Por Maisa Oliveira e Carina Garroti
Alan Irwin já veio ao Brasil quatro vezes e diz que “sempre volta para casa com lembranças muito felizes”. Desta vez, ele participará de uma plenária sobre “Comunicação Científica e as audiências”, durante a 13th PCST em Salvador, Conferência que ele vê como “uma grande oportunidade para fazer um balanço do que está acontecendo em todo o cenário global de comunicação da ciência”.
Pró-reitor de pesquisa da Escola de Negócios de Copenhagen, na Dinamarca, membro do Conselho Consultivo Estratégico para o Programa de Segurança Alimentar do Reino Unido e professor visitante do Departamento de Gestão da Universidade de Glasgow, Alan Irwin já publicou sobre questões de política científica e tecnológica, governança científica, risco e as relações ciência-público. Quando questionado sobre a realidade dinamarquesa no que diz respeito ao engajamento público com a Ciência, ele esclarece que existe um forte histórico de envolvimento dos cidadãos, marcado pela atuação do Conselho Dinamarquês de Tecnologia, conhecido como pioneiro nas conferências de consenso e diálogo público. Neste sentido, enfatiza que “a ideia de diálogo está muito atrelada com o sentimento dinamarquês de identidade nacional. Para os dinamarqueses, consenso não é escolher a opção mais fácil, mas construir um senso comum de direção por meio de debates e, às vezes, discordância direta”. Por outro lado, Irwin ressalta que não pretende sugerir que a Dinamarca tem um histórico perfeito nesta área, argumentando que se o engajamento público passasse a ser visto como certo pelos dinamarqueses, haveria o risco de tornar-se tão normal, que ninguém brigaria mais por isto.
Na plenária da 13th PCST, Irwin pretende pôr em debate a relação entre o “modelo do déficit” (o qual sugere que o público é leigo cientificamente e que esta lacuna de informação deve ser suprida por meio da exposição à comunicação da ciência e à alfabetização científica) e a abordagem democrática (a qual se caracteriza por uma preocupação com a inclusão social e com aprendizados a partir do que as pessoas comuns têm a dizer).
Irwin chama a atenção para o fato de que, frequentemente, estas duas abordagens de comunicação pública de C&T são contrastadas. Contudo, a seu ver, o mais importante é refletir se simplesmente migramos do modelo do déficit para o democrático ou se ambos os modelos podem coexistir e, principalmente, o que estas discussões significam em uma sessão que se propõe a tratar de “comunicação científica e as audiências”.
As expectativas de Alan Irwin para a 13th PCST são as melhores possíveis. “Estou muito animado para saber mais sobre o desenvolvimento da comunicação da ciência no Brasil, quais novas ideias e novas abordagens vocês têm e como nós, europeus, podemos aprender com elas. É sempre interessante comparar experiências nacionais e ver novas iniciativas surgindo em diferentes lugares”.
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