Por Marcela Salazar
Com uma arquitetura que destoa das construções ao seu redor, o Parque Explora, localizado em um dos bairros que já foi considerado o mais perigoso de Medellín, na Colômbia, é um exemplo de como um centro interativo para apropriação e divulgação da ciência e tecnologia pode envolver a comunidade local na participação e formulação de projetos, gerando construção social do conhecimento a partir dos interesses locais. Segundo Claudia Aguirre, diretora de educação e conteúdos do Explora, os projetos são desenvolvidos em co-criação com a comunidade local. “Nós trazemos algumas coisas e a comunidade oferece outras, tornando-se parte ativa nesse processo", explica. Aguirre é uma das palestrantes da 13a Conferência Internacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (PCST).
Figura 1. Parque Explora - Medellín, Colombia
O Explora é um projeto educativo e cultural que desde o início teve como desafio mostrar para a sociedade uma parte da cidade que por muito tempo foi excluída do circuito local. Uma de suas missões é oferecer a públicos heterogêneos estímulos favoráveis à apropriação do conhecimento científico e tecnológico, através de cenários interativos e exposições que promovam uma cultura científica cidadã. Por isso, uma das linhas de ação do Parque Explora consiste em envolver a comunidade, em projetos como: “Os vizinhos controem Explora” - um projeto de capacitação para a população da comunidade, onde eles puderam participar da construção do Explora, para que começassem a se apropriar das atividades e dos conteúdos que iriam encontrar no parque. Um outro projeto é o “Explora móvel”, um caminhão que viaja por todos os bairros de Medellín levando atividades experimentais, peça de teatro com temas de ciência e oficinas.
Aguirre enfatiza a importância de tornar a ciência parte integrante do cotidiano das pessoas. “Durante muito tempo o conhecimento científico tem sido visto como uma questão de elite, totalmente distante da vida cotidiana das pessoas. O objetivo da divulgação científica é justamente encontrar maneiras de atrair o interesse das pessoas para o mundo ao seu redor, de desenvolver competências cientificas e competências cidadãs. É estimular a capacidade de análise, de contraste, de experimentação, de observação, ou seja, nada mais é, do que exercer nosso papel como cidadãos participantes de uma sociedade com uma diversidade de conhecimentos e modos de fazer”, sintetiza a diretora do Explora.
Durante o PCST, ela participará da plenária "Inclusão social, engajamento político e Comunicação da Ciência", no dia 6 de maio. Ela discorrerá sobre os processos de inclusão social no Parque Explora e sobre como funciona uma área de gestão social relacionada à ciência. “Isso pode parecer muito estranho, porque a questão da distância entre ciência e sociedade ainda não foi completamente superada. As pessoas pensam que o mundo da ciência discute apenas ciência, então ter uma área de gestão social que permite abordar outras questões, outras linguagens mais próximas da comunidade é uma forma de inclusão social. É dessa forma que o Parque Explora tem trabalhado", afirma Aguirre.
Segundo ela, a participação no PCST será uma oportunidade para avaliar o estado da comunicação da ciência no mundo. Ela espera estabelecer parcerias para pesquisas e projetos futuros, além de conhecer outras iniciativas semelhantes e de trocar experiências, descobertas e discutir sobre os problemas e obstáculos enfrentados. "Acredito que a sensação de que você não está lutando sozinho faz você ter mais coragem para enfrentar os desafios que aparecem", finaliza.
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