidade de sucesso dos movimentos orientados contra o capitalismo – e talvez o ponto nevrálgico que explica os limites dos novos e "novíssimos" movimentos sociais anticapitalistas. É seguramente por causa deste desafio que se reafirma a atualidade e a necessidade de um partido comunista de vanguarda. Um partido capaz de contemplar as demandas presentes nos diversos movimentos e que se propõe ir além, orientado para a superação revolucionária do capitalismo, para a construção do poder socialista, que é o poder da classe trabalhadora.

Não se trata de ser uma forma "nova" ou "velha" de organização. Trata-se da forma necessária à luta necessária. A superação do capitalismo requer a organização determinada da classe que se opõe à dominação do capital. A pulverização e fragmentação em lutas específicas, ainda que os novos movimentos tragam demandas legítimas pelas quais vale a pena lutar, não são capazes de abalar as bases do sistema e conduzir a uma derrota da classe dominante.

Partido comunista: disciplina e orientação revolucionária

Lênin, no célebre texto A doença Infantil do esquerdismo no comunismo, demonstrou de que maneira puderam os bolcheviques impor fragorosa derrota sobre a burguesia. Conforme argumenta, a centralização incondicional e a disciplina mais rigorosa do proletariado constituíram uma das condições fundamentais para a vitória da revolução.

E por que é que lograram, os bolcheviques, criar a disciplina necessária? Lênin aponta três elementos: a consciência da vanguarda proletária; a capacidade de se aproximar (se fundir) com as mais amplas massas proletárias e não proletárias (alianças) e a justeza da direção política exercida pela vanguarda, que fez com que sua liderança fosse reconhecida pelas variadas classes e frações de classe durante o processo de luta revolucionária.

Essas condições, essenciais ao sucesso da revolução, formaram-se no processo político e foram facilitadas "por uma teoria revolucionária justa [o marxismo] que, por sua vez, não é dogma, mas que só se constituiu de forma definitiva em estreita ligação com a prática de um movimento verdadeiramente de massas e verdadeiramente revolucionário". (5)

Em um período de apenas quinze anos o proletariado russo viveu experiências que possibilitaram a construção do partido nos moldes necessários e a experimentação de formas de luta variadas. Lênin dividiu esse período em fases: os anos de preparação da revolução (1903-1905), os anos de revolução (1905-1907), os anos de reação (1907-1910), os anos de ascenso (1910-1914), a primeira guerra imperialista mundial (1914-1917) e a segunda revolução da Rússia (fevereiro a outubro de 1917).

Nessas fases as classes e frações de classe organizaram-se, desenvolveram a propaganda ideológica, realizaram e dissolveram alianças, criaram novas formas organizativas – como os sovietes –, atuaram na legalidade do parlamento e na ilegalidade da agitação e das grandes greves. O czarismo, vencido em 1905, realizou sua contrarrevolução entre 1907 e 1910. Vitorioso, instaurou o capitalismo, revelando ser inexorável o desenvolvimento da nova forma de organização. Nesses anos "as ilusões sobre a possibilidade de evitar o capitalismo" desvaneceram-se. A luta de classes mostrou-se como algo novo e com muita nitidez.

Os partidos revolucionários, durante os anos de reação czarista, aprenderam a atacar e a retroceder. Entenderam que "não se pode vencer sem saber atacar corretamente e recuar corretamente". Os bolcheviques souberam recuar quando necessário e reiniciar o trabalho de forma mais ampla, excluindo de suas fileiras aqueles que não compreenderam que naquele momento era necessário trabalhar legalmente nos parlamentos reacionários, nos mais recuados e reacionários sindicatos e organizações. Nos anos de ascenso (1910-1914), a combinação entre o trabalho legal (parlamentos, sindicatos, etc.) e ilegal possibilitou a criação de um clima de agitação entre o proletariado, bem como demarcou o campo entre bolcheviques e mencheviques.

Durante a primeira guerra imperialista mundial, as lideranças bolcheviques estiveram por longo tempo no exílio, onde conheceram e debateram as ideias e concepções dos demais partidos europeus. Os comunistas russos condenavam e denunciavam a ação do partido social-democrata alemão e da Segunda Internacional, qualificando-a de "chauvinista", na medida em que apoiava a guerra contra outras nações. Ao denunciar a guerra imperialista e conclamar a unidade da classe trabalhadora contra as burguesias que promoviam o conflito, os bolcheviques ganharam a confiança das massas trabalhadoras. A ação contra a república parlamentar burguesa da Rússia se deu na esteira da denúncia e da agitação dos malefícios da guerra imperialista. Na medida em que se lutava contra a república burguesa reforçava-se que a vitória só seria possível pelo fortalecimento dos sovietes, lugar do poder popular.

Das experiências vividas naqueles quinze anos os bolcheviques precisaram ajustar sua forma de ação inúmeras vezes. Foi necessário abandonar o parlamento em 1905 e, no entanto, foi importante manter-se nele nos anos posteriores à reação czarista. Lênin demonstrou, ao escrever sobre esse processo, que a teoria e as formas de ação não podem ser tomadas como dogma, mas adaptadas ao momento e à situação de luta.

