por Simone Caixeta de Andrade
A captura e armazenamento de carbono é uma tecnologia para captar gases do efeito estufa nas fontes emissoras - como usinas energéticas - e armazená-los no subsolo. A principal função dessa tecnologia seria a proteção ambiental. Um estudo conduzido por pesquisadores da University College London, Reino Unido, analisou como pessoas sem conhecimento prévio dessa tecnologia discutem o assunto e qual o possível impacto em políticas públicas energéticas. O estudo foi publicado na revista Energy Policy e revela que a ausência de informação faz com que os participantes da pesquisa correlacionassem a tecnologia à energia nuclear. A falta de conhecimento seria uma barreira à implementação da tecnologia.
A tecnologia de captura e armazenamento do carbono ou CCS (do inglês carbon capture storage) é uma intervenção no ciclo do carbono para compensar a acumulação de gases do efeito estufa na atmosfera. O princípio básico é devolver o carbono ao subsolo. Algumas opções de armazenamento no subsolo são os reservatórios de gás e óleo vazios. A Petrobras utiliza a injeção de dióxido de carbono nos campos terrestres desde 1987 como uma técnica de recuperação avançada do petróleo.
Dados apresentados no Instituto Carbono Brasil de Desenvolvimento Científico e Tecnológico apontam que o “CCS pode conter um terço de todas as emissões de dióxido de carbono (CO2) presentes na atmosfera, em um mercado que poderá representar US$150 bilhões no futuro”. O assunto é controverso e, enquanto é combatido por instituições como o Greenpeace - que considera “uma tecnologia sem comprovação, perigosa e dispendiosa” - é defendido pela Agencia Internacional de Energia como “potencial na mitigação do risco de mudanças climáticas”.
O governo do Reino Unido lançou em 2012 um programa cuja aposta é que a captura e armazenamento do carbono seria uma das tecnologias mais eficientes para “descarbonização” dos setores industriais e energéticos. Essa medida amparou-se na política nacional de energia de 2011, que determina que “todas as estações de geração de combustíveis fósseis devem dispor de condições para captura de carbono”.
Nesse cenário, a pesquisa inglesa avaliou quatro grupos de discussão sobre CCS – leigos adultos e jovens, membros de comitês de planejamento e ativistas ambientais – moderados por um pesquisador. Assim como em pesquisas anteriores, o baixo nível de conhecimento sobre a captura de carbono foi similar entre os grupos. Após uma breve explicação sobre a tecnologia os grupos articularam várias preocupações sobre riscos e incertezas.
“Nossos achados também desafiam os argumentos atuais da indústria e aqueles aceitos pela literatura, de que o público simplesmente precisa de mais informação ou educação em CCS antes que visões realistas ou substanciais possam ser formadas”, aponta a pesquisa. Os pesquisadores ainda concluem que “não há conhecimento mínimo necessário dentro da democracia”.
Os pesquisadores Simon J. Lock e Melaine Smallman coautores da pesquisa estarão presentes na 13ª Conferência Internacional sobre Comunicação Pública da Ciência (PCST), que se realiza em Salvador, Bahia, entre os dias 5 e 8 de maio. Lock estará presente nos debates "Neuroscience in the public sphere" e "How to get policy-makers to listen to social sciences"; e Smallman fará duas comunicações orais "Responsible research and innovation tools - a new European project" e "Talking about science - issues raised in UK public deliberation".
0sem comentários ainda
Por favor digite as duas palavras abaixo