O partido, no entanto, só pôde se adaptar às rápidas mudanças conjunturais e às múltiplas formas de luta que se sucederam porque se fortalecia a cada nova experiência. Conforme Lênin, a atitude frente aos acontecimentos deve se modificar, mas não o partido. Sem a férrea disciplina com que foi forjada a organização dos bolcheviques não teria sido possível passar de uma forma a outra de ação no tempo necessário. "Quem debilita, por pouco que seja, a disciplina do partido do proletariado ajuda de fato a burguesia contra o proletariado". (6)

A experiência do proletariado russo mostrou que sem uma organização forte e com orientação clara não há possibilidade de vitória. A pulverização das demandas e a confusão entre variadas classes e frações é inevitável em qualquer luta política. Foi a orientação revolucionária e a capacidade de unificar as massas em torno de um projeto único que tornou possível a revolução russa. Conforme Lênin, "a política é uma ciência e uma arte que não cai do céu, que se não obtém gratuitamente, e se o proletariado quer vencer a burguesia deve formar os seus 'políticos de classe', proletários, e que não sejam piores que os políticos burgueses" (7). A ação do partido comunista deve almejar conquistar as opiniões da maioria do povo, por meio da ação em todos os espaços, por todas as formas de luta necessárias – legais ou ilegais, a depender do momento histórico. Pois "sem uma mudança de opiniões da maioria da classe operária a revolução é impossível, e essa mudança consegue-se por meio da experiência política das massas, nunca apenas com a propaganda". (8)

Foi por não ter abandonado seus princípios, por ter buscado adaptar-se às condições impostas, sem no entanto perder de vista o objetivo de se construir o socialismo, que triunfou o proletariado russo sobre a burguesia. A existência de condições adversas, as dificuldades que a conjuntura apresenta, não devem servir de freio à ação dos partidos comunistas, mas de estímulo ao fortalecimento do partido, ao estudo da realidade e à criação de novos instrumentos. "É muitíssimo mais difícil – e muitíssimo mais valioso – saber ser revolucionário quando ainda não existem condições para a luta direta, aberta, autenticamente de massas, autenticamente revolucionária, saber defender os interesses da revolução (mediante propaganda, agitação e organização) em instituições não revolucionárias e muitas vezes francamente reacionárias, numa situação não revolucionária, entre massas incapazes de compreender imediatamente um método revolucionário de ação. Saber encontrar, descobrir, determinar com exatidão a via concreta ou uma viragem especial dos acontecimentos que conduza as massas para a verdadeira, final, decisiva e grande luta revolucionária – nisto consiste a principal tarefa do comunismo (...)". (9)

É certo que as experiências socialistas do século 20 não podem ser repetidas ou copiadas. Por outro lado, a construção do socialismo nesta etapa histórica apresenta-se como necessidade imperiosa. A crise capitalista agiganta-se em todo o mundo e é urgente que se encontrem respostas de superação do modelo de produção em colapso. Aprender com a história e nela encontrar elementos que nos auxiliem a colocar o partido à altura deste desafio é tarefa urgente e necessária de cada militante comunista.

Notas

1 - LÊNIN, V.I. A doença infantil do esquerdismo no comunismo. In: LENINE, V.I. Obras escolhidas. São Paulo, Alfa-Ômega (Progresso/Avante), 1980. Tomo 3, página 333.

2 - Andre Gorz, por exemplo, deu “adeus ao proletariado” afirmando que o conflito entre capital e trabalho foi suplantado pelo conflito entre a “mega-máquina burocrático-estatal” e a população, ao mesmo tempo em que identificou uma não-classe de não-trabalhadores, composta pelos excluídos que seria agora o sujeito principal dos embates sociais. Ainda Jeremy Rifkin escreveu que o declínio inexorável dos níveis de emprego coloca em xeque tanto as potencialidades organizativas de uma classe trabalhadora como a possibilidade de se afirmar a existência de uma sociedade do trabalho.

3 - Ver: ANTUNES, Ricardo. Adeus ao Trabalho? Ensaio sobre as Metamorfoses e a Centralidade do Mundo do Trabalho. Campinas: Editora Cortez, 2002.

4 - MÉZÁROS, I. Para Além do Capital. Campinas: Boitempo Editorial, 2002.

5 - LÊNIN, V.I. Op. cit. página 282.

6 - idem, 296.

7 - idem, 321.

8 - idem, 324.

9 - idem, 333.

*Rita Matos Coitinho é mestra em sociologia, cientista social e militante do PCdoB em Santa Catarina.



progresso social brasileiro, Seminário discute desenvolvimento e

4 de Maio de 2013, 21:00, por Roberto Gieseke - 0sem comentários ainda

4 DE MAIO DE 2013 - 20H34
Seminário discute desenvolvimento e progresso social brasileiro

A segunda mesa do Seminário “Balanço de uma década de governo democrático e as bases de uma nova arrancada para o desenvolvimento”, discutiu os temas: desenvolvimento e progresso social. Com a participação dos membros do Comitê Central do PCdoB, Nivaldo Santana, Luciana Santos e Dilermando Toni e do professor da Unicamp, o economista Márcio Pochmann.(...)
http://www.vermelho.org.br/sp/noticia.php?id_noticia=212785&id_secao=39